terça-feira, 30 de outubro de 2012

Café ruim é lindo, bicho


Sou muito mais de esquerda do que intelectual, e sei lá o que isso tem a ver com o fato de sonhar com cafés ruins - muito provavelmente nada, mas ignoremos o detalhe em nome do amor por uma boa referência. Me importo muito mais com café barato do que com cerveja e por isso me sinto na obrigação de abraçar o Antonio Prata de ladinho e adicionar um apêndice ao seu manifesto. Meu sonho é ter um café ruim no qual eu possa criar raízes, me afundar num sofá velho e poder me sentir parte dessa coisa linda que é o Brasil.

Sei lá se posso enquadrar cafés ruins na coisa linda que é o Brasil, para ser bem sincera, já que minha concepção de café ruim é muito mais americana do que tudo. Alto lá, queridos leitores meio intelectuais, meio de esquerda, que já ameaçam virar os olhos diante da simples menção elogiosa a algum produto dessa pérfida nação imperialista, que Tio Sam tem lá seus méritos. Eu nunca fui aos Estados Unidos, mas a maioria esmagadora dos filmes e séries norte-americanos que já vi me ensinaram que nas terras lá de cima, em qualquer esquina você encontra um lugarzinho pra tomar café e comer um pedaço de torta.



As cafeterias daqui, ao menos todas as que eu conheço, tem se esforçado muito para criar um ambiente agradável e cool em nome de reproduzir aquela atmosfera despretensiosa e aconchegante dos lugares que a gente vê nos filmes, que servem de refúgio a meio intelectuais, meio de esquerda buscando inspiração para um texto ou para uma teoria revolucionária, e também como ponto de encontro para amigos de longa data e casais que dividem waffles. O problema dessa ambição é que todo projeto que, antes de existir, já se pretende despretensioso, acaba sendo justamente o contrário, e o que vemos são lindas cafeterias impecavelmente decoradas, música ambiente agradável, um cardápio de 10 páginas e uma xícara de café que custa mais de cinco dinheiros.

Amigos, vocês estão fazendo isso errado. Quer dizer, do ponto de vista mercantil da coisa estão fazendo mais do que certo, vide o dono de uma cafeteria de Uberlândia que conseguiu criar um ambiente bacana e agradável o bastante para sempre me arrancar uma quantidade ofensiva de dinheiro em troca de uma comida bastante meia-boca, para não dizer ruim. Contudo, abuso da minha condição de mais-de-esquerda-do-que-intelectual para dar asas às minhas aspirações mais ingênuas e pensar que deva existir no mundo uma pessoa com vontade de abrir um lugar que venda café, chá, pães de queijo e uns bolinhos, e as pessoas a fim de um ~ambiance~ que se virem com as poltronas meio velhas, a decoração fora de moda e as canecas que não combinam entre si.


Esqueçam a Starbucks e pensem no café da tarde na casa da sua avó que mora no interior, que faz sempre os mesmos bolos - porque eles são fantásticos por si só -, só tem chá mate na dispensa e que sempre enche sua caneca à medida em que ela esvazia. Mais avós e menos caramel macchiato ventis.

Além de um café barato e servido em canecas, gostaria muito de ter a chance de comer bolos e tortas. Nas cafeterias daqui, ou eles são feitos de massa pronta e tem aquele gosto de isopor e remédio, ou então temos que pagar mais de R$10 por uma fatia fininha e triste. A experiência gastronômica da coisa é valida, mas enquanto não recebo uma mudinha de árvore de dinheiro para plantar no meu quintal - e eu nem tenho um quintal! -, deixemos o Mousse Cake e a Amor Aos Pedaços para ocasiões especiais. Não deve ser muito difícil fazer um bolinho de cenoura, de fubá ou de limão e deixar ali para que a gente se sirva. Muffins molhadinhos e talvez croissants às quartas-feiras para dar um ar de Europa que vez ou outra faz bem, mas só! Vamos nos ater àquilo que é bom e esquecer as invencionices de grãos de café torrados por freiras suíças batidos com grapefruit e iogurte natural feito com leite de cabres virgens de Salzburgo. Que café-com-leite atenda por, no máximo, média, e que caso alguém apareça pedindo um latte, que algum cerumano espirituoso que esteja por perto lembre-se de fazer referência à herança cultural que nos foi deixada pela Gaiola das Popozudas.

Eu só queria ter um lugar meio Central Perk meio Road House meio Luke's, que me recebesse com canecas de café, servisse hamburguer na hora do almoço e chá com bolo ao fim do dia, e não seria má ideia um Jude Law como balconista, que ouvisse desabafos melancólicos no fim do expediente e me trouxesse aquele último pedaço de torta de blueberry, com uma bola extra de sorvete, por conta da casa.

Norah Jones curtiu esse post

sábado, 27 de outubro de 2012

Momento ego #2

Não sei se vocês repararam, mas o ritmo aqui do blog mudou um pouquinho. Eu, pelo menos, tenho me sentido um pouco diferente com relação a ele. Isso porque até uns meses atrás eu não escrevia em nenhum lugar que não aqui - ou, no máximo, nos trabalhos da faculdade - e agora isso mudou. Quem me acompanha nas redes sociais já sabe que desde o começo desse semestre eu tenho colaborado com um projeto novo apaixonante, que é a Revista 21.

