domingo, 27 de fevereiro de 2011

O meu Oscar

Já que ontem foi meu aniversário, pensei que não haveria coisa mais justa no mundo do que ganhar de presente a honra de poder escolher os vencedores do Oscar, que acontece daqui a pouquinho. Liguei pro pessoal da Academia e eles, muito pesarosos, disseram que já não dava mais tempo, havia toda uma burocracia para ser resolvida e, infelizmente, eu não poderia lhes prestar essa honra. Mas como nem tudo está perdido, decidi fazer um post com os meus vencedores, aqueles que, na minha opinião, deveriam estar subindo no palco do Kodak Theatre e proferindo aqueles discursos milimetricamente ensaiados para parecerem despretenciosos. Vamos lá?

Fotografia

Meu Oscar: Cisne Negro
Quem vai ganhar: Bravura Indômita

Direção de Arte

Meu Oscar: Harry Potter e as Relíquias da Morte (orly?)
Quem vai ganhar: Bravura Indômita ou Alice no País das Maravilhas

Animação

Meu Oscar: Toy Story 3
Quem vai ganhar: Toy Story 3

Edição

Meu Oscar: 127 Horas
Quem Vai Ganhar: 127 Horas

Roteiro Adaptado

Meu Oscar: A Rede Social
Quem vai ganhar: A Rede Social

Roteiro Original

Meu Oscar: Inception
Quem vai ganhar: O Discurso do Rei

Atriz coadjuvante

Meu Oscar: Helena Bonham Carter - sim, a interpretação dela nesse filme não foi que a gente pode chamar de memorável, e nem vai entrar pra história do cinema; só que é muito bom ver Helena bem num papel tão quadradinho e pouco excêntrico, pra ninguém dizer que ela é atriz de um papel só.
Quem vai ganhar: Não assisti The Fighter, mas a crítica tem falado bem tanto de Melissa Leo como de Amy Adams, aposto minhas fichas em uma das duas.

Atriz

Meu Oscar: Natalie Portman - sem pensar duas vezes, claro, só lamento um pouco porque Natalie acabou por ofuscar na premiação grandes outros trabalhos, como o da Michelle Williams, que dá um show em Blue Valentine.
Quem vai ganhar: Natalie Portman - o prêmio mais previsível da noite, como o de Christoph Waltz como ator coadjuvante por Bastardos Inglórios ano passado.

Ator coadjuvante

Meu Oscar: Geoffrey Rush
Quem vai ganhar: Christian Bale, ou até mesmo Geoffrey Rush

Ator

Meu Oscar: James Franco
Quem vai ganhar: Colin Firth, e eu também vou ficar feliz porque gosto muito dele, achei que estava ótimo n'O Discurso do Rei, mas pra mim o James Franco humilhou.

Direção

Meu Oscar: Darren Aronofsky - julguem o quanto quiserem.
Quem vai ganhar: David Fincher - e eu também vou ficar feliz por isso, gosto muito dele, muito mesmo.

Melhor filme


Meu Oscar: Toy Story 3 - só Deus sabe o que esse filme fez comigo; com o capítulo final da trilogia eu gargalhei, chorei de soluçar, me senti bem, me senti mal e tendo assistido a 8, dos 10 indicados, consigo olhar e dizer que, pelo menos pra mim, é o filme mais especial e único do grupo.
Quem vai ganhar: A Rede Social - pronto, apostei; considerem isso como um voto de confiança na Academia, que me surpreendeu de forma tão positiva ano passado, ao premiar The Hurt Locker, que vai me fazer acreditar que o grande prêmio da noite vai para um filme interessante, moderno e atual e não para um inegavelmente bom, mas quadradinho e praticamente um candidato ao Oscar pré-fabricado.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Socorro, virei o Sheldon!

Agora que as aulas voltaram, minha rotina de estudos recomeçou e mais pesada por causa do vestibular. Sendo assim, passo quatro dias da semana na midiateca da escola durante as tardes, onde tenho paz, sossego e distância de televisão, computador e pessoas me ligando para me atrapalhar a estudar, e ainda um delicioso açaí a poucos passos de distância. Tenho o hábito de frequentar a midiateca desde o ano passado, e estando aqui quase todos os dias, acabei pegando certas inevitáveis manias, como o de ter um lugar favorito para estudar.

