terça-feira, 28 de setembro de 2010

Coisas que vocês poderiam morrer sem saber

Adorei quando a querida Taryne me repassou selinhos e o meme das 10 coisas, primeiramente pela atenção dessa garota rodopiante que é uma das minhas leituras favoritas e também porque eu adoro uma lista, principalmente se for a respeito de curiosidades sobre mim, que nunca fui lá uma pessoa muito normal. Ah, não vou repassar pra ninguém específico, a maioria das pessoas já fez o meme, portanto vou deixar aberto aos interessados.

1 - Eu não sou fã de flores. Aliás, eu tenho uma birra gigantesca de rosas, principalmente as vermelhas, acho cafona. Se for pra gostar de rosas, prefiro as amarelinhas. Minhas flores favoritas são margaridas, daquelas simples, bobinhas, branquinhas de miolo amarelo, estilo flor do campo. Também adoro papoulas por causa do quadro do Monet e peônias por causa do último season finale de Gossip Girl.

2 - Tenho absoluto repúdio por azeitona. Sou enjoadinha com várias comidas, mas com a maioria delas eu consigo ser flexível e deixo passar se não tem outro jeito, agora azeitona eu não tolero. Eu farejo azeitona na comida, uma migalha que seja, um pedacinho de nada, "só pra dar um gostinho", como meus pais adoram dizer. Não desce. Não suporto o gosto, o cheiro, tenho nojo e me embrulha o estômago.

3 - Acredito muito nesse papo de "intuição materna". Todas as vezes que teimei e fiz alguma coisa que minha mãe não estava completamente de acordo ou não "estava em paz", como ela diz, eu me dei mal em diversos níveis. Já me dei malzinho, assistindo um filme ruim no cinema ou machucando o pé com o sapato que insisti em usar e também já me dei mal de verdade, como por exemplo na vez em que eu fui atacada por um enxame de abelhas e levei 42 picadas. Claro, eu sou alérgica.

4 - Quando pequena fui completamente viciada no filme Branca de Neve e os Sete Anões. Já tive 3 festas de aniversário com esse tema - e só não tive outras porque meus pais se recusaram e me forçaram a fazer uma da Minnie e a outra da Pequena Sereia - e dois vestidos iguais ao dela, aquele primor de saia amarela, mangas bufantes azuis e capa vermelha. Assistia ao filme de forma obsessiva e por causa disso até hoje sei de cabeça os diálogos da primeira hora do filme, se não mais que isso até.

5 - Fiz vôlei por dois anos. Por incrível que pareça eu jogava razoavelmente bem porque tenho ótimos reflexos que não faço a mínima ideia de onde surgiram, se eu for jogar qualquer coisa com meu primo de quatro anos de idade te garanto que perco. Devido à essas minhas habilidades, era até que útil ao time jogando na rede, mas garanto que todas as minhas defesas foram feitas de forma instintiva e involuntária, quando eu abria os olhos vi que o estrago - ou o ponto - já estava feito. Abandonei o esporte porque nunca gostei, mas a gota d'água foi quando uma garota, ao fazer uma defesa, caiu de joelhos nos meus pés arrancando fora, LITERALMENTE, a unha do meu dedão.

6 - Eu tinha pavor da Elis Regina quando era pequena. Meus pais tinham um cd dela que tinha "O Bêbado e a Equilibrista" como faixa inicial, e antes Elis declamava um poema. Para mim, a voz dela era idêntica a da madrasta da Branca de Neve e isso bastava para colocar meu pobre eu infante em pânico. Por anos que não consegui ouvir a introdução da música sem sentir um certo desconforto. Hoje, felizmente, já superei o trauma e ela é uma das minhas cantoras favoritas.

7 - Eu já duvidei da existência do Woody Allen. Certo dia, quando era bem novinha, estava jogando stop com meu primo e na coluna do famoso com a letra W ele colocou Woody Allen. Eu, no alto da minha ignorância e inocência da muito pouca idade, nunca havia ouvido falar do cara, e competitiva como sou e sempre fui nessa jogo, logo fui duvidando da informação. Numa época onde Google não era tão influente em nossas vidas, obtive de todos os meus familiares que Woody Allen de fato existia e não era invenção do meu primo e fui obrigada a dar-lhe os pontos.

8 - Para me irritar bem fácil e fazendo pouco basta: me cutucar; conversar comigo enquanto eu estiver assistindo qualquer coisa não-pausável; me telefonar quando eu estiver dormindo; me fazer perguntas mais complexas do que "aceita um café?" quando eu tiver acabado de acordar; me cutucar; perguntar "do que que fala esse livro?" ao me ver lendo; me dar bronca injustamente; falar mal de qualquer coisa que eu goste muito; desorganizar meus dvds; me cutucar; tirar alguma coisa do meu quarto ou banheiro e não colocar no exato lugar onde encontrou; deixar o jornal bagunçado; me cutucar.

