sábado, 29 de novembro de 2014

Suzana Vieira das TAGs

Queridos leitores, ando com minha cabeça lá pelas tabelas. É impressionante como Chico Buarque vem a calhar nessas horas de sobrecarga. Por exemplo: apesar de você amanhã há de ser outro dia, graduação em Jornalismo/2014/vidinha. Quer mais? Chego a mudar de calçada quando aparece uma flor, e dou risada do grande amor/diploma/futuro/vidinha. Eita nóis. 

Por mais que eu esteja numa fase de apego com meu homem dos olhos azuis-verdes, pra respirar no meio de uma semana zicada nada como apelar para os bastiões do poder da nossa cultura pop. Temos que mudar a tônica de cabeça na baixela para who run this mothafucka pra ver se a coisa anda. Então resolvi hoje responder a essa maravilhosa TAG inventada pelo André, que gentilmente me indicou para responder. Estou há se-ma-nas trabalhando nisso, porque cada item demanda uma reflexão profunda baseada em uma dance party de pelo menos umas trinta músicas. 

A TAG das Divas™, que é destruidora mesmo, consiste em associar livros às divas pop do momento. Como complemento, depois de cada item coloquei minha música favorita da referida, para valorizar a pesquisa empírica que fiz antes de responder as perguntas. Não é maravilhoso? É sim, então vamos lá.

que mulheEeEeEerrrr
1) Beyoncé: indique um livro de tirar o fôlego
Acho que já li uns três livros desde que li Garota Exemplar, da Gillian Flynn, mas é impressionante como ele não saiu da minha cabeça até agora. Eu já tinha visto o filme quando li, e mesmo assim o livro não deixou de desgraçar minha cabeça - aliás, ouso dizer que ele só potencializou o desgraçamento. Além de ser um thriller muito bom, tem tantas questões importantes sendo discutidas que eu poderia passar horas debatendo essa história. Quando terminei de ler fiquei um tempão atordoada, pensando no que tinha acontecido, bem o que acontece sempre que termino de ouvir Love On Top e penso cá com meus botões: como essa mulher faz isso? 


2) Katy Perry: indique um livro que deveria ser mais reconhecido


Tá, se a Katy Perry realmente precisasse ser mais reconhecida, ela deveria ser, sei lá, a Beyoncé? Desculpa, nunca será. Mas enfim. Northanger Abbey é um livrinho da Jane Austen que acho que deveria ser mais lido e reconhecido. Se não fosse por Orgulho e Preconceito, inclusive, ele seria o meu favorito da autora. É um dos livros mais diferentes dela porque é uma paródia aos romances góticos da época, e essa sátira é feita de um jeito espirituoso e genuinamente engraçado, através de uma protagonista muito divertida e carismática. O romancinho não é nem de longe a melhor parte, e isso é fantástico. Como não poderia deixar de ser, tem crítica social feminista também, e o estilo narrativo dele é maravilhoso. Se você gosta de Jane Austen, leia, se você não gosta, vai começar a gostar por causa dele. Juro.


3) Taylor Swift: indique um livro sobre superação, ignorar os haters e seguir em frente


Eu não gosto de histórias de superação. Sei lá, acho que a maioria se perde em algum momento pra ser levada por um lado piegas que meu coração gelado e exigente tem dificuldades de lidar. Poucos chegam lá, tocando no lugar certo sem cair em saídas melodramáticas fáceis. Eleanor & Park, da Rainbow Rowell, é assim. Eleanor e Park são dois adolescentes confusos, desconfortáveis consigo mesmos, perdidos. Como todos, mas um pouco pior. Ao longo da história eles se dão as mãos e ficam imensos, brilham no escuro, enfrentam a pressão dos colegas, suas questões familiares, e superam, principalmente, a eles mesmos. Dá gosto de ver como eles crescem juntos, como eles transformam um ao outro, como um torna o outro melhor na mesma medida. Esse livro é muito lindo. Vocês deveriam ler.


