quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Sobre esse cara

Ou: Cuidado com o que vocês desejam

E essa nova novela das oito, hein? Não tive paciência pra assistir um capítulo inteiro porque não vou com a cara da protagonista, já enchi o saco com a obsessão oriental da Gloria Perez e não consigo acreditar que em 2012 ainda possa existir uma trama de horário nobre com história da namorada que foi trocada e vive de sabotar o relacionamento atual do ex. Digo isso tudo das coisas que vejo nas propagandas da TV e da galera do Twitter que está sempre comentando. O único juízo de valor que posso fazer com propriedade é o da trilha sonora, que está em todo canto e todo lugar. É oficial: Salve Jorge tem a trilha mais insuportável de toda a história das novelas brasileiras. Quando não é a Maria Rita errando muito na dose ao interpretar "Me Deixas Louca", temos Roberto Carlos enfiando um pé (e meio) na jaca.

Existe nesse mundo música mais enjoativa e cafona que "Esse cara sou eu"? Eu sei que faz parte da essência do Roberto Carlos ser meio cafona e eu costumava adorar isso nele, porque era um cafona engraçadinho, charmosinho, inofensivo mas como é que ele me passa de "Amante à moda antiga" a esse melô de Christian Grey (sacada genial da Fernanda!)? A música em questão é uma balada insuportável, que gruda na cabeça, cuja letra é uma ode ao cara mais mala de todos os tempos. E tem mulher compartilhando trechos em redes sociais, sonhando com esse projeto de herói aí. Risos. Risos eternos. Queridas, cuidado com o que vocês desejam, vocês não querem um cara desses pra vocês. 

Pra começo de conversa, a primeira estrofe diz que o cara pensa em você o dia inteiro. Eu desconfio de quem pensa em mim o dia inteiro. Que falta de assunto! Nem eu penso em mim o dia inteiro, sabe? Imagina que coisa mais triste você gostar de um cara que tem tanta coisa inútil na cabeça que a melhorzinha que ele encontre pra pensar seja você. Querida leitora, não se ofenda, não estou dizendo que você não vale uma noite em claro ou outra, mas o dia inteiro? Só consigo aceitar essa ideia se estivermos falando no casal Sartre e Beauvoir. Aí sim dá pra um ficar o dia inteirinho pensando no outro. 

Eu sei que é uma licença poética, não sou dessas que leva tudo pro literal e pro preto no branco, mas vamos pensar direitinho? Não suporto esses amores em que uma pessoa se torna o centro da vida da outra. Isso pra mim é muito errado. Vai que um dia acaba, como é que a vida fica? Relacionamentos saudáveis, na minha concepção, não se constroem em cima de uma dependência, idolatria, sei lá o quê. Sua felicidade e bem-estar não podem estar centrados em uma só pessoa. 

Daí ele continua: "Que conta os segundos se você demora/Que está o tempo todo querendo te ver". Meu filho, me erra! Eu reconheço que não devo ser a namorada mais legal do mundo e lugar no céu garantido terá aquele que souber lidar comigo, mas é ser muito louca querer ficar um pouco longe do namorado? Não dou conta desses casais que não conseguem viver sem a presença um do outro, que só saem juntos, etc. Essa descrição de pessoa viciada na outra pra mim é sinal de doença, e das graves. Já que estamos falando de novela, que tal a Heloísa, personagem da Giulia Gam em "Mulheres Apaixonadas"? Poderíamos facilmente adaptar a letra dessa música para a realidade dela, sob o título de "Essa mina sou eu". Isso não é amor de verdade, gente, é mulheres/homens que amam demais anônimos.

E quando você pensa que não fica pior: "E no meio da noite te chama/Pra dizer que te ama/Esse cara sou eu". Olha, se for pra me acordar no meio da noite, é melhor que a casa esteja pegando fogo, alguém esteja morrendo ou eu corra o risco de perder o emprego, porque de resto... Eu acho lindo gente que faz declarações de amor em horas inusitadas, que manda mensagens fofas no meio do dia ou diz que você está bonita sem que você esteja arrumada ou coisa assim. Mas acordar no meio na noite é sacanagem. É coisa de gente louca. Pior que isso só mesmo telefonar no meio da noite pra dizer que me ama. Eu seria capaz de terminar o namoro com Peter Parker Garfield himself numa situação dessas. Se Joey não compartilha comida, eu não divido meu sono com ninguém. 

Resumindo um pouco, porque eu não vou analisar estrofe por estrofe dessa música chata, tem muita mulher aí achando que quer um cara controlador e obsessivo. Gente, para. Gente, não. Não li 50 Tons de Cinza, mas não preciso da experiência completa pra saber que o tal do Christian Grey, que tem feito esse monte de mulher suspirar, é uma bela de uma cilada. Li dezenas de resenhas a respeito e assisti a vários vídeos, e em nenhum momento pensei que o garotão fosse algo do tipo que eu quisesse na minha vida. Um cara que controla o meu peso, as roupas que eu visto, a minha aparência, que é obcecado por mim, quer saber todos os meus passos e controlar tudo que faço da minha vida? Tirando o lado conto de fadas distorcido em que ele enche a mocinha de presentes caros e a faz virar os olhinhos entre quatro paredes, a descrição anterior não me parece muito diferente do perfil desses homens horríveis que batem nas mulheres e as mantém num estado tal de opressão que elas não conseguem sair de casa. 

O maior problema desses livros, arrisco dizer, é a ideia que eles introduzem na cabeça das mulheres de que esses homens doentes são regeneráveis. Que um dia o controlador vai parar de querer mandar na sua vida e vai se contentar com abrir a porta do carro e te ajudar a carregar suas coisas. Eu acredito que as pessoas mudam, mas não todas. Não a maioria. Infelizmente, é muito mais fácil mudar pra pior do que pra melhor. Tenho medo de quem bate no peito e diz que é a coisa certa pra mim e que me faz feliz, porque, honestamente, só consigo ouvir esse tipo de coisa dos meus pais e de Deus, e até os primeiros muitas vezes erram. 

