sábado, 29 de novembro de 2014

Suzana Vieira das TAGs

Queridos leitores, ando com minha cabeça lá pelas tabelas. É impressionante como Chico Buarque vem a calhar nessas horas de sobrecarga. Por exemplo: apesar de você amanhã há de ser outro dia, graduação em Jornalismo/2014/vidinha. Quer mais? Chego a mudar de calçada quando aparece uma flor, e dou risada do grande amor/diploma/futuro/vidinha. Eita nóis. 

Por mais que eu esteja numa fase de apego com meu homem dos olhos azuis-verdes, pra respirar no meio de uma semana zicada nada como apelar para os bastiões do poder da nossa cultura pop. Temos que mudar a tônica de cabeça na baixela para who run this mothafucka pra ver se a coisa anda. Então resolvi hoje responder a essa maravilhosa TAG inventada pelo André, que gentilmente me indicou para responder. Estou há se-ma-nas trabalhando nisso, porque cada item demanda uma reflexão profunda baseada em uma dance party de pelo menos umas trinta músicas. 

A TAG das Divas™, que é destruidora mesmo, consiste em associar livros às divas pop do momento. Como complemento, depois de cada item coloquei minha música favorita da referida, para valorizar a pesquisa empírica que fiz antes de responder as perguntas. Não é maravilhoso? É sim, então vamos lá.

que mulheEeEeEerrrr
1) Beyoncé: indique um livro de tirar o fôlego
Acho que já li uns três livros desde que li Garota Exemplar, da Gillian Flynn, mas é impressionante como ele não saiu da minha cabeça até agora. Eu já tinha visto o filme quando li, e mesmo assim o livro não deixou de desgraçar minha cabeça - aliás, ouso dizer que ele só potencializou o desgraçamento. Além de ser um thriller muito bom, tem tantas questões importantes sendo discutidas que eu poderia passar horas debatendo essa história. Quando terminei de ler fiquei um tempão atordoada, pensando no que tinha acontecido, bem o que acontece sempre que termino de ouvir Love On Top e penso cá com meus botões: como essa mulher faz isso? 


2) Katy Perry: indique um livro que deveria ser mais reconhecido


Tá, se a Katy Perry realmente precisasse ser mais reconhecida, ela deveria ser, sei lá, a Beyoncé? Desculpa, nunca será. Mas enfim. Northanger Abbey é um livrinho da Jane Austen que acho que deveria ser mais lido e reconhecido. Se não fosse por Orgulho e Preconceito, inclusive, ele seria o meu favorito da autora. É um dos livros mais diferentes dela porque é uma paródia aos romances góticos da época, e essa sátira é feita de um jeito espirituoso e genuinamente engraçado, através de uma protagonista muito divertida e carismática. O romancinho não é nem de longe a melhor parte, e isso é fantástico. Como não poderia deixar de ser, tem crítica social feminista também, e o estilo narrativo dele é maravilhoso. Se você gosta de Jane Austen, leia, se você não gosta, vai começar a gostar por causa dele. Juro.


3) Taylor Swift: indique um livro sobre superação, ignorar os haters e seguir em frente


Eu não gosto de histórias de superação. Sei lá, acho que a maioria se perde em algum momento pra ser levada por um lado piegas que meu coração gelado e exigente tem dificuldades de lidar. Poucos chegam lá, tocando no lugar certo sem cair em saídas melodramáticas fáceis. Eleanor & Park, da Rainbow Rowell, é assim. Eleanor e Park são dois adolescentes confusos, desconfortáveis consigo mesmos, perdidos. Como todos, mas um pouco pior. Ao longo da história eles se dão as mãos e ficam imensos, brilham no escuro, enfrentam a pressão dos colegas, suas questões familiares, e superam, principalmente, a eles mesmos. Dá gosto de ver como eles crescem juntos, como eles transformam um ao outro, como um torna o outro melhor na mesma medida. Esse livro é muito lindo. Vocês deveriam ler.


4) Avril Lavigne: indique um livro que, por mais que envelheça, continue atual;
5) Miley Cyrus: indique um livro que começa meio tímido, meio bobinho Disney, mas acaba despirocando e mudando os rumos

Tomei a liberdade de unir essas duas categorias porque pra ambas só consigo pensar em um livro: The Bell Jar, de Sylvinha Plath. Acho ele atemporal porque as coisas que Esther sente fazem tanto sentido hoje como faziam nos anos 60, quando ele foi escrito, principalmente no que diz respeito à desigualdade entre os gêneros que a personagem lentamente começa a perceber. O que, se a gente for pensar, é triste demais. 50 anos e pouquíssima coisa mudou. Risos. O livro começa com os relatos da Esther, que deveria estar vivendo a melhor fase da sua vida, mas não estava e ela não sabe bem por quê. No entanto, a personagem entra numa espiral de loucura e depressão que só vai piorando ao longo da história, e é então que ela despiroca (meio que) e as coisas ficam bem brutais. No Disney material here.

6) Christina Aguilera: indique um livro que não deu certo com você

Vou usar esse espaço para falar de um livro que, tal qual a Lotus Tour da nossa querida Xtina, tinha tudo pra ser mas não foi - e não é só comigo. Todo Dia, do David Levithan, conta a história de uma pessoa de gênero não identificado que todos os dias acorda num corpo diferente. Por 24h elx tem a chance de ser aquela pessoa, viver sua vida, conhecer seus amigos, etc. Era a única vida que A. conhecia e lhe parecia boa, até, claro, o momento que elx se apaixona. O quão superlegal é isso? Um ser que vai pulando de corpo em corpo, uma discussão massa sobre gêneros a ser feita, uma metáfora sobre as mudanças da adolescência, e tudo isso vai por água abaixo ao ser mal desenvolvido pra caramba. Uma pena, ainda sou apaixonada por essa ideia que nunca foi. 

8) Britney Spears: indique um livro que tem uma narrativa tão sem graça quanto um show com playback Querido André, achei ofensivo, por isso apaguei. Não posso responder a uma coisa dessas quando a Britney Spears é minha diva pop favorita. Passei um bom tempo conjecturando a respeito dessa questão metafísica de qual livro Neidoca seria se um livro ela fosse, e concluí que essa mocinha que as pessoas adoram gongar é a eterna princesinha da América. Vocês riem da Britney mas não vivem sem ela, e todo mundo aqui dança Toxic na balada com lágrimas de felicidade nos olhos que eu sei. Todo mundo quer um pedaço dela. Por isso vou usar a categoria pra um gênero que vira e mexe as pessoas se justificam por gostar, colocam como prazer culposo, dizem ler pra criticar com propriedade, etc, que é o chick lit. Amigas, se libertem. Pode gostar de chick lit sim, pode rir, pode chorar, pode querer casar com os mocinhos. Pode se divertir sem culpa. Do mesmo jeito que pode sempre pedir Britney pro DJ, porque nenhuma pista de dança permanece a mesma quando toca ...Baby One More Time.

