sábado, 28 de março de 2015

Lagartos, abóboras e um pouco de mágica

Para ler ouvindo:


Ontem eu chorei vendo Cinderela.

Eu estava pronta pra odiar o filme, fui assistir já pensando em escrever algo inflamado sobre como a Disney e os outros estúdios precisam parar de insistir em releituras de clássicos e começar a investir em bons roteiros originais. Eu estava pronta pra usar o termo crise generalizada de criatividade em Hollywood. Mas aí eu chorei vendo Cinderela, sendo que ela nunca foi minha princesa favorita, nem a segunda favorita, e nem entraria no meu top 5. Plot twist!

Quando eu era criança, sonhava em ver meus contos de fada favoritos em live action (ou "filme com gente de verdade", como eu dizia então). Assistia na TV Cultura, todo sábado, o Teatro dos Contos de Fada com a Shelley Duvall (tem vários completos no Youtube e são super legais) e sentia até um frio na barriga (até porque eles tinham uma coisa meio creepy rolando), embora eles não entregassem a versão que eu tinha na minha cabeça.

Eu queria mágica no mundo real.


Quando finalmente surgiu essa nova onda de adaptação dos contos de fada clássicos, surgiu também um movimento que visava aprofundar as tramas, os personagens e tornar a história mais real e humana pro nosso mundo de carne e osso. Não deixa de ser uma boa ideia, que até deu certo algumas vezes (beijos, Para Sempre Cinderela!), mas o resultado da maioria acaba sendo meio decepcionante. Está na essência dos contos de fada esse desprendimento da realidade - o que faz com que muitas histórias sejam problemáticas, a gente sabe como elas são, mas isso é uma prerrogativa do gênero. No fundo, acho que é isso que faz deles histórias tão irresistíveis. 

(Aliás, quero ver quem teria culhões de adaptar um conto de fadas original, com direito a necrofilia, mutilação, e heroínas que viram espuma no final. Esses filmes eu veria) As adaptações recentes não apostam nem no sonho e nem na tragédia, ficam ali no meio e se transformam em aberrações tipo Malévola - que não, não vou superar tão cedo.


E é aí que Cinderela entra e muda o jogo: o filme é sonho purinho! Da bondade e do altruísmo sem limites da mocinha, sempre sorridente apesar de tudo (quis bater nela um pouquinho? quis sim, mas passou) à obstinação cruel e sem limites da madrasta. O filme é maniqueísta e descolado da realidade, sim, mas tudo bem. De vez em quando pode ser só um conto de fadas sim que ninguém briga. É mágico, sabe? Eu chorei vendo a transformação do vestido porque tinha um monte de breelhos, umas borboletas fora de lugar e coisas que não pertenciam ao nosso mundo, mas tudo bem. Era um sonho.


Aí tem aquela cena em que ela dança com o príncipe e os dois giram pelo salão, e tem aqueles olhares que de novo mostram a mágica acontecendo ao redor deles. Deveria ser assim sempre. Não é assim de vez em quando? Não sei, não consigo pensar direito quando tem dança envolvida. 

A mensagem do filme fala sobre coragem e gentileza. Cinderela repete o ensinamento da sua mãe e busca ser sempre corajosa e gentil, e é isso que a Fada Madrinha diz no final: pra tudo acabar bem, precisamos de coragem, gentileza e um pouco de magia. Eu acho que a gente vive num mundo difícil demais pra não se permitir acreditar em magia de vez em quando. Não estou falando aqui de fadas madrinhas, varinhas de condão, lagartos e abóboras, mas dos pequenos milagres que nos mantém vivos, que nos levam a lugares onde supostamente não deveríamos estar e onde nem chegaríamos sozinhos, aquelas coisas inexplicáveis que nos unem a pessoas inimagináveis em qualquer outra circunstância. Alguma coisa que nos faça dançar. 