Na sala de estudos existem várias cabines individuais, todas enfileiradinhas e iguais, exceto por duas delas. Essas exceções são duas cabines que ficam viradas para uma direção contrária e possuem a particularidade de terem a mesa um pouco mais alta. Muita gente mal percebe a diferença, mas meu bem estar - e consequentemente minha sanidade mental - depende desse detalhe. Explico: sou alta, tenho pernas e tronco compridos, se passo a tarde estudando numa mesa baixa, sinto uma dor na coluna infernal algumas horas depois. Se repetir isso todo dia, ganho a condição de dor na coluna infernal permanente e só quem já teve uma dor na coluna infernal sabe como isso estraga nossa vida. Com a mesa mais alta, é só alegria. Sem dor, incômodo e fadiga, posso ficar ali sentada estudando até entrar em coma de cadeia de carbono que minha coluna estará perfeitamente bem. E tudo - meus estudos, meu bem estar e minha paz de espírito - ia perfeitamente bem até dois imbecis aparecerem.

A temporada 2011 do cursinho começou e duas cabeças de bagre resolveram que seria uma boa sentar no meu lugar. Por quê? Até então só eu sentava nesses lugares, as pessoas tinham um certo preconceito com eles porque estavam virados para a direção contrária do resto das cabines, mas eu não; eu tinha um carinho todo especial por eles, agradecia a Deus todos os dias por ter aqueles lugares que me permitiam estudar sem ter que agonizar de dor depois de sair da escola. Os dois se instalaram ali desde sexta passada e, coincidência ou não, meus estudos começaram a descambar a partir dessa data também.

Eu até sento em outros lugares, mas fico muito incomodada. Não acho posição certa, não me concentro direito, fico com ódio latente do mundo e, claro, uma dor infernal na coluna. Rola todo um desequilíbrio no universo por causa deste aparentemente pequeno evento. O pior é que os ladrões de lugar estão aqui antes do almoço e vão embora só depois da minha hora. Esses alunos sem vida, tem que rever isso aí.

Alguém sugere alguma coisa para colocar fim à minha agonia? Já pensei em fazer um drama para a tia responsável, oferecer dinheiro, torcer para que eles passem no vestibular de julho ou, na pior das hipóteses, apelar pros meus poderes psíquicos.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Acho que sou impressionável

Não contém spoilers

Semana retrasada, quando Cisne Negro chegou aos cinemas, a Folha trouxe o filme como capa do caderno Ilustrada e, depois de uma reportagem sobre ele, duas críticas, uma do André Barcinski, que adorou, e outra do Inácio Araújo, que odiou. Este último ainda adicionou que é um filme que impressiona os impressionáveis por abusar de clichês e lugares-comuns e, no seu blog, adicionou que Natalie Portman parece estar com problemas intestinais. Já Antonio Prata postou que Darren Aronofsky, diretor do filme, vende jujubas disfarçadas de trufas em seus filmes, ou seja, faz um trabalho absolutamente normal, com nada de inovador, mas vende como uma obra grandiosa e profunda e todo mundo acredita.

Li essas coisas e não pude deixar de pensar comigo mesma, meio desanimada: "Poxa, então eu caí na pegadinha?", "Então eu sou impressionável e me deixei levar tanto por um filme que, na verdade, não era essa coisa toda?" Vejam bem, todas as críticas contra Cisne Negro foram muito fortes, com um toque malvado de desprezo, dessas que deixam qualquer mortal que gostou do filme meio constrangido, ainda que a gente saiba que a culpa não é nossa e que muito provavelmente o problema está no crítico porque, convenhamos, críticos são meio chatos e não se impressionam com quase nada.

