terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

O primeiro dia do resto da sua vida

Ou: o filme da Tary (e da Milena)

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Domingo eu completei 18 anos e ontem foi meu primeiro dia de aula na faculdade. Acordei cedo, tomei banho ouvindo o cd ao vivo da Legião, que eu tanto amo, fiz um chá e fiquei me revezando entre a internet e Friends na tv, meio que esperando a vida acontecer a partir daí.

Sempre tive uma preg uiça imensa dos chamados marcos da vida. Landmarks, porque em inglês soa melhor.  Acho-os superestimados, forçados e sintéticos. 15 anos. 18 anos. Há quem comemore até mesmo a primeira menstruação. (!) Não é porque você faz 15 anos que vai deixar de ser infantil de um dia para o outro, ou porque fez 18 que vai acordar se sentindo diferente, mulher. Essas coisas simplesmente acontecem num dia que até pode começar como outro qualquer, mas que vai acabar deixando tudo aquilo que aconteceu antes preso a um pretérito permanente, tenhamos consciência disso ou não.

E é sobre esses dias que o lindo longa francês O Primeiro Dia do Resto da Sua Vida trata. A Tary vinha pegando no meu pé para assistí-lo há tempos, e assim como quando eu vi a música, a doçura e o encanto de A Noviça Rebelde e tive o pleno entendimento da razão pela qual a Analu é louca por ele, terminei Le Premier Jour… achando que era Taryne puro: sensível e profundo, mas simples, prático.

O filme, por não se permitir discursos e pieguices clichês ao melhor estilo “Você fez 18 anos, é mulher agora. Mazel tov!”, retrata a vida como é mesmo. O dia em que você saiu da casa dos seus pais. O dia que escolheu o cara errado. O dia em que cortou o cabelo e resolveu arrumar um emprego. O dia que o amor acabou quando você saiu para comprar pão ou então o dia em que ele renasceu numa virada de esquina.

Às vezes a gente não repara neles e vai se dar conta da mudança meses, anos depois – e eu não discordo que qualquer coisa que mude nosso rumo e nos altere em profundidade faça parte de um processo, mas a gente não pode descartar a ignição: o primeiro dia do resto da sua vida.

Não poderia existir título mais perfeito para um filme que se propõe (e o faz muito bem) a kodakar esses momentos que todos vivemos. Pode até ser que nosso mundo não tenha cores tão lindas como as da fotografia dele, ou personagens tão bonitos (beijo, Grondin), ou que, infelizmente, nossos grandes marcos não tenham como testemunha uma trilha sonora envolvente e encantadora como aquela, mas o que importa é o argumento – e que graça teria um filme sem uma pitada de sonho em charme?

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Outras 11 perguntas

Como expliquei no último post, recebi duas indicações para um mesmo meme. Eis aqui a segunda parte do questionário, que recebi da Yasmin, as minhas 11 perguntas, e as pessoas que escolhi para respondê-las:

 Mais 11 perguntas

Qual a sua palavra preferida? 
Escafandrista.


Gosta de ler? Se sim, qual o seu livro preferido? 
Sim, muito! E existe blogueiro que não gosta de ler? Sempre digo que tenho alguns livros favoritos - cinco, pra ser mais exata. Mas se for pra pensar em um só, o mais marcante, o que mais li, o que mais mexeu comigo e aquele livro que uso como norte a cada vez que penso em escrever, é Dom Casmurro, do Machado de Assis.


Qual a música que mais te define?
Pensei muito nessa resposta, aliás, sempre fico pensando se existe alguma música que me defina, e nunca encontrei uma que o fizesse direito. Sei de músicas que definem o que eu sinto em determinado momento ou então aquilo que eu penso e acredito. Pensando nesse critério, acho que Gone, do Switchfoot, é a música com a qual eu mais concordo no mundo inteiro.

O que mudaria em você? 
Meus problemas respiratórios. Tenho rinite, sinusite e todo tipo de ite irritante que vocês possam imaginar, e isso atrapalha e atrasa minha vida como poucas coisas. Fico pensando como deve ser feliz a vida de alguém que não tem que andar com uma farmácia dentro da bolsa, que não precisa fazer detox de antialérgico quando a coisa aperta, que não saliva quando pensa em qualquer coisa que tenha corticoide na composição, que pode dormir fora de casa sem acordar no dia seguinte se sentindo o mais miserável dos seres humanos e que suporta ar condicionado sem sair da sala querendo morrer.  Ah, e arrancaria fora meus culotes. Ter corpo de pêra não é legal.

O que te atrai em uma pessoa? 
Bom papo, senso de humor, sorriso bonito e óculos. 


O que faz nas horas vagas? 
 Fico na internet me revezando entre blogs, Twitter e Facebook, leio, vejo seriados e assisto filmes.


Qual o seu maior medo?
Perder as pessoas que eu amo.

Qual a coisa mais simples que te faz feliz?
Ficar em casa fazendo nada. Amo minha casa e não sei se é por que ano passado eu ia lá praticamente só pra dormir, hoje valorizo muito todo o tempo que passo sem ter que pensar em nada sério. Só de poder ficar sentada na sacada curtindo o sol da manhã e fazendo cafuné no Chico, me sinto tão bem que poderia morrer no instante seguinte.