BRITNEY ESTAMOS COM VOCÊ
9) Adele: indique um ator que tenha uma voz própria e única
Gabriel García Márquez, sem nem precisar pensar. Acho a literatura dele muito forte e muito única, o jeito como suas histórias sugam a gente para mundos extraordinários onde chove por anos, garotas bonitas sobem aos céus e as pessoas passam meses inteiros sem dormir. 

10) Lady Gaga: indique um livro bizarro que você custou a entender

Quando li Memórias Sentimentais de João Miramar, do Oswald de Andrade, pela primeira vez, só faltei jogar o livro na parede, tamanha a incredulidade. É um livro modernista, bem modernista, modernista tr00, e na primeira leitura várias partes não fizeram o menor sentido. No entanto, a segunda leitura foi dirigida pelo meu querido professor de Literatura do terceiro ano, então tudo se iluminou, sabe? Eu procurava onde eu tinha visto falta de sentido e insanidade e simplesmente não encontrava. Oswald de Andrade era um gênio injustiçado por mim. Claro que se não fosse pelo professor eu continuaria sem entender lhufas, mas adorei essa iluminação intelectual. Será que se eu ligar pro Peterson ele me explica esse clipe de Yoü and I?

11) Lana Del Rey: indique um livro para quando você estiver morta melancólico

A deprê bate logo na capa, porque as pessoas veem você lendo algo como Como Ficar Sozinho e já vem cheias de palpite achando que é alguma autoajuda. Não é não, mas talvez você precise de uma para superá-lo. Esses ensaios de Jonathan Franzen são cheios de melancolia e desilusão, alguns tão tristes que beira o insuportável, como aquele em que ele conta como foi o fim da vida de seu pai doente com o mal de Alzheimer. O campeão da melancolia é o relato da viagem que ele fez pra uma ilhota absolutamente isolada no Chile, lugar que ele visitou para depositar parte das cinzas de seu melhor amigo suicida, David Foster Wallace. Sei que vocês adoram odiar o Franzen na mesma proporção que ele ama odiar tudo, mas cara, esse livro é realmente bom. Queira estar morta ou seu dinheiro de volta.

12) Madonna: indique um livro que nunca perde a majestade na sua estante

Quer falar sobre guilty pleasure, fale sobre não conseguir parar de gostar do trabalho do Woody Allen, apesar de tudo. Sério, vamos conversar sobre isso, fazer um grupo de apoio e tudo mais. Por favor. Até lá, sigo amando o meu Conversas Com Woody Allen, um livro que reúne entrevistas que o Eric Lax fez com o cineasta desde o começo de sua carreira, que acaba dando um ponto de vista legal sobre vários de seus filmes. É um livro realmente interessante e inspirador para quem gosta do trabalho dele e dos temas abordados nos seus filmes. Sempre tiro dali alguma coisa importante, e sustento com orgulho meu livrão de capa dura da Cosac Naify que comprei com um dos meus primeiros salários pois sou bobinha assim mesmo. 

13) Gretchen (estou chorando): indique um livro nacional que tenha todo o piripipi necessário para te conquistar: Sou monotemática e não posso indicar algum livro nacional que não Dom Casmurro, do Machado de Assis. Ele vem da minha época favorita da literatura nacional, da minha escola literária favorita, que é o realismo, é o tipo de livro que eu mais gosto, a crônica urbana, com narrador não-confiável, personagens densos, quase indecifráveis, um final em aberto, uma moral bem ambígua e uma narração maravilhosa de meu Deus. Machadão é insuperável. 


Nunca sei quem indicar pra essas coisas porque nunca sei quem realmente gosta disso, mas se você tiver achado legal e quiser fazer também, por favor, faça. E deixe nos comentários para eu ver depois, ok? Espero que tenham achado divertido - eu adorei brincar! Obrigada pela indicação, André!

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Diário de viagem: Rio de Janeirinho

"Tripulação, pouso autorizado no aeroporto Santos Dumont. São oito horas e cinquenta dois minutos, tempo encoberto, temperatura de 22º, e pelo que eu tô vendo aqui a coisa não tá muito bonita não".

Foi assim que o Comandante Sincerão anunciou a chegada no Rio de Janeiro, e lá fui eu grudar meu nariz na janelinha do avião, porque aquele pouso na Baía de Guanabara é uma coisa que eu não vou superar tão cedo. É o melhor jeito de ser recebida pela cidade, ainda que estivesse chovendo, cinza, e nublado. Oi Rio, cheguei. Eu disse que voltaria.

E trate de ficar bonito porque não foi pra isso que eu saí de casa
Há duas semanas tive a chance de ir pro Rio de Janeiro passar um maravilhoso fim de semana sendo amada pelas minhas queridas amigas dessa terra bonita de meu Cristo Redentor, que me levam pra passear, me ensinam life hacks cariocas e me fazem extrapolar todos os meus limites pessoais no que tange à integridade física da pessoa humana. Mas eu sobrevivi pra contar essa história, e olha que teve um Alex Turner ali no meio pra colocar tudo a perder (o show é um caso a parte, depois eu conto), e é isso que vocês vão ler agora.

Enfim, estamos no Rio, eu acabei de desembarcar e corri para fazer festa com Giuliana Rebeca e Gabriela Couth, travessura essa que me deixou presa para fora da área de desembarque antes de pegar minhas malas (queria dizer que foi a primeira vez que quase perdi minhas malas, mas não). No fim das contas deu tudo certo, mas eu realmente queria saber o que é que o aeroporto Santos Dumont tem contra mim. 

Saindo de lá fomos tomar café na Confeitaria Colombo do Forte de Copacabana, uma coisa bem sofisticada, toda uma vibe café da manhã de blogueira acontecendo. O que as fotos não mostram é que tivemos que defender nossa comida dos pombos do lugar e que boa parte do tempo foi gasta observando as pessoas caírem enquanto tentavam subir na prancha de stand-up paddle na praia de Copacabana. Mas a vista, os pãezinhos não identificados e o café estavam bem de parabéns. 




Subimos no Forte pra admirar a vista, fingir compreender o conceito por trás das selfies com o canhão sendo tiradas ao nosso redor, tudo isso enquanto eu tentava com todas as minhas forças não ser dominada pela minha vertigem. Além da Confeitaria, o forte tem uns barzinhos simpáticos e o Museu do Exército, uma proposta interessante se você curte essa vibe bélica meio século XVIII. Grande época. O que eu achei mais legal, além da comida e da vista, é que na costa rola uma espécie de Stonehenge tupiniquim que eu quis muito fotografar, mas fiquei com medo de chegar na extremidade e o vento me derrubar. Momentos. 