Eu gostei muito do filme. Gostei muito mesmo. A história - garota ingênua, virginal e obcecada pela perfeição que precisa encontrar seu lado negro da Força para uma apresentação de ballet - pode até ser batida, a gente já viu isso antes. Entretanto, o modo como ela é contada e a evolução da personagem ao longo da história não deixa de ser interessante, intensa, maluca e até meio assustadora. Natalie Portman está fantástica como Nina. Inácio Araújo que deve ter problemas intestinais, porque haja implicância pra não enxergar como ela está boa no papel; isso sem contar no quanto ela se preparou para interpretar a frágil bailarina, treinando em ritmo frenético por um ano inteiro - deu tempo até de ficar noiva e engravidar do coreógrafo! Além dela, temos coadjuvantes também ótimos (beijo Winona Rider!), belo figurino e fotografia, cenas de ballet maravilhosas e, claro, a trilha sonora inspirada em Tchaikovsky e não poderia casar melhor com o filme. Música pesada, intensa e grandiosa.

Disse tudo isso, mas né, perto de um crítico ou entendido de cinema, que nível de conhecimento eu tenho? Nenhum. Vai que seja mesmo trabalho pra impressionar a massa impressionável, que tem mania de achar profundidade em todo e qualquer melodrama clichê só por causa de uma fotografia bonita, que seja. Quando o filme terminou, fiquei presa na cadeira, meio descabelada, literamente arrepiada. Os últimos vinte minutos do filme, o clímax da loucura de Nina, o maravilhoso frame final... como seguir com a vida depois disso? Rolou toda uma experiência naquela sala de cinema. Talvez eu seja impressionável, mas não me incomodo com isso, se me prometerem que nunca vou parar de sentir, e viajar, e me entregar aos filmes.

E para os que acharam que não foi o suficiente, muito barulho por nada, se torturem aí e imaginem só como seria se o Kubrick fosse o diretor. Imaginem essa história na mão desse homem, ia dar muito (mais) medo.


* Esse poster lindo é uma versão minimalista que achei, aqui você acha os outros indicados a melhor filme!
** Se quiserem saber toda a história do filme e ainda a história do ballet Lago do Cisnes, deem um pulo no blog da Joana, que é bailarina, deu uma esclarecida sobre o roteiro e ainda contou sua opinião sobre o filme.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Deveras interessante

Fui convidade pela Nina e pela Larissa a responder esse questionário há um tempinho, mas me embaralhei nas respostas, estava sem ideias. Nina começou o meme, me convidou, e agora meia blogosfera já fez e cá estou aqui, respondendo depois de todo mundo. Clássico.

1. Qual é para você o cúmulo da miséria?

Pobreza de espírito, em homenagem a todos os espíritos de porco que conheci ao longo da vida.

2. Onde gostaria de viver?
Sou clichê e sonho em morar em Paris. Quando era criança, li um livro chamado "De Paris, com amor" que fez com que eu acreditasse que minha vida não teria sentido se eu não passasse alguns anos na cidade das luzes. Para completar, um dos meus filmes favoritos é Funny Face, um musical com Audrey Hepburn, Fred Astaire, um monte de roupas bonitas e uma historinha de Cinderela. Gostaria de morar lá e comprar quitutes numa boulangerie e passear na chuva pra lavar a alma, como Sabrina ensinou ("And another thing, never a briefcase in Paris and never an umbrella. There's a law").

Bonjour, Paris!

3. Qual seu ideal de felicidade terrestre?
Estar com o coração leve, cabeça tranquila, perto de gente querida, rindo de bobagens.

4. Quais as faltas que merecem sua indulgência?
Aquelas feitas quando se tentava fazer a coisa certa.

5. Que qualidade prefere no homem?
Humildade, atenção, paciência, senso de humor, charme, e se não for pedir demais, um sorriso bonito.

Miguelito, aka sorriso mais lindo da ficção

6. Que qualidade prefere na mulher?
Equilíbrio, bom senso, capacidade de rir de si e graça e elegância.

Pra quem diz que eu só dou valor à Audrey

7. Por qual personagem da literatura se apaixonaria?
Não só me apaixonaria como já me apaixonei: Mr. Darcy, de Orgulho e Preconceito.

8. Seu palavrão preferido?
Acreditem ou não, não falo palavrões. Cresci numa casa onde palavrões sempre foram vistos com maus olhos e desde pequena aprendi a controlar meus impulsos Debra Morgan. Portanto, é "merda" de vez em quando, e "porra", que na maioria das vezes fica só na ideia e não sai da boca.