Se pudesse escolher um lugar para morar, qual seria? 
Paris. Num sobrado pequeno, mas com espaço suficiente para uns dois cachorros, que recebesse bastante luz do sol pela manhã, decorado com móveis rústicos, luzinhas claras e bibelôs fofos por todos os cantos, pôsteres enormes de filmes nas paredes, uma cozinha enorme e livros espalhados por todos os cômodos da casa.


O que não suporta nas pessoas?
Grosseria, arrogância, egoísmo e o péssimo hábito de falar gritando.

Qual a sua mania mais bizarra?
São muitas, mesmo. Sou uma pessoa estranha. Ultimamente reparei que faço uma coisa de forma inconsciente que me deixou bem preocupada: sempre que vou comer organizo o prato colocando o arroz e o feijão do lado direito e a salada do lado esquerdo - não sou fina e como tudo junto. Já me peguei virando o prato várias vezes, porque comer com alguma outra disposição me parece estranho e pouco natural. 


Minhas 11 perguntas
  1. O que é o amor pra você hoje? (um beijo, Dani Arrais!)
  2. Qual seu maior amor platônico da ficção?
  3. Qual erro de português alheio mais te irrita?
  4. Uma música pra tocar no seu funeral.
  5. Se você pudesse viver em qualquer época, qual seria? Por quê?
  6. Aspecto inusitado que mais te atrai no sexo oposto?
  7. Como seria sua festa dos sonhos?
  8. Com qual personagem da ficção você mais se identifica? E qual você queria ser?
  9. Quando era criança, o que queria ser quando crescer?
  10. Qual sua maior inveja literária da vida? (ou seja, que livro queria ter escrito, com todas suas forças?)
  11. Se pudesse jantar com qualquer pessoa, quem seria? Por quê?
Indico

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

11 perguntas

Fui indicada pela Natalia e pela Yasmin para responder a um meme diferente e divertido, onde inicialmente eu tenho que dizer 11 coisas aleatórias sobre mim e depois responder às 11 perguntas que cada uma criou. Para repassar o meme, terei que inventar outras 11 perguntas às quais minhas indicadas responderão. Como recebi duas indicações e tenho, portanto, 22 perguntas no total para responder, farei primeiro as 11 da Natalia, que me indicou primeiro, e daqui há uns dias respondo as da Yasmin, para não ficar muito extenso. 

11 coisas aleatórias sobre mim


1. Toda essa minha "história" com pôneis começou no dia que um amigo meu, há muitos anos atrás, brincou que na raíz de uma bananeira da nossa antiga escola havia a entrada para o mundo dos pôneis.


2. Aos 9 anos eu ganhei um prêmio na escola por ter sido a aluna que mais tinha pego livros na biblioteca naquele ano, com direito a ser chamada no palco na hora do momento cívico e tudo.


3. Sempre que eu peço pizza em casa eu guardo um pedaço para comer na manhã seguinte, com café.


4. Eu já bati num menino que estudava comigo que tinha dito que eu era lésbica só porque eu e minhas amigas éramos inseperáveis. Na 2ª série.


5. Quando vi que havia sido aprovada na UFMG comecei a chorar enlouquecidamente de desespero porque não sabia o que fazer da minha vida. E chorei muito mais quando o blog saiu no jornal do que quando vi meu nome na lista de aprovados de qualquer vestibular.


6. Eu sou viciada em tudo quanto é tipo de coisa tosca e doente que se pode achar na internet e na televisão. Posso passar horas vendo fotos de montagens da cara do Tom Hanks em corpos de animais, tenho vontade de reblogar quase tudo que vejo no Fuck Yeah Dementia! e até hoje choro de dar risada do vídeo do Jeremias.


7. Nunca assisti Madagascar. E nem pretendo fazê-lo tão cedo, porque acho legal ser uma das únicas pessoas que nunca assistiu a esse filme.

8. Sou a louca do judaísmo, apesar de cristã muito convicta. Só acho que as tradições e a história são extremamente interessantes.


9. Super entendo por que o Woody Allen já pegou tanta mulher bonita e interessante dentro e fora da telona, uma vez que eu entraria na fila sem pensar duas vezes. Me julguem.

10.  Eu não costumava reparar em mãos masculinas até o dia em que conheci Jon Foreman, dono das mãos mais bonitas, bem cuidadas e macias que qualquer roqueiro no mundo poderia ter, e não de um jeito metrossexual. Desde então não consigo não reparar na mão dos outros e julgá-las caso não alcancem o padrão Jonathan de qualidade.

11. Assistir Bob Esponja me dá fome, sempre, e tenho muita vontade de experimentar um hamburguer de siri.

11 perguntas
  
Onde você se vê daqui 5 anos? 
Espero que formada, com alguma experiência bacana na área, e quem sabe fazendo parte do programa de trainees de algum jornal ou editora bacana.

Onde você achava que estaria hoje, 5 anos atrás?
Aprovada no vestibular de Medicina. Juro, queria ser médica até os primeiros meses do primeiro ano do Ensino Médio, e já sabia até que me especializaria ou em cirurgia plástica ou em infectologia.  

