domingo, 31 de março de 2013

Aquele emocionado e eufórico que vem depois de todos os shows

Pense num homem bonito e multiplique por, sei lá, 37k
Vocês já sabem o que eu vim contar, mas eu gosto de começar do começo, e a história de hoje começa na noite de quinta, comigo assistindo How I Met Your Mother, já em São Paulo. No episódio em questão, Barney convida Ted pra um programa muito, muito errado, e recebe um não como resposta. The Barnacle, no entanto, tem uma dificuldade enorme em ouvir nãos, e logo se colocou a argumentar, ensinando Ted que, diante de algumas situações, a gente sempre deve se imaginar 20 anos depois, contando aquele caso pros filhos. 

Acho essa uma ótima forma de se motivar a sair da zona de conforto e fazer algo que seu juízo perfeito não permitiria, da mesma forma que é um consolo bem razoável quando você se vê diante de uma roubada. Meu feriado foi um misto das duas coisas, com algumas horas mágicas e inesquecíveis ali no meio. 

Vocês lembram de como tudo começou: Killers, top 5 bandas da vida, anos de história, ai que saudades eu sinto da aurora da minha adolescência que reprises de The O.C. não trazem de volta, etc, etc. Lembram do meu amigo tão fã quanto eu? Pegou dengue. Menos de uma semana pro show e ele pegou dengue. Ouviu de Deus e o mundo que era loucura ir pro festival daquele jeito (e realmente foi loucura) e que haveria outra oportunidade. O fato dele não ir ao show não ia acabar com todos os planos, o show iria acontecer, eu e meus outros amigos estaríamos lá, mas não seria o sonho, sabe? O sonho era a gente lá embaixo da chuva ouvindo "All These Things That I've Done" e não ia ser o mesmo se faltasse um pedaço. 

Ontem, depois do show, ele disse que quando eu fosse escrever sobre a noite era pra dramatizar bastante, dizer que ele desmaiou no meio e mais um monte de coisa. Mas acho que só o fato de ter passado as horas de espera do lado dele, a pessoa mais faladeira que eu conheço, sem dizer uma palavra, foi um drama bem verdadeiro e bom de virar história. E quando a gente estava na rua depois do show, o metrô fechado, e táxi nenhum passando, eu só pensava no momento que a gente riria daquilo, contando pros filhos daquela noite em que a cidade que eu tanto amo se mostrou fria e hostil pela primeira vez e como tudo era irrelevante porque as horas anteriores compensaram todo o medo que eu tive de não voltar pra casa - porque eu sou dessas.

Mas depois da doença e antes do medo de dormir na rua, tivemos uma hora e meia sem parar com os pés no chão, gritando alucinadamente e tentando entender como pode Brandon Flowers conseguir segurar um show agitado como aquele cantando, dançando, sorrindo e sendo maravilhoso o tempo inteiro - enquanto no meio de Mr. Brightside, a primeira música, eu já queria ficar sem voz. O corpo quis, mas eu cantei até a garganta doer e pulei tanto que acho que cheguei num estado que meu corpo se movia pra cima e pra baixo por inércia. Não sinto a ponta dos dedos dos pés direito até agora, mas ai que anestesia maravilhosa! 

Foi muito rápido e muito devagar, se é que isso é possível. Eu pisquei e o show acabou, mas ao mesmo tempo sinto que passei uns 3 meses em outra dimensão quando tocou "Miss Atomic Bomb" ou quando Brandon pegou aquele baixo pra cantar "For Reasons Unknown" (sim, o universo leu meu post!). E haja realismo fantástico de Gabriel García Marquez pra me ajudar a descrever os anos que couberam dentro de "All These Things That I've Done", abraçada aos amigos tão amados, nossa música embaixo da chuva fininha, como a gente sempre sonhou que seria.

Acho bem honesto reclamar dos perrengues que a gente passa dentro de um festival, principalmente aqui no Brasil, e uma das primeiras coisas que pensei quando o Killers anunciou o show deles foi: merda, vou ter que ir no Lolla, mas não invejo nenhuma das pessoas que estavam no sofá enquanto eu ficava em posições constrangedoras pra aliviar a dor na coluna, porque transmissão nenhuma capta a energia maravilhosa que rolou durante "A Dustland Fairytale" e quem estava deitado de boa não sentiu a plateia vibrando com "Jenny Was a Friend Of Mine" emendada com "When You Were Young" - essa última que colocou Brandon de joelhos.