Depois de algumas horas de bonding moments na casa de Vovó Couth -  com direito a pintar as unhas dos pés, ouvir Miley Cyrus, Taylor Swift e Beyoncé, e comentar as evoluções capilares de famosas que amamos - foi hora de sair pra comer. De novo. Porque lógico. Perguntaram no Instagram se a única coisa que a gente faz da vida é comer, e eu vos pergunto o que pode ser mais importante que empada, pastelzinho e caipirinhas na muretinha da Urca? 

Fomos no Bar Urca, que a Couth vive recomendando, e não existe jeito mais correto do que aproveitar o fim de tarde. Mesmo com a garoa leve e o dia cinza, é a vista da Baía de Guanabara, com seus barcos e garças contemplativas, é o bairro antigo e as janelas velhas dos prédios, é a empada maravilhosa e os companheiros de mureta cantando Anna Júlia e outras pérolas nacionais dessas que todo mundo sabe cantar. Sem falar nos caras lindos que passavam correndo ou de bicicleta. Eita cidade de homem bonito, Jesus conserve.










































Lá no bar encontramos a menina Paloma, a única responsável do rolê, que passou o dia trabalhando enquanto nós só fizemos comer e falar bobagens. Voltamos para a casa de Vovó para carregar um pouquinho as baterias porque a noite seria longa. Eu já contei pra vocês que eu estava praticamente virada? Pois é, na noite anterior fui dormir à uma da manhã, para acordar às três pra pegar o avião. Ou seja. Era essa Anna Vitória que estava com planos de ir para a balada mais tarde e eu juro que duvidei que isso aconteceria até o último minuto. Porque já eram mais de dez da noite e nós estávamos vendo o DVD da Beyoncé e cochilando enquanto caía uma tempestade lá fora, mas não sei como conseguimos sair desse estado para nos colocarmos belas e antes do relógio bater a uma novamente, lá estávamos nós, na fila da Gafieira.

Eu, virada, na chuva, na fila da balada. Pois é.

A questão é que quando uma pessoa como a Giu avisa que vai te levar numa festa que vai fazer você querer morrer e ser enterrada na pista de dança, você precisa acreditar. Principalmente quando ela diz que vai ser tão bom que você só vai sair dali na hora que te expulsarem. Eu duvidei, principalmente quando deu umas três e meia e eu senti minha barrinha de energia chegar no vermelho, mas por um plot twist desses que ninguém acredita, dançamos até o esgotamento e, sim, só fomos embora quando soou o alarme expulsando a gente do lugar. 

EXPECTATIVAS:


REALIDADE:


Que festa maravilhosa. Quis morrer e ser enterrada na pista e senti que todas as minhas dance parties sozinha em casa foram um treinamento pra noite que eu iria dançar Clara Nunes, Chico Buarque e Novos Baianos até amanhecer, com direito a pequenos interlúdios de Beatles, Oasis e Beirut - sendo esse último responsável pelo momento em que um cara chegou na nossa roda e disse nunca ter visto uma dança tão sensacional quanto a nossa. Teve também o cara que veio dizer que eu estava sendo desagradável com o DJ, só porque cruzei os braços e fiz cara de bosta quando ele tocou Djavan. O cara me manda um Djavan às cinco da manhã e a desagradável sou eu?

Pelo menos a marra deu totalmente certo e logo o cara se tocou e voltou a tocar música boa, e lá estávamos nós pulando abraçadas jurando de pés juntos que quando a gente ama não pensa em dinheiro, só se quer amar se quer amar se quer amar. Não sei se seria capaz de tamanha abnegação, mas quando a gente ama eu tenho certeza que não pensa nos pés moídos, nem no cansaço das vinte e sete horas acordada, mas só no infinito acontecendo ao nosso redor.


No sábado não tivemos tempo de fazer muita coisa além de acordar, colocar nossas ressacas em stand-by e juntar nossas trouxas rumo à casa de Paloma, do outro lado da serra. Fizemos uma transição rápida entre a vibe boemia carioca e a faca na botinha, porque tínhamos um importante encontro marcado com Mr. Alex Turner, no show dos Arctic Monkeys logo mais. Farei um post só pro show, porque é tradição aqui no blog, mas adianto que foi incrível, desgraçou minha cabeça, o Alex é uma delícia que eu dificilmente vou superar, e eu e Giu quase caímos de tanto pular R U Mine, mas se eles continuassem repetindo o refrão, eu continuaria pulando feliz da vida. 


Depois da experiência de quase morte que foi a noite pós-show, pro domingo restou pouca opção senão rolar um pouquinho no quarto e ignorar a triste realidade aeroportuária que nos aguardava logo mais. Para não repetir a experiência do voo perdido da outra visita - e eu, pessoa corajosa, comprei uma passagem no mesmo voo, no mesmo horário, no mesmo aeroporto - saímos com bastante horas de antecedência. Não perdi o avião, voltei pra casa e lá se foram duas semanas, mas eu ainda não consegui parar de ouvir Mardy Bum e lembrar da gente, rir de novo das mesmas bobagens, repetir mentalmente os mesmos diálogos e me sentir extremamente grata por saber que achei mais uma casa - não um teto numa cidade linda que eu amei logo de cara, mas em pessoas maravilhosas, meninas lindas, que transformaram três dias num flawless weekend. 

E há boatos de que em dezembro tem mais!


sexta-feira, 21 de novembro de 2014

One Lovely Blog Award, etc

Eu já fui melhor nesse negócio de ser blogueira. Já revirei os olhos para as pessoas que deixavam esse passatempo de lado tão logo a rotina apertasse, porque pra mim blogar era tão vital quanto comer um docinho depois das refeições e lavar o cabelo depois de um dia cansativo, escrever aqui era tão relaxante quanto assistir novela deitada no sofá. 

O problema é que a vida acontece e você se torna uma pessoa cansada que prefere chegar em casa de um dia cansativo e, depois de lavar o cabelo, pular direto pra parte da novela e do sofá. Com aquele docinho depois da janta. É tão bonito o descanso, tão legal não pensar, tão alegre a sensação de não estar em frente a um computador. Suspiro. Queria escrever sobre muitas coisas, da viagem incrível que fiz, do show lindo que assisti, e discutir a evolução da beleza do Alex Turner ao longo dos anos. Sabe como é, questões relevantes e urgentíssimas. Eu ainda vou fazer isso; eu ainda quero fazer isso, o que é mais importante, mas hoje não dá. 

