domingo, 31 de maio de 2009

Uma semana em asteriscos.

* Tive um dia de cão segunda feira. Minha sinusite alérgica atacou de um jeito como há muito não fazia, passei mal a manhã inteira. Como segunda tenho aula de manhã e a tarde, foi só voltar pro ar condicionado dos infernos da sala de aula depois do almoço que voltei a passar mal. Quando cheguei em casa, à noitinha, eu estava tão mal, tão inchada, que tive até febre. Minha mãe me fez fazer umas quatro inalações num intervalo de tempo de menos de três horas. Sério.

* Acordei bem melhor, graças a Deus. Fui acompanhar minha melhor amiga, Naná, nas fotos que ela fez pro book dela, e pro convite da festa. Sabe, eu ia amar ser produtora de moda. Me diverti demais inventando looks e penteados pra ela, sem falar que é muito legal ficar lá no backstage das fotos, ajudando ela nas poses e tudo mais. As fotos ficaram muito boas mesmo, e eu estou até considerando a idéia de mamãe de tirar umas fotos também, mas isso, só depois que tirar meu aparelho, lá pra Setembro.

* Na véspera da temida prova de Matemática, passei o dia em cima dos livros. Durante a tarde fui revisar a matéria com umas amigas, e a noite tive uma aula particular de Física. Cheguei em casa e fiquei estudando até de madrugada, porque sismei em refazer todos os exercícios da apostila de Geometria e alguns de um livro que papai me emprestou, acho que estava tão nervosa que até perdi o sono.

* A prova de Matemática estava muito ferrada, mas mesmo assim eu me saí muito bem. Sacanagem do professor dar uma prova daquelas, até uma amiga minha, que é a pessoa mais inteligente que eu conheço, achou difícil. Mesmo assim eu fui muito bem, errei só uma questão. E a que eu não sabia fazer de jeito nenhum, eu chutei certo. Sério, foi um chute muito profissional, eu NUNCA acerto quando chuto, nun-ca!

* O segundo dia de provas foi bem tranquilo. Literatura, Química, Biologia e Inglês. Na verdade não fui muito bem na prova de Biologia, tirei 7 em 10 =/ Mas também, o professor não avisou que ele ia acumular matéria e deu umas duas questões de vitaminas, a matéria que eu nunca aprendi direito. Já nas outras, fui muito bem.

* Sexta feira eu fiquei o dia inteiro na escola estudando Física, e eu estava bem tranquila, porque tinha conseguido fazer uma lista de exercícios que o professor passou inteira e sem ajuda, até os exercícios de aceleração vetorial, que são os que eu mais me atrapalho. O desespero bateu quase meia noite, quando eu inventei de fazer uns exercícios da apostila. Eles estavam bem difíceis e eu pensei: "Beleza, né, concluo agora que não consigo fazer os exercícios da prova de amanhã! Zerei Física". Nem dormi a noite de tanto medo, mas, graças a Deus, o professor foi muito bonzinho e deu uma prova ridícula de tão fácil, ridícula mesmo! Ele copiou uns três exercícios da lista que ele tinha passado pra gente!

* Depois da prova, fui com vários amigos pra casa do Caio. Tinha sido aniversário dele na segunda, e no sábado rolou um almoço de comemoração. Tava todo mundo tão morto por causa da maratona de provas, que foi meio desanimado. Acabou que passamos a tarde inteira amontoados um em cima do outro no sofá, assistindo Forrest Gump (finaaaaalmente assistiiiiii!!!).

* Cheguei em casa no fim do dia e estava tão morta e quebrada que nem aguentei ir na igreja nem sair a noite, e olha que o pessoal ia pra uma churrascaria. Só tomei um banho e fiquei lendo, nem consegui ver meu tradicional filminho de sábado à noite.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Fazendo a Maysa.

Porque, vamos combinar, né, essa coisa de drogas, whisky, mundo caído e cigarros amanhecidos é so last week. Hoje ninguém mais liga quando a Amy aparece com uma queimadura gigante na perna, e a história da Lindsay Lohan pegar a Samatha Ronson e trocar farpas com a amiga em público também já tá batida. Agora a onda é outra, sing with me!