E isso eu também vou contar pros meus filhos daqui 20 anos, e espero não perder o raio prateado que consegui pegar da chuva de papel picado, que é pra dar mais emoção pra história. Ou não, né, porque mostrei pra minha mãe cheia de orgulho e ela disse que bom mesmo é a gente ficar feliz com pouco. É uma questão de ponto de vista, mas sei que vou limpar meus coturnos cheios de lama sem um pingo de arrependimento, lembrando the way that golden night was e tendo certeza que ela não faz ideia do que diz.

Porquinha, mas eu que tirei

sexta-feira, 22 de março de 2013

Você é chata, Min Green, e foi por isso que a gente acabou

I definitely don't
Eu gosto de gostar das coisas, sabe? Já disse isso quando confessei a vocês que queria demais ter amado Os Miseráveis e não amei, e hoje venho dizer o mesmo sobre um livro. Gostar é muito melhor que gongar, se apaixonar é muito mais satisfatório do que debochar, e eu queria tanto não ter tido vontade de tacar um livro bonito como esse na parede! Mas eu quis, e acho que só não joguei porque não era meu. Falo de "Por isso a gente acabou", do Daniel Handler, livro que a internet amou quase em uníssono e eu estou vindo aqui provocar mágoas e instigar as talifãs a me chamar de recalcada porque não consegui gostar. A Marie e a Nina falaram a respeito dele de um jeito muito apaixonante e foi por isso que quis lê-lo. Portanto, acho justo compartilhar as impressões delas com vocês. 

E eu fiz um vídeo falando um pouco sobre o que achei e queria saber também a opinião de vocês. E o vído é spoiler-free, então sem desculpas.

quinta-feira, 21 de março de 2013

Quem é você, Deyse?

Pois bem, vamos lá de novo para toda aquela história que vocês já ouviram e que eu vou repetir porque sim: coisa linda nessa vida é encontrar gente por aí, gente que você nunca imaginava que fosse encontrar. Como vocês querem que eu não fale de arte e de encontros e estrelas cruzadas quando estou aqui nessa noite chuvosa escrevendo para uma amiga que mora a 2.334 (dois mil trezentos e trinta e quatro) quilômetros de distância de mim e que eu já amava antes mesmo de finalmente abraçá-la quando nos encontramos no meio do caminho?

Sei lá há quanto tempo acompanho a Deyse, mas lembro que achava seus textos muito bonitos, confessionais e cheios de um sentimento de urgência que eu admiro tanto. E aí que eu sempre ficava me perguntando se ela escrevia sobre a vida dela ou se inventava histórias, até que ela própria escreveu que a ficção nada mais é que uma verdade mal contada (que é o nome do seu blog), e depois desse tapa na cara me calei aqui com os meus botões. Até então ela era Deyse (que tempos depois fui saber que era Deíse), séria, brava, inteligente e talentosa, e eu já gostaria muito dela só por isso, mas bom mesmo foi conhecer a Dedê.

Porque a Deyse é a dos textos incríveis, mas a Dedê é a dona de uma das histórias mais engraçadas e absurdas que eu já ouvi em toda minha vida. Recentemente ela estava meio tristinha e disse que às vezes se perguntava se nós não gostávamos dela só por causa dessa história, e hoje, dia 21 de março, seu aniversário, eu queria dizer que é claro que não. 

Não vou contar que história é essa não porque eu seja malvada e queira deixar vocês curiosos, mas é porque se ela nunca contou essa história fantástica, não sou eu que o farei. Mas suponhamos que seja uma história fabulosa nível a pessoa ter caído dentro de uma cova que não estava vazia. O dia que ela contou isso eu ria tanto que pensei que tivesse sonhado com aquilo tudo, mas não. Eu contei o caso pras minhas amigas, pros meus pais, pros meus avós e mesmo já tendo repetido incontáveis vezes eu ainda começo a rir só de lembrar.  E por um tempo ela foi mesmo a Deyse da Cova (hipotética), nos pacotes de presente e no nome do contato do meu celular, mas jamais foi só isso. Existe muito mais do que uma cova profunda entre uma Deyse e uma Dedê do que supõe a nossa vã filosofia, e feliz é aquele que tem o privilégio de desvendar tudo isso.

A Deyse da Cova também é a amiga maranhense que andou por São Paulo carregando mais de dez garrafinhas de Jesus só pra que a gente tivesse a chance de experimentar o guaraná com gosto de Trident de tutti-frutti. E eu não tomei o meu até hoje e a garrafa está na minha mesa desde o fatídico agosto do ano passado, porque olhar pra ela aqui é lembrar da Dedê e daquele fim de semana mágico que a gente virou irmã. Estávamos todas vivendo um momento de amor e bichice na Avenida Paulista quando ela, que sobrou ali no meio, perguntou se ia ser a única a não ganhar abraço. Bastou para que a Renata a adotasse também, e é bem verdade que ela tava precisando de uma filha que representasse o lado eficiente da família, porque as coisas pro meu lado vocês sabem como funcionam. 