A 21 foi idealizada pela Amanda, companheira de longa data da blogosfera, junto com suas colegas de faculdade, como trabalho de conclusão de curso. Mas pelo que percebi hoje ela já é bem mais que isso. Fiquei felicíssima quando fui convidada para escrever junto com elas, e mesmo não sendo uma "mãe" do projeto, me incho toda de orgulho diante do que a gente já conseguiu até agora e fico radiante por ver a revista crescendo e agradando. Além de tudo isso, trabalhar com elas tem sido ótimo também como prática, pois agora tenho a chance de exercitar meu lado jornalista para além das coisas simples e muitas vezes sem graça que tenho que fazer na faculdade. Acho que o que mais tenho ganhado é em me esforçar criativamente para pensar em pautas, coisa que nunca foi o meu forte. E mais: agora tenho a chance de escrever sobre muitas coisas que tinha vontade mas nunca encontrei muito espaço na linha-editorial-não-linha-editorial aqui do blog.

Mesmo se eu não fizesse parte da equipe e não fosse fã da Amandoca eu certamente viria aqui recomendar a 21 pra vocês, pois acredito muito na visão geral do projeto, me identifico pra caramba e também aprendo muito por lá. Se vocês quiserem ler tudo que eu já aprontei, podem clicar aqui. Se eu fosse escolher o que mais curti escrever até agora, pediria para vocês conferirem as 10 Tendências que Irão Te Envergonhar Um Dia, O Vlog Mais Bacana da Cidade, Lena Dunham e A Voz da Sua Geração, Já Reclamou Hoje? e os 10 Looks Mais Memoráveis de Gossip Girl. Mas, na real, leiam a revista inteira, sempre, todos os dias. 

E uma dica para quem gosta de tirar fotos: em novembro começa a 2ª edição do #desafio21, um concurso fotográfico que vai premiar a vencedora com uma câmera de fotografar embaixo d'água. Se até eu que não sou fã de fotos sou viciada nesse desafio, vocês que gostam não podem perder. Para mais informações, cliquem aqui.

Outra novidade super legal é que agora eu sou a nova colunista do Move That Jukebox! Quem curte música alternativa deve conhecer o site (e eu já linkei ele em vários posts aqui) e se você nunca foi lá, não perca tempo! Sou leitora há anos e chorei claves de sol quando recebi o convite. Morri de medo de não dar conta  do recado - e, pra ser sincera, estou meio apreensiva até agora - mas a resposta positiva do primeiro texto tirou um certo peso dos meus ombros. O nome da coluna é Coffee & TV e lá eu vou escrever um pouco sobre trilhas sonoras e todas essas associações musicais bacanas. Meu primeiro texto é sobre a educação musical que recebi em The O.C., because I'm that obvious, e vocês podem esperar coisas novas a cada quinze dias. 

E é isso. Estou muito feliz e grata pelas oportunidades novas, e se por um acaso eu sumir um pouquinho ou as coisas aqui ficarem meio monótonas, vocês sempre podem me procurar nesses outros lugares. =)


(E não, isso não é um hiatus) 

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Minha outra ruiva favorita



Estou numa fase cantoras. Sempre prestei muito mais atenção em bandas do que em artistas solo, e sei lá por qual razão sempre tive ouvidos muito mais bem dispostos a ouvir vozes masculinas do que de minhas companheiras de gênero, luta e inapropriadas oscilações hormonais. Acontece que há uns meses entrei numa fase cantoras, muito provavelmente alavancada pela descoberta da minha querida Jenny Lewis (ainda preciso escrever sobre minha redenção a Rilo Kiley!). E se minha impressão do mundo do entretenimento também não falha, acho que vivemos um bom momento para artistas solo femininas. Fazia um tempo que não via tanta mulher em alta. Adele no topo da lista, Fiona Apple e Cat Power com cds novos, Florence, Regina Spektor, aquela fraude de lábios desconcertantemente (de um jeito ruim) inchados enchendo a paciência e eu nem comecei a falar de música pop. 

Como todo mundo já tem falado muito sobre as vozes supracitadas, hoje vim dividir com vocês minha outra queridinha, igualmente ruiva e subestimada: Ida Maria. Ela é norueguesa - sou fã de nacionalidades exóticas - e faz rock com uma pegada punk. Eu não suspeitei da última parte na primeira vez que a ouvi, mais especificamente quando "Keep me warm" toca no final da quarta temporada de Grey's Anatomy. Coincidentemente, pouco tempo depois, topei com "I like you so much better when your naked" no trailer de um filme e fiquei viciada na levada da música. As duas músicas são tão diferentes uma da outra que, de início, simplesmente assumi que ela estivesse de sacanagem e resolvi baixar o primeiro cd, Fortress Round My Heart.