"Todos dizem que eu estudo demais
E que ando me esforçando demais
Que essa vida de cdf não serve para nada
Andar por aí, livro em livro... fórmula em fórmula...

Se um dia eu cair, podem culpar minha vida escolar."
O problema sério é que agora, na iminência das provas (começam amanhã!) eu ando preferindo fazer outra Maysa, bem diferente da que canta essa música, sem grandes olhos azuis cheios de delineador, sem a cara de ressaca, mas com o mesmo clima de fossa.




sábado, 23 de maio de 2009

A assustadora verdade sobre os Beatles.

Sem cerimônia para notícias trágicas que podem mudar sua vida: Beatles foi a primeira grande boyband. E não é qualquer boyband não, é uma com tudo que tem direito: membros parecidos se vestindo igual, fãs chatas e histéricas, notícia em tudo quanto é esquina, explosão de venda de cds (lps no caso né, velhos tempos) e o resto é só abrir Capricho e Atrevida que dá pra ter uma noção.

Evidência 1: As músicas. O primeiro disco deles, "Please, Please Me", só tem baladinhas felizes de dois minutos e pouco. Românticazinhas, doces e tão amor que chegam a ser chatas. Seu sucessor, "With The Beatles" não é muito diferente, apesar de já apresentar alguns sinais de maturidade musical como em "'Till There Was You" e "All I've Gotta Do". Ainda assim, se você for ouvir as primeiras músicas do Mcfly, não é nada diferente. Músicas fofinhas para derreter o coração de menininhas apaixonadas. Já o "Hard Day's Night" ainda que seja super cultuado e cheio de clássicos, não passa de um apanhado de músicas que eu consigo enxergar tocando num baile de inverno no ginásio de uma high school, aquele monte de meninas com seu vestido cor-de-rosa e cabelo cheio de laquê, e os garotos, jaquetas perfecto e cabelo cheio de brilhantina, tentando se dar bem na noite ao som de "I'm Happy Just To Dance With You".

Não estou desmerecendo os trabalhos, todos são muito ótimos, o "With The Beatles" é um dos meus favoritos. Temos que lembrar que antes deles, praticamente ninguém tinha feito algo assim. A cena musical da época era dominada pelo blues e jazz, a parte significativa de rock vinha do Elvis, Chuck Berry e tal. Eles foram os pioneiros em praticamente tudo que foi lançado, e o incrível está na anacronia das músicas, você as ouve hoje e percebe que ainda é muito atual.

Evidência 2: As fãs. Vocês queridas Mcfly e Jonas Brothers maníacas deviam se envergonhar, porque as fãs dos Beatles davam de dez a zero em todas vocês em relação à histeria. Meninas desmaiavam nos shows, faziam coisas terrivelmente malucas para chegar perto deles e inclusive, na primeira visita deles aos EUA, os gritos de uma pessoa sendo esquartejada em um hotel foram ignorados porque os caras do hotel pensaram que fosse só mais uma fã histérica do show dos Beatles, que acontecia ao lado. Para vocês terem noção, a MTV só existe por conta deles. Os videoclipes se tornaram populares porque os Beatles não podiam estar em todos os lugares que eram requisitados, então gravavam apresentações para serem exibidas nos programas de tv estilo Faustão. Chupem essa manga.

Evidência 3: O estilo. Os Beatles além de sacolejarem o mundo da música, entraram também pro mundo da moda. Nas apresentações eles sempre apareciam com seus ternos perfeitamente cortados, todos combinando, assim como o corte de cabelo - igual para todos. O corte de cabelo dos Beatles ficou mundialmente conhecido, inclusive foi batizado de Moptop (lembra alguma coisa?) e é super copiado até os dias atuais. Os garotos, loucos para pegar um pouco do borogodó do fab-four e ter alguma moral cas mina, viravam clonezinhos alegres dos garotinhos de Liverpool, e tem bandas que até hoje bebem desse fonte, as bandas mod, como o Faichecleres, Relespública e Cachorro Grande, aqui no Brasil.