A Deyse da Cova também é a Deyse da Monografia, que fez um trabalho tão lindo e tão cheio de amor que eu encho a boca pra contar pros meus pais que minha amiga escreveu a primeira monografia sobre Caio Fernando Abreu da região Nordeste, coisa que já é fantástica por si só e eu nem tive a chance de ler o trabalho ainda. Sei que é incrível porque eu fui pedir uma dica pra ela de iniciação no universo desse escritor e ela falou tanto, e tão bem, e com tanta propriedade, que eu me senti imensamente orgulhosa de ser amiga de uma pessoa tão boa no que faz. E olha que até o ano passado ela fazia duas faculdades e tenho certeza que não era nada pela metade ou mais ou menos (porque é filha da Renata, afinal). Já tive prova disso porque foi ela que redigiu o Estatuto da Máfia e é necessário uma escrivã pra lá de competente para transformar nossas bobagens e piadas internas num documento de aparência muito séria e respeitosa. 

A Deyse da Cova também é a Deyse que não tinha meias, a que sente saudades do mar depois de um fim de semana longe dele e aquela que diz que eu como coisas estranhas. Nunca mais consegui ir ao Spoletto sem olhar pra minha comida e rir ao me lembrar da cara dela encarando nossos pratos, meu e da Mayra, e dizendo que aquilo era esquisito. Dedê é aquela que experimenta condicionador de cabelo e que ainda vai me levar pra comer caranguejo no Maranhão. A que não consegue parar de comprar livros e que tem a coleção de sapatilhas mais invejável do universo. Deyse é a Dedê dos Hamsters, que fez meu celular vibrar incessantemente enquanto eu fazia prova porque resolveu fazer uma cobertura ao vivo do parto de sua Hamster, a digníssima Hazel.  E se hoje eu solto curiosidades sobre a vida dos hamsters na mesa do almoço, é porque eu aprendi com a Deyse, aquela minha amiga cuja hamster pariu dez filhotes semana retrasada. Deyse é a amiga dos vídeos, porque minha avó me ouviu rindo alto de um vídeo dela e ficamos as duas gargalhando horrores enquanto Dedê dissertava sobre os bichos na sua cabeça e as metáforas pobres da Clarissa Correa. 

E é por isso que eu digo que não Deyse, a gente não te ama por causa da cova, porque qualquer um pode cair numa cova, mas só você consegue transformar isso na melhor história de todos os tempos, porque é dona de particularidades tão lindas, tão suas, que um tropeção na calçada se tornaria o caso mais engraçado de todos. Se toda ficção é uma verdade mal contada, a vida através dos seus olhos, com seu sotaque lindo e suas palavras acertadas, é uma realidade tão bem contada que parece ficção, e eu sou muito grata por ter a chance de compartilhar um pouco dela com você. 


Feliz aniversário, Dedê. <3 p="">

terça-feira, 19 de março de 2013

Perry, o ornitorrinco

Eu nunca tinha assistido Phineas e Ferb até ontem. Querido leitor, segure bem firme seu queixo que insiste em cair, que como todo assunto que trato neste espaço, esse também vem com uma história de brinde. Como eu ia dizendo, até ontem Phineas e Ferb tinha tanta relevância na minha vida como, sei lá, Ben 10, e eu imaginava que era assim para a maioria das pessoas também. Falando sério, se você tem mais de doze anos e não tem filhos pequenos, qual a importância de Ben 10 na sua vida? Este era meu pensamento a respeito de Phineas e Ferb.

Até ontem. 