São tempos difíceis para os sonhadores e eu tenho topado qualquer coisa que me faça acreditar em milagres. De que serve a vida se não pudermos brilhar os olhos diante de um vestido azul rodopiando?



Cinderela é o filme que eu queria ver desde criança, que mostra a magia acontecendo com gente de verdade e nos revela o mundo não como ele é, mas como poderia ser. Pelo menos um pouquinho.

(Saudade de príncipes apaixonados com sangue Stark)

quarta-feira, 25 de março de 2015

Ode ao One Direction

Não sei se todo mundo sabe, mas eu não tinha nem 14 anos quando criei esse blog. 

Ele era um pouco diferente, eu era muito diferente, e a maioria das coisas foi se construindo ao longo do tempo - organicamente, como se costuma dizer hoje em dia. Os marcadores, por exemplo, aquelas gavetas onde eu arquivo os posts ignorando completamente as dicas dos especialistas. Use palavras-chave, eles dizem, assim fica tudo mais organizado para o seu leitor e seus acessos vão crescer, yada yada yada. Na época era mais importante ser divertido do ser eficiente (e continua sendo) por isso fui criando marcadores enigmáticos que só fazem sentido na minha cabeça. Um exemplo é a Jonas Brothers.

Sempre que eu marco um post na categoria Jonas Brothers alguém nos comentários acha graça, ou pergunta o motivo, ou começa a me xingar sem muitos motivos. A verdade por trás disso é que eu queria categorias específicas pras coisas que eu gostava e outra pra coisas que eu não gostava. Livros, discos e filmes bons caíam no marcador Totalmente Excelente, um bordão do Rockgol meio auto-explicativo. Já livros, discos e filmes ruins iam direto pra gaveta dos Jonas Brothers, porque na época eles representavam tudo aquilo que eu não gostava.


A adolescência é aquela fase maravilhosa da vida em que todas as nossas ações são milimetricamente calculadas visando a auto-afirmação. A gente precisa se afirmar como uma ex-criança, tão diferente dos nossos pais, esses alienígenas caretas, e também precisa arranjar um jeito de mostrar que é diferente e muito mais legal que as pessoas da nossa idade - já que nunca consegui ser popular, o jeito era assumir a posição de too cool for school e ver filmes que ninguém conhecia, ler livros enormes que ninguém lia, e gostar de bandas diferenciadas-descoladas-diferentes-daquelas-merdas-pasteurizadas-que-os-jovens-ouvem-hoje-em-dia-meu-deus-o-horror-o-fim-da-civilização. 

Pra mim, os Jonas Brothers representavam isso e eram o mal que eu devia combater com meu ótimo e refinado gosto. Eu pensei também em chamar o marcador de Justin Bieber ou Hanna Montana, mas eu tinha uma raiva especial dos Jonas Brothers, que nem lembro mais de onde veio. 

Com o tempo eu fui crescendo, abrindo minha cabecinha, e ficando menos idiota. Era difícil falar mal da Hannah Montana sabendo toda a letra de Party In The USA e sabendo performar tão bem o clipe de 7 Things como eu sabia (e ainda sei). Era difícil me livrar das garras do amor gostoso que eu começava a sentir pela Taylor Swift quando era muito mais maravilhoso cantar Love Story no intervalo das aulas. Eu comecei a ceder lentamente ao apelo do pop (lembrando que nem minha arrogância adolescente me impediu de ser fanzoca assumida da Britney Spears), mas ainda protegida pelo argumento do guilty pleasure. Ai, pareço legal mas desligo o scrobble pra ouvir Miley Cyrus. Ui, durmo com uma camiseta do Strokes mas entro no Youtube todo dia pra ver o clipe de You Belong With Me, hihihi. 


Foi mais ou menos em 2012 que eu conheci o One Direction. Eu comecei a assistir X Factor um ano depois deles terem sido revelados no reality, e meu guilty pleasure favorito da temporada era torcer pelo Emblem3 (SDDS), que uma vez apresentou uma música deles, What Makes You Beautiful. Foi um caminho sem volta. 