9 - Eu tenho mania de escovar os dentes. Começou quando coloquei o aparelho fixo, já que não dá pra comer um nada que seja sem escovar os dentes logo depois. Mas o que era questão de higiene se estendeu para uma espécie de TOC, uma vez que eu, hoje já sem aparelho, ainda escovo os dentes para evitar a fadiga. Às vezes eu estou estudando e começo a ficar enfadada com aquilo tudo, vou no banheiro, escovo os dentes, lavo as mãos e tudo faz sentido novamente. Também escovo os dentes para pensar, minhas ideias fluem melhor, pego a escova e fico andando em círculos pela casa, para organizar as ideias.

10 - Tenho um fraco gigantesco por músicas com nome no título. Tenho um projeto adormecido de escrever um conto para todas as músicas do Chico Buarque com nome de mulher no título, aliás. Sou frustrada porque nunca encontrei uma música com meu nome de título, o mais próximo que já cheguei com com "Anna", dos Beatles. Querido Namorado Que Eu Não Tenho, fica a dica pra você, escreva uma música adorável e a entitule com meu nome, eu caso logo depois de ouví-la.

domingo, 26 de setembro de 2010

Adorável Adam


Há um tempo atrás escrevi aqui sobre Forrest Gump, e disse que o que eu mais curti no filme foi o fato da deficiência de Forrest não ser a temática central do filme, que o personagem não se resumiu àquilo e caiu num clichê chato que cheira a marketing social. Forrest Gump não deixa nunca de tratar da "doença", mas ela fica em segundo plano e abre espaço para um monte de reflexões bacanas, referências pop e históricas, humor gostosinho e um romance porque ninguém é de ferro. Essa abstração foi o que primeiramente me chamou atenção, e depois me conquistou, em "Adam".

Adam é um cara que sofre da síndrome de Asperger, uma vertente do autismo. Ela faz com que ele tenha alguns problemas de relacionamento por não conseguir ler as entrelinhas naquilo que as pessoas falam e para que se haja uma efetiva comunicação, é necessário que elas lhe digam exatamente aquilo que querem dizer. E não se assustarem caso ele diga exatemente aquilo que está lhe passando pela cabeça no momento, como por exemplo o fato de ter ficado excitado enquanto estava no parque com sua vizinha, Beth. Como vocês já podem imaginar, os dois passam a viver uma curiosa relação que acaba por se desenrolar num romance. A química entre os dois é tão adorável que dá vontade de colocá-los num potinho e ficar observando. Sem muitas pretensões, um dia ele a levou para ver uma família de guaxinins que vivia escondida no Central Park, como não suspirar?

Por um outro lado, o filme trata a síndrome de uma forma sutil, revelando nos detalhes como ela se manifesta. Adam come exatemente a mesma coisa todos os dias, vive numa extrema rotina e sente-se absurdamente incomodado se é obrigado a sair dela, e possui um interesse que beira a obsessão por Astronomia. Também é mostrado de forma delicada a maneira como Adam muitas vezes revela-se egoísta em sua relação com Beth, onde ele parece se preocupar apenas com o que diz respeito a ele mesmo, em detrimento dos problemas pelos quais sua namorada está passando com a família. Essa dificuldade de entender e lidar com os próprios sentimentos, interfere diretamente na forma como ele enxerga os sentimentos dos outros. Tudo é muito incerto, e a empatia se ausenta na maioria das vezes, o que acaba por provocar alguns conflitos.

Tudo isso que disse acima, descobri com a ajuda do sempre sábio Dr. Google e fui relacionando com momentos do filme. Alguns sintomas me pareceram óbvios, mas outros pude perceber só mesmo após conhecer mais sobre a síndrome. Para vocês verem como o assunto é tratado de forma sutil, mas sem aquela preocupação de pisar em ovos. Acima de tudo isso, "Adam" é um filme lindo e delicado, o personagem principal é apaixonante com seu jeito desconsertado, as tramas paralelas acrescentam bem ao foco central, a trilha sonora é gostosinha e a fotografia muito bonita e delicada. E, como já disse, aquele romancezinho no meio, porque ninguém é de ferro.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Olá furacão!