4) Avril Lavigne: indique um livro que, por mais que envelheça, continue atual;
5) Miley Cyrus: indique um livro que começa meio tímido, meio bobinho Disney, mas acaba despirocando e mudando os rumos

Tomei a liberdade de unir essas duas categorias porque pra ambas só consigo pensar em um livro: The Bell Jar, de Sylvinha Plath. Acho ele atemporal porque as coisas que Esther sente fazem tanto sentido hoje como faziam nos anos 60, quando ele foi escrito, principalmente no que diz respeito à desigualdade entre os gêneros que a personagem lentamente começa a perceber. O que, se a gente for pensar, é triste demais. 50 anos e pouquíssima coisa mudou. Risos. O livro começa com os relatos da Esther, que deveria estar vivendo a melhor fase da sua vida, mas não estava e ela não sabe bem por quê. No entanto, a personagem entra numa espiral de loucura e depressão que só vai piorando ao longo da história, e é então que ela despiroca (meio que) e as coisas ficam bem brutais. No Disney material here.

6) Christina Aguilera: indique um livro que não deu certo com você

Vou usar esse espaço para falar de um livro que, tal qual a Lotus Tour da nossa querida Xtina, tinha tudo pra ser mas não foi - e não é só comigo. Todo Dia, do David Levithan, conta a história de uma pessoa de gênero não identificado que todos os dias acorda num corpo diferente. Por 24h elx tem a chance de ser aquela pessoa, viver sua vida, conhecer seus amigos, etc. Era a única vida que A. conhecia e lhe parecia boa, até, claro, o momento que elx se apaixona. O quão superlegal é isso? Um ser que vai pulando de corpo em corpo, uma discussão massa sobre gêneros a ser feita, uma metáfora sobre as mudanças da adolescência, e tudo isso vai por água abaixo ao ser mal desenvolvido pra caramba. Uma pena, ainda sou apaixonada por essa ideia que nunca foi. 

8) Britney Spears: indique um livro que tem uma narrativa tão sem graça quanto um show com playback Querido André, achei ofensivo, por isso apaguei. Não posso responder a uma coisa dessas quando a Britney Spears é minha diva pop favorita. Passei um bom tempo conjecturando a respeito dessa questão metafísica de qual livro Neidoca seria se um livro ela fosse, e concluí que essa mocinha que as pessoas adoram gongar é a eterna princesinha da América. Vocês riem da Britney mas não vivem sem ela, e todo mundo aqui dança Toxic na balada com lágrimas de felicidade nos olhos que eu sei. Todo mundo quer um pedaço dela. Por isso vou usar a categoria pra um gênero que vira e mexe as pessoas se justificam por gostar, colocam como prazer culposo, dizem ler pra criticar com propriedade, etc, que é o chick lit. Amigas, se libertem. Pode gostar de chick lit sim, pode rir, pode chorar, pode querer casar com os mocinhos. Pode se divertir sem culpa. Do mesmo jeito que pode sempre pedir Britney pro DJ, porque nenhuma pista de dança permanece a mesma quando toca ...Baby One More Time.

BRITNEY ESTAMOS COM VOCÊ
9) Adele: indique um ator que tenha uma voz própria e única
Gabriel García Márquez, sem nem precisar pensar. Acho a literatura dele muito forte e muito única, o jeito como suas histórias sugam a gente para mundos extraordinários onde chove por anos, garotas bonitas sobem aos céus e as pessoas passam meses inteiros sem dormir. 