O que te motiva a acordar todos os dias?
Acredito piamente que todos nós nascemos com um propósito, uma promessa. Um não, vários. Sem a certeza da existência deles, não faria sentido algum viver. É com vontade de perseguir e encontrar os meus, e seguir firme nesses caminhos, que levanto todos os dias. E também o café da manhã, que é minha refeição favorita.

Qual o segredo do sucesso (na sua opinião)?
Comprometimento.

O que você faz de melhor?
Ouvir os outros  e inventar sanduíches incríveis com o que quer que tenha na geladeira de sobra do almoço do dia.

Se você pudesse tirar algo do mundo, o que seria? - perguntas profundas, né?
O egoísmo das pessoas. Na minha humilde opinião, se as pessoas fossem ligeiramente mais abnegadas  e passassem mais tempo olhando ao redor do que para o próprio umbigo, o mundo seria um lugar melhor de se viver.

Qual sua brincadeira preferida na infância?
Casinha. Aquela clássica de você fazer das bonecas suas filhas e passar o tempo todo ninando, trocando fralda, fazendo comida e resolvendo pequenos imbróglios domésticos. Já sozinha eu gostava de brincar de escolinha: reunia todas as minhas bonecas e passava horas dizendo coisas que eu considerava importantes para a vida delas.

Quantas cicatrizes você tem? (isso define se sua infância foi boa ou não :P)
Uma dupla na testa (porque eu fui uma criança capaz de cortar a cabeça duas vezes praticamente no mesmo lugar, com apenas algumas semanas de diferença), uma em cada joelho, uma no dedão da mão que todo mundo repara e me pergunta o que houve na esperança de ouvir uma história interessante (mas na verdade foi um corte bobo que fiz na janela do meu quarto), algumas bem pequenas espalhadas pelo corpo porque desde que me entendo por gente sofro de uma dermatite atópica triste, uma queimadura no pulso que fiz esses dias enquanto tentava passar uma blusa.

O que você faz quando está triste?
Choro bastante (amo chorar, gente!), como alguma coisa bastante engordativa, escuto música e assisto Friends.

O que é mais indispensável na sua vida?
Amor. Brega e clichê, né, mas é verdade. Amor engloba e resume tudo que é mais importante na minha vida: Deus, minha família, meus amigos, meus cachorros... Sou uma pessoa florzinha.

Adquire ou se desfaz?
Adquiro, definitivamente. Sou dessas que não assiste Acumuladores porque se assusta ao ver que entende demais o que se passa na cabeça daquelas pessoas.

 No próximo post eu continuo com a sabatina, formulo as perguntas que passarei para frente e seleciono as vítimas.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

O retrato de um personagem qualquer na minha cabeça

Meu incrível professor de Literatura do terceiro ano disse uma vez que a gente devia tentar sempre fugir das adaptações cinematográficas antes de ler o livro de referência para não cairmos no comodismo de associar o rosto dos atores aos personagens da história, o que nos roubaria o exercício importantíssimo de construí-los em nossa imaginação utilizando das referências contidas no livro. Isso me fez pensar sobre a forma como costumo enxergar os personagens dos livros que leio, e me deixou curiosa a respeito de como os outros o fazem.

Na minha cabeça isso acontece, na maioria das vezes, de forma totalmente espontânea e aleatória. São raríssimas as vezes nas quais eu consigo, de fato, construir uma fisionomia a partir do que o livro me conta. Quando lia Harry Potter tinha uma dificuldade absurda para conseguir arrumar um rosto para aquele monte de personagens com características peculiares. Até peguei raiva de alguns por simplesmente não conseguir "enxergá-los" e é por isso que os filmes sempre me foram um alívio muito grande. Pode até ser que já receber os rostos e estilos de bandeja esteja me privando de uma parte importante do exercício que é a leitura, mas só quem já tentou desesperadamente, sem conseguir, criar um personagem na cabeça, sabe do que eu falo. 

Em sua resenha de As Meninas, da Lygia Fagundes Telles, a Luh escreveu que as personagens principais são tão bem construídas e cheias de detalhes que ela até conseguiu imaginar um rosto para cada uma, coisa que não é seu hábito. Como viver num mundo onde não se consegue enxergar a cara que os personagens têm? Não sei como funciona com vocês, mas enquanto eu leio, imagino a história acontecendo como um filme na minha cabeça. Vai ver que é por isso, pela minha imaginação preguiçosa, que eu sempre fui muito mais fã de literatura realista do que fantástica. Aliás, acho que Harry Potter é a única fantasia que eu amo de verdade; de resto, minhas predileções literárias costumam ter os pés muito bem fincados no mundo que eu conheço. Sendo perfeccionista como sou, acabo entrando numa obsessão para criar perfeitamente os cenários e criaturas da forma como são descritos, e quando não consigo projetá-los uma ideia abstrata qualquer me frustra. E me cansa. É triste confessar isso, dá uma sensação que o sonho acabou, mas o que fazer?