9. Qual seria para você a maior desgraça?
Perder as pessoas que eu amo, coisa que eventualmente vai acontecer.

10. Como gostaria de morrer?
Dormindo. Covardia, eu sei, mas a verdade é que eu me borro de medo dessas mortes onde a pessoa agoniza, é entubada, fica sem ar e sente dor pra só depois morrer. Outra coisa mais dramática seria morrer atropelada, tipo o Brad Pitt em Encontro Marcado, porque eu sou quase atropelada tantas vezes que seria uma coisa simbólica, quase uma redenção e ainda me pouparia do velório, coisa que tenho horror e não quero nunca na vida. Mas seria egoísmo, já que eu estaria na vida eterna boa enquanto minha família sofreria, de modo que fico com a morte durante o sono.


Repasso para:
Quem quiser! Demorei muito pra responder e acho que todo mund já fez ou encheu o saco, de modo que deixo livre para quem ainda não fez e se interessou, poder responder.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Maria-palheta

Ou: Top 5 músicos mais lindos e adoráveis de todos os tempos

5 - Rodrigo Amarante: Amarante é guitarrista e baixista do Los Hermanos, além de assumir o vocal e a letra de algumas músicas - as melhores. Há quem diga que ele não é tão bonito, mas definitivamente é muito charmoso, apesar de, vez ou outra, adotar uma barba meio pedobear. Amarante tem uma voz rouca linda e marcante, escreve letras muito boas, toca muito e ainda arranja tempo para fazer gracinhas no palco. Ele humilha. Quando fui vê-los, em 2009, ele cantava sorrindo e sempre fazia umas dancinhas adoráveis enquanto tocava; dancinhas que, aliás, já viraram símbolo da fofura dele nos palcos.

4 - Fabrizio Moretti: Bateirista dos Strokes, Fabrizio Moretti também toca com Amarante (amo a amizade dos dois) no Little Joy e até assume os vocais de vez em quando. Apesar de ter nascido no Brasil, foi radicado nos Estados Unidos ainda criança. Na época do Strokes, Fabrizio tinha o cabelo cacheadinho, que tem lá seu mérito, mas particularmente prefiro o visual atual, cabelo mais curto e essa barba trabalhada no amor. Namorou com Drew Barrymore por um tempão (querida, qual o segredo?) e atualmente está com sua companheira de Little Joy, Binki Shapiro, protagonizando fo-tos ro-mân-ti-cas que fazem com que nós, meras mortais, coloquemos a mão no queixo e nos perguntemos por que não vivemos alguma história parecida. Binki, invejamos você e seu cabelo lindo.

3 - Hélio Flanders: Analisando friamente, Fabrizio é bem mais gato que Hélio Flanders, mas de acordo com o rigoroso critério de obsessão pessoal, sou mais o Flanders. Tenho uma quedona por ele desde que conheci o Vanguart, e ela vem crescendo expressivamente a cada vez que reassisto ao DVD ou ele inventa de tocar Beatles na Twitcam. Ele está aqui pra preencher a cota de magrelos-franzinos-adoráveis-engraçadinhos, que é exatamente tudo que ele é. Apesar do cabelo lindo, da voz interessante e o jeitinho fofo, o que mais gosto nele é o humor. Sempre gosto de assistir/ler suas entrevistas. E não tem como excluí-lo da lista depois de ver os olhares doces e intensos que direciona a sua ex, ao cantar com ela. Como não amar? E ainda gosta de gatos, toca gaita e piano e tem cara de menino.

2 - Brandon Flowers: Todas chora. Todas chora e arranca os cabelos. Todas perde a dignidade e sobe nas parede. Tipo de reação do mulherio geral quando se trata dele, líder e vocalista do Killers. Brandon é absurdamente bonito, charmoso até falar chega, estiloso, gostoso e tem uma presença de palco incrível, me fazendo ir às lágrimas quando bate no peito cantando "I Can't Stay". Fiquei hipnotizada por ele ao assistir o dvd da banda, e não foram poucas as vezes que ficava voltando o show pra ver de novo um sorriso, uma carinha, uma dancinha. Como diz a Vic, creme puro do amor. Além de ser líder do Killers, que é uma banda incrível, Brandon ainda tem seu projeto solo, também muito bacana, e seus clipes são sempre interessantes. Apesar da barba e do bigodinho muito sexys, no fundo ele tem uma carinha de coitado que faz com que a gente queira botar no colo e levar pra casa. Por falar nisso, sr. Flowers é bom moço, casado com a namorada da adolescência e pai de dois filhinhos.