Então deixo vocês com mais uma tag, a One Lovely Blog Award, que fui indicada por muitas pessoas queridas (se eu esquecer alguém me chamem de escrotona nos comentários que eu viro a outra face e me retifico com amor): Dani, Ana, Ana Luíza e Camyli. No final, mais cinco perguntinhas sobre o blog que fui indicada a responder pela Cacá. Resolvi juntar os dois memes porque, afinal, tá tudo dentro de uma mesma proposta. Vamos lá?

1) Por que decidiu criar o blog e quando começou?
Meu primeiro blog, láááá de 2004, foi criado porque um dia a Capricho falou sobre essa nova moda de diário virtual que estava bombando entre os adolescentes e eu, como boa menina de 10 anos cuja maior aspiração na vida era ser adolescente, não poderia ficar fora dessa. Era também o jeito mais fácil de eu ter uma revista só minha. Antes eu fazia minhas publicações no Power Point, mas comecei a cansar das capas terem sempre aquela menina andando de patinete dos clip-arts. Já o So Contagious surgiu em 2007. Na época eu tinha fotolog, era ~ativa na comunidade~ e tudo, mas percebi que eu gostava mais de escrever os posts do que tirar fotos, então talvez fosse a hora de redirecionar essas inspirações. 

2) Quais os benefícios que o blog te trás?
Eu gosto de escrever, eu amo escrever, eu escrevo o tempo inteiro, até quando eu não estou propriamente escrevendo, e meu blog é o espaço que eu tenho para escrever sobre o que eu quiser. Só quem vive escrevendo sabe como isso é maravilhoso e quase vital. Registrar as coisas que ficam zanzando pela minha cabeça, além de me ajudar a dormir melhor, é também um jeito de ter um arquivo mental e sentimental ao alcance da mão - ainda que eternamente incompleto. Adoro reler textos antigos e me lembrar do que eu senti lendo aquele livro, como foi viver aquela experiência, o que eu estava pensando naquela época. Write to remember é um dos meus motes. No entanto, o mais legal são mesmo as pessoas, que leem, que ainda se importam, que trocam ideias e que migraram do offline pra vida real. É definitivamente o maior benefício. 

3) Qual seu post mais acessado?
Ali na sidebar mantenho um ranking dos cinco posts mais acessados da história do blog. Se você em algum momento já botou reparo nisso, provavelmente viu que há anos que um post não abandona o primeiro lugar: Mórulas, hematomas e colmeias, também conhecido como o post no qual eu compartilho a minha tripofobia, ou o meu bizarro medo de bolinhas juntas e padrões da natureza (sim). Meu blog é uma das poucas páginas que falam sobre isso em português e a maioria das pessoas chega aqui buscando desesperadamente no Google sobre o que diabos significa essa comichão na cabeça que acontece sempre que olhamos esses padrões. Nos comentários rola toda uma discussão sobre o tópico, e vira e mexe alguém manda um depoimento anônimo contando sobre o seu caso, tem até psicólogo no meio da história, uma loucura. 

4) Você usa as redes sociais?
Sim, bastante. Minha favorita de todos os tempos, onde você definitivamente vai me encontrar perdendo tempo e falando bobagem pelo menos uma vez por dia, todos os dias, e onde é mais fácil de me achar do que no meu próprio celular, é o Twitter. Tenho também perfil pessoal no Facebook, onde também mantenho uma fanpage pro blog. Tenho também Instagram, Tumblr, Skoob, Filmow, Pinterest e Goodreads

5) Como o blog tem evoluído?
Não tem? Quer dizer, é claro que não ele não é o mesmo desde dezembro de 2007 (ainda bem!), mas acho que tem uns bons anos que atingimos uma certa estabilidade, tanto em termos de conteúdo como de público. Eu ~achei minha voz~, escrevo, as pessoas leem. Às vezes mais, às vezes menos, normal. E eu gosto disso, então acho que está dando certo.

6) Já viveu alguma coisa importante por causa do blog?
Um texto meu já fez com que meu blog fosse indicado na Folha de São Paulo, através de um colunista que eu era fã e lia religiosamente, toda semana. E ele escreveu pra mim, dizendo que tinha gostado de algo que eu escrevi. Isso foi bem legal. O blog me deu algumas oportunidades de trabalho, abriu portas pra eu escrever em outras publicações - o que foi bem legal também (inclusive, mores, estamos aí pra qualquer coisa hehe). Mas o resto que me desculpe, porque trabalho e reconhecimento não fazem nem cócegas perto do que foi descobrir que eu tinha pedaços de mim espalhados pelo Brasil inteiro, gente que, literalmente, se não fosse pelo meu blog eu jamais conheceria e que hoje é parte de mim. Eu vivi viagens malucas, noites em claro, voos perdidos, churrascos na laje, sonhos e dores compartilhadas, noches mentirosas eos no canot, etc. Resumindo: a coisa mais legal foi a Máfia

7) De onde nasce a inspiração de escrever e continuar com o blog?
Eu disse lá em cima: eu escrevo o tempo inteiro, até quando eu não estou escrevendo. Eu atravesso a rua pensando na cor do céu, na atmosfera da música que estou ouvindo e numa história imaginária pro cara dentro do Corsa parado no semáforo. Ou seja, tudo que eu vivo, imagino, escuto, leio, assisto, etc.

8) O que você tem aprendido a nível profissional e pessoal esse ano?
2014 foi o ano que eu gravei uma passagem dentro de um bar lotado, e consegui fazer isso sem fazer papel (completo) de idiota. Se você visse meu primeiro teste de câmera, diria que eu aprendi bastante. Em 2014 eu também aprendi os pronomes do francês e a diferenciar o passado simples do imperfeito, e quase não erro na hora de usar o subjuntivo. Aprendi a diagramar um jornal sozinha, a mandar um e-mail pra vaga de estágio, a cortar minha franja sozinha e a nunca chegar com menos de meia hora de antecedência no aeroporto. 2014 é um ano que tem me ensinado a errar, que tudo bem estragar tudo e que é normal estar na merda de vez em quando. Esse ano eu aprendi que eu não posso e nem preciso ter medo - mas isso não significa que eu tenha me livrado dele completamente.

9) Qual sua frase favorita?
Não faço a menor ideia, mas a primeira que me veio na cabeça foi: "Each time my heart is broken it makes me feel more adventurous", verso do poema Meditations in an Emergency, do Frank O'Hara, que inspirou a música e o álbum More Adventurous, do Rilo Kiley.


10) Qual conselho você daria para alguém que esteja começando agora no mundo dos blogs?
Escreva sobre o que você realmente gosta, e faça o blog que você gostaria de ler. Be true to yourself.