O mais curioso nessa história de personagens são os critérios que arranjo para definir como cada um é. Pra ser sincera, são pouquíssimas as vezes em que eu tenho autonomia para decidir alguma coisa. Funciona assim: eu começo a ler, o personagem começa a ganhar vida na minha cabeça, e de repente ele recebe o rosto de alguém. A escolha pode ser por causa do nome, de alguma característica em particular, ou por algo totalmente aleatório e sem sentido. Às vezes acontece da descrição do livro não ter nada a ver com o rosto que eu "escolhi, e, por mais que eu tente mudar, uma vez que o destino foi selado não existe caminho de volta.

Engraçado é quando o personagem do livro ganha o rosto de alguém que eu conheço. Quando li O Amor Nos Tempos do Cólera, por exemplo, Florentino Ariza ganhou o rosto de um cara que frequenta a minha igreja e com quem eu nem costumo conversar. Lembro bem de uma vez, quando estava lendo o livro, que cruzei com ele no corredor e tive uma sensação muito estranha, como se estivesse mesmo diante do próprio Florentino, e foi tão forte a impressão (vai ver porque foi um livro que me marcou demais) que até olhei ao redor em busca do seu guarda-chuva preto. Já Fermina Daza foi a Penélope Cruz durante o livro todo, até mesmo na velhice - e é nessas horas que o perfeccionismo me corroi. Falando do Gabo, quando li Cem Anos de Solidão a maioria dos habitantes de Macondo ganhava vida nos rostos dos personagens da novela Cordel Encantado, sendo o primeiro José Arcádio o Capitão Herculano, e Jesuíno, o Coronel Aureliano.

Às vezes ocorrem coincidências do personagem da minha cabeça "ser" o ator que o interpretará num filme. Quando li One Day, antes de saber que haveria filme, Emma Morley tinha a cara da Anne Hathaway, embora no início eu pensasse nela como a Scarlett Johanson; na verdade, a personagem dela em Scoop, por causa dos óculos. Com o Dexter já não tive tanta sorte: minha imaginação muito criativa fez com que tanto Morgan como Mayhew tivessem o (lindo) rosto do Michael C. Hall. Em Razão e Sensibilidade, a Marianne da minha cabeça também tinha o rosto da Kate Winslet, mas - pasmem! - era o rosto dela com os cabelos azuis de Clementine, de Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças. Fico imaginando o furor que uma moça com cabelos azuis na Inglaterra campestre de Jane Austen causaria.

O livro que terminei de ler ontem, Liberdade, tem como um dos grandes trunfos a construção impecável dos personagens, e vai ver que é por isso que todos eles estavam muito bem delineados na minha cabeça e até os secundários eram muito bem formados, embora alguns pouquíssimo condizentes com o que Jonathan Franzen imaginou. O triângulo principal, Walter e Patty Berglund e Richard Katz era formado por, respectivamente, Colin Firth (porque todo personagem quadradinho eu imagino como o Colin Firth), Kelly Rowan (tanto a do livro como a personagem dela em The OC tem tendência ao alcoolismo) e Dave Grohl (roqueiro sedutor, preciso explicar mais?). Nos filhos do casal principal é que a discrepância de imagens fica mais evidente: Joey Berglund, na minha cabeça, é o Joey Tribbiani, por mais que no livro o primeiro seja descrito como loiro. Para piorar, Jessica Berglund é a Zoe Saldana, que não é loira nem branca. Fosse eu responsável pela seleção de elenco de uma possível futura adaptação do livro para o cinema, talvez acertaria apenas na escolha de atrizes para Connie e Carol Monnaghan: Ellen Page e Frances McDormand, que me parecem perfeitamente razoáveis e coerentes com o que é dito sobre elas no decorrer da história. 

Escrevendo tudo isso fiquei um pouco preocupada comigo mesma. Será que essa falta de coerência entre a forma como os personagens são descritos no livro e a forma como os enxergo pode significar que eu não sou uma boa leitora, no sentido de captar aquilo que o autor propõe? Ou pior, será que o fato de eu ter dificuldade de criar rostos a partir do que leio significa - the horror! - que eu não tenho imaginação?

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Norman Bates curtiu isso

O dia que eu decidi mudar por definitivo o local do meu som portátil do quarto pro banheiro pode ser considerado um dos importantes marcos da minha vida. Ouvir música no banho é uma das melhores coisas que você pode fazer por si próprio, é toda uma nova realidade que se estende diante de você e da água que cai sobre sua cabeça. Muito melhor do que apenas cantar sozinha, porque com a música alta ninguém escuta e julga meus falsetes esculachados. Nem eu mesma, de modo que sempre penso que canto muito bem e fico feliz da vida. A balada do banho é a mais nova (embora milenar) tendência para os cidadãos modernos que querem escapar de suas rotinas estafantes por alguns minutos e entregar-se tão somente ao prazer da cantoria com a escova da cabelo em punho e da liberdade de poder dançar e fazer qualquer estupidez imaginável tendo como únicas testemunhas a toalha, o sabonete e o vidro de shampoo. 

Existem duas vertentes do banho musical: a balada e a fossa do chuveiro. Nessa mixtape contemplei o gênero dançante e alegre, que funciona tanto para dias felizes como melancólicos, para dar aquela animada. Recomendo muito que ouçam tomando todo o cuidado do mundo para não escorregar na espuma e fraturar a bacia caso se empolguem demais. A fossa é uma via de mão única, excluindo a possibilidade de recuperação súbita, mas é bem verdade que em alguns dias tudo que a gente precisa é ouvir Damien Rice enquanto a água quente escorre pelas nossas costas. Quem sabe num futuro próximo. Por ora, divirtam-se!