E pensando em tudo isso, nada consegue me vir a cabeça, senão essa imagem, burnin' up my feelings:

Mas, para mudar o fim dessa história veio o festival de Woodstock, o Bob Dylan e a genialidade dos quatro cada vez mais aflorada. Saem os ternos bem cortados e as músicas felizes, entra o LSD, as barbas grandes, as batas hippies e os cabelos mal cortados e um apanhado de trabalhos geniais, como "Abbey Road", "Revolver" e "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band" e meu amor por eles segue inabalado. Coisas lindas, amo vocês.


quarta-feira, 20 de maio de 2009

A lisergia dos chicletes ácidos.


Perto da minha escola, tipo um quarteirão acima, tem uma loja de atacado de coisas erradas. Lá se encontra de tudo que é muito bom a preço de banana e em quantidades industriais, tipo chicletes, balas, bombons, caldas de sorvete e milhões de confeitos diferentes pra doces. Sempre tem alguém que inventa de passar lá pra torrar dinheiro com mil porcarias e chegar na escola depois com um saco de papai-noel e aquele monte de amigo pentelho atrás mendigando um pirulito com açúcar adicional (isso existe, e é ilegalmente comercializado na escola por R$0,25 o pacote).

Segunda-feira Matheus me surge com uma caixa de Baba de Bruxa, e eu, como não lembrava do gosto nem da graça, ignorei. Isso até que Naná pede um, põe na boca e de repente começa a fazer muitas caretas, a ficar vermelha, a bater na mesa como se estivesse tendo um ataque epiléptico e a colocar a língua cheia de corante pra fora e a gritar. Exageros à parte, depois de 45s de escândalo ela disse: "Nossa, isso é bom, me dá outro!" como quem bate na mesa e pede mais uma carreirinha de cocaína. (não)

E isso me fez lembrar que há longínquos dois anos atrás, quando nós duas fazíamos vôlei juntas, todo dia depois da aula comprávamos um monte desses chicletes ácidos, enfiávamos uns dois na boca e depois bebíamos água gelada. Tudo pelo puro prazer de querer arrancar a língua com a faca da cozinha e depois ir sentindo um alívio gostoso. Tipo quando você come Super Lemon pela primeira vez sem saber que é uma Super Lemon.

Meio segundo depois da lembrancinha, lá estava eu enfiando um desses chicletes na boca. É estranho porque é muito ruim, é aflitivo e você fica com a sensação de que precisa cuspir aquilo na hora, e juro que eu tenho que fazer força para não fazer isso involuntariamente. Meu amigo Lucas diz que é frescura nossa, que nem é tão ruim assim e tal, mas ele que fica se fazendo de durão que eu sei. O importante é que nós conseguimos em uma tarde, acabar com uma CAIXA de chicletes ácidozinhos, porque depois que passa o efeito, apesar de ser gostosinho, perde totalmente a graça.

* Gente, que polêmica esse último post causou, haha! Esclarecendo dúvidas: eu sei que eu perdi a carteira na viagem porque foi assim: estávamos no ônibus, voltando pra Ubers e paramos pra comer. Eu estava com a carteira até então, porque paguei o pastel. Daí eu subi no ônibus com a carteira, e sei que saí sem ela. Tenho certeza absoluta que ela caiu da minha bolsa, porque eu estava com uma bolsa dessas tipo de praia lo-ta-da de todas as coisas que eu não consegui socar na mala, e a carteira ficou bem por cima. Como tava de noite, ônibus escuro, pluft, a carteira caiu. Fui dar falta só uma semana depois, liguei na companhia do ônibus, mas aí já era certo que alguém já tinha surrupiado a carteira, né? E fim da história.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Enquanto isso, no lugar onde se tira um RG...

Na minha viagem de formatura consegui perder (não sei como, nem aonde) minha carteira de identidade, uma carteira da Kipling e uns cem reais. Isso no final de novembro. Daí que eu fui me dar conta dessas perdas uma semana depois, quando papai estava comprando pela internet minhas passagens para ir para São Paulo, e pediu o número do meu RG. Eu gelei quando me dei conta que não sabia onde ele estava. Gelei mais ainda quando olhei em todos os lugares possíveis e ele não estava. É, eu tinha perdido. Eu precisava tirar uma segunda via logo, mas também não achava a certidão de nascimento. A única solução era eu fazer uma segunda via da certidão e viajar com ela mesmo, mamãe até disse que a vergonha que eu passaria carregando certidão de nascimento pra lá e pra cá seria um ótimo castigo. Dos males, o menor.