Ela podia até estar de sacanagem, mas Ida Maria é assim. Faz apelos feministas subvertendo a lógica de objetificação do corpo dos homens ao mesmo tempo que escreve lamentos sinceros, desesperados e doloridos sobre uma pessoa que procura Deus desesperadamente e também morre de medo de Sua existência. Além das músicas que já citei, também adoro "Oh my God", "Morning light" e "Forgive me", neste cd.


Relutei um pouco antes de baixar seu outro cd, Katla, porque, como escrevi a respeito de The Pains Of Being Pure At Heart, atualmente existe uma onda um tanto quanto incômoda de artistas que lançam ótimos álbuns de estreia e deixam o segundo a desejar. Meu receio, ainda bem, não tinha fundamento. Katla é AMAZING! Dá pra sentir que os arranjos evoluíram bastante, estão mais elaborados e ousados, mas o espírito dela continua o mesmo. Minha favorita, disparada, é "I eat boys like you for breakfast" que, além desse título  brilhante, tem toda uma levada de tourada muitíssimo interessante. "Bad karma" deixou as meninas da Máfia bem assustadas quando utilizei o refrão barulhento no meio de um vídeo, e "10,000 lovers" traz Ida falando em norueguês. Isso é um palpite, dada a sua origem: a única coisa que sei dizer a respeito do discurso é que é uma língua bem estranha e ninguém ainda se atreveu a traduzir. 

Em resumo, recomendo a barulheira da Ida Maria a todo mundo que curte punk rock, girl power e está a fim de alguma coisa diferente, divertida e com substância. Estou tão viciada que em breve sai uma matéria minha na Revista 21 também sobre ela. Espero que se divirtam tanto quanto eu!


quarta-feira, 17 de outubro de 2012

O incrível meme literário de um mês - parte dois

Como havia combinado, é chegada a hora de postar a segunda parte do meme literário de um mês, proposto pelo blog Happy Batatinha. Quem perdeu a primeira parte pode conferir minhas respostas aqui e mesmo que a brincadeira já esteja em andamento, você também pode arrumar um esquema próprio para participar. :)



08 - Cite um livro que você gostaria que nunca acabasse: 

A Culpa É Das Estrelas. O que eu senti lendo esse livro foi tão gostoso, emocionante e maravilhoso que ele ainda não voltou pra estante. Fica aqui em cima da minha mesa e vira e mexe eu preciso pegá-lo de volta para dar uma futricada em certas citações. Foi uma leitura muito especial, um livro do tipo que eu devoraria fácil mas que me forcei a postegar a leitura porque era tudo bom demais e não podia ter fim. Nem consigo imaginar como torná-lo infinito, só sei que meu coração de leitora apaixonada queria viver pra sempre dentro do diário de Hazel Grace.

09 - O que você acha dessa moda de livros que acabam virando séries? É contra? A favor? Não fede nem cheira?

Li poucas séries até hoje, muito mais pelo desinteresse pela história do que pelo fato de ser um livro em série. Não sou a maior fã do mundo muito mais pelo gênero - que no geral é aventura e fantasia - do que pela questão de serem vários livros. Só questiono um pouco se todas essas séries de livros que existem hoje realmente foram concebidas como tais ou acabaram se desdobrando em vários volumes por oportunismo da editora e dos autores que viram ali uma oportunidade de ganhar dinheiro fácil. A Tatiana Feltrin sugeriu isso no seu vídeo sobre Jogos Vorazes e fiquei um pouco encucada a respeito disso, o que acham?

10 - Spoilers te assustam? Fica triste quando lê algum sem aviso prévio ou não faz diferença saber detalhes essenciais da história? 

Eu gosto de ser surpreendida. Acho deliciosa a sensação de ser totalmente pega de surpresa e passar dias pensando: como é que não pensei nisso antes? Apesar disso, já li diversos livros sabendo o final ou alguma revelação importante da história e nem por isso deixei de gostar, ou não fiquei mexida por aquilo. Spoilers só atrapalham livros ruins que concentram todo seu poder em uma sequência de acontecimentos. Sou da opinião de que se o livro é bom, você pode saber a história de trás pra frente e ainda assim a leitura valerá a pena.

11 - Na sua opinião, o que faz um grande escritor? E um grande livro? Quais são as qualidades essenciais em ambos, para que estejam entre os melhores?

Nunca parei para pensar sobre isso e sei que se o fizesse agora não responderia isso tão cedo, mas acredito que um bom escritor precisa ter talento e colhões. Eu sei que é uma resposta meio óbvia, mas talento, na minha concepção, não é simplesmente saber escrever um texto coerente e coeso. Isso é redação do Enem, não literatura. Talento é aquela coisa que faz um amontoado de palavras juntas, sejam elas palavras bonitas e sofisticadas ou as mais simples do mundo, dançarem aos olhos de quem lê, de uma forma especial e cheia de significado. Já os colhões, minha gente, é porque eu acredito que não existe um escritor bom que seja frouxo. Precisa ter fibra pra construir personagens, passar a substância pra eles, ter alguma coisa pra dizer, senão não sai nada. E um bom livro precisa ter uma espinha dorsal coerente, personagens carismáticos e profundidade - não no sentido que todos os livros precisam ser cabeça, mas no sentido de não se limitarem a contar uma historinha.