01 ABBA - Waterloo
02 Best Coast - Crazy For You
03 Kate Nash - Kiss That Grrrl
04 Spoon - The Underdog
05 Franz Ferdinand - Can't Stop Feeling
06 The Killers - Spaceman
07 Madonna - Borderline
08 The Postal Service - Nothing Better
09 Amy Winehouse - Between Our Cheats
10 Los Hermanos - Eu Vou Tirar Você Desse Lugar
11 Vanguart - Mi Vida Eres Tu
12 Gwyneth Paltrow - Bette Davis Eyes
13 The Psychedelic Furs - Pretty In Pink
14 The Strokes - You Talk Way Too Much
15 Rita Lee - Lança Perfume

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Os casais mais legais do mundo

Na falta de um amor pra chamar de meu nesse Valentine's Day, melhor do que me entregar ao recalque é celebrar o amor alheio para ver se o universo capta a mensagem.


Os super legais: Giovanni Ribisi e Chan Marshall - Ele é um dos melhores coadjuvantes que Friends já teve. Pra quem não lembra, ele interpretou Frankie Jr., o meio-irmão da Phoebe, pais dos trigêmeos. O personagem é genial, e eu não consigo olhar pra ele sem pensar que deve ser um cara bacana. Além de muito bom de serviço. E gato. Ao lado dele temos Chan Marshall, também muito conhecida como Cat Power, que, em outras palavras, pode ser definida como MUSA. Linda, maravilhosa, cantora sensacional, companheira nos momentos de fossa e lançadora de tendências. Quando vi uma foto dos dois juntos fiquei tão feliz e realizada, porque, ao menos na minha cabeça, eles são incríves e perfeitos um para o outro.


Os indies: Ben Gibbard e Zooey Deschanel - Eu sei que faz pouco tempo que saiu a notícia que o casamento mais indie dos Estados Unidos havia chegado ao fim, mas a esperança é a última que morre. Não dá para os dois ficarem separados simplesmente porque a ideia dos dois juntos é perfeita demais para ser desfeita. Tomara que eles aproveitem o romance da data para dar um jeito de fazer esse casamento funcionar, e, de quebra, gravar um cd em parceria, celebrando todo o amor.


Os lindos: Fabrizio Moretti e Binki Shapiro - Devia ser proibido duas pessoas tão bonitas assim estarem juntas. Mesmo. Pelo bem da autoestima alheia. O Fabrizio é um dos caras bonitos do cenário musical contemporâneo, além de ser bateirista do Strokes e melhor amigo do Amarante, enquanto Binki tem um dos cabelos mais invejáveis da face da Terra e uma voz encantadora. Imagina só se eles resolvem procriar!


Os hipsters: Alex Turner e Alexa Chung - Também não estão mais juntos, mas ainda boto fé. Porque até o Brooklyn ficava pequeno para esse par tão perfeito a ponto de seus próprios nomes serem iguais. Alex & Alexa é tipo de dupla que funciona como dupla sertaneja e Casal 20 do underground. A separação tem feito tão mal para ambos que agora o Alex resolveu adotar um topetinho rockabilly pretencioso e Alexa está deixando seu cabelo crescer. Queremos ele despenteado de novo e ela como musa capilar para todo sempre, dá pra ser?


Os parisienses: Thomas Mars e Sofia Coppola - Sei bem que Coppolinha é americana e não francesa, mas não existe cidade no mundo que tenha mais a cara dela do que Paris, lugar em que encontrou o amor da sua vida. Ela é uma das diretoras de cinema mais bacanas e competentes do momento, e ele líder de uma das bandas mais legais e divertidas do mundo, o Phoenix. Os dois vivem juntos na Cidade Luz e trabalham em conjunto na elaboração das trilhas sonoras, que são o ponto alto dos filmes dela. Como não amar? Só seriam mais charmosos se andassem por aí de boinas combinandinho e com uma baguete embaixo dos braços.


Os do rock: Jamie Hince e Kate Moss - Sei que não deve durar, mas mesmo assim amo muito. Entre os casamentos reais de 2011, amo/sou muito mais o da princesa das modas, Kate Moss.


Os badass: - Thurston Moore e Kim Gordon - Me recuso a viver num mundo onde esses dois não estejam juntos e, por consequência, não existe esperança de um futuro novo cd do Sonic Youth e uma possível nova passagem deles pelo Brasil. Simples assim.

  
Os feitos um para o outro: Justin Timberlake e Britney Spears - O que o Clube do Mickey junta tabloide algum separa. Jeans com jeans. Primeiro amor. Realeza do pop. Amor verdadeiro & amor eterno.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Lady Gaga hipster


Desde que escrevi aqui que não fazia ideia de como era a voz da Lana Del Rey, já li tanto sobre ela em tantos lugares que decidi que deveria parar de implicâncias e ver qual era a da moça de uma vez. Aí eu vi e não entendi nada. Como eu já suspeitava (cof), não há nada de apocalíptico que justifique todo o buzz em torno dela, e pra dizer a verdade não consegui terminar de ouvir o Born To Die porque estava achando tudo muito chato. Aquele velho problema de não conseguir diferenciar uma música da outra, levei um susto quando vi que já estava na sexta faixa quando não tinha notado muita diferença ao ponto de começar a prestar atenção. Troquei o álbum, não ouvi mais e ainda assim passei semanas com Born To Die (a música) na cabeça. Em defesa da moça só posso dizer que minha falta de interesse se deve um pouco ao fato de eu não ser a maior fã do mundo do estilo de música que ela faz. 