Até então, eu nunca tinha tido uma boy band na minha vida. Eu era muito criança na época áurea dos Backstreet Boys e do N'Sync, e ainda que eu consiga cantar as músicas no karaokê (e dançar as coreôs na balada) e tenha uma opinião bem elaborada sobre o Justin Timberlake, eu não vivi o frisson das boy bands - que tá se repetindo aí com o show dos BSB e as amigas emocionadas porque vão ver seus mocinhos depois de anos, e eu acho isso sensacional. Eu acho que todo mundo precisa de uma experiência boy band na vida, porque isso te proporciona uma das melhores coisas na vida, que é o fangirling irracional. 



Gente, ser fã é muito bom. Ser fã retardada é melhor ainda. Com o One Direction eu tive a chance de não apenas ser fã, mas de ser fã retardada e sentir aquela alegria sem sentido por conta de um gif ou dos incontáveis vídeos deles fazendo gracinhas e sendo adoravelmente retardados. A Brodie Lancaster definiu a experiência directioner (e de qualquer fandom) com perfeição quando escreveu que gostar de One Direction era viver um sentimento of having no inhibitions, of being overwhelmed with adoration and excitement, and of feeling it all in the company of thousands of other fans who get it.


I have a tendency to over-analyze everything in my life, but when it comes to One Direction, I can give my mind a rest. That’s not to say I don’t spend a hefty chunk of my time thinking about Harry’s forearms or Louis’ state of mind or how Zayn feels about art; I just mean that, unlike most things I love, I don’t feel the need to intellectualize my love for this band. They’re five adorable humans who make addictive pop music and say dumb, funny things and loving them has taught me that those things are just as valid as serious or obscure bands that give me cool cred points with my peers.

Minha experiência definitiva do 1D foi quando fui com meus amigos assistir o documentário deles, This Is Us, no fim de semana de estreia. Depois da primeira sessão um grupo de meninas desceu a escada rolante do shopping aos berros. Eu lembro que foi na mesma época que aquele cara atirou em umas pessoas na sessão de Batman e eu fiquei assustadíssima antes de perceber que era tudo coisa de fã. Um outro grupo ficou na porta do cinema cantando enlouquecidamente todas as músicas, as meninas abraçadas, com camisetas combinando, vivendo o melhor momento da vida delas. A gente estava meio deslocado ali (definitivamente as pessoas mais velhas, tirando os pais acompanhando as menores de 12 anos), mas essa distância acabou quando o filme começou todo mundo cantou as músicas, riu bastante, chorou um monte também e fez parte dessa grande experiência audiovisual que é o This Is Us. 

Fui no cinema com um amigo muito fã, uma amiga mais ou menos fã, e outra amiga que nem conhecia o grupo, só foi porque não tinha nada melhor pra fazer. Essa última saiu chorando (literalmente) de empolgação da sala porque, sério, é muito difícil não se apaixonar por esses cinco meninos lindos, tatuados, brincalhões e patetas, que são fofos com velhinhas, que tiram as calças uns dos outros no palco, e que fazem uma música tão viciante. Eles são divertidos e lindos, como os Beatles (sim, os Beatles) eram divertidos e lindos no início da carreira - e o One Direction tem a vantagem de viver numa época onde clipes maravilhosos como Best Song Ever e Night Changes podem existir. 

O 1D mostrou pra mim como foi inútil e ridículo gastar tanta energia odiando as coisas na adolescência, porque gostar é muito melhor, sempre. Eu não gosto de tudo e nem abandonei totalmente meu lado hater que insiste em aparecer, mas, hoje, idiota pra mim é você se não se permite gostar de uma coisa só porque todo mundo gosta, só porque não é descolado, só porque o tipo de gente que gosta é o tipo de gente que chora em porta de hotel e acampa duas semanas na porta de um estádio. Negar isso é não poder ouvir Diana andando na rua e ter que se segurar mil vezes pra não cantar junto, é não colocar Kiss You pra tocar num passeio de carro com os amigos e deixar de transformar o trânsito numa dance party. 