11) O que os blogs que você vai indicar tem em comum?
Todos eles responderam esse questionário antes de mim, então acho que são todos mais eficientes. Sei lá, eu já vi esse award em todos os blogs que costumo ler, mas se você ainda não respondeu e tá aí esperando uma desculpa, pode usar meu nome e brincar também. 

TÁ POUCO DE PERGUNTA, MANDA MAIS!!!111onze


1) Justificar o nome do blog:
Então, eu sou péssima com títulos. Eu passei literalmente seis meses pensando no nome do blog, até que eu enchi o saco e coloquei o primeiro que veio na cabeça - basicamente seguindo o padrão que eu uso em 95% das decisões na minha vida. Eu detesto o título, acho brega, as pessoas sempre vem com uma referência errada, e eu já cheguei perto de mudar umas três vezes, mas nunca tive coragem. Não era amor, era cilada, mas me apeguei mesmo assim.

2) Prefere postar fotos ou textos? 
Quase nunca fotografo pro blog, sempre escrevo pro blog, então acho que meio que tá respondido, né?

3) Qual o tempo médio usado para escrever um post?
Muito. Umas duas horas, no mínimo. Vira e mexe eu e a Analu combinamos de postar juntas, aí depois de uma meia hora ela já está com o texto escrito, publicado e respondendo comentários, enquanto eu não saí da introdução. Levo bem umas três horas pra postar, em média, contando todo o processo de escrever, editar, procurar imagens, anexar links, etc. É por isso que eu sumo!

4) Para conseguir acessos, links, amigos: como foi a saga para dar maior visibilidade pro blog?
Acho que a boa e velha arte de ler & comentar com carinho nos blogs que você gosta de ler, com conteúdo com o qual você se identifica, não falha nunca e nem vai sair de moda tão cedo.

5) Fotos de si (não necessariamente selfies) entram em algum post ou não? Por quê?
Raramente, só mesmo quando tem a ver com o contexto do post e o contexto dos meus posts dificilmente pedem uma foto minha fazendo qualquer coisa. Até porque eu não sou nada fotogênica e odeio ser fotografada. E entre eu e o Harry Styles, podem ter certeza que eu sempre vou escolher o Harry.

De nada

terça-feira, 11 de novembro de 2014

O Harrison Ford do Busão™

Esse post é parte do meu projeto 1001 Pessoas, inspirado nesse blog aqui.

Harrison Ford do Busão™ é cobrador do ônibus que eu pego cotidianamente. Se a sua vida fosse uma novela, ele seria aquele ex-noivo da sua avó que foi pra guerra e reapareceu anos depois, para semear dúvida e fazer seu avô calcular quando foi mesmo que sua avó ficou grávida do primeiro filho. Ele se parece com o Harrison Ford, tem uma cara de mau, e tem certeza que eu sou idiota. 

Não é como se eu não desse motivos. Tenho uma incapacidade crônica de entrar no ônibus sem fazer papel de idiota em algum momento, e desconfio muito que ele e o motorista tenham um bolão para ver qual será a trapalhada da vez. O mais comum é que eu prenda minha bolsa ou os fones de ouvido na catraca e leve um tranco de mim mesma tentando sair desavisada, mas é comum que eu perca o equilíbrio no corredor, tropece na hora de sentar no banco mais alto, deixe cair as moedas no chão, e um dia eu confundi uma moeda de R$025 com uma de R$1 e levei uns três minutos para entender por que o Harrison Ford estava dizendo que faltava dinheiro pra minha passagem. 

Quando comecei a andar nessa linha, tinha impressão que, além de me achar idiota, o Harrison Ford me odiava. A cada vez que eu me envergonhava na sua frente sentia seu olhar de desprezo e decepção pra mim, como quem pensa na irresponsabilidade das pessoas que um dia deixaram eu sair de casa desacompanhada, como quem tem certeza de que não ganha o suficiente pra ter que aturar meu espetáculo de estupidez dia sim dia não. O Harrison Ford do Busão™ não tinha a menor paciência comigo. 

No entanto, com o tempo, eu percebi que a dinâmica da nossa relação mudou um pouco, e vem melhorando a cada dia que passa. Notei a mudança de ares quando ele começou a fazer um meneio com a cabeça sempre que eu descia do ônibus, movimento que foi logo seguido por uma boa tarde audível na hora que eu entro. Teve também o dia que ele percebeu que eu estava distraída na minha leitura e não tinha apertado o botão de parar, então ele disse, meio que entre os dentes mas alto o bastante pra eu ouvir: ô mocinha, sua parada é a próxima. Nesse dia eu soube que as coisas entre a gente tinham mudado, e, satisfeita, pensei comigo que os brutos também são gentis.

Só que nenhum aviso amigo ou boa tarde sincero poderiam me preparar para o que estava para vir. Aconteceu um dia que eu estava por demais distraída no meu celular que não vi o ônibus se aproximar do ponto. Ele já tinha passado no embalo quando comecei a acenar e pular, feito boa idiota que sou, e eu já estava começando a pensar se meu dinheiro dava para um táxi quando, por um milagre, o ônibus parou no fim do quarteirão. Fui correndo até ele, entrei ofegante e mortificada, já imaginando o olhar gelado de desaprovação que ganharia do Harrison Ford, e quando cheguei na catraca, ele estava rindo. Rindo não, gargalhando. 

Da minha cara, óbvio.

Poderia me sentir ofendida, mas juro que prefiro ele se divertindo às minhas custas do que me olhando como se eu fosse incapaz, ou como quem acha que eu merecia ser atropelada por um ônibus. Ele estava rindo de mim, sim, mas ele também pediu pra parar fora do ponto pra me ajudar. E quando eu entrei ele podia ter tripudiado, ele tinha direito de tripudiar pois só idiotas muito profissionais perdem o ônibus por causa do Whatsapp, mas só tive um: foi quase, hein como reação. Pois é, moço, foi quase mesmo, obrigada pelo apoio, isso não vai se repetir.