Verdade seja dita: sempre achei tietagem uma coisa cafona pra caramba. Nunca entendi aquelas garotas histéricas jogando bichos de pelúcia e calcinha nos palcos, endeusando pessoas que nunca saberão quem elas são, e não estão nem aí pra isso. Sem falar que essa autógrafos e fotos me soavam muito mais como coisa que se faz quando encontra o Fiuk aos onze anos de idade. Aí que eu vivia pensando em como reagiria se por um acaso um dia encontrasse alguém que eu realmente curto e admiro, se eu teria lá esse meu auto-controle ou se me portaria tal e qual pré-adolescentes que vão pra porta da MTV ficar gritando o nome do vocalista do Restart. Sexta-feira passada tive certeza que, dentre tantas coisas, viemos a esse mundo para pagar a língua, eu principalmente.

Depois do show um amigo meu tentou subir no palco para procurar alguma palheta que o pessoal da banda poderia ter deixado cair. Não encontrando, ele conseguiu a folha com o setlist e uma informação preciosa com um dos caras da produção que era a cara do João Gordo: o hotel onde a banda estava hospedada.

Corremos pra lá imediatamente e sondamos na porta se a informação procedia. As pessoas estavam fazendo um corpo mole para nos dar a informação, mas logo que van da produção chegou e o pseudo-João Gordo nos confirmou que a banda estava mesmo lá e que desceria em breve, uma certeza palpitou no meu coração: dentro de poucos minutos eu veria o Jon. Maldita hora em que fui criticar as menininhas que acampam na porta da MTV, olha a situação em que eu me encontrava no momento: fazendo plantão na porta de um hotel, às 2h da manhã, desarrumada com meu all starzinho velho de guerra de um jeito que só fica mesmo quem passou as últimas 2 horas num aglomerado humano pulando feito maluca; em outras palavras: eu estava podre.

Quem desceu primeiro foi o Jerome, tecladista e guitarrista da banda, que ficou muito meu chapa lá do palco e um guitarrista-bacana-que-eu-não-sei-o-nome que estava substituindo o Drew, cuja esposa estava tendo bebê (quem me contou isso foi o Jon, ok). Consegui manter a calma e a classe, conversei com eles feito gente civilizada, gastei meu inglês, puxei sardinha, perguntei se tinham planos de voltar ao Brasil, o que eles estavam achando daqui, o que acharam do show e uns quinze minutos de blablabla. Fiquei encantada com a humildade deles, que conversaram conosco numa boa, mesmo estando super cansados do show e já tendo que ir pra estrada novamente. Por fim, peguei autógrafos e tirei fotos, já que estava na chuva melhor me molhar de uma vez.

Eis que então surge uma luz loira saindo do elevador. Durante o tempo em que estava lá, me preparei mentalmente para aquele momento, para não gritar, não espernear, não começar a ter crises de riso e bater palmas, que é o que eu faço quando estou nervosa. Em passos largos me dirigi até ele, e quando vi, de repente não mais que de repente, lá estava eu, frente a frente com Jon Foreman. Fiquei alguns segundos olhando para ele com cara de idiota, tentando sacar o quão azuis eram aqueles olhos; consegui soltar um tímido "hi", que ele retribuiu com um largo sorriso, me estendendo a mão e dizendo "nice to meet you". Retribuí o aperto de mão e lhe dei um - contido, juro! - abraço. Eu não podia deixar essa chance passar, ele está na minha lista das cinco pessoas que eu preciso abraçar antes de morrer e sabe Deus quando - e se - eu teria uma chance dessas novamente.

Apesar de todo o abobamento até que consegui falar com ele feito gente. Contei que era a menina do cartaz vermelho, e tive um "wow, thank you, that was beautiful" como resposta. Para ser sincera, nem me lembro o que mais conversei com ele, de repente as pessoas começaram a chegar e eu tive que dividir a atenção do meu muso do verão. Eu ficava lá com um sorriso de algodão doce do tamanho do mundo e só conseguia pensar, cara, que pessoa mais linda. Porque além de ser realmente lindo fisicamente, o Jon escreve músicas bacanas e bonitas pra caramba, e como se não bastasse ele é em si um homem muito legal. Óbvio que não posso afirmar isso com toda certeza do mundo, mas só pela atitude demonstrada durante o show, ali no hotel, e em outras ocasiões (como quando ele, depois de um show, tocou num estacionamento para algumas pessoas), dá pra ver que cara bacana ele é. Admiro muitos artistas, dentre músicos, escritores, atores e diretores, mas raramente essa admiração se estende para além do trabalho, aliás, vai entender porque a maioria das pessoas cujo trabalho eu gosto não são lá tão legais na vida real, é difícil entender como alguém consegue fazer músicas lindas, escrever livros e dirigir filmes geniais e de sensibilidade extrema e ser um crápula na vida real. Em resumo, estou apaixonada.