Se eu fosse dar um palpite, no mundo dos reles mortais, quem tem um cara desses na vida acaba tendo sua voz unida ao coro do eu-lírico feminino triste que cantarola "Mil perdões", do Chico Buarque. Se é pra falar de amor obsessivo, que a música seja boa, pelo menos.


"Te perdoo por ligares pra todos os lugares de onde eu vim/Te perdoo por ergueres a mão, por bateres em mim, te perdoo"

Roberto Carlos, gosto tanto de você e espero que você não seja esse cara. Você é lindo quando simplesmente chama de querida a namorada ou se contenta com a pretensão de que durante muito tempo em nossa vida vai viver. Sai dessa.

"ESSE CARA SOU EU"

domingo, 25 de novembro de 2012

Espaço reservado para o medo

Ser tomada de assalto por um texto é uma das melhores coisas que se pode acontecer a qualquer pessoa que escreve. É aquele momento em que você está fazendo qualquer coisa que não pensar em escrever, e de repente é completamente dominado pelas palavras, que dançam na sua cabeça ao melhor estilo Alice no País das Maravilhas versão Disney. Seu cérebro começa a trabalhar freneticamente independentemente de você querer aquilo ou não, de ser 4h da manhã e você ter que acordar às 6h, de você estar no cinema vendo um filme do David Lynch, ou simplesmente muito cansado pra pensar. O texto vem e você só encontra a paz quando senta e escreve. E quando isso acontece é  mágico, é um fenômeno, é como se o cérebro, as mãos que escrevem e o papel trabalhassem numa dinâmica quase transcendental, pra deixar esse parágrafo um pouco mais hippie.

No entanto, como meu pai muito sabiamente me ensinou um dia e eu aplico em todos os setores da minha vida, não existe almoço de graça. Isso significa que não são todos os textos que simplesmente brotam na nossa cabeça, pelo contrário, isso só acontece com uma parcela ínfima, selecionada com extremo rigor e crueza. Para todas as outras coisas na vida a gente pode aplicar o velho critério dos 90% de transpiração e apenas 10 de inspiração ou, no máximo, aquela declaração do Chico Buarque de que a gente trabalha as ideias de forma inconsciente por semanas, meses, até que um dia elas nascem e a gente acredita que foi coisa do momento.

Meu ponto aqui não é sobre os melindres da criação, contudo. Até porque eu tenho um blog. Um blog! Se Machado de Assis me visse discorrer com essa cara de pau toda sobre seu ofício e sua arte, certamente me colocaria como coadjuvante fútil e abestalhada em algum de seus romances, como escape cômico. Aceito o risco de bom grado e direi mais: textos que brotam são a heroína da escrita, ao menos pra mim. Se Mark Renton fosse escritor, blogueiro ou estudante de jornalismo, não duvido que ele colocaria o prazer de crônica espontânea ao lado, ou ao menos próximo, do barato da droga que consegue ser melhor que o melhor orgasmo que você já teve na vida multiplicado por sei lá quanto. E, como eu ia dizendo, eles são raros, e essa condição, na cabeça de pessoas cismadas como eu, pode se tornar um problema.

Minha vida em um gif
Sabe quando a gente está lendo um livro incrível e chega uma passagem que nos toca de uma maneira única, arrepiando todos os pelos do corpo e enchendo os olhos d'água? Sempre que me deparo com uma dessas, sou também tomada por um pânico de nunca mais conseguir sentir aquilo de novo, como se já tivesse esgotado a minha cota de catarses literárias da vida. O mesmo com os textos. Logo após o último ponto final daquele post que me surgiu como um vômito de palavras e ideias que se encadearam sem que eu tivesse que fazer força, eu já surto e penso que pronto, magia nunca mais, vou passar o resto da vida folheando o dicionário de sinônimos em busca da frase perfeita. O último "post espontâneo" postado aqui foi aquele das eleições de Tupaciguara. Eu estava quase dormindo quando as primeiras frases surgiram, então acendi a luz, peguei um caderno e escrevi loucamente, o resto dele nascendo à medida que as ideias anteriores tomavam forma.

Coincidentemente ou não, aquele foi o último post daqui que eu genuinamente gostei. O último que eu postei sentindo que não faltava absolutamente nada, que eu fiquei com vontade de reler e não só com vergonha de abrir o blog e com a sensação de que eu era uma fraude. Eu sei que isso não faz o maior sentido, mas não é como se eu pudesse controlar essa sensação horrível. Se eu pudesse, aliás, não estaria escrevendo este texto.


O título não é aleatório. Recentemente, Charlie McDonnel, um youtuber inglês absolutamente divertido, criativo e adorável, postou um vídeo em seu canal sob o título "I'm Scared". Nele, Charlie justificava o lento ritmo produtivo recente com seu medo, total pânico diante da ideia de talvez não ser bom o suficiente, de não agradar mais. Ele conta que a vida toda foi muito tímido e inseguro, e que o Youtube foi o local em que ele sentiu que poderia ser ele mesmo, porque lá havia pessoas que gostavam e se identificavam com aquilo que ele fazia, com quem ele era. O problema é que ele se tornou consciente dessa condição, que agora estava massacrando-o: e se as pessoas parassem de gostar dele? e se tudo aquilo que um dia fez sentido pra um monte de gente de repente se tornasse uma produção sem sentindo e completamente dispensável? Essas dúvidas apareciam sempre que ele tentava produzir algo novo, e o medo de não ser bom, ou pelo menos não tão bom como já foi um dia, o paralisava por completo. 