Na verdade, a história toda começou há duas semanas, quando minha amiga Thatiana quase sofreu um ataque cardíaco quando viu na rua um bar com uma foto do Perry, o Ornitorrinco, na fachada. Imbuída deste mesmo espírito de infarto agudo do miocárdio que a tomou de assalto diante da supracitada visão, ela chegou até nós numa cena que se seguiu mais ou menos assim:

- VOCÊS NÃO SABEM! TEM UM RESTAURANTE AQUI PERTO QUE NA FACHADA TEM UMA FOTO SABE DE QUEM? DO PERRY!!!1111111

- PERRY, O ORNITORRINCO???????????????////////

- SIIIMMMMMM!!!!111111111111111111111111

Perry, o Ornitorrinco
É claro que a caixa alta e o excesso de exclamações ficam por conta dos meus amigos, porque eu assisti a tudo isso sem entender patavinas da comoção. Quem diabos era Perry, o Ornitorrinco, e por que logo eu, que tenho um apreço todo especial por esses mamíferos que botam ovos, nunca tinha ouvido falar do referido, tendo em vista que ele comovia meus amigos nesse grau? Esperei a gritaria passar e humildemente levantei o dedinho e perguntei do que eles estavam falando. Eu sou uma pessoa que fala baixo, mas juro que nesse momento senti que tinha acabado de fazer minha pergunta com um megafone e que todos no local, da moça da cantina ao tatuado da copiadora, tinham me ouvido e agora me julgavam. Pois é, eu nunca tinha visto Phineas e Ferb.  

Como eu havia dito, isso aconteceu há duas semanas e só fui assistir Phineas e Ferb ontem. Esse intervalo de tempo é culpa minha também, que subestimei a importância do desenho e pensei que todo o amor que meus amigos tinham por ele era um fenômeno, digamos assim, local. Não é por que eles quase rolaram no chão conversando sobre o programa que a maioria das pessoas se sentiria do mesmo jeito, certo? Errado. Pelo que entendi, não ter assistido Phineas e Ferb é quase a mesma coisa que nunca ter visto Bob Esponja ou não gostar de Flintstones. 

Quem me elucidou isso foi a Analu, quando conversávamos sobre um joguinho viciante chamado IconPopQuiz (aliás, recomendo) e ela deixou escapar que a Rafinha não conseguiu adivinhar quem era Perry, o Ornitorrinco, e ainda teve a capacidade (sic) de perguntar quem era aquele pato com chapéu (me jogo aos leões e levo as amigas comigo). Acho que a única forma de fazer com que vocês entendam a urgência que nasceu no meu coração para assistir Phineas e Ferb é eu mostrando a forma como Analu se transformou quando toquei no assunto: 



Como se forças do destino desejassem que eu não mais passasse um dia sobre a superfície terrestre nessa ignorância gravíssima, domingo de manhã perdi o sono por conta dos latidos de Francisco, o cão. Oito da manhã, sem nada pra fazer, com preguiça de viver e sem conseguir dormir de novo, fui aproveitar as oportunidades infinitas que o Netflix me oferece para finalmente assistir Phineas e Ferb. Vi uns seis episódios antes de cair no sono novamente - não sem antes me julgar rigorosamente por só ter descoberto esse novo universo naquele dia. Minha mãe chegou a ir no quarto para ver do que eu tanto ria (em alto e bom som), e acho que ela se preocupou um pouco quando viu que era um desenho animado. Sobre ele, especificamente, não poderia dizer melhor que Analu: é genialmente tosco e engraçado. Os episódios se concentram nas ideias malucas que os dois irmãos tem para fazer suas férias memoráveis (que incluem construir uma montanha russa e fazer uma praia no quintal), enquanto a irmã mais velha tenta desesperadamente fazer a mãe flagrar os dois com a mão na massa - o que jamais acontece. 

Mas onde entra Perry, o Ornitorrinco, nessa história? Bem, Perry é o bichinho de estimação dos dois, que todo mundo pensa ser meio bobo. Em público ele é bem apático e quando estimulado só emite uns grunhidos estranhos, mas quando ninguém está prestando atenção ele escorrega por algum orifício e se torna um agente secreto pronto para salvar o mundo dos planos maléficos do Dr. Doofenshmirtz. 

Eu poderia terminar esse post por aqui, não fosse pela conclusão apocalíptica a qual cheguei hoje pela manhã: Chico, o poodle, é Perry, o Ornitorrinco! Não, meu nobre cão não bota ovos e muito menos tem um bico de pato, mas eu tenho certeza que quando eu não estou prestando atenção ele foge por algum buraco e se transforma num agente secreto de altíssimo calibre e competência. Isso porque a maioria das pessoas olha pro Chico e só enxerga uma massinha amorfa de cachorro, que mais parece um travesseirinho vivo, que respira e é quentinho na medida certa. Quem já teve o prazer de dar uns apertos nele, pode também ouvir o barulhinho que ele faz que mais parece um arrulhado, um ronrono, um barulho de ninguém menos que Perry, o Ornitorrinco. Essa conclusão me abalou severamente, principalmente porque agora faz todo sentido que as minhas meias que Chico vivo roubando jamais aparecem de volta, por mais que eu as procure pela casa. Certeza que fazem parte de algum plano complexo e ultra-secreto para salvar a humanidade das mãos de algum cientista louco, suicida e megalomaníaco.