Pela minha expressão nas fotos dá pra perceber a emoção do momento. Sou só dentes e bochechas. Claro que eu não passaria por isso livre de alguma trapalhada, e ela se deu logo quando fomos tirar a foto abaixo. Jon, por incrível que pareça, é bem baixinho, inclusive menor que eu. Na hora de bater a foto eu, que não havia percebido isso, além de ter postado meu cabeção na sua frente, ainda lhe dei uma bela trombada. É como eu falo pra Naná, as coisas nunca acontecem com a gente sem esses momentos estrupiados para entrar pra história.

Peguei vários autógrafos do Jon, toda hora eu voltava pro final da fila para pegar mais um. Ele assinou dois papéis (um pra mim e outro pra Isa) e minha pulserinha do show. Queria muito ter pedido pra ele assinar meu All Star também, mas eu guardo em mim uma certa finesse a ser preservada e também fiquei pensando que depois do baile daquela noite meu tênis precisaria de um banho e eu não queria desperdiçar uma assinatura do Jonzito.

Mais atrasadinhos, desceram depois Tim Foreman (irmão do Jon), baixista da banda, e o Chad, o bateirista. Vale notar que, depois do Jon, Chad é o mais bonito de todos, tem uma barba charmosa e olhos azuis imensos, só que ele não estava muito de papo não, imagino que devia estar quebradíssimo por causa do show, bateristas cansam muito. Por isso, tiramos foto só mesmo com o Tim, que é baixinho e todo amor.

Contando toda a aventura pro meu pai, só ouvi que "a gente cria a filha com leite de cabras virgens do Tibet (ele sempre diz isso), paga colégio caro, repassa sabedorias de vida pra no final ela acabar tirando foto com roqueiros em porta de hotel em plena madrugada" e é isso mesmo e eu não estou nem aí. Na manhã de sábado um amigo meu brincou e disse "nossa, essa noite tive um sonho muito louco, sonhei que a gente tinha ido no hotel e tirado foto com os caras!" e a sensação é exatamente essa. Viva as groupies de todo mundo!

domingo, 19 de setembro de 2010

Foi assim...


Aviso aos navegantes: Eis aqui um relato completo sobre minhas peripécias num dos dias mais legais da minha vida, totalmente tiete e histérico, sem economia de caracteres. Se não estiverem afim podem pular direto pros comentários e dizer: "Anna, sua linda, você realizou um sonho!" e pronto. Ou nem isso.

Anos de vida e algumas experiências me ensinaram que quanto mais coisas dão errado antes de qualquer coisa importante, mais especial ela será; a maioria das coisas incríveis que já vivi na vida foram precedidas de um monte de imprevistos que me atrapalharam até não poder mais, mas nas vezes em que eu cheguei lá pra contar a história, valeu muito a pena. E olha que o que não faltou nessa viagem foram imprevistos, e bem, ao final desse texto vocês me digam se valeu ou não a pena.

Meu coração estava aos pulos quando as cortinas se abriram e eu vi a bandeira do Swichfoot e os caras começando a entrar. Pensei que ia chorar logo quando vi Jon pisar no palco, eu só gritava "O Jon, Anaisa, o Jon!!!!!". Eles abriram com "Needle and Haystack Life" e eu estava tão boba que até esqueci a letra da música, só sabia dar gritos agudos, para o espanto das pessoas que me rodeavam. Aliás, vale dizer que o público masculino daquele show era um dos mais bem apessoados que já vi, if you know what I mean. Na sequência veio "Mess Of Me", que colocou todo mundo pra pular, e "Stars", pra mostrar o quão insanos seriam os próximos minutos.


Quando os acordes da música seguinte começaram, anunciando "Gone", eu me senti realizada. Já disse que essa é minha música favorita deles, quiçá a favorita dentre todas e eu e Naná passamos a semana mandando replies para eles implorando para que ela fosse incluída no setlist. Como se não bastasse, fizemos um cartaz com o mesmo pedido. Vale notar que o cartaz foi feito no chão da classe, no intervalo entre uma aula e outra, com uma cartolina que havia sobrado de uma feira da cultura de 2008, porque não tivemos tempo de comprar outra. Eis então que na nossa parte favorita da música, Jon para, olha nosso cartaz e pede pra vê-lo melhor, para que nós o levássemos para o palco. Segurei na mão de Naná e fomos as duas avançando pela multidão, sem se importar se estávamos pisando em pés e dando trombadas. Aliás, se você é uma das pessoas em quem eu esbarrei, aproveito para pedir desculpas. A ocasião pedia. Jon se pendurou no palco e agarrou nosso cartaz e mostrou para todo mundo. Pra mim o show podia acabar ali que eu já estava me sentindo mais do que realizada.