Pouca gente conhece ele por aqui - e se não fosse pela Taryne, a rainha do Youtube, eu também não o conheceria (amiga, obrigada por dividir suas coisas favoritas comigo) - , mas ele é bem famoso na gringa, principalmente por ser nerdfighter e muito chapa do Hank Green. Sua vídeo-confissão causou uma repercussão bem comovente, com uma série de vídeos-resposta  que fazem a gente ter mais fé na humanidade. O próprio fez um apanhado das melhores e postou como uma lista de reprodução, que eu recomendo veementemente à todos que estão precisando de uma força, mas tenho duas respostas favoritas bem específicas, que é a que o próprio Hank fez e outra do Michael Aranda, amigo de Charlie.




Adoro quando Hank diz que o exercício de criar é inegavel e absolutamente assustador, e que uma vez que todos nós criamos - ainda que seja apenas a nós mesmos -, todos estamos assustados. Isso significa que ter medo é algo absolutamente normal, e, uma vez que a gente não pode se livrar dessa sensação, melhor mesmo é criar com mais afinco, não deixando esse monstro verde nos dominar. Já o fofo do Michael, ao fim do seu vídeo, diz que ter medo é normal e a gente não deve sentir vergonha disso ou se deixar abater. Pra ele, a melhor forma de aceitar o medo é tirando um dia, uma semana, um mês que seja, pra se deixar ser completamente abatido pelo medo, deixar que ele nos consuma, e depois renascer das cinzas fortalecido pela experiência, afinal você já passou pelo pior, certo? Eu costumava fazer isso ano passado. Imaginava o que aconteceria caso eu não passasse no vestibular e estruturava minha vida a partir dessa perspectiva, até ver que ok, não seria o fim do mundo e eu conseguiria enfrentar aquilo, então vamos em frente.

Assim sendo, esta sou eu sentindo medo. Oi, meu nome é Anna Vitória e sou fatalista demais pros meus poucos 18 anos de vida, e se nas últimas semanas não tenho gostado muito daquilo que escrevo, logo imagino que nunca mais vou gostar de nada que irei escrever até o fim dos meus dias, o que significaria o fim desse blog, que eu gosto tanto. Isso me enche de medo, mais do que uma pessoa normal acharia ok alguém  sentir por conta de um punhado de palavras juntas, mas fazer o quê? 

Charlie, querido, me dê a mão e vamos enfrentar esse monstro. Você não está sozinho.

(e acreditem ou não, mas esse texto começou como um doloroso processo de 90% transpiração e blábláblá e terminou como uma criação quase espontânea)

sábado, 17 de novembro de 2012

Grease, Nicholas Sparks e alunos japoneses

Depois que a Cih teve a ideia incrivelmente divertida de entrevistar a Mel e contar um pouquinho da sua linda história de amor no Frases Mais Azuis, Rafinha enxergou uma boa oportunidade de meme: entrevista mafiosa. Como não somos um grupo de negar folia, logo agitamos um sorteio e o resultado será postado aqui. Tive a oportunidade de entrevistar a Nathy Faustini, do blog Pensamentos By Nathy, uma blogueira querida que "conheço" há um bom tempo e com quem até já troquei várias cartinhas. A Nathy dá aula pra crianças e adora isso, coisa que eu acho que você só consegue fazer se tiver um dom especial, o que eu não duvido que ela tenha. Vamos conhecê-la um pouco mais? Os comentários itálicos entre parêntese são meus palpites em suas respostas.



Nome: Nathália Ferreira Faustini
Idade: 25 anos
Onde nasceu: Londrina/PR
Onde mora: Londrina/PR
O que faz da vida: Sou professora. Trabalho em período integral em escolas diferentes. Na parte da manhã com uma turma de 4º ano e na parte da tarde com uma turma de 2º ano (todos japonesinhos, rs).

Você sempre quis ser professora? Quem foi sua maior influência na hora de escolher a profissão? Se pudesse fazer outra coisa, o que seria?
Sim, eu sempre quis ser professora. Minha maior influência foi a minha avó que foi professora e psicopedagoga. Hoje aposentada, mas meu grande orgulho. (Minhas duas avós também são professoras aposentadas, e eu babo de admiração por elas!) Também sempre fui apaixonada pelas minhas professoras primárias. Sempre tive um vínculo afetivo muito grande. Acredito que o professor tem uma influência grande na vida de um aluno (principalmente nessa fase) e meu sonho é marcar a vida de cada um deles mesmo, fazer a diferença na vida de cada um que passa pelas minhas mãos. Não é uma profissão fácil, mas gratificante com certeza. E quanto a fazer outra coisa, com certeza se não fosse pedagogia, seria psicologia. Por um tempo até cheguei a pensar nisso, mas acho que não daria tão certo quando ser professora. Até fiz a pós em psicopedagogia, mas também vi que não serve pra mim. Gosto! Mas não para atuar. Sou apaixonada pela psicologia, mas o dom que Deus me deu foi o de professora mesmo, rs.

Qual a coisa que você mais gosta na cidade onde mora? E o que menos gosta? Se pudesse morar em qualquer outro lugar, onde seria?
Eu sou uma pessoa super caseira, então essa pergunta é bem complicada de eu responder. Gosto muito da minha cidade, gosto dos pontos turísticos, das pessoas, mas acho que ainda falta muita coisa. Falta cultura, lugares diferentes. As pessoas daqui vão sempre nos mesmos lugares, sabe?! Não há muito o que se fazer (pelo menos a meu ver). Não sei se eu gostaria de morar em outro lugar. Não me vejo saindo daqui, mas... Nunca se sabe! Eu gostaria de morar onde tenha cultura, história (eu gosto dessas coisas). Gosto muito de tudo que tem em São Paulo, mas acho que não gostaria de morar lá hoje em dia. Rio de Janeiro também é um sonho, mas também não sei se gostaria de viver lá.