Em poucos meses fomos do ódio à pena, e dessa pena parece que chegamos a uma estranha cumplicidade feita de acenos de cabeça, paradas de emergência, e parceria na hora de catar moedas espalhadas pelo chão. Como não andei de ônibus semana passada, hoje o tio Harrison comentou sobre minha ausência: tá sumida, mocinha, tava matando aula semana passada? Foi a maior quantidade de palavras que eu já ouvi saindo da sua boca, e eu boto fé que qualquer dia desses ele vai reclamar do calor, ou comentar sobre o futebol, ou até, talvez, me contar um caso sobre aquele romance da juventude que foi interrompido pela guerra. Porque os brutos também amam, e esse parece ser o começo de uma bela amizade. 

domingo, 9 de novembro de 2014

Muitos (!) filminhos dessa vez #8

Eis que o impensável aconteceu: dessa vez começo um post sobre filmes falando que andei vendo muitos filmes desde a última vez que dividi com vocês o que eu tenho assistido. Pois é. Fui bastante no cinema esses dias, mas o principal é que agora minha ~coluna~ no Move That Jukebox é semanal (toda segunda no computador mais perto de vocês #ad) e eu estou tendo que reforçar meu repertório, pois o estoque de pautas aqui é limitado. Então, além de ter visto muito filmes legais, vi filmes legais com música boa, o que sempre é maravilhoso. Eis a lista das últimas semanas:  

They Came Together (David Wain, 2014): Sabe quando você lê a respeito de um filme e fica tão louca pela proposta que larga tudo o que tem que fazer para assistir? Pois é, eu não sabia até ler a respeito de They Came Together. Eu literalmente larguei o que eu estava fazendo para baixar o filme e assistir. Mas sério, como não amar e obcecar por uma comédia romântica satírica que tem Amy Poehler e Paul Rudd como protagonistas, num pastiche com milhões de referências a outros filmes que amamos? I know right!! Gosto que o filme dá uma zoada nos clichês das rom-coms, mas não é malvado com elas. Dá pra ver que o roteirista é também um fã do gênero e brinca com amor com seus lugares comuns. Me diverti horrores, principalmente na hora de identificar todas as referências (são muitas!). 

Os Guardiões da Galáxia (James Gunn, 2014): Tanta coisa já foi dita e escrita sobre esse filme que sinto que estarei sendo redundante em defendê-lo, mas não tem como falar a respeito dele sem repetir que é o filme mais legal de super-herói que sai em muitos, muitos anos. Eu tinha visto o trailer (várias vezes) e tido zero interesse pela proposta, e só fui assistir porque precisava escrever sobre ele. Que alegria saber que eu estava totalmente errada! Esse quinteto improvável, direto do underground do catálogo da Marvel, me conquistou totalmente, por suas motivações bem pouco nobres e todas as quebras de expectativas que oferecem. O filme é histericamente divertido, tem piadas absurdas, um universo interessante e uma trilha sonora direto do melhor do pop rock dos anos 70, totalmente delícia. Vale muito a pena! 

Lucy (Luc Besson, 2014): Eu não costumo ver filmes de ficção científica. Nada contra, inclusive tenho amigos que gostam, só não é a minha vibe. Então o que diabos eu fui cheirar numa sessão de Lucy? Também não sei. A grande surpresa foi que eu terminei gostando muito do filme e me divertindo pra caramba. Não sei se pelos motivos certos, já que eu e meus amigos éramos as únicas pessoas de uma sala lotada gargalhando no final, mas o importante é se divertir, certo? Sei lá se é cientificamente coerente (né não, pois fiz o dever de casa e fui ler a respeito), tem milhões coisas que não fazem o menor sentido, mas enquanto entretenimento tá ótimo. Eu gosto do Luc Besson, e cheguei a comentar que o filme tinha um sei lá o quê que me lembrava Leon. Quando vi seu nome nos créditos, tudo fez sentido. Tá de parabéns, tio. 

If I Stay (R. J. Cutler, 2014): Essa é a parte que Chatanna assume o comando e vocês ficam com raiva de mim, porque gente, gostei bem pouco desse filme. Não, não li o livro, então posso estar sendo injusta com a história, mas senti que a trama era um monte de desgraça empilhada sem motivo algum a não ser apelar e fazer um dramalhão desses de colocar crítico de coração gelado pra chorar. Eu chorei minha alma pelos olhos, mas justamente porque o filme é muito perfeitamente manipulado pra tocar nos pontos certos e emocionar, mas se a gente tira isso a história não tem força nenhuma. E eu descobri que Carrie quebrou algo dentro de mim com relação à Chloe Moretz e talvez eu nunca mais goste dela num papel. Os pais da protagonista valem o filme, o gatinho do rock por quem ela se apaixona é gatinho mesmo, e as músicas são legais, tipo Strokes limpinho. Quer dizer... 

Heavenly Creatures (Peter Jackson, 1994): Que filme maravilhosamente estranho! Ele se passa nos anos 50 e é baseado na história REAL de duas amigas que tinham um relacionamento bem intenso, extremo, e juntas elas criam um universo paralelo. À medida que o filme evolui a linha que separa a fantasia da realidade é cada vez mais confusa, bem como aquela que as diferencia dos personagens que elas inventaram para si. As famílias de ambas começam a achar essa história muito estranha e tentam separar as duas, e digamos que as consequências disso são bem drásticas. É um filme bizarro, cheio de sutilezas e recursos narrativos legais, é chocante e meio assustador, vocês precisam mesmo ver.  É a estreia no cinema da Kate Winslet e com 19 anos ela já era um absurdo de tão boa. 

God Help The Girl (Stuart Murdoch, 2014): Esse filme surgiu no dia que o vocalista do Belle and Sebastian compôs uma música e viu que ela pertencia a um universo diferente daquela da sua banda principal. Outras músicas vieram desse mesmo lugar, e ele logo sentiu que aquilo tinha uma narrativa com potencial para servir de espinha dorsal para um musical, e então temos God Help The Girl. Stuart, te amo, mas o potencial que você viu não foi o bastante, porque esse filme não faz o menor sentido. Mas não é ruim. Eu juro. Ele só é limpinho demais, tipo fofo ao extremo, esteticamente impecável, a coisa mais hipster retrô brechó da Escócia que vocês podem imaginar, dá vontade de arranhar os olhos. As músicas são legais, o trio principal é lindo, as dancinhas são uma delícia, mas não esperem mais que isso. 

Friends With Kids (Jennifer Westerfeldt, 2011): Da série: aleatoriedades do Netflix. Comédia romântica com a trupe de Bridesmaids e Bachalorette, dois filmes que eu não gostei tanto assim, mas esse eu resolvi ver por um motivo chamado Adam Scott. Sei que não é proposta aqui, mas só eu que tenho vontade de ver mais histórias com amizades entre um homem e uma mulher que não acabe em romance? Sei lá, acho cansativo, principalmente porque é sempre a mulher que se apaixonada e ~não tem maturidade~ pra separar as coisas. Suspiro. O filme é previsível, engraçadinho, mas ficou na minha cabeça porque, de forma bem aleatória, toca não só uma, mas duas das minhas músicas favoritas. A Shot In The Arm e You Are What You Love não tem nada em comum, what are the odds?