A partir desse momento eu fiquei grudada na grade, não era possível estar mais perto do palco. De lá pude ver que Jon é um frontman e tanto, ele tem uma energia tão boa, se entrega tanto à música, ao show, ao público, que é impossível tirar os olhos dele. Em vários momentos do show ele se dependurou na lateral do palco, ficando tão perto que pude ver seu rosto a menos de 30 centímetros de distância do meu, aquele cara lindo, com os olhos tão azuis que eram quase transparentes. Ele me olhou nos olhos várias vezes e eu queria muito ter conseguido dizer alguma coisa, mas eu só conseguia sorrir, sorrir, sorrir.

"Your Love Is A Song" foi tão bonita que não sei como conseguia não gostar tanto daquela música antes de vê-la ao vivo; antes de "The Sound", Jon fez um mini-discurso em português e foi a coisa mais fofa do mundo, ele dizendo com aquele sotaque carregado "Quem acrrredita quê o amór ê maiorrr quê a violéncia?"; em "Learning To Breath" eu entreguei os pontos e chorei, chorei, chorei; pulei e cantei feito maluca "Bullet Soul"; e em "Hello Hurricane" eu e Naná ficávamos rodando, rodando, rodando, como dizíamos que faríamos sempre que ouvíamos juntas aquela música.

No lugar onde eu estava, ficava bem de frente ao Jerome, o tecladista/guitarrista e ele morria de rir da minha cara e a da Naná, principalmente quando o Jon chegava pertinho. Devíamos estar com uma cara de boba-do-coração-derretido tão enorme que certamente parecia piada. Em um momento eu percebi a cara divertida com que ele nos olhava, olhei pra ele rindo de volta e ele me deu um tchauzinho simpático.

Ao final de "On Fire", Jon, como se não tivesse dado show suficiente, deu uma de Homem-Aranha, escalou a lateral do palco, desceu de lá e foi parar no camarote, no meio do pessoal. De onde ele estava podia enxergar todo o pessoal da pista com os celulares pra cima, cantando em corinho. Ah, eu mencionei que ele estava tocando gaita também? Gaita, amigos leitores, GAITA! (Não sei se vocês sabem, mas eu tenho um sério problema com caras tocando piano, gaita e baixo.) De lá mesmo ele emendou "Awakening" e fez todo mundo pular.


Depois que eles saíram do palco pra se preparar pro bis, todo mundo começou a pedir "Dare You To Move" enlouquecidamente. Nessa hora entra o Jon sozinho no palco com seu violão, e pede licença para tocar mais duas músicas, ao invés de uma só. Ele toca então "Only Hope", seguida por, claro, "Dare You To Move". Confesso que não gosto dessas músicas, não gosto do filme Um Amor Pra Recordar e por mim ele teria substituído essas duas por "24" e "Yet" que aí sim eu choraria feito um bebê. Apesar disso foi um momento bacana, porque como as duas músicas são as mais famosas, todo mundo sabia cantar e eu tenho um fraco gigante por corinhos em shows.



Continua!

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Na cadeira do dentista

Sou daquele tipo de pessoa que não pode encostar por mais de cinco minutos num lugar que já está dormindo. Tenho que agradecer minhas neuroses que não me permitem dormir em sala de aula, se não fossem por elas eu provavelmente saberia muito menos de Física do que sei hoje, e olha que isso é bem pouco. Minha hora de cochilo preferida é óbviamente após o almoço, a hora oficial das sonecas mais maravilhosas do mundo. Como não tenho tempo de dormir o quanto eu quiser, senão perco a carona do meu pai, me estico por uns 10 minutos, e isso já é mais do que suficiente para eu sonhar as coisas mais mirabolantes possíveis e ficar fora de órbita.

O problema é quando tenho hora no dentista nessa fatídica hora do dia. Comecei a fazer um tratamento para retirar umas manchinhas ingratas que tenho nos dentes e por causa disso tenho que visitar minha prestimosa dentista semanalmente, logo após o almoço. Não sei o que acontece comigo lá dentro, se é o horário já propício aos cochilos, o ar condicionado gostosinho, o consultório branquinho, ou simplesmente a cadeira em que eu me deito; não importa, basta eu ficar lá por 10 minutos e já estou dormindo.

Nessas horas fico me perguntando como existem pessoas que tem medo de dentista. Minha dentista e todos os dentistas com quem já tratei na vida sempre adoram contar histórias dos seus pacientes apavorados, que fogem, choram, passam mal e desmaiam só de olhar para a cadeira. Pois bem, eu usei aparelho por quase quatro anos, já extraí quatro dentes permanentes, tomei anestesia de agulha e cá estou vivinha da silva pra contar a história! Aguardo ansiosamente o momento em que chegarei no consultório e repousarei meu combalido esqueleto naquela cadeira de sonhos, só de imaginar já bocejo.