Qual o livro mais legal que você já leu na sua vida? E qual livro você morre de vontade de ler mas ainda não teve a oportunidade?
Olha, essa também é uma pergunta muito difícil. Já li livros maravilhosos, mas não sei se nenhum que tenha me deixado fascinada. Há vários que eu sou encantada. Sou apaixonada por Nicolas Sparks, mas não há nenhum que tenha me surpreendido tanto. Eu apenas gosto das histórias melosas que ele escreve. Na minha opinião, o melhor livro que existe é a Bíblia. Há um livro que considero um dos melhores que já li, que se chama: “Uma vida com propósitos”. Um livro que eu morro de vontade de ler é “Orgulho e preconceito”, não que eu não tenha lido por falta de oportunidade, porque na verdade eu já até comecei a ler uma vez, mas simplesmente não consegui dar continuidade na leitura. Eu realmente morro de vontade de ler, de saber a história, mas até hoje não consegui. Quem sabe um dia...rs (Pois não perca tempo e leia! É um livro mágico!)

Tem vontade de fazer uma festa de casamento? Já sabe com qual música quer entrar? (Ou eu sou a única pessoa que sonha pateticamente com isso e fantasia com todos os detalhes?)
Sim! É o meu maior sonho. Sonho acordada com o meu casamento. Sou daquelas tradicionais, que quer casar na igreja, com a marcha nupcial, etc. Mas com o tempo isso tem mudado. Sonho em entrar na igreja com a musica “Agnus dei”, mas ao mesmo tempo não quero dispensar a marcha. Portanto, só Deus sabe como será a minha entrada, mas Agnus dei (instrumental) com certeza fará parte do meu casamento.


Se pudesse viver dentro de um filme, qual seria?
Nossa! Que pergunta difícil! Mas, depois de muito pensar, gostaria de morar em “Grease, nos tempos da brilhantina”. Porque eu acho aquelas roupa, penteados, músicas, tudo muito lindo! E eu ia adorar viver nessa época! (É verdade, a Nathy adora Grease e eu só assisti ao filme por causa dele, que me deu o DVD de presente e agora eu também sou apaixonada e adoraria viver nos tempos da brilhantina ♥)



Gostaram do formato do post? Ainda não sei quem me entrevistou (embora tenha meus palpites), mas assim que a pessoa postar, eu edito o post e coloco aqui pra vocês. Fui entrevistada pela coisa linda e querida que é a Rhai, que saiu comigo num meme pela segunda vez! A entrevista que ela fez comigo pode ser conferida aqui.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Nada de novo no front

Sábado passado, um geladinho e chuvoso sábado, vale dizer, voltei à minha antiga escola. Os últimos três anos da minha vida escolar, talvez os mais intensos, não aconteceram lá, mas tenho essa escola como A escola antiga e vai ser sempre assim. Voltei porque minha amiga Isabela me fez o incrível convite para participar da Feira da Cultura como avaliadora. A maioria de vocês vai ler isso e pensar que minha amiga me arrastou pra uma roubada das grandes, mas vou me justificar com a mesma frase que usei para convencer minha mãe a sair da cama numa manhã de sábado fria e chuvosa para me levar até lá: é um sonho se tornando realidade, um ciclo que se fecha. 

Pieguices minhas de lado, sempre nutri esse sonho escondido de ser avaliadora da Feira. Na escola, toda essa história é levada muito a sério desde que me entendo por gente. Não saberia dizer as lágrimas que já chorei, as noites de sono que perdi e os fios de cabelo que deixei pelo caminho por conta dela. Já travei brigas feias, deixei de falar com várias pessoas por meses e acho que a única vez que minha mãe se envolveu de verdade com alguma coisa relacionada à minha vida escolar foi com minha Feira de 2007. Tive uma professora de Português no colegial que sempre dizia que moeda de troca com aluno é nota, mas, se a memória não me falha, a Feira da Cultura nem valia tantos pontos assim para provocar tanto sofrimento. E como eu sofria! Já tive trabalhos que foram um fiasco, assim como já ganhei prêmio duas vezes e também já consegui não me importar o suficiente para fazer tudo em uma semana, escolher a sala mais isolada e escondida da escola e passar quase o tempo todo da apresentação deitada no chão jogando conversa fora. Só faltava mesmo ser avaliadora.

Vou confessar pra vocês que a parte prática foi um saco. Depois de estudar hardcoremente pro vestibular a gente acha qualquer tipo de exposição superficial demais e mesmo que eu estivesse empregando toda a minha boa vontade para ser uma avaliadora gente boa, só conseguia ouvir o que eles falavam pra procurar erros. Por outro lado, observar todo aquele frenesi estando de fora é um exercício antropológico bem interessante. De início minha reação automática foi me sentir muito, muito velha, como se já estivesse a anoz-luz daquela realidade. Depois, comecei a perceber que, mesmo quatro anos depois, aquele cenário era tão igual ao que eu vivi que me senti confortada. Num mundo onde tudo muda tão rápido, ao menos o espírito daquela escola, da minha escola, permanece o mesmo. Era daquele jeito desde antes de eu ter idade para fazer meus trabalhos sozinha, e continua sendo assim hoje. 

Um dos trabalhos que eu avaliei, por exemplo, foi feito por um grupo só de meninas. Todas usavam batom vermelho e delineador nos olhos, estilo gatinho. Aquilo não tinha absolutamente nada a ver com o trabalho, mas eu tenho certeza absoluta que elas pensaram que era um pretexto bem honesto para usar batom vermelho pela, talvez, primeira vez na vida. Eu sei que eu já usei um trabalho como motivo para usar esmalte preto, naquele mesmo colégio, alguns pares de anos antes. Em outro grupo, uma garota falou sozinha por mais de cinco minutos, o que é muito, e dava pra sentir que ela estava a ponto de chorar de desespero e certamente estava repetindo a sua fala junto com a de uns outros quatro colegas, que deveriam estar borboletando pelo colégio e ela morrendo de raiva deles. Aquela menina era eu alguns anos atrás, muito mais perfeccionista loucona do que sou hoje - agora vocês imaginem a situação - tentando carregar o mundo nas costas com muito mais afinco do que tento hoje - só pensem - e a ponto de implodir de tanto estresse por algo que seus colegas não estão nem aí. Até brincamos com ela, pedimos pra ela respirar fundo e toda essa coisa de avaliadora gente fina. 