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quinta-feira, 14 de março de 2013

Fechando o verão

Porque o melhor do verão é quando ele acaba. Principalmente se o seu verão foi mais ou menos como o meu: morrendo de calor numa sala de aula. Apesar disso, tive a chance de colocar os pezinhos na areia por uns dias, e por isso esse estranhamento. O sol estava lá, a areia, o mar e o cheiro de protetor solar que tanto tem a cara das férias, mas tinha dias que eu precisava deixar a J. K. Rowling descansando para ler sobre funcionalismo sociológico, teoria da informação e os significados históricos do 17 de outubro, numa espécie de anticlímax do paraíso. 

Para completar o clima de estranhamento, passei os últimos meses ouvindo coisas bastante diversas do que costumava ouvir, conhecendo bandas novas e dando chances para CDs de bandas já conhecidas que eu não costumava dar bola. Nesse ínterim surge WEIRD SUMMER, minha mixtape de verão, pra não dizer que não falei dos raios de sol e para dar tchau para esses últimos meses tão diferentes. 

E como hoje eu apresentei um trabalho que vinha me torrando os nervos e enchendo meu coração de preocupação e amanhã eu não tenho que acordar muito cedo - só meio cedo -, ainda upei as músicas no 8Tracks, facilitando a vida tanto dos que gostam de baixar os mixes como dos mais preguiçosinhos ou práticos. Espero que gostem.

A foto lindona de capa é do fotógrafo Murad Osmann, autor do fantástico projeto "Follow me on", com fotos de sua namorada guiando-o numa viagem pelo mundo. Demais, né?




segunda-feira, 11 de março de 2013

É que um diarinho às vezes cai bem

Desde que a Couth voltou a atualizar o blog regularmente, venho nutrindo aqui no canto uma invejinha da sua capacidade de fazer posts-diário muito deliciosos de acompanhar. Ao mesmo tempo, percebi que tenho feito isso cada vez menos - quem se arriscar nos arquivos do blog vai ver que antigamente até ida ao shopping no sábado à tarde virava assunto - e é bom, de vez em quando, voltarmos às raízes da blogosfera, daquele jeitinho várzea de quem conta do que fez para toda a internet como se escrevesse, na verdade, para aquele amigo que está longe.

Livro incrível que me acompanhou nesses dias
Então que no dia 24 de janeiro eu larguei faculdade, provas e trabalhos e entrei num avião rumo à Bahia, que não visitava desde que li Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban pela primeira vez. Quando meu pai disse que iríamos para Arraial D'Ajuda, confesso que fiquei meio apreensiva. As lembranças que guardo de Porto Seguro - que fica a uma viagem de balsa de cinco minutos de distância - consistem em axé e agito 24 horas por dia. No entanto, e ainda bem, eu não poderia estar mais errada. Arraial é um lugar com praias tranquilas, muitas desertas, mar quase sem ondas e administradores de quiosques à beira-mar com um impressionante bom gosto musical. 10 dias na Bahia e nada de Ivetão, mas sim - pasmem - Cat Power, Tiê e Caetano. 

Fiquei hospedada num chalé em um condomínio muito simpático, administrado por italianos extremamente adoráveis falando português com seus sotaques carregadíssimos. O portão de saída dava direto para a areia de uma praia deserta, Araçaípe. No primeiro dia perguntamos pro gerente se tinha alguma estrutura de praia ali perto, algo como um quiosque com cadeiras, bar, etc. "Graças a Deus não", ele respondeu. É bem esse o clima de lá. Tivemos que andar mais ou menos um quilômetro até encontrarmos um bar, mas valeu a caminhada na areia.


Se eu fosse a Couth, faria um desenho bem serelepe da minha pessoa refastelada sobre um pedaço de pizza, mas terei que ficar devendo. A verdade é que nunca imaginei que comer pizza na praia pudesse dar tão certo, nem que a Bahia me ofereceria tão perfeita iguaria, de mussarela, tomate e umas folhinhas de manjeiricão, massa fininha - a medida perfeita pra segurar a fome dos almoços tardios e muitas vezes inexistentes. Por volta das 17h, horário que costumávamos ir embora, o quiosque recebia um vendedor da Cacau Show, com trufas e barrinhas de chocolate à tiracolo. Então, nos fins de tarde, eu caminhava pela areia de volta pra casa com a água do mar teimando em pegar meu pé, os primos pequenos correndo na frente caçando siris - tudo isso enquanto saboreava uma trufa de maracujá. A vida é bela, queridos leitores.