Tem dias que estou tão cansada que durmo no início da sessão e acordo só no final, quando ela joga aquele jatinho de água na boca e eu começo a babar. Ando tão cara de pau que nem constrangida fico mais, aliás, acho melhor dar um simpático cochilo do que ficar tentando conversar com a boca aberta parecendo um neanderthal. Saio de lá com os dentes mais bonitos e acompanhada pela deliciosa sensação de não saber onde estou e quem sou eu, coisa que só um reparador sono após o almoço nos fornece, ao melhor estilo David After Dentist.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

The symphony of modern humanity


Lembro de um dia, há poucas semanas atrás, que eu estava realmente triste. Sabe aqueles dias em que nada dá certo? Absolutamente tudo estava ruim, e eu não conseguia fazer nada além de me sentir mal por mim mesma, primeiro pelo dia terrível que eu estava tendo, e depois por me sentir ridícula por estar ali entregue a uma lamentação sem propósito enquanto deveria estar fazendo algo de útil. Eu estava na escola e morrendo de vontade de chorar, mas não podia fazê-lo, porque eu tinha certeza que, se eu começasse, não pararia tão cedo e as pessoas iriam reparar. Passei exatamente toda a tarde ouvindo uma só música, logo eu que não sou dada aos repeats eternos. Tocava “Red Eyes” nos meus fones de ouvido e Jon me perguntava “What are you waiting for?…” e eu não sabia o que responder.

Todo esse papo sentimentalóide pra dizer que existem bandas que estão presentes em vários momentos como boas amigas. Impossível não ter uma história com algum conjunto, ou cantor/a ou até mesmo uma música que seja. Se você não tem, me desculpe, mas sua vida deve ser chata. Assim como personagens de filmes e seriados, nós merecemos ter uma trilha sonora; aliás, bem mais do que eles, até porque nossa vida é bem mais dura, já que eles nem mesmo existem.

Minha história com Switchfoot começou em 2008, de uma maneira bem significativa, já que me foi apresentada pelo cara que eu gostava na época, daquelas paixões êfemeras dos 14 anos: intensas, desastrosas e desastradas. Ouvia a banda como se não houvesse amanhã, como se as repetidas audições daquelas músicas pudessem, de alguma maneira, fazer o amor platônico tornar-se real. “Concrete girl, don’t fall down in this broken world around you…” era o que eles me cantavam quando estava triste, me enchendo daquela auto-comiseração típica de meninas de 14 anos que não tem muito o que fazer, e muito menos na cabeça.

Apresentei prontamente a banda para minha melhor amiga Naná, que se apropriou da paixão. Que lindas eram aquelas manhãs da oitava série, cheias de aulas irrelevantes que nós dispensávamos sem pensar duas vezes para decorar todas as letras, inventar coreografias idiotas e sair por aí cantando na hora do intervalo, infernizando quem quer que estivesse por perto. "Gone" é, até hoje, uma das minhas músicas favoritas de todo o mundo, com tanta história e significado que merece um post só para ela. "Life is a day that doesn't last for long", foi o que escutei e tomei pra mim naquele ano de 2008, onde eu fui tão intensamente feliz e idiota como poderia, e não me arrependo nem um pouco.

Em 2009 passamos por uma séria crise. A paixão – pelo cara – acabou e deixou seus rastros naquelas canções, o que forçou uma abstinência por motivos de força maior. Mesmo depois de remendado o coração, Switchfoot ficou de canto no ano que passou, talvez pela força do hábito ou porque não faziam tanto sentido no momento.

Entretanto, nesse ano eu e Jon Foreman fizemos as pazes. As pessoas costumam dizer que brigas entre casais são, até certo ponto, saudáveis, já que a coisa fica mais intensa após a reconciliação. Conosco – eu e Switchfoot – foi bem parecido. Minha paixão – pela banda – voltou com força total, e são eles que tenho escutado praticamente de forma exclusiva nos últimos meses. O mais importante que eles me ensinaram recentemente foi que devemos encarar as turbulências de frente e não temê-las. Num ano onde tanta coisa mudou aqui dentro, onde um desânimo diante de tudo me abateu em certo período, vivi isso na pele. Esses baques da vida não são suficientes, de maneira alguma, para me calar, calar meu amor, pela vida, por Deus, e por tudo. “Hello hurricane, you’re not enough”, é o que vou levar daqui adiante.

E agora nós temos um encontro marcado dia 17. Sexta está chegando e está sendo difícil dormir e não sonhar com isso. Caramba, eles vão cantar tudo aquilo na minha frente, pertinho de mim. Eu vou rir, vou chorar, vou fazer minhas coreografias ridículas com Naná, vou perder a voz, vou tietar e tudo mais que tiver direito, como se aquele espetáculo fosse todo pra mim. Afinal, pomba, é um pedacinho de mim em cima do palco!