12 - Você prefere livros narrados em primeira ou terceira pessoa? Na sua opinião, o tipo de narrador pode influenciar a história?

No geral gosto mais de terceira pessoa, pois assim me sinto mais próxima dos personagens, no geral consigo entendê-los muito melhor, e acho que isso deixa a história muito mais rica. Acho que o narrador influencia totalmente, já que ele condiciona o ponto de vista sob o qual você vai ver a história, e mesmo que eu goste mais de terceira pessoa, acredito e já li vários livros que não fariam o menor sentido se narrados dessa forma, e não na primeira pessoa. 

13 - Cite um trecho de um livro que você gosta

"O desejo de tornar perenes as histórias, registrando-as em palavras indeléveis, me parece aparentado da convicção de que somos maiores que nossa biologia." O incrível Jonathan Franzen em Como Ficar Sozinho.

14 - Você costuma frequentar bibliotecas? A municipal? Da faculdade? Quantos livros você costuma pegar?

Até os 14 anos eu frequentei assiduamente a biblioteca da minha escola. Aos nove anos até ganhei um prêmio por ter sido a aluna que mais pegou livros em um ano. No colegial a gente não podia levar os livros pra casa, o que destruiu a minha vida porque a biblioteca da escola nova tinha vários títulos muito bacanas e eu não tinha tempo pra ir pra escola só pra lê-los, né? Entrei na faculdade esse ano e logo encarei uma greve de quatro meses, então tive pouco tempo pra usufruir da biblioteca, mas já peguei alguns livros e filmes lá e pretendo usar bastante esse serviço. Quanto à municipal, mesmo tendo ficha e tudo, frequentei pouquíssimo porque ela é bem longe de casa, mas agora estou fazendo francês numa escola que fica no meio do caminho e passo lá perto sempre que estou indo pra aula, e pretendo fazer mais visitas.

Gostaram? Tem opiniões diferentes? Quero saber o que vocês acharam e semana que vem eu volto com a terceira parte!

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Já fui uma brasa


Quando paro pra analisar a minha vida em retrospecto, tenho uma sensação atordoante de que passei por um total desencontro de fases. Sinto que vivi meus anos de adolescência e os píncaros da glória da minha juventude entre os meus dez e catorze anos. As minhas histórias mais legais e malucas sempre remetem a essa faixa etária. Fiz poucas coisas interessantes dos quinze até então, e pior: sinto que ando cada vez mais desanimada, chata e preguiçosa à medida que o tempo passa. Como se de uma áurea adolescência precoce eu tivesse pulado direto pr'aquele terreno nebuloso dos trinta e cinco em que tudo que você quer na vida é um chinelo macio, uma comida quente e um bom filme na TV ao fim de cada dia. 

O problema reside naquele velho clichê: só se é jovem uma vez. E por mais que uma das coisas que eu mais goste nessa vida seja exatamente aquele cenário descrito acima, sinto falta de aventuras. Me sinto ridícula por várias coisas que fiz aos 11, 12 anos, mas não me arrependo delas, de jeito algum. Não fazia nada demais - no fundo sempre fui boa moça, boa filha e não me canso de repetir que meus pais deveriam colocar as mãos pro céu por nunca terem sabido o que é um filho dando trabalho - mas eu era mais divertida, legal, intrépida. Eu e minhas amigas assistimos comédias adolescentes demais nessa fase e uma vez cismamos que tudo que faltava nos tradicionais jogos de interclasse da escola era uma equipe de líderes de torcida. Conversamos na coordenação, com a professora de educação física e tentamos agitar o pessoal. Ninguém comprou nossa ideia e mesmo assim lá fomos nós, de fantasias ridículas e curtas naquele frio de início de inverno, com pompons coloridos e gritos de guerra improvisados, correndo e pulando ao redor da quadra, sendo mortalmente gongadas pelas costas e felizes demais vivendo um momento único nas nossas vidas. 

Na quinta série, o cara mais bonito da escola era filho da minha professora de português e estava no terceiro ano. E eu era amiga dele. Sempre que lembro disso fico me perguntando como ele foi parar na minha lista de contatos do MSN, mas a verdade é que ele estava lá e não só fazendo figuração, porque por um tempo a gente se falou bastante. Ele até me confessou que assistia The OC de vez em quanto e ficou chocado quando eu contei que a Marissa morria no fim da terceira temporada. Hoje fico imaginando toda a sorte de coisas ridículas que eu devo ter dito pra ele no intuito de parecer super legal e descolada, e ele devia mostrar aqueles históricos para os amigos dele, que de certo seguravam a risada quando eu passava com minhas amigas para cumprimentá-lo durante o recreio, mas não me arrependo disso. Não morri ou perdi algum pedaço do braço, e por mais que fique afirmando pra mim mesma que não tenho nada a perder, hoje, aos 18, encaro frequentemente um perfil no Facebook, incapaz de mandar um oi, e me limito a arranjar desculpas pra ir até a biblioteca na esperança de que um milagroso alinhamento de planetas promova a comunicação que eu tanto desejo e tão covardemente não consigo iniciar. Como se fosse uma menininha de onze anos apaixonada pelo cara mais bonito do colegial.