Procrastineira como seu, só sexta feira me dignei a fazer um RG novo, porque por mais que meus pais impliquem e digam que é errado e perigoso (?), o único lugar onde eu realmente preciso de uma identidade é no cinema, e lá eles aceitam de bom grado a certeirinha do colégio, então, tudo numa nice. Arrumei os papéis e passei lá antes da aula de teatro, e enquanto estava na pia imunda amaldiçoando o cara que além de sujar MUITO meus dedos, sujou as unhas também e com medo de pegar Aids se encontasse em algum lugar, eis que surge uma mulher.

- Moço, eu tenho aqui uma procuração, vim fazer a identidade do meu filho, pode?
- Se você trouxe os dedos dele, sem problema.

Foi bobinho, mas me fez rir alto.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Luz do outono.

Não tinha real necessidade de sair de casa, em qualquer outro momento eu daria uma desculpa esfarrapada (minha especialidade) para permanecer dentro do meu roupão quente e macio, sentada no tapete fofo, lendo com a coluna torta, mas enfim, saí. Era início de tarde de sábado, e o bairro se mostrava mais quieto que o normal. Moro num bairro cheio de árvores felizes e pequeninos prédios fofos, que normalmente se intercalam com mini-armazéns onde se vende de tudo - de sabão em pó a peito de peru fatiado. Não havia quase ninguém na rua, apenas os porteiros dos prédios conversando entre si.

O céu estava muito azul, sem nuvem alguma e o sol brilhava esplendorosamente. Apesar disso, ventava frio, e eu sentia que meu moletom verde com bolsos de canguru não fora suficiente pra me esquentar, já que estava de shorts. Abracei a mim mesma, comprimindo as mãos geladas nos bolsos flanelados, e tal situação que faria nada mais que aborrecer-me, dessa vez levava-me a um sentimento de enorme plenitude. Eu simplesmente me sentia tão bem comigo mesma, com tudo, com o céu azul e o vento gelado, esse contraste gostoso que tem jeito de cidade pequena alemã que só o outono nos traz.

Nem percebi que estava quase chegando à locadora, atravessei sem ver o cruzamento enorme e perigoso que sempre me deixa plantada esperando vários minutos, até tomar coragem de atravessar - correndo -, devido ao semáforo confuso. Preciso aprender a atravessar a rua. Entrei na locadora, que estava quentinha, pus os óculos escuros na cabeça e comecei a andar saltitante em meio as estantes de dvds, bobamente passando a mão em todos, igual eu costumo fazer nas livrarias. Um homem não parava de me olhar divertido, vai ver eu estava apenas sorrindo sem ver.

* Se eu fosse vocês leria isso ao som da música que entitula esse post, da charmosa banda paulista Lestics, que vocês podem conhecer pelo Myspace, ou pelo site, onde o álbum está disponibilizado na íntegra.
** Gente, gostei tanto dos comentários do último post, gostei mesmo. Me senti bem melhor, e gostei de vocês compartilhando experiências comigo.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

O grande #fail da minha vida.

Se tem uma coisa que eu sempre pude me orgulhar é que eu nunca tive problemas com a escola. Apesar da matemática sempre me assombrar, nunca deixei de ir bem na matéria (ainda que para isso eu tivesse que passar o fim de semana fazendo exercícios com meu pai). Sempre tive meu tempo de estudar, e o fazia muito bem, na época de provas me estressava, óbvio, senão não estaríamos falando de mim, mas tudo dava certo no final. Até, óbvio, o resultado das bimestrais.

Se eu nunca na vida tirei uma nota vermelha (abaixo de 60% na prova, não é recuperação!), agora eu tenho três manchas muito sangrentas no meu histórico, e o pior: em matérias que eu gosto, e que sempre me dei muito bem. As que não foram vermelhas, não foram assim tão satisfatórias pra me fazer relevar as ovelhas vermelhas, e semana passada estive muito mal diante de tudo isso. Segunda feira pensei que meus olhos fossem sair do lugar de tanto chorar. Só não suporto as pessoas que pensam que é impossível uma coisa assim me afetar dessa maneira, falar que é besteira minha, que eu sou capaz e blablabla. A questão não é essa. Existem poucos sentimentos nesse mundo tão amargos como o orgulho ferido, e olha que o meu foi ferido com o mais profundo sectumsempra, é uma coisa que eu nunca tinha vivido antes, e com essas assuntos de escola eu sempre me exigi o melhor, e meus pais também - é a única coisa que eles me cobram!