Colocando todas essas identificações e reconhecimentos perigosos de lado, quem estou enganando?, bom mesmo é observar a dança do acasalamento sutil que se dá entre os pré-adolescentes. Fico imaginando se na minha época a coisa era tão gritante e explícita, os papéis tão bem demarcados, as histórias tão escancaradas. Existe uma razão para os personagens de filmes adolescentes serem tão arquetípicos. Assim que entrei numa sala já tive certeza absoluta de quem era o macho alfa local. Menino bonitinho, fortinho, engraçadinho, que explica meio flertandinho, jamais levando aquilo a sério demais, o que fica claro com a piadinha estúpida que faz no final. Certeza que todas as meninas da sala dele, e principalmente a de séries inferiores, tem uma quedinha pelo moço. Eu teria.

Em outro grupo tinha um garoto todo másculo e encorpado, barbudinho, que também finge não levar o trabalho a sério demais para não parecer nerd e faz questão de sair do stand dando um salto sobre as carteiras. No mesmo grupo que ele, um garoto baixinho, cheio de espinhas, nada de músculos e sem um fio de barba no rosto. Explicou tão bonitinho, tão cheio dos detalhes, que imagino o esforço que devia estar fazendo pra causar uma boa impressão, embora soubesse que quem ia virar notícia era seu companheiro do parkour indoor. Se eu fosse menino, muito provavelmente seria ele. Queria até dar um abracinho no final e dizer que ia ficar tudo bem e um dia ele iria rir daquilo.

Eu disse pra minha mãe que participar da feira seria uma forma de fechar um ciclo muito mais para sensibilizar seu coração gelado de mãe-torista do que qualquer outra coisa, mas se eu for pensar bem, foi exatamente isso o que aconteceu. Posso estar passando por essa fase de nostalgia sobre uma coisa que nunca vivi direito e que pensei que estivesse querendo recuperar, mas a verdade é que não trocaria minha vida atual pela deles não. Responsabilidades de gente grande são uó, mas prefiro elas àquele desespero juvenil de me sentir invisível, sem graça e sem peitos, de ter que arrumar desculpas para passar um esmalte que adoro e carregar todo um trabalho nas costas que no fim de semana seguinte ninguém, nem eu, se lembraria direito.

Muito mais legal olhar de longe, mesmo que trombe com aqueles garotinhos que anos atrás eram crianças e esbarravam em mim quando corriam pelo pátio loucamente e hoje já são mais altos que eu e me fazem sentir uma velha de 18 anos sentada num cantinho tomando leite e observando os xovens se divertirem.

Me abraça, Cohen

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

O post mais queima filme da história deste blog

Ou: Confissões do apocalipse
Ou, ainda: Socorro, tenho quinze anos!

Há um tempo atrás a Cih fez um post muito legal falando sobre o novo programa da Fernanda Young, no qual ela entrevista famosos e arranca deles algumas coisas que não seriam ditas normalmente se o mundo não fosse acabar esse ano, como dizem os maias. Eu não acredito que o mundo vá acabar dia 21 do mês que vem, mas gostaria de aproveitar o ensejo para tirar de meus ombros algo que vem me sufocando há algum tempo. Eu já confessei aqui que era viciada na Malhação do Fiuk e nem por isso fiquei sem leitores, de modo que espero que vocês consigam aguentar o tranco:

Acho que tenho quinze anos de novo.

Quer dizer, acho que tenho os quinze anos que nunca tive um dia. Lembram daquele papo de relógio biológico distorcido? Pois bem. Com quinze anos eu era muito do contra e marrentinha. Eu não gostava das coisas que as meninas da minha idade gostavam e sentia um certo orgulho disso. Não fazia isso de propósito, juro pra vocês, mas não deixava de me sentir bem por achar os Jonas Brothers um lixo. Gostava de, de fato, não suportar olhar pra cara do Justin Bieber. No entanto, toda essa euforia reprimida típica da idade ficou contida aqui dentro e agora voltou com tudo, me deixando sem saída. Tenho sentido seus efeitos até fisicamente. Voltei a ter espinhas. Quer dizer, estou tendo espinhas pela primeira vez na vida. Parece piada, mas é verdade. Passei minha adolescência totalmente livre delas, apenas alguns cravos ocasionais e inoportunos, e agora toda semana ganho uma protuberância vermelha de presente. Casos isolados, nada que um corretivo aliado a sistemáticas sessões de esfoliação caseira não deem jeito, mas ainda assim. Espinhas!

Quem dera fossem elas meu maior problema. Vamos por partes:

1. Amei o novo cd da Taylor Swift



A quantidade de vezes que eu escuto "We Are Never Ever Ever Getting Back Together" é desesperadora. Eu não consigo parar. Sempre tive uma simpatia velada pela moça, e já dei mostras disso publicamente, como na última noite no karaokê em que eu fiz corinho para "You Belong With Me" e me assustei por saber a letra de cor. Mas essa música, esse CD... Ah Drummond, se você tivesse quinze anos hoje teria se comovido da mesma forma, sem lua e sem conhaque.


2. Estou viciada em Malhação. De novo.



Não adianta, eu nunca vou conseguir resistir às temporadas bobinhas de Malhação. Nada como um draminha adolescente bem clichê pra derreter meu coração, e vira e mexe eles acertam nesse quesito. Fui com a cara do pessoal da atual temporada desde que eles começaram a divulgação e senti que ali vinha coisa boa. Melhor ainda o início ter coincidido com esse período estranho que tenho vivido de pós-greve. Estou muito apegada, quero ver como vou fazer quando minhas aulas voltarem para valer, daqui a poucos dias, quando não estarei mais em casa na hora da novelinha. 