10) Lady Gaga: indique um livro bizarro que você custou a entender

Quando li Memórias Sentimentais de João Miramar, do Oswald de Andrade, pela primeira vez, só faltei jogar o livro na parede, tamanha a incredulidade. É um livro modernista, bem modernista, modernista tr00, e na primeira leitura várias partes não fizeram o menor sentido. No entanto, a segunda leitura foi dirigida pelo meu querido professor de Literatura do terceiro ano, então tudo se iluminou, sabe? Eu procurava onde eu tinha visto falta de sentido e insanidade e simplesmente não encontrava. Oswald de Andrade era um gênio injustiçado por mim. Claro que se não fosse pelo professor eu continuaria sem entender lhufas, mas adorei essa iluminação intelectual. Será que se eu ligar pro Peterson ele me explica esse clipe de Yoü and I?

11) Lana Del Rey: indique um livro para quando você estiver morta melancólico

A deprê bate logo na capa, porque as pessoas veem você lendo algo como Como Ficar Sozinho e já vem cheias de palpite achando que é alguma autoajuda. Não é não, mas talvez você precise de uma para superá-lo. Esses ensaios de Jonathan Franzen são cheios de melancolia e desilusão, alguns tão tristes que beira o insuportável, como aquele em que ele conta como foi o fim da vida de seu pai doente com o mal de Alzheimer. O campeão da melancolia é o relato da viagem que ele fez pra uma ilhota absolutamente isolada no Chile, lugar que ele visitou para depositar parte das cinzas de seu melhor amigo suicida, David Foster Wallace. Sei que vocês adoram odiar o Franzen na mesma proporção que ele ama odiar tudo, mas cara, esse livro é realmente bom. Queira estar morta ou seu dinheiro de volta.

12) Madonna: indique um livro que nunca perde a majestade na sua estante

Quer falar sobre guilty pleasure, fale sobre não conseguir parar de gostar do trabalho do Woody Allen, apesar de tudo. Sério, vamos conversar sobre isso, fazer um grupo de apoio e tudo mais. Por favor. Até lá, sigo amando o meu Conversas Com Woody Allen, um livro que reúne entrevistas que o Eric Lax fez com o cineasta desde o começo de sua carreira, que acaba dando um ponto de vista legal sobre vários de seus filmes. É um livro realmente interessante e inspirador para quem gosta do trabalho dele e dos temas abordados nos seus filmes. Sempre tiro dali alguma coisa importante, e sustento com orgulho meu livrão de capa dura da Cosac Naify que comprei com um dos meus primeiros salários pois sou bobinha assim mesmo. 

13) Gretchen (estou chorando): indique um livro nacional que tenha todo o piripipi necessário para te conquistar: Sou monotemática e não posso indicar algum livro nacional que não Dom Casmurro, do Machado de Assis. Ele vem da minha época favorita da literatura nacional, da minha escola literária favorita, que é o realismo, é o tipo de livro que eu mais gosto, a crônica urbana, com narrador não-confiável, personagens densos, quase indecifráveis, um final em aberto, uma moral bem ambígua e uma narração maravilhosa de meu Deus. Machadão é insuperável. 


Nunca sei quem indicar pra essas coisas porque nunca sei quem realmente gosta disso, mas se você tiver achado legal e quiser fazer também, por favor, faça. E deixe nos comentários para eu ver depois, ok? Espero que tenham achado divertido - eu adorei brincar! Obrigada pela indicação, André!

9 comentários:

  1. Quando vi essa tag do André fiquei com muita vontade de fazer ela. Como de praxe, curti muito o teu post e dei muitas risadinhas (internas; esforço externo tá custando muito ultimamente) que até tô considerando fazer a tag de vez agora.

    Li Gone Girl também e curti bastante o livro... Até o final. Achei aquele final é tão ugh, e acho que é por isso o livro é marcante do jeito que é.

    Quero MUITO MUITO M-U-I-T-O ler Bell Jar. Um dos livros que mais quero ler/ter no momento. Mas o $$$ está curto, então preciso acalmar os ânimos.

    Concordo com tudo o que você falou da Brit. Adoro ela. Ela foi uma das top 5 do meu last.fm por meeeeses. Don't regret it (muito menos chick lit).