O mar de Arraial D'Ajuda quase não tem ondas, é praticamente uma marola gigantesca que torna extremamente difícil o surgimento de alguma perspectiva de futuro que não envolva ficar ali boiando com as pernas pra cima pelo resto da vida. O único problema é que ao longo do dia a maré vai subindo e começa a puxar cada vez mais, deixando a vida das crianças um pouco complicada. Meus tios viajaram conosco, levando seus rebentos Mariana, 10, e Gustavinho, 6. Ela já é grandinha e consegue se virar sozinha, mas Gustavinho, o destemido, o intrépido, o sem juízo algum, precisa de supervisão constante. Por supervisão, entendam: a prima mais paciente do mundo inteiro nadando com ele pendurado nos ombros. Pra que pilates quando se tem um girininho assim enrolado nas suas pernas o dia inteiro?

Quando voltávamos para o chalé e todo mundo subia para tomar banho, eu gostava de dar uma fugidinha até a praia e ficar lá sozinha, eu e o mar, o mar e eu, boiando com a barriga pra cima, só o nariz e a ponta dos dedos do pé pra fora. Lembram daquele sonho? I-g-u-a-l-z-i-n-h-o. Infinito.



Arraial D'Ajuda nada mais é que uma vilinha, que pode ser reduzida a uma rua muito especial, a do Mucugê. Coisa mais linda, com butiques fofas, restaurantes muito charmosos e o melhor gelato que já tomei na vida. Embora seja um destino totalmente turístico, os preços não são tão abusivos como se imagina. Pelo menos não vi diferença gritante para o que se encontra em Uberlândia, tanto em comida como em roupas, peças de decoração, etc.

A história do acarajé já foi contada aqui, mas as melhores lembranças gastronômicas da viagem não tem nada a ver com a culinária típica. A primeira delas é o hamburguer do Crepe da Miloca, uma lanchonete estilo retrô, com direito a geladeira vermelha na decoração, muitas, muitas fotos de ídolos do rock, e trilha sonora ambiente regada a um blues bem supimpa. Todos os pratos tem nome de ícones da música e juro que foi coincidência o sanduíche que pedi - e amei tanto que tive que voltar lá pra repetir a dose - se chamar Beatles. Hamburguer, cheddar, bacon, cebola e barbecue - porque eu sou uma pessoa que precisa de pouco pra ser feliz. A segunda foi um bistrô que fica no meio do mato - mesmo -, o Bistrô D'Oliveira. O local parece mais uma cabana no meio das árvores, decorado com sofás, almofadas e muitas luminárias coloridas. Estranhei a quantidade de opções de pratos tailandeses no cardápio e descobri que o chef antes tinha um restaurante típico. Claro que ignorei os peixes da região para aproveitar e comer curry de verdade, coisa que não existe nessa cidade linda onde habito.

Eu poderia ter tirado foto das coisas, mas tenho vergonha.


Nota mental para futuras viagens: não comer curry com a boca queimada. Porque é claro que eu tinha que dar um jeito de aprontar uma das minhas nesses dias fora e a melhor forma que encontrei foi queimando o lábio com sol. Eu, apenas a louca do protetor solar, a que volta pra casa depois de dez dias de praia e ouve que não queimou nada, consegui arranjar uma queimadura de segundo grau no lábio, o que me impediu de aproveitar o mar nos últimos dois dias de viagem e, pior, não me deixou aproveitar o curry como ele merecia. Aguentei bravamente até a metade, mas estava meio impossível conciliar toda a pimenta com a boca quase em carne viva.

Por fim, a outra lembrança que guardarei com carinho de lá são os cães. Muitos, aos montes, em todo lugar. Fico imaginando se os donos são só os locais e os felizardos que tem casa por lá ou se existe realmente tanta gente que viaja com cachorro. Coisa mais lida vê-los rolando na areia feito idiotas, alguns morrendo de medo da água, outros fazendo stand-up paddle junto dos donos (juro!), todos eles me fazendo ficar dolorida de saudades de Francisco, o poodle, antes do que parecia razoável admitir.

Passei quase uma hora sentada perto deles pra conseguir essa foto. Gustavinho batizou-os de Trovão e Tempestade <3 nbsp="">
O único ponto ruim? A internet é um lixo. Tanto a wi-fi do chalé como a do celular só prestavam quando queriam e ainda assim com reza brava. Pra quem viaja com o intuito de se desligar completamente é ótimo, para quem foge da vida na cidade e tem um monte de pendências para resolver, pode render algum estresse. Eu que o diga.