3. Amo o Emblem3


Já compartilhei aqui o meu vício pela segunda temporada do X-Factor dos Estados Unidos, mas esqueci de dividir com vocês os meus favoritos. Torço pela Diamond, pelo Vino e pela Jennel Garcia, mas não consigo não pirar no Emblem3. O trio é do tipo que tem todos os elementos imagináveis para que eu despreze automaticamente, mas não sei o que acontece comigo quando eles estão no palco. Eu vibro! Eu quero cantar junto! Eu acho os três lindinhos demais! Eles são arrogantes, se fossem brasileiros falariam "caraca" e chamariam os outros de "bróder" e "muleque", e se o X-Factor fosse, na verdade, The O.C., eles jogariam pólo aquático e chamariam o Seth de viadinho. Um deles não consegue passar quinze minutos de camisa. E eu amo eles demais! Na segunda rodada de shows ao vivo eles apresentaram um incrível mash-up de What Makes You Beautiful, My Girl e California Gurls, uma mistureba absurdamente dançante e viciante que tenho ouvido obsessivamente desde ontem. Me ajudem. 

Já falei um pouco aqui no blog sobre essa coisa toda de guilty pleasures e a inexplicável fissura que manifestamos diante deles, e depois desse post, acho que um trecho do editorial da Rookie do mês passado, escrito pela fabulosa Tavi Gevinson, vem bem a calhar:

"I’m really excited, because after a middle school identity crisis’s worth of believing that liking anything made purely for entertainment value was a compromise of my intelligence, I feel such a RUSH when I listen to One Direction while walking to class. My demeanor would have you believe I’m listening to black metal mashed up with puppies crying, but I swear it’s just my inability to control my face. Inside, I am smiling like the baby sun in Teletubbies. 

Liking things is fun; wasting time and energy figuring out what your taste says about your personality is not. I think that if you can differentiate between taking everything with a grain of salt, and just plain snobby hating, you will live a life full of all the joy that Netflix has to offer. (This is not even a Netflix ad, it’s just very much my best friend.)"

Depois dessa, amigos:


(Se mesmo depois dessa minha argumentação cheia de sentimento e auto-reflexão você ainda não se deu por convencido, pode ler sobre música de verdade na minha coluna dessa semana lá no Move That Jukebox, em que eu falo sobre o livro Alta Fidelidade, do Nick Hornby, e sua fantástica trilha sonora)

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Entre corações que (não) tenho tatuados


Inspirada em uma entrevista que leu da Mallu Magalhães, a Mel resolveu listar dez lembranças queridas que lhe viessem a mente. Analu viu, e como eu estava procurando alguma coisa pra postar, sugeriu que fizéssemos igual. Me apaixonei pela delícia das memórias da Mel, tão doces como ela, e na hora fui invadida por um turbilhão de momentos. Resolvi escrever sem parar pra pensar, porque sei que se estabelecer qualquer critério esse post não sai nunca.

Os dois últimos horários da segunda

Minha sétima série foi uma festa. A melhor turma, a melhor escola, os melhores amigos. A turma era ótima do meu ponto de vista, já que para o resto da escola era o horror. Nós não calávamos a boca, não parávamos de rir, não nos segurávamos nas cadeiras. E aí calhou de nosso professor de Matemática ser um jovem recém formado, que tinha em conhecimento o que lhe faltava em didática e domínio de classe. Colocamos ele no bolso. Na segunda-feira, os dois últimos horários eram dele e o combinado era que o primeiro seria de matéria e, se a gente se comportasse, poderíamos fazer as tarefas na parte externa da escola. É claro que ninguém fazia tarefa alguma e todo esse tempo era dedicado a rir, fazer troça da cara dos outros, inventar brincadeiras, etc. Devo a esse ano tudo que não sei de Matemática, e depois dele, aquele professor desistiu da carreira acadêmica.

O dia mais quente de todos

No primeiro colegial, minha escola inventou que o fórum do Ciência e Cidadania, uma espécie de feira cultural e de ciências, no Mercado Municipal. O problema é que o dia escolhido pra isso foi exatamente o dia mais quente que eu lembro de ter vivido, e foi um caos. As barraquinhas ficavam no sol e eu não sabia o que era pior: ficar queimando a cabeça ou suando embaixo daquelas tendas insuportavelmente abafadas. Esperta como sou, peguei o turno da noite, e depois de ter ajudado o meu grupo a montar a barraca, tinha a tarde livre com meus amigos para vadiar no centro da cidade. Eu poderia ir pra casa dormir, mas preferi ficar andando pra cima e pra baixo embaixo daquele solão de meu Deus, e de recompensa ganhei um dos dias mais divertidos de todos. Não lembro muito bem o que fizemos além de ir na casa de uma amiga ver vídeos de festas antigas e de um episódio nas Lojas Americanas que envolveu um amigo escondido embaixo de uma gôndola, puxando nossos pés. 

A primeira (e única) vez que matei aula (na escola, rs)

Foi ano passado, porque eu e minhas amigas decidimos que a gente não podia sair da escola sem nunca ter matado aula na cara dura. O último horário era Filosofia, então deixamos a sala junto com o professor da aula anterior, muito donas de nós mesmas, atravessamos a escola e ficamos sentadas na área do cursinho, onde é permitido sair da aula. No entanto, o fiscal de pátio sacou que a gente não era dali e pediu que voltássemos e fôssemos assinar a ocorrência com o nosso monitor. Assentimos, e muito marotas nos escondemos num lugar baixo, naquele pátio externo maluco da escola, e lá ficamos até o sinal bater. Eu teria aproveitado bem mais se não estivesse me contorcendo de cólica e quase querendo me entregar pra buscar um remédio na secretaria. Mas a adrenalina do momento foi divertida.