Sinto falta de ter essa cabeça leve, de dar a cara a tapa, de ter menos medo da opinião dos outros. Não falo aqui em me tornar a louca da balada e chegar em casa carregada, com o cabelo sujo de vômito e sem conseguir me lembrar o nome de pelo menos um dos cinco caras que beijei naquela noite, mas simplesmente de me levar menos a sério, pensar um pouco menos no futuro, ter pique pra viajar 700km no ônibus da universidade rumo a algum evento com muita cara de roubada - mas o que é a vida sem esses eventos que a gente jura que se arrependeu mas no fundo sabe que faria de novo? Além da preguiça e da chatice, o grande mal que me consome é o da self-consciousness. Esse é um termo do inglês que não consigo traduzir sem reduzir o seu significado. Literalmente seria a auto-consciência. Aquele martírio pelo qual passamos quando sentimos que observamos a nós mesmos do alto ao mesmo tempo em que fazemos qualquer coisa. É aquela vozinha interior que grita "idiota! ridícula! patética!" quando começamos a escrever uma mensagem pra alguém especial - e que nos faz apagar tudo, desistir daquilo e ir dormir. É aquele freio que nos interrompe quando o professor faz uma pergunta e, mesmo sabendo a resposta, desistimos de falar por medo de estar errado. Eu sou um poço de self-consciousness, e se tivesse que chutar o nome de um dos abismos que separa a garota que eu sou hoje, que morre de vontade de furar o nariz e usar meias 3/4 mas tem vergonha, daquela brasa que já fui um dia, esse termo pedante seria o título mais apropriado.

Já cantei Legião na avenida Paulista e entrei numa fonte na praça principal de uma cidade pequena simplesmente porque sim, cantei em karaokê de shopping e pintei meu cabelo com papel crepom sem minha mãe deixar. Posso fazer uma resolução de ano novo antecipada? Mais dias assim e menos daqueles, como ontem, em que o ponto alto do meu dia foi fazer barraco com a atendente do China In Box. Que eu crie coragem para colocar um piercing, mudar a cor do meu cabelo e pare de encher meus amigos de nãos ou vamos deixar pra outro dia só porque já cheguei em casa, coloquei pijamas e vi que o Globo Repórter promete. 

Se eu seguir vivendo nesse timing confuso e errado, já prevejo uma meia-idade despirocada, em que vou acabar com um piercing no umbigo, ou pior, uma tatuagem de borboleta no tornozelo.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Ouvindo sonhos coloridos

Uma menina me ensinou um monte de coisas legais que eu sei e gosto, e diz coisas tão ótimas que até hoje eu aguardo a oportunidade para citá-la ao dizer que eu trocaria todo meu sistema digestório por alguma coisa. Quem precisa de estômago quando se tem livros de capa dura e inscrições em dourado na estante, aulas em Yale, um filho fofo como Henry Green ou a Milena como amiga? Eu olho pros olhos brilhantes dela, de princesa sonhadora da Disney, e aquelas sobrancelhas tão bem desenhadas que me fazem jurar jamais negligenciar as minhas, e descubro que apesar de tudo isso ela também se diverte em shows de metal e muitas vezes é tão perdida quanto eu. No entanto, agarrar-me a esse consolo não parece tão ruim e nem desesperador, porque é um desperdício muito grande crescer sozinho. 

Então a Mi escreveu esse texto tão lindo sobre uma das minhas mais recentes aflições e eu me vi realizada nas suas palavras, feliz por ela as ter escrito. Antes de postar, enquanto conversávamos, ela disse que até tinha começado um post a respeito e eu disse na hora: preciso ler um texto seu sobre isso. Ela terminou o que eu nem tinha começado, e o que ela descobriu eu aprendi também, eu sei. Mas agora chegou a minha vez de tentar dizer alguma coisa nesse dia tão especial que é o aniversário dela, então senta que lá vem bichice, numa tentativa cheia de amor de fazer com que todas essas palavras repetidas soem únicas: 

Ainda é cedo, você ainda tem tempo, tem fé e pode contar com todas as suas amigas. O céu faz tudo ficar infinito, que é realmente um dos deuses mais lindos, ainda que alguns sejam maiores que outros. Torço pra que um dia tudo aquilo que você sonha acordada se torne realidade, e peço a Deus que todos os seus dias nasçam felizes e você tenha que prender o choro só quando chorar de dar risada ou de felicidade for emoção demais pro momento. Se algum dia estiver ruim demais, pegue suas asinhas quebradas e aprenda a voar. Na lua você já mora. 