1 - Jon Foreman: Jonathan Mark Foreman me machuca, corta meu coração. Por que tão bonito, por que tão legal, por que tão charmoso, por que tão simpático, por que tão talentoso, por que tão longe de mim? Há quem diga que o nariz meu grande, os dentes tortinhos e a barba de presidiário estragam o combo cabelo loiro + olhos azuis mas ouso dizer que esses detalhes imperfeitos que fazem dele tão sonho-dourado-muso-do-verão. Jon é vocalista do Switchfoot e Fiction Family, tem um projeto solo, é politicamente engajado e lidera ações sociais legais, tem um jardim em casa em que planta melancias e morangos, surfa, filosofa e ainda escreve uns artigos excelentes pro seu blog no Huffington Post. Já tive a maravilhosa oportunidade de conhecê-lo, ver de perto seus olhos azuis, bater um papo e ainda ver que ele tem as mãos mais bonitas do mundo (Isa me ensinou a dar importância pra essas coisas), sendo assim, meu primeiro lugar fica com ele, que é mais do que um rostinho (muito) bonito. Emily Foreman, fica aqui minha eterna admiração por você, dona da música romântica mais lindinha de todas.

Hors-Concours - Chico Buarque: Nelson Rodrigues já disse que perto de Chico Buarque todo homem é um corno em potencial e não podia estar mais correto. Chico tem 66 anos e causa frissom, e a gente não quer saber de Jabuti, lei Rouanet e até ignora o estrelismo, porque não tem como pensar naqueles olhos, verdes ou azuis, sem tremer na base. Chico, seu lindo, não te troco por três de 22.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Humilhação anual: a carteirinha da escola

Minha primeira ação oficial como vestibulanda foi tentar sair bem na foto.

Há umas duas semanas, chegou aqui em casa uma revista enorme da minha escola, com, única e exclusivamente, scanners das carteirinhas de todo o pessoal que passou no PAAES. A revista era enorme e tinha umas 30 páginas, em outras palavras: passei a tarde inteira folheando e rindo da cara de todo mundo. A escola já tinha esse hábito terrível de expor as carteirinhas dos recém aprovados, mas só no site, numa página escondida. Agora colocar numa revista e enviar pra casa de todo mundo foi inédito. E eu achei genial e me diverti pacas porque, claro, não era comigo. Não era, mas pode ser, no começo do ano que vem.

Não sou fotogênica e a câmera não me ama. Aliás, não sei me portar muito bem diante das câmeras. Sou tipo o Chandler, basta apontarem uma máquina fotográfica pro meu rosto que, automaticamente, eu fico com cara de pamonha; é um fenômeno. Não quis fazer book de 15 anos porque fiquei imaginando meus pais pagando uma bala pra eu ter um álbum de fotos inteiro com cara de retardada guardado pra posteridade. Fiquei com o show do Radiohead e deu mais certo.

E com foto de carteirinha não há pra onde correr. Não adianta lavar o cabelo com Absolut Repair e passar horas (mentira) colocando as ondas no lugar, milimetricamente, porque você vai entrar na sala e a estagiária vai passar a mão no seu cabelo, sem a menor cerimônia, "pra dar uma ajeitadinha" (sério). Sentiram o "você está descabelada" nas entrelinhas, né? E do que adianta passar meia hora (mesmo) em frente ao espelho, se maquiando, pra sair de casa com cara de natural, ao melhor estilo Gisele, "sou bonita, acordei assim, não uso filtro solar", quando vão enfiar uma câmera na sua cara, ligar o flash automático, e bater a foto? Se eu ainda fosse aquelas meninas atiradinhas, que passam a mão no cabelo, fazem bico e posam de ladinho, como se estivessem tirando foto pro Zebillim, na Lounge, com um copo de vodka com energético na mão, até que ia, apesar do ridículo da situação elas sempre saem bem na foto. Mas eu sou eu e me limito a dar um sorriso tímido, fazendo com que minhas bochechas aumentem três vezes de tamanho.