Estou escrevendo tudo isso porque hoje o Zayn anunciou sua saída da banda e eu fiquei em pedaços. Os outros quatro vão continuar, mas a gente sabe que esse é só o começo do fim da nossa vida e que boy bands tem um prazo de vida bem curtinho. A gente vai sobreviver, eu e todas as meninas de 13 anos que choram nesse momento, mas sempre é chato lembrar que nosso oásis de felicidade gratuita não é tão perfeito assim, é horrível pensar que as coisas acabam e que nunca mais vai ser a mesma coisa. 

SONHOS


REALIDADE


No fundo eu acho que a saída dele faz todo sentido e torço de coração para que ele coloque a cabeça no lugar e seja feliz - mas se eu tiver que apostar, o Harry vai ser o Justin do futuro. 

O que me consola é que daqui uns dez anos eles devem se reunir de novo e sair fazendo shows pelo mundo, e eu vou pagar mil reais pra estar pertinho do palco, e eu vou cantar, e vou gritar, e vou morrer de amores e ser muito fã, muito retardada, porque a vida não vale a pena se a gente não tiver uma boy band que nos lembre sempre que feelings are the only facts.

Hoje não arquivo mais em Jonas Brothers as coisas ruins que encontro por aí, mas deixo o espaço pra tudo que seja divertido demais pra se dizer não. 


* Update: acabei de ler esse texto sobre a importância do fangirling and it's everything. 

domingo, 22 de março de 2015

A problemática dos guarda-chuvas

Eu tinha um guarda-chuva cor-de-rosa. Era o guarda-chuva mais lindo do mundo, talvez vocês se lembrem dele. Cor-de-rosa, gente. No fim do cabo, ao invés de um gancho, ele tinha um par de galochas, e no topo uma cabeça de boneca que estragou na primeira semana, completando o conjunto. Ele veio de Paris pra mim, ainda que eu já tenha aprendido com a Sabrina que Paris é uma cidade onde não se deve andar de guarda-chuva: "Never a briefcase in Paris. And never an umbrella." 

Talvez por isso me pareça ainda mais cabalístico que ele tenha saído de lá pra vir me proteger em Uberlândia. A garoa em Paris me aguarda em algum ponto do futuro, mas esse não é o assunto deste post. 

Como eu estava dizendo, eu tinha um lindo guarda-chuva cor-de-rosa. Tinha, assim no pretérito imperfeito mesmo. Vivemos grandes aventuras juntos, eu e ele, muita chuva, muito samba e rock'n'roll, mas um dia acabou. Ironicamente, acabou num dia de sol, um sol tão forte que me fez sair com ele fazendo as vezes de sombrinha, um acessório indispensável nesse grande cosplay de aposentadoria que é a minha vida. Só que, além de sol, o dia tinha vento, muito vento, e eu disse que meu guarda-chuva cor-de-rosa era bonito, mas todos sabemos que beleza não é sinônimo de eficiência. Como de costume, bastou um ventinho pra que o guarda-chuva virasse do avesso e a única coisa mais patética do que se digladiar com seu guarda-chuva virado no meio da chuva, é se digladiar no meio da rua com seu guarda-chuva virado quando não está chovendo. 

EXPECTATIVA


REALIDADE


Nesse dia eu entendi que nosso relacionamento tinha acabado - até porque nesse vira-desvira ele quebrou uma perna e já estava micão sair por aí com um guarda-chuva capenga e com goteira.