O hotel em Porto Seguro

Meus avós tem o costume de, vez ou outra, tirar férias só com os netos. Eu tinha nove anos quando fomos pra Porto Seguro, a última viagem antes do nascimento da Mariana, que só em 2009 foi viajar conosco. Enquanto meu avô terminava de fazer o check-in no hotel, eu, minha avó e meu primo Pedro fomos ver o quarto e que alegria, depois de uma viagem longa cheia de escalas malucas, encontrar um quarto lindo cheio de camas de casal dessas macias de hotel. Não deu outra, nos olhamos e começamos a pular, os três, igual nos filmes.

A irmã que eu nunca tive

Embora hoje eu não ligue pro fato de ser filha única, quando eu era mais nova isso me matava. Meu sonho era ter uma irmã de idade próxima a minha a qual pudesse ser também minha melhor amiga. Eu queria tanto que chegava a ter sonhos bizarramente reais com isso, em que eu via nitidamente minha mãe me contando que estava grávida, e por vezes eu cismava que ela estava grávida mesmo, tendo como base alguma evidência idiota, e a decepção que sempre se seguia a essas ilusões era terrível.

Os cheiros

Já gostei de um cara, talvez o primeiro que eu tenha gostado pra valer, que era absurdamente cheiroso. Ele era cheiroso sempre, mas no dia que nos conhecemos ele cheirava extraordinariamente bem - um misto de banho recém-tomado com um perfume leve por cima -, e eu, que tenho uma memória olfativa muito apurada, tenho esse cheiro guardado até hoje. Anos atrás sonhei com ele, um desses meus sonhos tão reais que chegam a ser assustadores, e juro por Deus que acordei sentindo o cheiro dele no quarto inteiro. Foi deveras perturbador e não guardo lembrança de ter tido outro sonho tão sensorial quanto esse.

Amazona (só que não)

Quando eu tinha 10 anos, fui passar as férias na fazenda de uma amiga minha. O passatempo favorito da família toda era andar a cavalo, e eu, a medrosa, a desastrada, a bobinha, a molenga, tive que aprender a montar. Depois que você pega o jeito é tão fácil quanto andar de bicicleta, mas demorei alguns dias para me sentir segura o suficiente pra galopar. Quer dizer, um dia simplesmente o pai da minha amiga resolveu que era hora, deu uma bela palmada na traseira do meu cavalo, e lá fui eu. Eu nunca havia sentido tanto medo e prazer, juntos, naquela intensidade, antes. A sensação de correr com um cavalo pela primeira vez é essa: o medo que você sente é proporcional à excitação gerada pela adrenalina e o vento no rosto. Aliás, galopar é sempre assim, com o medo um pouquinho menor a cada nova corrida. Foi assim que aprendi a cavalgar, e quando tinha mais paciência pra ir a fazenda, não deixava de perder uma tarde explorando os arredores com meus amigos equinos. Se algum dia milionária for, meu passatempo fresco será criar cavalos.

Como é o começo de Giz mesmo?

Essa lembrança já foi relatada aqui de forma exaustiva, mas ela é linda demais pra ficar de fora. Andar pela Avenida Paulista num anoitecer de domingo cantando Legião Urbana ao lado das mafiosas foi um daqueles momentos que a gente sente que a nossa vida poderia sim ser um filme. Quem ouve falar disso acha brega, quem estava ao redor não entendeu nada, e isso que torna tudo mais especial ainda. Só a gente sabe como foi, nosso infinito particular e alegria egoísta mais querida. 

Como é que se diz eu te amo?

Toda uma vida fantasiando a respeito de como vai ser o primeiro "eu te amo" que a gente vai ouvir - e que não é vindo dos pais nem dos amigos queridos - e na hora que aconteceu comigo eu me senti tingida por 50 tons de cores variadas - indo do verde azia súbita ao azul falta-oxigênio-no-meu-cérebro -, quis vomitar, chorar, rir, sair correndo ou me ver engolida por um buraco no chão. Foi muito de repente, o que fez de tudo mais assustador ainda, e não, eu não lembro o que disse de volta, só sei que não foi um eu te amo também.

"Tem pessoas que a gente não esquece nem se esquecer: o primeiro namorado, uma estrela da TV. Personagens do meu livro de memórias que um dia rasguei do meu cartaz. Entre todas as novelas e romances, de você me lembro mais"

domingo, 4 de novembro de 2012

Sorte do ano

Semana passada mandei uma mensagem pra um primo que mora em São Paulo perguntando se ele tinha planos de vir no feriado. A resposta? "Anna, tem ENEM no feriado". Eu juro que não tinha me ligado disso e poucas coisas me fizeram tão feliz quanto essa ignorância. Acho que finalmente consegui tirar de mim o último ranço da vida de vestibulanda, e agora posso seguir em frente.

Não é questão de esfregar na cara de quem está sofrendo que ontem passei a tarde deitada na minha cama assistindo filmes, e fiquei até altas horas jogando conversa fora com as minhas amigas. Lembro exatamente do ENEM do ano passado: fiz prova numa universidade nas redondezas da pêquêpê e mesmo tendo saído de casa com bastante antecedência, o engarrafamento monstro me obrigou a descer do carro no meio da avenida e terminar de chegar com meus próprios pés. No fim da tarde, na hora da saída, uma chuva torrencial despencou e aquele engarrafamento que estava ruim na hora do almoço se converteu numa coisa pavorosa por causa da chuva. Passei mais de uma hora inutilmente espremida embaixo do meu guarda-chuva cor-de-rosa com minha melhor amiga, as duas ensopadas, tremendo de frio, pedindo a Deus que não nos deixasse a adoecer, pelo menos não até o fim do dia seguinte. Depois que finalmente entramos no carro, demorou mais um tempão até que chegássemos em casa, e quando isso aconteceu eu só queria morrer. 

Pena que nem isso eu poderia, já que tinha prova no dia seguinte também. 