Estou acostumada com esse tipo de situação. Só que aí a moça vai trocar minha foto no sistema, abre a do ano passado, e solta: "Nossa, você melhorou, hein? Ninguém merece essa foto sua do ano passado - risos" e me olha como se esperasse eu agradecer pelo elogio. Por que esse tipo de coisa só acontece comigo? Sei que minha foto do ano passado é anormalmente medonha, mesmo se tratando de fotos de carteirinha (que têm como princípio nunca ficarem boas), mas não precisava tripudiar.

Nos meus três anos na escola atual, a foto desse ano foi a que mais gostei. Não é o tipo de coisa que eu colocaria no perfil do Facebook, mas não me estragou tanto. Foto tirada, agora é só passar no vestibular.

oi

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Heaven Knows I'm Miserable Now

"What came first, the music or the misery? Did I listen to music because I was miserable? Or was I miserable because I listened to music? Do all those records turn you into a melancholy person?"
Nick Hornby (High Fidelity)

Em termos de mixtapes, acho que a mais clássica de todas é aquela com o conjunto de músicas que nos embala quando estamos no fundo do poço. Ou quem sabe com a seleção que nos ajuda a alcançar o fundo, como questiona Rob Fleming, no trecho acima, retirado do (ótimo) livro High Fidelity, do Nick Hornby - que li recentemente e me apaixonei.

Morria de medo de fazer uma mixtape de fossa porque eu meio que gosto de músicas tristes e melancólicas, e não fico necessariamente deprimida ao ouví-las. Aliás, algumas me deixam bem feliz. Radiohead e The Smiths, por exemplo, conhecidas como bandas que fazem músicas que levam o pessoal às lágrimas, são bandas que me deixam estranhamente feliz, porque me remetem a coisas alegres, bons momentos. Por outro lado, existe música por aí que ninguém acha triste, mas que me deixa realmente mal. Como unir meu gosto pessoal com os apelos tristonhos gerais da nação? Juro que tentei.


01 A Letter To Elise - The Cure
02 For No One - The Beatles
03 Palhaço - Nelson Cavaquinho
04 Fool That I Am - Etta James
05 Unravel - Björk
06 Where Is My Love? - Cat Power
07 Eternidades Ocasionais - Lestics
08 I Know It's Over - The Smiths
09 Nicest Thing - Kate Nash
10 Sentimental - Los Hermanos
11 Needles & Pins - Ramones
12 What Sarah Said - Death Cab For Cutie
13 Vento No Litoral - Legião Urbana
14 Pretty Things - Rufus Wainwright
15 Outra Canção Tristonha - Thiago Pethit
16 Keep Your Head - The Ting Tings
Menções honrosas:
Heaven Knows I'm Miserable Now - The Smiths
Nothing Compares 2 U - Sinead O'Connor

Tava rebeldinha e não fiz contra-capa. As menções honrosas são para músicas famosas do cancioneiro tristonho e que não encaixaram na mixtape, mas nem por isso consegui deixar de fora.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Manifesto contra as adoráveis desastradas

Posso dizer que 85% das minhas desilusões com a vida no geral se deve ao fato de que passei minha pré-adolescência assistindo a comédias românticas. E ainda que eu estivesse vivendo minha adolescência a base de Bergman e muito existencialismo, o que não está acontecendo, não conseguiria fugir do meu destino de quem, na aurora da maturidade emocional, foi bombardeada com a ideia de que um dia eu trombaria com o cara mais lindo do colégio no corredor, haveria aquele encontro de olhares e ele então teria certeza que eu era a garota da vida dele.