Para substituí-lo, roubei o guarda-chuva que fica no carro da minha mãe e ela não usa nunca. Era meu guarda-chuva de rica: enorme, transparente, com a bordinha estampada de xadrez Burberry. Sentia alguns zeros aparecerem na minha conta bancária só de andar com ele por aí. A primeira chuva que tomei com ele me mostrou que eu vinha lidando de forma equivocada com essa história de chuva. Tudo que o guarda-chuva cor-de-rosa me apresentou foi um mundo em que guarda-chuvas são bonitos e elegantes, mas fazem pouco na hora de te proteger da chuva. Com o guarda-chuva de rica foi diferente: ele era bonito & eficiente. 

O único problema (e sempre tem um problema) é que o guarda-chuva de rica era enorme. Ele não era retrátil e muito menos cabia na bolsa, de modo que eu tinha que sair por aí segurando ele como se fosse uma bengala. Se tem uma coisa que diminui imediatamente o valor-de-rica da imagem de uma pessoa é ela sair por aí andando com um guarda-chuva-que-parece-bengala, tropeçando muito nele (estamos falando de mim aqui), e ainda por cima batendo com ele nas pessoas. Você já experimentou entrar num ônibus com um guarda-chuva enorme? Sugiro que evite. 

Então, pra evitar esses constrangimentos e complicações, eu deixava o guarda-chuva em casa com mais frequência do que deveria. Era mais um ato falho do que uma coisa proposital, mas eu me conheço bem pra saber que minha cabeça leve tem muito a ver com a preguiça de andar segurando um objeto pesado, inconveniente, que eu vivia esquecendo nos lugares - só pra voltar correndo pra recuperá-lo depois, feito uma maluca. E vocês sabem muito bem o que acontece com gente que deixa o guarda-chuva em casa. 

A maior parte dos comentários daquele post são de pessoas lindas e muito bem intencionadas me aconselhando a sempre sair de casa com uma sombrinha. Porque lógico, né? É o que as pessoas sensatas recomendam. Só que tinha uma variável que complicava a equação, pois eu precisava de um guarda-chuva que fosse ao mesmo tempo portátil e eficiente. Tinha que caber na bolsa, mas tinha que me proteger. Os que eu conhecia que cabiam na bolsa não me protegiam, e os que eu conhecia que me protegiam não cabiam na bolsa. Amigos, eu não tinha pra onde correr - e enquanto isso estava lá bem gata tomando chuva.


Até que essa semana minha mãe chegou em casa com um lindo presente pra mim: um guarda-chuva! Mas não era qualquer guarda-chuva, esse guarda-chuva que minha mãe me deu é retrátil, cabe na bolsa, e é GIGANTESCO quando aberto. Sim, ele tem duas dobras, de modo que é o dobro do tamanho de um guarda-chuva de bolsa normal, grande o suficiente pra eu ter direito a um +1 no rolê das tempestades, forte o bastante pra de fato garantir minha integridade física embaixo de chuva. Como se fosse possível melhorar, meu novo guarda-chuva, que a partir de agora estarei chamando de guarda-chuva dos sonhos, tem estampa de bolinhas.

Eu, você, dois filhos e meu guarda-chuva de bolinhas. E aí, cê topa?


É possível que eu tenha assustado minha mãe com a reação diante do guarda-chuva dos sonhos. Pode ser que eu tenha gritado: UM GUARDA-CHUVA?? É PRA MIM?? ELE É ENORME!!!, pode ser que eu tenha aberto ele na sala da casa e pulado com ele como se dançasse frevo no corredor, pode ser que eu tenha me pendurado no pescoço da minha mãe e agradecido 765 vezes. A última vez que fiquei tão feliz com alguma coisa foi quando comprei meu Kindle. Antes disso, quando consegui ingressos pro show do Paul McCartney. E antes disso, só mesmo quando Chico, o poodle, entrou em casa pela primeira vez.