E se você, querido leitor não habituado a essas enxurrada de palavras bonitas ou ao fantástico universo milenístico, recomendo fortemente que ouça a mixtape abaixo. Ela conta com músicas lindas de morrer que fazem o coração da Mi bater mais forte e que acabaram por ter todo o significado do mundo na vida desta pessoa babona que vos fala, assim como no de Analu, Tary, e Dedê, que idealizamos toda essa homenagem coletiva. Baixem, conheçam o blog da Mi e deem parabéns pra ela! 



terça-feira, 9 de outubro de 2012

O frenesi do sufrágio

"Sou só eu ou você também tá sentindo a cidade diferente? Percebe que tem alguma coisa no ar?", minha avó me perguntou enquanto andávamos até o supermercado no último sábado, em Tupaciguara.

Minha mãe notou a mesma coisa assim que chegamos na cidade, mais cedo naquele dia. Era impossível encontrar um carro na rua que não estivesse adesivado e com bandeiras presas às janelas, assim como as casas estavam multicoloridas, com fachadas que ostentavam as intenções de voto dos respectivos moradores. Um dos poucos prédios estava literalmente dividido: de um lado coberto por um manto verde e amarelo e enquanto do outro o que se via eram bandeiras vermelhas presas às janelas. Na rua, carros com adesivos e fitas cor-de-rosa choque faziam vibrar os vidros dos arredores com o jingle de uma outra candidata - uma paródia de Vida de Empreguete.

É assim Tupaciguara, cidade onde moram meus avós e boa parte da minha família materna, onde minha mãe nasceu e morou até os 14 anos. Mesmo estando fora há quase 30, ela nunca transferiu seu título para Uberlândia e, vale dizer, raramente justifica seu voto. 

Porque lá é assim, política está no sangue e faz parte do lugar tanto quanto a cadência da fala. É novelesco, é doentio e parece teatro pra quem é de fora. Todo ano minha avó diz que não vai se envolver, mas quando menos se espera lá está ela colocando a cadeira na porta de casa para contar os carros na carreata do adversário que corta a avenida principal. Vira e mexe um companheiro passa e troca dois dedos de prosa, sempre em voz baixa: Fulano foi preso, mas a senhora viu só que baixaria, e a última pesquisa, já ficou sabendo? Ouvi dizer que esse homem mexe com droga... Nesse frenesi coletivo somem as dores nas juntas, as preocupações de outra natureza e em meio a essa histeria coletiva até crianças e cachorros andam nas ruas como se desfilassem por seus candidatos.

E num lugar onde todo mundo é meio primo, as brigas de família tem periodicidade definida para acontecer: de quatro em quatro anos. Diga-me em quem tu votas que eu te direi na casa de quem deixarás de almoçar. A maior tensão familiar da vez ficou por conta do primo que quatro anos atrás saiu no domingo eleitoral paramentado com as cores de uma candidata e esse ano tem o jingle do maior rival político da referida como ringtone do celular. Minha avó ficou dois anos sem colocar os pés na casa de outro primo que não só virou a casaca como saiu de vice-prefeito do opositor. Agora, como vice-eleito, ao invés de apoiar a reeleição, divide o palanque com a antiga aliada, efusivamente aplaudido. Ressentimentos são colecionados junto às ameaças de morte e histórias de prisão em época de campanha. Porque quem nunca, né? Bem vindos a Tupaciguara.

Na noite do sábado um carro de som percorreu a cidade avisando que o promotor local decidira proibir o uso de roupas com as cores dos candidatos nas zonas eleitorais, mesmo que não estas não mostrassem propaganda explícita. Coisa de filme de bang-bang e novela do Dias Gomes. Cadê o Clint Eastwood nessas horas? Depois do início da apuração, minha mãe não quis saber da segunda-feira ou dos quilômetros que nos separavam de casa: disse que não saía de lá antes dos resultados. Aos curiosos, numa disputa ferrenha que quase levou minha avó a um enfarte, a candidata cor-de-rosa choque saiu vitoriosa com uma diferença de míseros 48 votos. Por algum tempo, o que separava os dois rivais eram nada mais nada menos que apenas 3 deles. "É por isso que eu venho votar todo ano", mamãe disse, toda orgulhosa do seu gesto cidadão, mas disse que não aguenta mais essa tensão toda. Agora chega.

Até os próximos quatro anos. 

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

O incrível meme literário de um mês


Desde o início de outubro, pipocam pela blogosfera e pelo meu blogroll postagens referentes ao meme literário de um mês, idealizado pelo blog Happy Batatinha. Aparentemente o pagode rola uma vez ao ano e é uma lástima que só tenha chegado até mim em 2012, porque eu sou a maior arroz de festa da internet e adoro participar dessas coisas. No entanto, já tive um gostinho do desafio de postar todos os dias por um determinado período de tempo e percebi que a coisa não é pra mim. Não consegui nem 16 dias, vou conseguir um mês? Risos. Sem querer ficar de fora, resolvi bolar a minha própria configuração da proposta, e decidi que postarei toda semana, respondendo a sete perguntas por vez. Minha ideia inicial era fazer isso por meio de vídeos, mas já adianto que essa semana não vai rolar. Estou tendo problemas técnicos com meu iPhone e sua câmera quebra galho, e minha câmera oficial possui um áudio bem lixo, de modo que até o dia que eu criar vergonha e coragem para solucionar essas questões, vai escrito mesmo. Estão prontos?