Acho que a pior coisa do ENEM são os dois dias de prova. O primeiro dia é suportável, você está descansado, com gás, querendo acabar com aquilo logo. Ao fim dele a graça já se perdeu e você ainda tem mais um, o pior  - no meu caso, que sempre fui péssima em matemática - está por vir. Então você junta todas as forças que ainda restam, toda a boa vontade, coragem e fé e vai. Não posso reclamar do ano passado, pois fui abençoada desde o início, apesar das intempéries. Foi a melhor prova que fiz, dentre o ano anterior de treineira e os milhares de simulados que fiz na escola. Aliás, o último simulado que fiz foi tão pavoroso e desgastante, física e emocionalmente, que fui para a prova oficial morrendo de medo daquele desastre se repetir. Naquele fim de semana eu não podia olhar pra prova de matemática, resolver que não era obrigada a fazer aquilo e simplesmente chutar tudo e sair da sala batendo a porta. Não podia ir no banheiro me esconder e dar uma choradinha, só porque minhas costas doíam demais. E acho que talvez por isso, tudo que deu errado antes, se alinhou e deu certo. Até o fiscal era gente boa e, quando eu fui embora, disse pra eu ficar tranquila pois tinha a vitória até no meu nome.

Fiquei com vontade de escrever isso porque, ano passado, eu sempre parava pra me perguntar se aquilo um dia iria passar, se algum dia eu olharia aqueles meses em retrospecto e riria do meu desespero, se sentiria saudades. Saudade eu não sinto, definitivamente, e ainda não consigo dar risada porque as lembranças ainda estão meio frescas, mas ei, Anna Vitória desesperada e descabelada do ano passado, você conseguiu. Amigos amados e queridos leitores que ainda enfrentam esse suplício, aquilo que falam sobre a tormenta valer a pena depois que passa é completamente verdade. Existe vida, e uma vida muito boa, depois do vestibular. 


quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Anna's house

Estou viciada na segunda temporada do X-Factor americano. Comecei a ver por conta dos meus amigos empolgados que falaram tão bem que me deixaram curiosa, e também porque queria ter a chance de ver dona Britney como jurada e matar as saudades do Simon Cowell. Me apaixonei por vários participantes nas primeiras audições, mas com o avanço da competição, senti que gostava cada vez menos deles. Fiquei tão impressionada com cada um no início e senti que eles regrediram com o andar da carruagem, o que é bastante irônico. 

Matutando acerca disso, eu, do alto do meu conhecimento técnico no que tange à música e seus melindres - que é nenhum -, concluí que o problema com aquelas apresentações é que a maioria dos competidores estava escolhendo músicas erradas. Muito me surpreende que eles tenham sido tão felizes uma vez e tão desventurados quando a coisa ficou mais séria, o que só me deixa mais apreensiva quanto aos live shows, que começaram hoje.

Pensando nisso, resolvi brincar de mentora de talentos no X-Factor e escolher o que eu gostaria, e acharia mais adequado, que meus candidatos favoritos cantassem. Será que levo jeito?


Vino Alan canta Otis Redding: Posso estar viajando tremendamente, mas desde que ouvi a voz fantástica do Vino pela primeira vez, notei um quê de Otis Redding ali. Adorei a escolha da música da primeira audição, mas tenho que dizer que as outras não foram tão legais assim. Na apresentação pro L.A ele cantou Pink. Nada contra, mas um cara com uma voz dessas deveria estar cantando soul!





Jennel Garcia canta Beatles: Me apaixonei pela Jennel nas audições, achei ela muito fofa e ao mesmo tempo super ousada, e também gostei bastante que ela cantou uma música diferente do que a maioria das garotas seleciona para cantar no programa. Só que com o passar dos programas ela foi banalizando e perdeu a confiança, e eu sinto muita saudade dela sendo divona do rock. Imagino que seria sensacional vê-la cantando Oh! Darling, mais ou menos como a Sadie no ótimo número de Across The Universe.





Willie Jones canta Leonard Cohen: Willie foi outro que me encantou logo de cara, pelo estilo, pelo tom de voz diferente e pelo fato de cantar country - um ritmo que eu descobri recentemente que gosto muito. O problema é que Willie não sabe direito se quer cantar country ou se render ao apelo popular e cantar R&B. Ser mais um cantor boring de R&B. Eu gosto muito mais do tom da primeira audição e acho que ele nasceu pra cantar I'm Your Man, para explorar seu grave fantástico.





Carly canta Adele: Carly Rose Sonenklar é um fenômeno. Ela tem treze anos de idade, aparenta ter uns onze e, quando abre a boca, parece possuída por uma diva soul dos anos 50. Muito provavelmente vai ser a vencedora, mesmo que ainda não tenha entregado uma performance tão arrebatadora como a da sua primeira audição. Sei que ninguém mais aguenta calouro cantando Adele, mas First Love tem o tom e as notas ideais para que Carly, com seu vozeirão, faça Simon Cowell cair da cadeira. 





Jeffrey canta Foo Fighters: Jeffrey Adam Gutt não precisou cantar nada pra ser alçado ao patamar de crush com direito a gritos histéricos e muitos suspiros de minha parte. Olhem essas tatuagens, esse sorriso de tadinho, o filho lindo que ele tem. E se eu disser que ele canta com uma voz rouca que é ao mesmo tempo sexy e tão profunda e inspirada que já perdi a conta das vezes que assisti a sua audição e chorei em todas? Só que o Jeffrey foi eliminado. Concordo que sua apresentação no Boot Camp foi bem qualquer nota, mas ainda assim ele é melhor que muitos que passaram em sua categoria - e não estou falando (apenas) com meus hormônios, ok? Acho que a voz dele tem super a ver com Walk e só fico imaginando o resultado de uma versão mais intimista, talvez acústica e como minhas pernas tremem de antever o resultado.