Aliás, estou colhendo os frutos malditos dessa escapadela até hoje e acho que só escrevi esse post, mesmo depois de tanto tempo, pra rever as fotos, relembrar das histórias, e ver que valeu bem à pena.  

sexta-feira, 8 de março de 2013

A problemática do ônibus

Desde que comecei a andar de ônibus regularmente, confesso que fiquei com uma certa ideia fixa com uma linha específica aqui da cidade. Não importa pra onde eu tenho que ir, eu sempre dou uma checada na internet pra ver se essa linha cobre meu caminho - e é por ela que eu vou, ainda que tenha que passar uma hora dentro do ônibus quando existem outras rotas que me levam ao meu destino em, sei lá, dez minutos. 

Pois é, eu tenho problemas.

A questão é que o motivo dessa linha ser tão amada e adorada salve-salve é que ela torna a experiência de andar de ônibus muitíssimo agradável. Ela circula por regiões bonitinhas da cidade que tem menos trânsito que o centro e as avenidas principais caóticas, ela passa por ruas cheias de árvores, é a favorita dos velhinhos e, por ter um percurso cheio de voltas desnecessárias que não fazem o menor sentido, está sempre vazia. Logo, se eu tenho tempo pra matar, não vejo sentido em ir toda amassada, suada e com pessoas me encostando se dá pra trocar esse inferno na terra pela delícia que é ir sentadinha, em paz, ouvindo música, lendo, ou pensando em nada olhando pela janela. 

Mas eu nem sempre tenho tempo pra matar, e é aí que mora o problema. Estou fazendo auto-escola num lugar razoavelmente longe de casa e pra voltar de ônibus, no meu ônibus, eu teria que pegá-lo em seu ponto inicial pra descer a uma parada do ponto final. Isso dá mais ou menos uma hora de viagem, uma hora que cada dia menos posso gastar, nesse prelúdio de fim de semestre que já vem sendo um inferno há umas três semanas. Mesmo assim, me arriscava, dizendo pra mim mesma que antes perder uma hora que poderia ser gasta adiantando leitura de textos da faculdade, do que passar dez minutos esmagada e sofrendo. 

Eu pensava nas árvores, na mansão mais bonita do mundo, absurda, que sempre que o ônibus passa na porta convida os trezentos cachorros maravilhosos a irem até o portão pra vê-lo passar, naqueles quase quinze minutos em que eu ficava sozinha sentada lá no fundo lendo meu livrinho, porque todo mundo já havia descido, e no cobrador bigodudo que todo dia me pergunta em qual ponto eu vou descer - acho que ele fica com medo da menina que, por livre e espontânea vontade, dá voltas e mais voltas desnecessárias pela cidade e passa a manhã sentada no fundo do ônibus; gente doida assim só pode pirar e fazer o Kevin em qualquer esquina dessas.

Um dia a pressa falou mais alto e lá fui eu pro calvário. A parada mais aglutinada do terminal, trezentas pessoas esperando trezentas descerem pra se espremer lá dentro. O ônibus-sanfonado que simula uma marola enquanto anda e embrulha meu estômago (um dia eu vou vomitar lá dentro). O pesadelo. O horror, o horror! Sabe-se lá como eu entrei e sentei. Entrei, sentei e assim fiquei, porque a linha é pouco frequentada por velhinhos e não precisei dar lugar pra ninguém. Entrei, sentei e mal tive tempo de sacar o Walter Benjamin da bolsa e eu já estava na rua acima de casa. Olhei o relógio: 8h27. Se fosse no outro ônibus, é provável que a essa hora eu nem tivesse saído do terminal. Essa conclusão me abalou um bocado, principalmente depois que fiz as contas e percebi que eu poderia chegar em casa, cochilar por meia hora e ainda estaria com vantagem.

Há uma semana não frequento minha linha amada e adorada salve-salve, me rendi ao imediatismo dos nossos tempos e não resisto mais à ideia de pensar que posso estar em casa em dez minutos. De certa forma, sinto que estou traindo o ônibus do coração, trocando o paraíso por um estacionamento ou qualquer metáfora que vocês preferirem para contrapor uma vida mansa e calma por uma rápida e estressante que tenha lá suas vantagens. Não é sobre isso As Cidades e as Serras e não é por isso que Jacinto não consegue assentar a bunda com satisfação num só lugar? Estou caindo no dilema bíblico de passar pela porta mais larga ao invés de perseverar na mais estreita? Não seria a vida esse eterno impasse entre soluções agradáveis e felizes mas pouco práticas contra ideias que atentam contra a dignidade humana mas oferecem conforto no final?