"If it doesnt' break your heart it isn't love
If it doesn't break your heart it is not enough
It's when you're braking down
With your insides coming out
That's when you found out what's your heart made of"
Switchfoot - Yet

sábado, 11 de setembro de 2010

Ao gordinho

Acho que uma das mais felizes lembranças que tenho contigo é de um dia rodar com você no colo enquanto assistia Mamma Mia e no filme tocava-se "I Do, I Do, I Do". Você, claro, debatia-se feito louco, porque odiava colo, e eu não estava nem aí, porque estava tão feliz naquele momento que só precisava de alguém pra partilhar comigo daquela emoção.

Você parecia tudo, menos um cachorro. Nem latir sabia. Aliás, quando tentava era desastre na certa. Parecia um gato se enroscando nas minhas pernas pedindo carinho, o único cachorro que eu já conheci que ronronava ao ganhar cafuné, e roncava alto a noite inteira. E quando íamos passear na praça, você corria na grama e pulava com essa sua bundinha gorda feito um coelho serelepe. Que vontade insana eu tinha de te enfiar entre duas fatias de pão e comer numa mordida só, tamanha minha gana!

Outra lembrança que tenho é de te colocar no colo e apertar bem forte assim que terminei de assistir Marley e Eu. Não me lembro de ter chorado tanto num filme como aconteceu nesse, porque eu sabia que aquela dor que os donos sentiram ao ver Marley ir embora um dia seria minha também quando você não estivesse mais aqui. E esse dia chegou. Eu sabia que não ia demorar, sua saúde sempre fora fraquinha e já passamos vários sustos com você. Se lembra daquele dia em que você resolveu ter um ataque bem no dia da minha formatura? Foi o primeiro de muitos, mas não dava pra você sofrer assim pra sempre. Que bom que você não sofreu, Happynho. Se existisse um céu dos cachorrinhos, era lá que você estaria, pulando, arfando, fazendo todo mundo rir a sua volta. Melhor ainda, sei que você está no mundo dos pôneys agora. Cachorro, gato, coelho, porquinho, você nunca foi nada disso, desde que pus os olhos em você, sempre soube que era um pôney.


quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Holly Hepburn x Holly Golightly

"Nunca se apaixone por um bicho-do-mato, sr. Bell - aconselhou-o Holly. - Foi esse o erro de Doc. Ele sempre trazia bichos-do-mato para casa. Trouxe um gavião de asa partida. Uma vez chegou a trazer um gato-do-mato adulto com a pata quebrada. Mas não se pode dar o coração a um bicho-do-mato. Quanto mais amor se dá, mais fortes eles ficam. Até que estão suficientemente fortes para voltar para o mato. Ou para voar até uma árvore. Depois uma árvore mais alta. E então o céu. (...) Se a gente cai na asneira de se apaixonar por um bicho-do-mato a gente acaba olhando pro céu."
Bonequinha de Luxo - Truman Capote

Já faz um tempinho que li um livro que eu tinha vontade de ler há mais tempo ainda, mais especificamente desde que assisti Bonequinha de Luxo pela primeira vez. Se trata claro, do livro homônimo de Truman Capote que contém o conto - fiquei muito surpresa quando descobri que Bonequinha... não era um livro inteiro - que nos apresenta as aventuras da encantadora Holly Golightly. Quando assisti o filme com os comentários do produtor, fiquei sabendo que a Holly criada por Capote era ligeiramente diferente daquela interpretada pela minha querida Audrey. Mas diferente como?

Ao ler o conto fiquei um pouco perdida. A Holly da história era definitivamente diferente daquela mostrada no filme. Mais extravagante, cara de pau, interesseira, fumava maconha, tinha tendências lésbicas e nunca deu bola pro sofrido Paul Varjak - que no livro nem tem esse nome. A história é toda bem diferente, apesar do filme seguir milimetricamente o roteiro do livro em alguns aspectos, principalmente nos diálogos. Quase todos os do filme estão presentes no livro.

Aliás, Bonequinha de Luxo é uma das poucas obras adaptadas pro cinema que eu posso dizer que prefiro o filme. Não sei se isso se deve ao fato do valor sentimental que aquele filme tem pra mim, mas o acho infinitamente mais doce, e isso influencia na minha apreciação. O filme tem um quê de conto de fadas, de romance cor-de-rosa, enquanto o livro é bem mais real, plausível, nos mostra uma situação que realmente poderia acontecer um dia. Não tenho outros argumentos, o filme me encanta bem mais e ponto final.