Begin Again (John Carney, 2013): Acho que esse filme só é bom para quem nunca assistiu Once, musical irlandês maravilhoso do mesmo diretor. Isso porque Begin Again e Once são o mesmo filme, a diferença é o orçamento e a autenticidade. Once é espontâneo, foi filmado no improvido, sem roteiro fechado, pouca grana, etc. É simples, mas é maravilhoso. Já o Begin Again tem uma proposta de roteiro bem parecida, é muito bem feito, tem músicas ótimas, a Keira Knightley e o Mark Ruffalo são sempre maravilhosos, mas a história não parece real, sabe? É uma versão enlatada e superproduzida do primeiro filme, parece aquela banda com ótimas demos, mas que é totalmente descaracterizada quando vai pro estúdio e perde sua essência numa produção exagerada. Mas as músicas aqui acabam salvando a história

Annabelle (John R. Leonetti, 2014): Outra surpresa bem boa esse filme, meio que um spin-off de Invocação do Mal que, na minha opinião, acaba sendo mais legal que seu filme de origem. Pensei que um filme aparentemente sobre uma boneca do mal só poderia ser trash, mas Annabelle entrega um terror sutil, que me lembrou muito O Bebê de Rosemary (o melhor filme de terror que já assisti), e assustador pacas. Os sustos são ótimos e em vários momentos ele conseguiu me arrepiar a espinha, e isso de um jeito nada explícito, que brinca mais com as coisas que ele não te mostra do que com o que a tela mostra. Um monte de coisas não acontecendo pode ser mais assustador que uns bichos estranhos dentro de um armário. De contras, só a protagonista inexpressiva e o final fácil e bem brega. 

Garota Exemplar (David Fincher, 2014): Provavelmente a única pessoa que não fazia ideia do que esse filme se tratava, fui ver o filme com expectativas bem altas por conta do buzz que ele causou na internet, e saí de lá positivamente surpreendida. David Fincher, always a pleasure. Baseado no livro da Gillian Flynn que eu acabei de ler ONTEM, o filme é uma adaptação bacana dessa história a respeito, principalmente, da forma como nos acomodamos nos papéis que a sociedade nos impõe, e o quão assustador pode ser conhecer alguém de verdade. Tive alguns issues com o filme, que o livro conseguiu resolver bem, e terminei com um nó maravilhoso no cérebro, estou digerindo a história até agora. Não sei falar mais sem dar spoilers, então recomendo pra todo mundo, e talvez ver o filme primeiro seja mais legal. 

Boyhood (Richard Linklater, 2014): NÃO SEI O QUE DIZER, SÓ SEI SENTIR. Linklater fez aqui algo inédito no cinema: acompanhar um mesmo garoto por 12 anos e construir um filme a partir da sua história, com toques de ficção, mas muita coisa emprestada da própria vida do ator e contribuições do resto do elenco. São mais de duas horas e meia de filme onde pouca coisa acontece, mas é sensível e absurdamente lindo observar como pequenos eventos marcam a nossa vida e fazem parte da construção daquilo que iremos nos tornar. É a história de Mason, mas poderia ser qualquer um de nós. A trilha é um espetáculo particular, e o filme ainda nos apresenta o Black Album dos Beatles, feito com o que de melhor John, Paul, George e Ringo fizeram pós-Beatles. Idealizado por Ethan Hawke. Precisamos de mais?

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Taylor Swift Book TAG

Faz um milhão de anos que fui indicada para essa maravilhosa TAG pela Ana, do Oh So Fangirl, e pela Analu, do Minha Vida Como Ela É. Eu realmente queria respondê-la em vídeo, mas ando numa fase bem péssima diante das câmeras e meio que perdi o pouco de jeito que eu tinha para lidar com essas coisas. Eu pensei que fazer telejornalismo ia me ajudar nesse ponto, mas tudo que consegui foi falar de livros e músicas da Taylor Swift com uma entonação ridícula de apresentadora wannabe do Jornal Nacional. Vida que segue.

O importante é que um ser humano iluminado, mais especificamente a Sarah Jane, do canal The Book Life, teve a brilhante ideia de propor uma TAG na qual devemos relacionar LIVROS E MÚSICAS DA TAYLOR SWIFT! É ou não é a melhor ideia de todos os tempos? É sim. Ainda estou na febre 1989, por isso acho que não existe momento mais oportuno pra brincar disso. Para quem ainda não viu, semana passada eu contei um pouco da minha ~relação~ com a cantora e comentei todas (na verdade quase todas) as faixas do seu disco novo. 


1) We Are Never, Ever Getting Back Together (ou livro ou série que você estava amando, até que decidiu terminar pra nunca mais voltar): Já contei essa história antes, mas lá vai de novo: Eu li o primeiro livro da saga Crepúsculo quando eu tinha 14 anos e, nossa, foi uma experiência maravilhosa. Foram uns três dias de histeria completa, eu ligava para minha melhor amiga e nós relíamos juntas nossos trechos preferidos, nós dávamos gritinhos e passávamos a aula toda falando sobre isso. Fui no embalo e emendei Lua Nova, mas larguei o livro no meio assim que a Bella começou a morder os travesseiros de saudades do Edward. Se tem uma coisa que eu não sou nessa vida é obrigada a aguentar esse tipo de piti. 

2) Red (ou um livro com a capa vermelha): Tento organizar meus livros pelas cores, e boa parte da minha estante improvisada é composta de livros vermelhos, com a lombada vermelha ou com detalhes vermelhos na capa. Acho que Febre de Bola é o mais vermelho de todos, porque a não ser por esses desenhos pretos e o título em branco, ele é inteiro de um vermelho vivo, tipo o violão da Taylor Swift (que eu AMO de paixão). Falei bastante sobre ele durante minha semana de crônicas sobre a Copa do Mundo e acho que não poderia ter época mais apropriada para lê-lo. Nele o Hornby escreve uma espécie de autobiografia tendo como referência sua paixão pelo Arsenal, e apesar dele ser meio machistinha às vezes, quem gosta de futebol vai se identificar bastante, e quem não gosta vai ver o esporte de um outro jeito.

3) The Best Day (ou um livro que te deixe nostálgica): Essa foi bem fácil de escolher, porque eu li Nada Dramática, da Dayse Dantas, esse ano e o livro me fez revisitar um monte de coisas da minha época de ensino médio. Ele é bacana porque entrega uma experiência de escola brasileira bem diferente da americana, que é uma referência constante pra quem costuma ler YA. Outra coisa legal é que o ano de vestibular da Camila, a protagonista, foi extremamente parecido com o meu - tanto que ela até presta o vestibular da UFU - e foi divertido ver que eu não sucumbi à loucura sozinha e que em outros cantos tinha gente tão doida quanto eu.