(Daqui uns dias usarei as escadas)

Ok, estou viajando. Costumava usar as voltas desnecessárias no ônibus pra organizar minhas ideias.

domingo, 3 de março de 2013

Músicas que não vou ouvir (mas bem que queria)

Falta pouco menos de um mês para um dia que promete ser um dos mais bacanas do ano - e certamente um dos mais aguardados dos últimos, sei lá, cinco anos? Dia 29 de março estarei  na Chácara do Jockey em São Paulo, prestes a ter um ataque cardíaco de tamanha ansiedade de ver uma das minhas bandas favoritas ao vivo, o Killers. Minha história com eles começou quando eles apareceram em um episódio de The O.C. tocando "Smile like you mean it" e "Somebody told me", e seguimos juntos desde então. A Rinna e o Matheus, dois dos meus melhores amigos, compartilham do meu amor pela banda e é ainda mais legal pensar que verei o show ao lado deles - e do Victor, que entrou na onda há pouco tempo mas a gente aceitou no clubinho mesmo assim -, depois de tantos recreios passados juntos dividindo fones de ouvindo e sonhando em um dia vivermos essa experiência ao vivo.

Como nem tudo são flores nessa vida, minha fase favorita da banda é a inicial, a época de ouro do "Hot Fuss" e do "Sam's Town". Dessa vez eles vem ao Brasil em turnê com o último álbum, "Battle Born", que me agrada - pero no mucho - e por isso acredito que muito do meu repertório do coração vai acabar ficando de fora do setlist. Pensando nisso, montei um top 5 com as músicas que claramente não tocarão no show, mas bem que poderiam.


For reasons unknown: Porque eu ganhei o Sam's Town em 2008 e essa foi a primeira música pela qual eu me apaixonei incondicionalmente. Porque eu já perdi a conta das vezes que assisti vídeos dela sendo apresentada ao vivo só porque o Brandon Flowers assume o baixo e eu tenho problemas com baixistas e ver esse homem tocando baixo me coloca caída no chão gelado gritando TROUBLE! TROUBLE!. Pra completar, na apresentação do vídeo acima, Brandon fala sobre o momento que o amor acaba, tema da música, e convida as pessoas a gritarem junto com ele se já sentiram na vida aquele sentimento escorrer por entre os dedos acompanhado de uma vontade louca de trazê-lo de volta.


This river is wild: Depois que cansei de amar a música acima, foi a vez de me apaixonar perdidamente por essa. Foi uma paixão muito inesperada, porque eu sempre a pulava para ouvir "Why do I keep counting?" logo, mas um dia estava distraída e fui tomada inesperadamente por sua energia maravilhosa, e até hoje ela é minha favorita do cd. O segundo refrão tem uma força tão extraordinária que imagino um palco explodindo em água por todos os pontos para dar conta da emoção que toma conta quando ela chega. Por outro lado, reconheço que eu e meus amigos somos provavelmente os únicos a valorizar essa música, já que a plateia nunca atinge o nível de catarse que ela exige e por isso é melhor mesmo que fique de fora.


I can't stay: Essa é A música, sabe? Ela não é a melhor, a mais bonita, a mais vigorosa, a mais emocionante, mas ainda assim é A música. Não sei explicar como ela foi de uma faixa qualquer de um cd qualquer nota para A música que faz tudo vibrar e borbulhar aqui dentro, mas o importante é que ela faz, e como! Assim como o vídeo que eu escolhi é O vídeo, mesmo o áudio estando péssimo e a imagem granulada, ele é O vídeo porque o Brandon bate no peito a cada vez que diz "I can't stay", e sente a música e sorri cantando, e isso vale mais que qualquer HD.


Glamorous Indie Rock&Roll: Porque é sempre bom voltar onde tudo começou e esse é exatamente o espírito dessa música. Pouco importa o que eles estejam fazendo atualmente, toda a pegada anos oitenta, os sintetizadores e sei lá mais o que o Brandon tem inventado - um dia tudo se resumiu ao bom e velho indie rock'n'roll e eu sinto uma saudade danada dessa época.


Jilted lovers & broken hearts: Dei uma roubadinha porque essa música não é da banda, mas sim do trabalho solo do Brandon, mas quem se importa quando se tem esse refrão delicioso, dançante e ao mesmo tempo tão cheio de mágoas na composição?