Agora que já ouvi, posso dar meu veredicto sem ser acusada de julgar sem conhecer: Lana Del Rey é a Lady Gaga hipster, pois o sucesso das duas se fundamenta em, principalmente, uma coisa: golpe de marketing muito bem dado. As duas tentaram carreira antes com suas identidades verdadeiras (Stephanie Germanotta e Lizzy Grant), não foram bem sucedidas, e retornaram anos depois com um novo nome, estilo milimetricamente planejado para chocar e causar interesse, e uma aura de mistério envolvendo-as para garantir seus nomes na boca do povo. O principal que elas tem em comum é que ambas fazem o ouvinte comprar gato por lebre: Lady Gaga menstrua no VMA, aparece no tapete vermelho dentro de um ovo, lança clipes polêmicos, macabros e controversos, mas soa como qualquer outra cantora pop. 


Já Lana Del Rey tem sua pompa de sonho americano vintage, banhada na nostalgia e no mistério. Inchou os lábios e aparece em todas as fotos com cara de 'te quero e estou pronta' para ganhar atenção masculina, enquanto seu estilo tem um apelo perfeito para virar referência também no universo da moda, fugindo do recalque feminino e deixando todo mundo com vontade de ser como ela. Lançou clipes melancólicos e misteriosos só para meses depois "vazar" seu álbum, mas não é nada do que a gente já não tenha ouvido antes e a própria entrega o ouro, quando, antes de sair em turnê, já avisa que pode decepcionar ao vivo.

                                                   bo-bo-bo-born to die bo-bo-bo-born to die

Não sei se justifica a malhada malvada que a crítica do NY Times apresentou sobre ela, mas definitivamente não é essa Coca Cola toda que justifique a mudança temporária de linha editorial de um blog que andava causando tanto como o Hipster Runoff, tornando-se Lana Del Rey Report.

No entanto, não posso deixar de tirar o chapéu para quem quer que seja o responsável pelo marketing das duas: entenderam perfeitamente a cartilha do 'falem bem ou falam mal, mas falem de mim' e tiraram nota dez nessa prova.  Resta ver por quanto tempo a pegadinha vai continuar colando.

* Saiu uma análise sobre as duas personas de Lana Del Rey no Scream & Yell, acho que quem curtiu esse post também vai gostar de ler: A dialética Grant-Del Rey

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Those lazy-hazy-crazy days of summer

Ah, o verão! Nos perguntávamos onde ele havia se escondido quando 2012 chegou nos trazendo dias cinzas, chuvosos e com uma brisa fria bem fora de época. Até os mais céticos chegaram a se render àquelas teorias conspiratórias que associam tudo de estranho que tem acontecido ultimamente à um prelúdio do fim dos tempos. Frio em janeiro, só podia ser em 2012. Eu não estava nem aí. Aliás, nunca fui tão feliz como nas duas primeiras semanas do ano. Tempo fresco bom pra ficar na cama o dia todo sem ter que suar feito uma leitoa decadente, temperatura agradável para se passar o dia passeando a pé pela cidade sem perder a dignidade, dormir com o barulho da chuva, chance de aproveitar as férias para usar as roupas bonitas que a gente usa só em junho: meias-calças, botas, casaquinhos. Sair pra tomar café. Tomar chá de manhã. Mas ah, o verão! Vocês queriam ir pra praia, queria tostar no sol, queriam que o tempo abrisse pr'aquele churrascão de domingo, queriam um assunto para comentar no elevador. Estão satisfeitos?

Pois é, o calor chegou. Ah, o verão! Parecia melhor na imaginação de vocês, né? Agora eu só consigo dormir quando a madrugada chega para dar aquela refrescada e não consigo acordar tarde porque o sol da manhã bate bem no meu quarto e ficar ali torna-se insuportável. Adeus pijama o dia todo, adeus meias, olá roupas grudando no corpo, olá pele do rosto brilhando, olá cabelo preso o dia todo. Olá vizinho, mas que calor, hein?

Acho que pior do que o calor em si são as pessoas falando sobre ele. Eu sei que eu mesma faço isso agora, mas é por uma causa nobre, um apelo, um grito por socorro que vem do fundo do meu âmago pedindo pelo amor de Deus para vocês viraram o disco. Está calor, eu também não estou aguentando, o planeta está derretendo. Ponto. Ficar comentando sobre isso a cada segundo não vai alterar em nada o fato, apenas fará com quem nosso caminho rumo à sublimação seja mais penoso ainda. Aliás, acho que ficar falando do calor o tempo todo faz com que a gente o sinta com maior intensidade. Eu, por exemplo, não sou dessas que morre de calor, e acho que devo metade desse mérito ao fato de que eu não perco meu tempo pensando nele. É o calor ali em volta acontecendo e eu vivendo a minha vida, ignorando pra ver se passa. Essa ideia fixa de praguejar contra o calor e falar dele o tempo todo só torna sua presença mais palpável e insuportável. A vida já é difícil demais pra vocês arranjarem mais uma coisa para esquentar a cabeça - com o perdão do trocadilho.