4) Love Story (ou um livro com uma história de amor proibido): Eu jurava que teria várias respostas pra esse item, mas olhei minha estante e não encontrei *nenhum* livro com uma história de amor proibido. Então eu lembrei de Vampire Academy, com Rosinha e Dimitri. Eu gosto dessa saga porque ela não gira em torno do romance, muito menos a vida da protagonista. Ela e Dimitri não podem ficar juntos porque fizeram escolhas na vida que invalidam essa opção, e eles meio que entendem que existem circunstâncias maiores que os dois em jogo. Eu admiro eles por isso, e gosto ainda mais de Richellinha por ter apostado nisso. Várias coisas mudam ao longo da saga, mas o que me faz gostar tanto dela é tipo essa frase acima: os motivos para eles não ficarem juntos só me fazem gostar dos livros ainda mais.

5) I Knew You Were Trouble (ou um personagem mau pelo qual você se apaixonou mesmo assim): Então, eu realmente não tenho uma resposta. Eu poderia citar o Adrian, bad boy de Vampire Academy e Bloodlines, mas ele não é um cara mau. Ele é um anti-heroi autodestrutivo, mas que costuma fazer as coisas certas. Outra opção seria o Draco Malfoy, de Harry Potter, mas não foi o Draco da J.K.Rowling que me conquistou, e sim aquele das fanfictions. Acho que um dos motivos para eu nunca ter botado fé no casal Harry & Gina é porque eu fui lobotomizada por essas fics, e na minha cabeça Gina e Draco são o casal perfeito, e eu sou irremediavelmente apaixonada por ele. Culpem Miss Lali Diggory e outras autoras queridas do eterno Floreios & Borrões. SDDS!

6) Innocent (ou um livro que alguém tenha estragado o final pra você): Como vocês devem saber, a saga d'As Crônicas de Gelo e Fogo possui MUITAS mortes. Quando estava lendo o primeiro volume da série, uma amiga que também estava lendo veio saber em qual parte eu estava. Mas ela não simplesmente perguntou o que estava acontecendo, e nem qual capítulo eu tinha parado. Ela chegou perguntando: "VOCÊ JÁ CHEGOU NA PARTE EM QUE FULANO DE TAL MORRE?". Não, eu não tinha chegado. Quem leu vai saber quem é esse fulano. Preciso ser sincera e dizer que não chegou a estragar o livro pra mim, mas certamente diminuiu bastante o impacto do momento e eu nem pude torcer inutilmente para que esse Fulano de Tal se salvasse.

7) You Belong With Me (ou um livro que você esteja ansiosa para o lançamento): Não costumo acompanhar os lançamentos de livro e normalmente sou dessas que só fica sabendo depois que todo mundo já leu e comentou a respeito. Esse ano tive duas exceções: há alguns meses soube que a Amy Poehler, rainha do meu universo, lançaria um livro e fiquei bem ansiosa pra isso. Yes Please saiu semana passada e eu estou só esperando o dólar baixar para comprar, hehe. Outro livro que tem me deixado bem ansiosa é a coletânea de textos da Jessica Hopper, que deve sair ano que vem. Pra quem não conhece, ela é jornalista e escreve sobre música, e eu adoro seus textos na Rookie e na Pitchfork. The First Collection Of Criticism By a Living Female Rock Critic sai em maio do ano que vem. E como se soubesse que eu estaria respondendo a esse meme, ninguém mais e ninguém menos que Chico Buarque anunciou hoje que vem livro novo por aí, o que sempre é motivo para expectativas.

8) Everything Has Changed (um livro com um personagem que se desenvolve bastante): Arcos de amadurecimento pessoal são os meus favoritos, e acho que é por isso que eu gosto tanto de YA's e livros coming of age no geral. Fangirl, da Rainbow Rowell, foi um livro que ficou tatuado no meu coração pela sensibilidade com a qual retratou esse movimento. A autora conseguiu construir uma personagem que amadurece sem perder a sua essência, e a Cath é uma inspiração para todos os introvertidos por aí, porque mostra que ser assim não é um defeito. Ela nunca vai ser uma pessoa extrovertida e não precisa ser uma garota extrovertida. Se abrir mais pro mundo e para as outras pessoas são mudanças que não fazem com que ela seja menos ela mesma, mas simplesmente a deixam mais confortável nessa condição.


9) Forever and Always (ou seu casal literário favorito): Em vão tenho lutado comigo mesma e nada consegui. Meus sentimentos não podem ser reprimidos e preciso que permita-me dizer que acredito que vou ler todos os livros do mundo e nenhum deles vai fazer eu me sentir como eu me senti lendo Orgulho e Preconceito. Só de pensar em Lizzie Bennet e Mr. Darcy meu estômago é completamente devorado por intermitentes borboletas.

10) Come Back, Be Here (ou um livro que você não gosta de emprestar com medo de que não volte nunca mais): Já respondi numa outra TAG que não tenho muita frescura com isso, e o único livro que me deixou com ciúmes foi minha cópia de The Fault In Our Stars autografa pelo John Green (que é também o livro mais cheiroso do mundo). Para não repetir, vou confessar que teria mixed feelings em emprestar meu The Great Gatsby da Penguin Classics porque a jacket é linda, clara e super frágil, e a capa dura de dentro é toda branquinha. Pavor de sujar essa preciosidade.

Como muita gente fez, vou deixar minha contribuição com mais uma pergunta, referente a uma música de minha escolha:

11) Welcome To New York (ou um livro que se passe num lugar que você tenha vontade de conhecer): Sou meio que obcecada pela Rússia desde que assisti Anastasia pela primeira vez. Eu gosto muito da história do país, e acho lá um lugar louco pra caramba, com coisas bem diferentes de tudo que estamos acostumados. Anna Karenina, do Tolstói, faz um trabalho sensacional na hora de construir um panorama histórico do país num momento crucial, que é o fim do século XIX - ou quando tudo começou a mudar. Além disso, tem paralelos muito bacanas sobre as duas grandes cidades de lá, Moscou e São Petersburgo. E pra falar de Richelle Mead mais uma vez, no quarto volume de Vampire Academy, Blood Promise, Rosinha se aventura pela Sibéria, logo ali do lado, e eu fiquei doente de vontade de conhecer o lugar. Sim, a Sibéria. Me deixem.

Repasso a bola para Ana Mattos, pra Cacá, pra Larie, pra Iralinha, pra Del e pra Kat. Se alguma de vocês já tiver feito é só ignorar. E agora, além do Skoob, eu também tenho um perfil no Goodreads! Vou tentar manter os dois, então se quiserem podem me adicionar lá também, vamos ampliar nosso tricô literário!