Voltando a falar na senhorita Golightly, a impressão que eu tenho é que a personagem das telas nos é mostrada sob a ótica que Paul Varjak, o escritor apaixonado, a enxergava. O.J. Berman, empresário de Holly, diz que "... Todo mundo gosta dela, se bem que há muitos que não. Eu gosto. Sinceramente, eu gosto da garota. Sou sensível, é por isso. A gente tem que ser sensível para poder apreciá-la: ter uma veia poética." No livro temos uma Holly Golightly como realmente é, com suas doçuras e sérios defeitos, mas tenho comigo que no filme, Audrey Hepburn carrega consigo a veia poética, e põe diante da gente essa sensibilidade necessária para gostar da Holly. Através dela, conseguimos ver Holly além de sua leviandade óbvia, de suas infantilidades e até uma certa falta de caráter; tudo isso fica em segundo plano e vemos só a adorável criatura que no fundo ela é, e como não se identificar e amar profundamente?


sábado, 4 de setembro de 2010

Comprimidos

Anos atrás recebi por e-mail o hilário "Como Dar Comprimido Para Um Gato", que ainda leio e caio na risada, ainda mais por lembrar das histórias dos meus tios e primo, que tem duas gatinhas, sobre como o texto é baseado em fatos reais, e das peripécias que eles já realizaram para medicar suas adoráveis bichanas que atendem por Linda e Doce. Por conta disso, cresci imaginando que dar um comprimido a um animal de estimação é uma tarefa que requer bastante empenho e coragem. Nunca me aventurei a dar remédio algum ao Happy, via de longe a peleja que era a de mamãe tendo que enfiar aquele pug de doze quilos, que pulava, arfava e tentava fugir de todas as maneiras, dentro do tanque e a peripécia que era enfiar-lhe um comprimido goela abaixo.

Essa semana Chico adoeceu pela primeira vez desde que está conosco. Sr. Buarque versão poodle está com erlichiose, que felizmente foi diagnosticada cedo, e agora passa muito bem obrigada. Chegamos ontem do veterinário carregadas de remédios e recomendações, coisas que combinam bastante com duas donas neuróticas e corujas como mamãe e eu. Fiquei um tanto quanto apreensiva ao saber que, por terem uma hora certa, era eu que deveria dar a maioria dos remédios, logo eu que não sou nada jeitosa. Já me via caída no chão resfolegando, com comprimidos babados e moles espalhados pelo cabelo, enquanto Chico provavelmente ria da minha cara de otária confortavelmente escondido embaixo da cama. O veterinário me demonstrou como deveria fazer, e claro, pareceu fácil demais quando ele fez, do mesmo jeito que quando vemos nossa manicure fazendo nossas unhas, ou então o Jamie Oliver montando um prato, achamos que aquilo é a coisa mais simples do mundo.

Dada a hora do antibiótico, lá fui eu para minha missão. Sentei o Chico no sofá, olhei pra cara dele, ele me olhou, e na hora que encostei em sua boca para tentar abrí-la, ele já estava longe. Tentei algumas outras vezes, mas sem sucesso, não consegui nem ao menos jogar o comprimido lá, ainda que fosse para ele cuspir depois. Aí me lembrei o que o veterinário me falou primeiro: ter bastante calma, confiança, e não ter dó de abrir a boca do bichinho e enfiar o dedo, e o comprimido, lá dentro. Dei um descanso ao meu poodle enfermo, assisti um pedaço de episódio de The Oc e fui tentar de novo. Dessa vez me sentei no sofá, coloquei o Chico em pé de frente para mim, segurei ele entre os meus joelhos, com uma mão segurei a mandíbula, e com a outra fui com tudo na goela do bichinho. E consegui!

Quando mamãe chegou em casa não parei um segundo de me gabar para ela que, coitada, é canhota e desastrada e se descabela inteira ao tentar dar os benditos comprimidos. Ela ficou impressionada com a rapidez com que eu consegui fazer Chico tomar os remédios, e agora sou a enfermeirinha oficial dele aqui em casa. Virou quase modalidade olímpica essa coisa dos comprimidos, a cada hora quero conseguir mais rápido, quero sair menos babada, e fazer com que ele se aborreça menos; apesar de toda minha eficiência, minha recompensa é aguentar Chico emburrado comigo, que logo depois do remédio corre para algum lugar e por lá fica escondido por quase uma hora, sem me olhar na cara. Rancoroso, isso que esse cachorro é.

Repassando, para os donos de cães que veem a hora dos remédios como um suplício: segure ele com as pernas, agilidade nas mãos, coragem, força na peruca, e dedo na goela com fé, mas sem machucar.

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