Meus amigos, por sua vez, entenderam totalmente a empolgação. Para eles o fato de eu ficar feliz com um guarda-chuva não era uma virtude de quem se contenta com o pouco, mas a única reação possível para uma pessoa que reconhece é benção que é ganhar um (bom) guarda-chuva de presente. Guarda-chuvas, assim como caderninhos fofos e ovos de Páscoa, são o tipo de coisa que a gente nunca compra: ou ganha ou rouba de alguém. Tenho uma teoria de que eles possuem um ciclo onde passam de mão em mão, entre ser esquecido no consultório médico, depois apropriado pela secretária, que chega em casa e dá pra filha, que vai esquecer na escola, pro coleguinha levar pra casa e assim por diante. Guarda-chuvas existem entre apropriações de usucapião, presentes cheios de consideração das nossas mães e avós, ou souvenir de viagem, daquele tio que acabou de chegar da França.

Desde minha última aventura na tempestade estava com vontade de escrever sobre essa grande questão na minha vida que era encontrar um guarda-chuva prático e eficiente pra chamar de meu, mas antes disso minha mãe foi lá e acabou com os meus problemas me mostrando que o sonho do guarda-chuva próprio (e grande, e prático e bonito) é possível, de modo que encerro essa saga com uma mensagem de esperança pra vocês. O guarda-chuva dos sonhos está lá fora, assim como um grande amor, esperando por vocês.

Hoje, na garoa da manhã, batizando meu guarda-chuva-dos-sonhos 

Agora que tenho o meu, chuva de novo só em Paris.

PS.: fábricas de guarda-chuvas (?), aceito jabás. 

quinta-feira, 19 de março de 2015

Rory & Jess

(Contém alguns spoilers de Gilmore Girls que não vão atrapalhar sua vida) 

Minha maratona de Gilmore Girls tem ido muito bem, obrigada. Não vou dizer a todo vapor porque estamos há meses nessa e eu ainda estou no meio da terceira temporada, mas meu ritmo com série é assim mesmo. Fico revezando entre várias e não termino nenhuma, é absolutamente ineficiente (principalmente se já assisti antes) - recomendo a todos. O importante é que entre a segunda e a terceira temporada acontece a coisa mais emocionante de toda a série: Rory e Jess começam a namorar.

Gente, Jess Mariano. Como começar a explicar Jess Mariano pra um leitor não familiarizado com esse conceito de bad boy complicado e perfeitinho, que gosta de punk, de literatura e de cometer pequenos delitos com a mesma paixão? Tudo isso de jaqueta jeans, munhequeira, sobrancelha levantada, e um sorriso torto que faz até com que a gente esqueça que ele é baixinho. 

OLAR
De todos os namorados que a Rory tem ao longo da série, o Jess é de longe o meu favorito. Aliás, deixa eu ser sincera: o Jess é o único realmente interessante. Ok, ele também é um babaca. Babaca o suficiente pra eu não ter coragem de relativizar a imaturidade e o egoísmo dele em nome da sua linda boquinha torta, mas o importante é que Jess é o namorado que desperta o lado mais legal da Rory. 

Veja bem, eu AMO a Rory, ela é uma das minhas personagens femininas favoritas da TV e o principal motivo pra isso é que ela é muito mais que a menina que vive com o nariz enfiado nos livros. Adoro me identificar com o amor dela pelos livros, e tenho a moça como minha inspiração sempre que quero muito alguma coisa ou quando penso em todos os livros do mundo que eu ainda tenho que ler. No entanto, ela tem esse outro lado de pessoa obcecada por cultura pop e filmes ruins, ela lê livros subversivos e gosta de punk, e é capaz de sair totalmente da sua figura de menina de ouro de Chilton/Yale pra fazer umas loucuras. Tipo matar aula e fugir pra Nova York. Tipo atirar ovos no carro dos outros só porque está muito brava. Tipo roubar um beijo do menino que ela gosta, por mais que ache isso errado. Tipo todas as coisas que ela faz pelo Jess. 

Não tem nem discussão, os episódios em que ele aparece são sempre os melhores. 