Tenho pavor de conversa fiada. Pavor. Acho desperdício de saliva e oxigênio. Acho muito mais contrangedor e incômodo falar sobre o tempo do que ficar calada, e é por isso que muita gente me acha grossa. Odeio falar sobre o clima, odeio falar sobre como o tempo está passando rápido e semana que vem é carnaval, odeio falar sobre o trânsito. Mas ah, o verão! Não bastasse o calor deixando tudo mais difícil, ainda é um prato cheio para aqueles que são incapazes de passar cinco minutos de boca fechada ou então de falar algo interessante. Entro no elevador e o vizinho solta: e esse calor, hein? Pois é, resmungo. O porteiro abana a mão pra mim e diz: Tá demais, hein? Pois é, resmungo. Na mesa do almoço só se fala sobre o calor, minha querida família que enquanto os dias estavam cinzas e chovia baldes diariamente, só queria saber onde o sol havia se escondido. Pois é, resmungo e suspiro alto, vocês que pediram. 

Está calor, eis um fato. Conselho para deixar a vida de vocês mais fácil, fresca e interessante? Parem de falar sobre isso. Se não resolver pra vocês, talvez torne a minha menos irritante. E olhem pelo lado bom, está tão quente que nem fome a gente tem. Vamos aproveitar esses dias para perder tudo aquilo que a gente comeu descontroladamente nas primeiras semanas do ano.



domingo, 5 de fevereiro de 2012

A greve de carne

Tudo começou no dia em que meu avô disse que estava com vontade de comer bife e minha avó ignorou o pedido ao preparar almôndegas para o almoço. A recusa dela era muito justificada: os dois chegaram de viagem naquele dia e ela estava cansada e com pouca disposição para, além de ter que varrer a casa, desfazer as malas e lavar roupas, ter que lavar uma cozinha engordurada - minha outra avó sempre me disse que bife bom é bife que suja a cozinha toda. Meu avô, muito compreensivo, disse que estava cansado de ter suas vontades ignoradas e declarou que a partir daquele dia não mais comeria carne dentro daquela casa.

Meu avô sempre foi cheio dos fricotes e das pirraças. Reza a lenda que ele pediu demissão do seu primeiro emprego por se recusar a subir em uma escada para pegar algo numa prateleira alta. Ele sempre teve muito medo de altura, e o fato da pessoa que o mandou subir não ter entendido de imediato a fobia o deixou ofendidíssimo, ao ponto de levá-lo a pedir contas. Minha avó, porém, já está habituada com suas manhas e resolveu reagir da forma que, segundo ela, sempre devemos agir com crianças mimadas: ignorar totalmente as birras até que o outro canse. Além de, claro, provocá-lo até o limite, na esperança vê-lo sucumbir de joelhos diante da própria infantilidade, atitude também muito madura da parte dela.

O ultimato de vovô foi dado há duas semanas, e nesse período vovó tem se esmerado em fazer tudo que de melhor consegue inventar com carnes. No segundo dia ela foi até o açougue e comprou quilos de filé mignon: passou uma semana fazendo bifes suculentos para o almoço e sentia um prazer sádico ao comer seus bifes cheios de molho e cebolas observando meu avô encher o prato de feijão e farinha para espantar a vontade de carne. Nesse fim de semana que passamos lá, minha mãe o flagrou comendo três espetinhos no boteco da esquina. 

Por melhor que tenha sido a provocação da semana de bifes, meu avô resistiu bravamente. Vovó contou, rindo muito, que fizera um quibebe de mandioca e que quase teve que sair da mesa ao vê-lo pescar tudo que havia na panela que não fosse carne, para não ter uma crise de riso e o casamento acabar por conta disso. No sábado ela fez um bolo de carne, que é seu prato preferido, e ele se recusou a sentar-se à mesa. Mamãe, fingindo não saber de nada, arrumou um prato e levou para ele no quarto, e recebendo-o de volta limpo, mas com o bolo de carne intacto.

Não disse nada perto da minha avó, mas a parte de mim que não se diverte muito com isso não deixa de admirar meu avô pelo que está fazendo. Eu sempre admiro pessoas que abdicam de algo que gostam muito por conta de uma espécie de princípio, por mais estúpido que ele seja. Deus sabe que eu, diante de um impasse desses, quebraria meu próprio piquete antes mesmo de começá-lo: cogitaria a ideia e desistiria até antes de verbalizá-la na minha cabeça. O que me consola é que nunca me veria numa situação dessas, por mais que eu ame bifes jamais ficaria brava diante de almôndegas.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Conselhos para os novos vestibulandos (que eu gostaria de ter ouvido) - parte 3

(parte 1) (parte 2)

7 - Você não vai ter tempo de estudar tudo

Lide com isso e siga em frente. Não dá tempo mesmo. Sempre vai ter aquele tópico que você não conseguiu ler, aquela matéria que você não teve tempo de fazer exercícios, aquilo que você deixou pra última hora e acabou esquecido. Não dá pra estudar e revisar tudo. Sabendo disso, organize o que precisa estudar para não deixar coisas importantes para trás. Conhecendo a prova que vai fazer, você fica sabendo o que é crucial estudar e o que dá pra deixar de lado. Por exemplo, se você vai fazer apenas o Enem, não precisa perder seu tempo estudando as partes mais complexas de polinômios e logarítimos, porque isso não cai. Ao invés disso, faça exercícios de análise combinatória até perder de vista, porque isso despenca. 