01 - Que livro você está lendo? Sobre o que é? Você está gostando?

Comecei essa semana a ler Como Ficar Sozinho, do Jonathan Franzen. Conheci o escritor por causa de todo o furor em torno do seu Liberdade, que foi best-seller em vários países e ganhou do Guardian o adjetivo pouco significativo de romance do século. Li no início do ano e gostei demais e fiquei muito feliz quando a Companhia das Letras publicou seus outros livros - além desse que leio, As Correções e Tremor também foram lançados - acompanhando a vinda do escritor ao Brasil pra participar da Flip. Desnecessário dizer que fiquei magoada por ter perdido esse evento, né? Contudo, divago. Como Ficar Sozinho é um livro de ensaios maravilhoso, no qual Franzen discorre acerca de todos os seus incômodos e desconfortos do tempo em que vive, descendo a lenha na geração smartphone ao mesmo tempo que declara seu amor por seu Blackberry, compartilha cartas de amor antigas de seus pais e fala sobre seu amor pelos pássaros. Até agora meus favoritos foram "A dor não nos matará" e "Só liguei pra dizer eu te amo" - este último absolutamente sensacional. 


02 - Qual o último livro que leu e qual o próximo que lerá? Fale um pouco sobre eles.

O último livro que li foi Antes de Dormir, romance de estreia de S. J. Watson, típico livro que eu não colocaria a mão não fosse pela minha mãe super insistente que leu antes de mim e disse que queria muito saber minha opinião a respeito. Uma forma boa de resumi-lo seria dizer que ele funciona como aquele filme Como Se Fosse A Primeira Vez versão thriller. O livro conta a história de uma mulher que perdeu boa parte de sua memória e é incapaz de produzir novas lembranças, de modo que todos os dias ela acorda pensando que tem vinte e poucos anos, quando na verdade tem quase cinquenta. Orientada por um médico, ela começa a escrever seus dias num diário, de modo que talvez consiga descobrir mais sobre sua história sem ter que confiar cegamente naquilo que seu marido lhe conta e que ela tem motivos para duvidar se é mesmo verdade. É aquele típico livro que não inspira reflexões muito profundas sobre a alma humana ou nada do tipo, mas que te prende. Li em uma semana, apenas durante minhas horas obrigatórias no CFC. 

O próximo livro que pretendo ler é O Livro Amarelo do Terminal, da Vanessa Bárbara. Comecei a lê-lo antes de Antes de Dormir ter caído no meu colo e tive que passar na frente porque era emprestado. Aí que semana passada ganhei o livro do Franzen e não consegui não começar a lê-lo logo de cara, deixando o livro amarelo de lado de novo. O que é uma pena e uma vergonha, porque os primeiros capítulos que li foram ótimos. O livro é, na verdade, o TCC que a Vanessa Bárbara fez no curso de Jornalismo, e fala sobre o terminal rodoviário do Tietê. Um misto de reportagem com estudo antropológico, muito bacana. 


03 - Como você escolhe seus livros? Por autor? Por indicação? Por sinopse? Fale sobre isso

Na maioria esmagadora das vezes escolho os livros que vou ler por indicação, seja de amigos, família, blogs, jornais, revistas, etc. Também procuro ler coisas dos autores que já conheço e gosto. O Franzen, por exemplo. Li Liberdade porque tive várias indicações e agora quero ler toda a sua bibliografia. Não sou do tipo que começa a ler um livro totalmente aleatório só porque curtiu o nome ou algo assim, e nunca comprei um livro que me interessou ali na hora, sem saber nada mais sobre ele. Aliás, concluí isso recentemente e decidi que um dia me entregarei à missão de comprar um livro por conta da primeira impressão que ele causar em mim. Botei a mão, achei bonito, gostei da orelha, levei. Vamos acompanhar. 

04 - Você costuma ler livros só por que estão em voga? Você é do tipo que lê o que todo mundo está lendo ou segue seu próprio estilo de leitura?

Nem um, nem outro. Eu não tenho nenhum apego especial com best-sellers, mas não os desprezo simplesmente porque todo mundo está lendo. Se a história me interessa e se eu vi pessoas cujo gosto eu me identifico e respeito falarem bem sobre, leio; do contrário, ignoro. Um exemplo: A Culpa É Das Estrelas. O buzz em torno desse livro me enlouqueceu, e cheguei num estado tal de obsessão que parei de ler as coisas que encontrava a respeito dele porque era insuportável demais ver todo mundo falando a respeito sem que eu tivesse lido. Outro exemplo? Livros do Nicholas Sparks. Estão sempre entre os mais vendidos, todo mundo já leu algum e eu não tenho menor curiosidade. Nem se for pra ler e falar mal.

05 - Você costuma ler graphic novels e/ou gibis? Gosta? Não gosta? Tem algum que seja favorito?