Meus erros foram todos tão estúpidos! Erros de falta de atenção, erros de nervosismo. Preferia ter errado por não saber nada de nada, porque aí eu teria uma justificativa plausível. Eu sabia tudo que eu errei, não me canso de dizer isso pra mim. Ai, meu pobre orgulinho, como dói quando vejo que errei uma ADIÇÃO e por isso perdi a questão inteira! Ou como cheguei ao absurdo de escrever que a massa do próton é 10.000 vezes MENOR que a do elétron. Ou como misturei sentido conotativo e denotativo (esse vai me assombrar pra sempre)! Eu fico muito nervosa em época de prova, tremo, passo mal e muitas vezes quando termino a prova estou tão de saco cheio que nem quero revisar, de tanta vontade que me dá de rasgar tudo. Quer coisa pior do que ver duas orelhas de burro crescendo na cabeça sendo que a culpa é toda sua, seu desensofrimento maldito?

Meu consolo é que todo mundo foi mal também, acho que não tem uma pessoa na escola que pode dizer que ficou hiper satisfeita com seus resultados. Todos dizem que primeiro bimestre de primeiro colegial assusta, e isso é natural. Eu repito isso pra mim várias vezes, mas acho que de tanto meus pais falarem que eu não sou todo mundo (quando eu lamento "mas todo mundo foi mal!"), essa tática tem falhado. Tudo isso só foi bom por um motivo: já sei como é, sei que é ruim e pelo menos terei uma experiência de vida pra contar e um assunto pra post.

Já estou bem melhor, consigo pensar e falar dessas coisas sem começar a chorar inconsolavelmente e a ter tiques nervosos e começar a respirar igual ao meu cachorro desesperado. Preciso só aquietar a Hermione Granger de dentro de mim e arranjar uns Florais de Bach para tomar nas próximas semanas, e vencer, pelo amor de Deus, essa ansiedade que me consome! Pelo menos eu não perdi a moral com os professores, haha. Já deixei vários posts prontos para essa semana, que estarei muito ocupada com um trabalho que vale 5,0 pontos por matéria, preciso sair muito bem, porque - nunca pensei que diria isso na vida, mas - preciso de nota!

domingo, 10 de maio de 2009

Dona Angel,

Minha mãe é a única no mundo que me liga gritando porque tá ouvindo Rufus Wainwright no rádio, e coloca o telefone no alto falante pra eu ouvir, mesmo que fique tudo chiado e eu conheça as músicas de trás pra frente. É a única que me incentivava a beliscar as coleguinhas de escola quando estas me passassem pra trás, e é a única que tem paciência de me ouvir chorando por um motivos bobos como uma franja mal cortada. Eu amo muito ela por isso, e por outras coisas. Dona Angel, você é muito ótima, e sabe bem disso.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

LosHermania.

Numa tentativa (frustrada, com certeza) de neutralizar a babação de ovo absoluta que virá a seguir, preciso dizer que há pouco mais de um mês atrás eu ainda engrossava a fila daqueles que eram do lado anti-Los Hermanos da Força. Da música deles confesso que conhecia bem pouco, no máximo uma "Anna Júlia" completa e um trechinho de algumas outras aqui e acolá, e saía dizendo a torto e a direito que eles todos eram uns chatos, uns estrelões antipáticos (menos o Amarante, eterno querubim do Olimpo da minha profunda estima) e eram todos toupeiras coloridas que amavam fazer letras Marina Person e se recusavam a tocar o clássico dos clássicos nos shows. Durante o show deles na abertura do Radiohead, fiquei boiando muito, e triste porque estava sendo muito foda, e eu queria estar lá pulando e cantando com o pessoal, não só balançando a cabecinha, balbuciando os refrões. Impressionante como a banda extrema as opiniões, é 8x80, tem aqueles que amam, que choram (como eu vi muita gente fazer no show) e aqueles que odeiam, xingam, metem bronca (oi passado). Depois da vergonha passada lá, cheguei em casa e pus-me a pesquisar sobre a banda. Baixei toda a discografia e me ouvi tudo devagar, com cuidado.