    E o Woody Allen. O que falar do Woody Allen? Fiquei tão errada com a história dos estupros que até queria parar de assistir as coisas dele. Só que não consigo. Não tem jeito. Adoro os filmes do omi, tanto que ainda não me perdoei por não ter assistido Magic in the Moonlight com a minha queridíssima Emma Stone. </3

    Beijos!

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  2. Gente, mas que proposta maravilhosa! Juro que cedo ou tarde ninguém mais vai aguentar me ver respondendo tags, mas me diz aí como a gente faz pra resistir? Analu já fez o favor de me indicar pra responder essa e só tô enrolando porque fim de semestre, já viu, inferno na terra, é isso aí. Mas já eu respondo porque né, não rola dispensar <3

    Quase comprei Garota Exemplar hoje, porque o preço tava bom demais pra ser realidade e minha vontade de ler tá assim num nível incontrolável. Só que eu não achei nenhum exemplar (rsrsrs) com a capa original, só que aquela coisa horrorosa com Ben Affleck de brinde e sério, não. Odeio essas capas ~alternativas~ com imagens de filme. Eleanor & Park é outro que tô enrolando pra comprar e quase trouxe pra casa hoje, se não tivesse esgotado. Aliás, o que não esgotou nessa Black Friday? Até o cd de dona Taylor fui toda pimpona comprar na Fnac e só não foi viagem perdida porque acabei trazendo um monte de livros pra casa. Ê vida.

    Agora, Dom Casmurro é uma pendência que preciso resolvi. Li no ensino médio, por pura obrigação porque ~precisava~ pro vestibular, e foi uma experiência terrível. Esse negócio de ler obrigado já começa errado e apesar de eu ter curtido algumas das leituras dessa época, não criei nenhum laço com elas. Pretendo ler de novo as soon as possible, mas isso pode demorar, porque tô com uma pilha vergonhosa de livros comprados, porém não lidos, que ficam me encarando em tom de acusação. Momentos. HEHEHEHEHE

    beijo!

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  3. Gente que TAG genial! haahahhaahahha Muito muito muito bom Anna! Me diz que você postou isso na Máfia pra todo mundo fazer que eu vou correndo ler! Enfim... to desacostumada com isso e nunca sei fazer comentários decentes, mas preciso dizer que: guria, sou (cada dia mais) sua fã! Tietei mesmo :3

    beijos!

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  4. Amiga, che-guei.
    Tava esperando ansiosamente você responder essa Tag (e só não fico mais nervosa de você ter postado no blog de novo e eu não porque, veja, é uma Tag, hehe).
    Tava curiosíssima pra ver você rebater a categoria da Neide e "colocar o André no lugar dele". HAHAHA, coitado, gente, realmente resolveu se meter com duas malucas.
    Tenho curiosidade de ler esse livro do Franzen, mas por enquanto só li o Wallace mesmo (e sobrevivi! [checar piada interna com Milena Martins]).
    Enfim, to retardada nesse comentário.
    Deve ser o sono.
    Beijo! <3

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  5. Filha, cadê sua música preferida da Gretchen????

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  6. AI MEU PAI DO SKYPE, como diria a minha mãe (pois é), tantas indicações belíssimas que cogitei começar a pensar numa lista de leituras para 2015 (pensar em ler mais coisas da minha lista de 2014 que é bom...)

    Eu fico pensando se ainda vale a pena ler Gone girl depois de ter passado a ~modinha~. Tudo bem que ia comentar com todas vocês no twitter, mas não sei!
    Se bem que definitivamente preciso ler The bell jar e Jonathan Franzen. Como lidar com tantos livros bons no mundo, 23 anos na cara e ainda não descobri isso

    beujis!

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  7. Que criativo esse meme. Adorei!
    Amei a comparação de Adele e Gabo. haha
    Tenho vários livros da sua lista para ler. Da sua lista, só li Dom Casmurro. Vou pegar várias dicas daqui.

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