Já li alguns, mas não é hábito. Comprei esse ano minha primeira graphic novel de verdade, Palestina, do Joe Sacco, mas ainda não encontrei o momento oportuno pra ler. De resto, sou fã da Mafalda, do Calvin e, claro, da Turma da Mônica. Tenho muita vontade de ler mais coisas no estilo, principalmente Scott Pilgrim, Ghost World e algumas coisas do Neil Gaiman, além dos gibis de super-heróis, que morro de vontade de conhecer, mas nunca sei por onde começar. Alguém tem uma dica? rs

06 - Um livro que todos deveriam ler ao menos uma vez.

Cairei num clichê necessário, eu sei, mas gente, todo mundo deveria ler Dom Casmurro uma vez na vida. Ler e se deixar levar pelo livro, mergulhar naquelas palavras lindas e cheias de significado, e entender porque o Machado de Assis sempre vai ser o melhor escritor que o Brasil já teve. Lamento muito por todos os gringos que jamais poderão ler a obra no seu original, porque mesmo uma tradução impecável não chega aos pés da delícia que é ler suas palavras, ironias e sutilezas da forma como foram concebidas. Sempre que penso que superei esse livro, me deparo com trechos dele e percebo que nunca vai passar. Ontem mesmo eu estava mexendo nuns papéis antigos e encontrei um capítulo de Dom Casmurro que eu havia copiado, o dos olhos de ressaca, e não tem como, sabe? É o melhor do mundo.

07 - Você já pensou em escrever um livro? Se sim, sobre o que seria?

Gostando de ler da forma que gosto, fazendo faculdade de Jornalismo e tendo um blog de quase cinco anos de idade, nem dá pra disfarçar e dizer que nunca pensei em ver algo meu publicado, né? Esse desejo, no entanto, há muito deixou de ser um projeto, uma ambição de verdade, pra ser um sonho, uma aspiração distante. Já contei sobre minha primeira tentativa de incursão no universo literário e já postei aqui dois conti-nhos com os dois personagens mais concretos que consegui criar, a Helena e o Bernardo - e confesso que uma parte de mim queria muito conseguir juntar todos esses fragmentos numa história concisa, mas não sei se tenho a veia do romance em mim. Se eu conseguir escrever um livro-reportagem como trabalho de conclusão de curso da faculdade - e nem precisa ser sob a orientação do Marcelo Coelho e publicado posteriormente pela Cosac Naify, como o da Vanessa Bárbara - já me darei por satisfeita.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Mulher Maravilha, eu?

Há uns meses atrás, a editora da revista virtual Gazeta Feminina entrou em contato comigo pelo Facebook e disse que havia lido o blog, curtido e estava pensando em escrever sobre ele, e por isso queria trocar uma ideia comigo. Passei meu e-mail pra gente conversar direito e ficou por isso mesmo. No entanto-porém-contudo-entretanto-todavia, a internet, meus amigos, essa linda, é um quintal. Só isso explica o fato de que um belo dia, naquele cafofo virtual de puro amor e folia que atende pelo nome de Máfia, minha querida Rúvila citou a Gazeta Feminina e eu contei minha breve história para ela. E não é que a editora que havia  falado comigo era colega de sala da Rúvis?

Por intermédio de Ruvita fiquei sabendo que minha resposta jamais chegou à caixa de entrada da Ana Paula, e só então começamos a conversar novamente. Estive em São Paulo em agosto pro Encontrão Mafioso, mas a programação foi bem apertada e eu dependia de gente demais para conseguir me encontrar com ela para ser entrevistada pessoalmente, o que foi uma pena, mas foi legal da mesma forma poder falar sobre minha vida com o blog, o que me inspira, etc, mesmo à distância.

Eu nunca tinha sido entrevistada de verdade - aquele breve episódio do vestibular não conta - e fiquei me sentindo toda lisonjeada e importante, contei pra minha família e tudo mais. Já falei zilhares de vezes aqui sobre a importância que esse espaço tem na minha vida e como eu fico feliz por pensar que em dezembro faremos cinco (CINCO!) anos juntos. Vê-lo ser reconhecido por quem manja das coisas é um orgulho enorme, tipo filho tirando nota máxima na prova de Matemática. Me arrependendo de não ter pensado melhor nas minhas respostas, ao vivo é muito mais difícil do que no Ask. Fm, mas fico feliz pela coincidência fantástica da entrevista ter acontecido nos dias em que eu relia Reparação, um dos livros mais importantes da minha vida, pois estar com ele fresco na memória permitiu que eu tivesse um momento de iluminação e conseguisse responder de forma séria, completa e sincera - de uma forma que até eu me assustei quando escrevi -, uma pergunta abstrata que vive me atormentando: o que escrever significa pra mim?

Se quiserem ler isso e o resto da matéria, acessem a Gazeta Feminina e confiram mais na seção Mulher Maravilha (!) e não se esqueçam do resto da revista, que possui um conteúdo muito bacana, trazido ao público com muito carinho e atenção. Gostaria de usar esse espaço pra agradecer novamente à editora da GF, Ana Paula Souza, por ter me escolhido, pela atenção e pelas palavras bonitas que me foram dedicadas. Adorei a experiência. 

I heard you like comic books, Cohen