Tenha maturidade de ver que você não vai conseguir aprender certas coisas. Esse é o tipo de conselho que ninguém vai te dar, mas acredite, você não vai aprender algumas coisas, por mais que estude. Eu nunca aprendi Geometria. Nem no fundamental, nem no colegial, e nem estudando pro vestibular. Eu tenho bloqueio mental para Geometria e quando tentava estudar perdia uma tarde toda para conseguir fazer uns dois exercícios, ainda assim muito sem segurança. Chegava na prova e eu não sabia nem começar. Vi que perdia um tempo danado com aquilo e larguei de mão, passei a investir meu tempo em outras coisas. Funcionou? Bem, fui abençoada ao ponto de só me deparar com Geometria pesada em duas provas e sim, isso me prejudicou de certa forma, mas tenho certeza que ganhei mais pontos usando o tempo que teria perdido com apótemas para ler de novo sobre domínios morfoclimáticos, que caíram em todas as provas que fiz, do que perdi chutando aquela questão de tronco de pirâmide.

8 - Não despreze questões

Uma prova de primeira fase costuma ter mais ou menos 90 questões. Você vai lá, faz as que sabe e deixa as que tem dúvida pra depois. Você tenta, peleja, pensa, se esforça e quando vê, aos 42 do segundo tempo, você desiste de pensar naquelas duas últimas que restaram e chuta ou deixa em branco. Não faça isso! Tente, por mais cansado que esteja. O pior que pode acontecer é você errar, o que já ia acontecer de todo jeito. Uma questão a mais faz toda a diferença, e eu digo isso porque não fui para a segunda fase da Fuvest por conta de três questões que eu tenho certeza que se tivesse me esforçado um pouquinho mais poderia ter acertado.

9 - Não deixa nada em branco

Numa prova aberta, procure não deixar questão alguma em branco, ainda que você não saiba a resposta. Se for uma questão de física, matemática ou química, se você não souber nada, escreva umas fórmulas, tente começar o exercício, coloque tudo o que você sabe, copie o enunciado... Qualquer coisinha te dá pontos. Poucos, mas é melhor que nada. Se for uma questão de Humanas, encha linguiça. Invente. Escreva tudo que você acha que pode estar relacionado, não tema o papelão ou a cara de pau. A menos que você deixe marcas de identificação ou ofenda os Direitos Humanos, você não pode ganhar pontos negativos e, novamente, para quem não sabe nada, o que vier é lucro.

10 - Relaxe

Não perca a cabeça e viva de estudar. Vestibulando também é gente e você merece uma folga de vez em quando. Não deixe de sair com seus amigos, ver filmes, ler um livro que gosta, jogar conversa fora nos intervalos. Tudo isso é muito importante para que você esteja emocionalmente bem, e para que tenha resistência física para a prova. É claro que não vai dar pra você ir para a balada todo fim de semana, mas uma vez ou outra não vai te matar. Aceite que tem dias que o estudo simplesmente não rende, e ao invés de ficar se torturando diante de uma atividade que não vai pra lugar algum, desista. Vá dormir, passear e resolva esse problema no outro dia.

Na véspera do vestibular, esqueça os livros. Como disse acima, sempre vai ter algo pra você revisar, mas fuja dessa tentação. Você fez o que podia e agora não adianta correr atrás do leite derramado. Procure relaxar, fazer o que mais gosta e pensar o mínimo possível na prova. Estar com a cabeça fresca no dia te coloca a frente dos seus concorrentes.

Evite conversinhas pré e pós vestibular. Sempre na porta dos locais de prova fica um pessoalzinho que quer discutir aquele assunto com você, pra esclarecer melhor, meia hora antes da prova. Fuja porque isso é fria. Vai bagunçar o que você tem na cabeça e te deixar inseguro. Uma vez cheguei antes de uma prova da escola e fui explicar como se fazia um exercício de genética da população para duas amigas. Fiz o esquema pra elas e na hora da prova tive um branco colossal. Não dê essa chance ao azar. Da mesma forma, evite conversinhas de fim de vestibular e evite ao máximo ficar corrigindo sua prova com a dos outros, principalmente se ainda tiver prova no dia seguinte. Esse tipo de coisa põe dúvidas na sua cabeça e pode te fazer surtar por achar que errou uma questão que você pode ter acertado. Mesmo que sejam seus amigos, explique que não gosta de falar sobre a prova imediatamente antes ou imediatamente depois e peça que eles respeitem isso e conversem a respeito longe de você.

Espero que tenha ajudado em alguma coisa e que não tenha enchido muito o saco de vocês. Agora acabou pra valer!