Um dos meus filmes de Sessão da Tarde favoritos é um chamado Ela É Demais. A história é bem clichê: o cara popular da escola aposta com o amigo que consegue transformar qualquer garota em rainha do baile, e a escolhida é uma garota meio estranha, CDF, que faz parte do grupo de teatro e o desenrolar dessa história vocês já sabem: eles se apaixonam, ela sofre uma makeover e fica maravilhosa e eles vivem uma linda história de amor ao som de Sixpence None The Richer. É um bruta d'um clichê, mas é bonitinho e a gente gosta de assistir no meio da tarde quando deveria estar estudando, mas isso é um problema na vida de qualquer garota que é ou já foi excluída, estranha, CDF e nem um pouco popular. Em outras palavras, eu.

Além do clichê da garota estranha que vira rainha do baile em poucas semanas, tem aquele das desastradas. Comédias românticas adoram o estilo de roteiro que une um cara lindo e perfeito com aquela garota atrapalhada que deixa as coisas caírem no meio da rua, quebra o salto do sapato e derruba molho de tomate na blusa branca. O Chuck Bass da história, cansado das maravilhosas garotas vazias sempre ao seu redor, vê uma graciosidade estranha naquele emaranhado de gestos atrapalhados, e se interessa pela mocinha que não consegue andar sem tropeçar, e acha aquilo um charminho particular, a coisa mais fofa do mundo.

Eu sou muito desastrada. Nessa última semana eu consegui sujar minha cozinha inteira (literalmente) com molho de salsicha, quebrar uma vasilha que era de uma amiga da minha mãe e colocar fogo num pano de prato. Detalhe: a semana ainda não acabou. Já caí na escada da escola, já quase caí na escada da escola incontáveis vezes com tropeções pouco lisonjeiros, já consegui ficar presa num arame farpado no epicentro de um enxame de abelhas africanas (juro); portanto, como membra oficial do Clube das Desastradas das Canelas Roxas Ltda., sou obrigada a dizer que isso não tem graça. Isso não tem charme particular algum. Isso está longe de ser a coisa mais fofa do mundo.

E aí que nós, desastradas, já passamos por humilhações o bastante ao longo da vida e não precisamos de lidar com mais essa, que é a de ter certeza de que não somos charmosas em nossos piores momentos (quando penteadas, com uma bela meia-calça para disfarçar os hematomas e sem batom no dente, a história já é outra), saber que a chance de um Chuck Bass do cerrado (ou do sertão, dos pampas, seja lá qual a vegetação típica de onde a amiga atrapalhada mora) é praticamente nula, mas no fundo, devido a uma má formação cinematográfica numa época vulnerável da vida, ainda sonhar que aquele cara gracinha que está sorrindo na rua enquanto você acabou de cair de joelhos, ri porque olhou pra você e ficou gamado no jeito que você conseguiu dar um nó nas próprias pernas e não porque você foi ajeitar o cabelo e sujou a testa de graxa.

Samantha Baker, você é uma fraude (mas a gente te ama assim mesmo)

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Pôneis, oras

Terça-feira, última semana de férias. Passei a segunda-feira inteira me empanturrando de cachorro-quente e assistindo Gilmore Girls, Dexter e Grey's Anatomy como se não houvesse amanhã. Acordo, enfim, com vontade de sair da toca, ver amigos e quem sabe, viver um pouquinho (!). Depois de duas ligações e duas pessoas dispensando minha companhia, resolvi parar de mendigar amigos e fazer algo de decente com meu dia: mudar o layout do blog.

Estou querendo mudar há algumas semanas e até anteontem o "conceito" que tinha na minha cabeça era totalmente diferente desse que vocês agora podem observar. É que recebi de um amigo essa tirinha e achei ela muito genial pra deixar passar. Quem já viu concordou que foi feita única e exclusivamente pra mim: meio mau-humorada e exaltadora de pôneis. Por que não? Passei a tarde com Photoshop, códigos e muitas imagens inspiradoras e o resultado, além de uma bruta dor nas costas, é esse aí. Gostaram?

Terça-feira, última semana de férias, fiz o que faço de melhor, que é aproveitar minha companhia, encher a cara de capuccino, inventar moda no blog, e ouvir músicas no repeat. Ah, e claro, deixar as coisas pela metade: fiquei com preguiça de ajeitar os links hoje, uma hora eu arrumo.