Me encantar não foi nada difícil, ainda que tenha começado minha empreitada com o primeiro cd bizarro deles. Flertando com vários gêneros musicais, principalmente o rock, o samba e a bossa nova, o Los Hermanos faz um som diferente, leve, desses que a gente certamente iria querer como trilha sonora na ilha de Lost. Não sei quem foi a criatura errada que berrou que as letras dos caras eram sem sentido e cabeça-wannabe, porque a maioria me pareceu de uma poesia ímpar (sempre quis dizer isso) e além de entender muito bem as mensagens passadas, me identifiquei com tanta coisa! Verdades deslavadas muitas vezes sendo jogadas na nossa cara com a voz suave do Camelo (que ainda é uma mula pra mim), fazendo-nos relevar o conteúdo. Como o carnaval de época, que eles tanto cantam; a chamada época de folia, cheia de suas marchinhas que contam histórias de pierrots apaixonados que choram pelo amor da cooooooooooooooooooooolombina e todos cantam, felizes, atirando confetes para cima. Um tantinho irônico, não? Mas não é disso que o mundo é feito? Um monte de pessoas tristes que atiram confetes e serpentinas pra aparentar que vai tudo muito bem, obrigada.

Em um desses feriados, viajei para a micro-cidade-roça de vovó, e a trilha do caminho, obviamente foi Los Hermanos. Escolhi o "Ventura", o meu preferido deles, que durou exatamente da saída daqui, até a chegada lá e foi particularmente gostoso ver a estrada passando sem fim e cantarolar baixinho tudo aquilo. Minha mãe achou um máximo, tudo lindo. Acho que hoje já posso dizer que sou uma "loshermânica" e escrever isso na testa, ou então fazer virar camiseta e sair por aí, rodopiando na toada das trombetas a medida que a voz rouca do Amarante me diz pra onde ir. Aiai, esse monte de floral, xadrez, fita na testa e mais tendências hippies da moda estão afetando minha vida, sério.

• O primeiro cd me assustou um pouco, porque ele é muito ruim. Eles se metem com um hardcore desesperado ao mesmo tempo que tentam cantar sobre melancolias de solitários carnavais. Eles inclusive deveriam venerar "Anna Júlia", porque se não fosse por ela, mas sim pelo cd, eles nunca teriam emplacado, prontofalei. Além da supracitada, salvo "Pierrot", "Tenha Dó" e "Aline".

• Já o "Bloco do Eu Sozinho" revolucionou muito o estilo dos caras, é totalmente compreensível o buxixo que causou quando foi lançado. É um cd muito bom, já com alguns clássicos, como "Todo Carnaval Tem Seu Fim" e "A Flor". Ainda tropeçam em alguma coisinha por resquícios do hardcore amalucado do trabalho anterior, como em "Tão Sozinho". Por outro lado, o trabalho conta com algumas coisas bem incríveis, como "Sentimental", "Casa Pré-Fabricada" e "Retrato pra Iaiá" e "Assim Será".

• "Ventura" pode ser considerado um álbum perfeito, tem um errinho em "O Pouco Que Sobrou", mas é irrelevante. Cheio de clássicos ("O Vencedor", "Último Romance", "Cara Estranho", "Deixa o Verão"), me faz delirar do início ao fim. Não consigo dizer quais são minhas favoritas, mas se estou com pressa, começo a ouvir de "O Vencedor", e na sequência passo por "Último Romance", "Do Sétimo Andar", "A Outra" (amo, amo, amo, amo), "Cara Estranho" e "O Velho e o Moço". Baita tracklist pra um cd só, hein? Se tu quer aprender a ouvir Los Hermanos, começa por aí que não tem erro.

• O último cd lançado, "4", é o que eu menos conheço, ainda não tive paciência pra ouví-lo completo por mais de duas vezes. Talvez aí finalmente encontremos a arrogância da banda, com canções pretenciosas e - eu sou obrigada a concordar com a criatura absurda citada citada acima - nonsense. Destaco "O Vento" e "Dois Barcos", que eu gosto particularmente.