E como cheguei na fase em que eles finalmente namoram, meu mundo foi abaladíssimo por esse relacionamento. Tudo porque, meu Deus, TODOS OS SENTIMENTOS!!111 O legal dessas séries mais sutis e lentinhas é que um casal demora tanto pra se formar que fica tanta tensão e expectativa acumuladas que um segurar a mão do outro já é motivo pra um surto fangirl. Eu, pelo menos, quase sofri um derrame cerebral numa cena em que Jess entrelaça seus dedos no de Rory, puxa ela pra mais perto, os dois dizem "Hi" e é isso. Não me surpreende o fato dos atores terem começado a namorar de verdade nessa época. Os dois se apaixonaram por eles mesmos. Eles nem chegam a se beijar e dá pra ouvir meu coração batendo mais forte. Porque eu sou patética assim mesmo, e acredito que se a Rory um dia assistisse Gilmore Girls, ela e a Lorelai teriam o mesmo tipo de reação. 

Eis que hoje de manhã eu percebi que, além de sofrer com borboletas na alma vendo casal adolescente dar a mãozinha, eu tinha todas as músicas deles no meu celular - e sabia dizer exatamente quando cada uma tocada, inclusive com alguns diálogos decorados. Percebi que isso poderia ser um bom mote para mixtape, já que a trilha de Gilmore Girls é sensacional, e em menos de uma hora tinha uma lista completa. Nesse mix coloquei as músicas que tocam em momentos importantes da história de Rory e Jess e também algumas outras que me fazem lembrar os dois, por diversos motivos - clique em 'leia mais' para saber o contexto de cada uma. Como estava com muito tempo livre, subi as músicas no 8Tracks, que é minha plataforma favorita pra isso, mas também montei uma listinha no Rdio e no Spotify. Fala sério, melhor blogueira. 

Mas usuários do Spotify vão perder a maravilhosa faixa bônus, um motivo pra vocês abandonarem esse site feio pra brincar comigo lá no Rdio - que tem uma interface bonita e Taylor Swift no catálogo. 


Ouça também no Rdio ou no Spotify

01 Then She Appeared (XTC)
02 Girl From Mars (Ash)
03 Monkey Gone to Heaven (Pixies)
04 Human Behaviour (Björk)
05 Beat Your Heart Out (The Distillers)
06 I Blame Myself (Sky Ferreira)
07 That Great Love Sound (The Raveonettes)
08 Suffragette City (David Bowie)
09 Cool Jerk (The Go Go's)
10 52 Girls (The B-52's)
11 You're No Rock'n'Roll Fun (Sleater-Kinney)
12 Troublemaker (Weezer)
13 3AM (Kate Nash)
14 Oh! (Sleater-Kinney)
++ Bônus track: Treacherous (Taylor Swift)

segunda-feira, 16 de março de 2015

Filminhos da vez #9: férias e ressaca do Oscar

Agora que o Oscar passou e minhas férias estão quase no fim, é chegada a hora de dividir aqui o que andei assistindo nesse meio período, quando entrava naquela eterna angústia existencial de nunca saber se deveria terminar a quinta temporada de Downton Abbey, assistir um filme que negligenciei na temporada de premiações, ou ver mais um episódio de The Office. Como sempre, vocês podem ver que não foi nem um, nem outro, e nem aquele lá, mas a mistura de sempre. 

The Babadook (Jennifer Kent, 2014): Eu nunca tinha visto um filme de terror australiano, e como a origem do filme costuma fazer uma boa diferença principalmente em terror - o medo e a forma de expressá-lo é uma coisa bem cultural - estava bem curiosa pro resultado dessa. Mas sei lá? Achei o filme meio preguiçoso em diversos pontos: a gente já viu a história antes - criança que vê fantasmas, morte na família, loucura vs. realidade, etc - e ele é cheio de lugares comuns, tipo a fotografia, sempre em tons de cinza e destaque em vermelho. Ele não tem muitos sustos, o terror está mesmo no climão e no desconforto da história. Até aí seria um filme como vários por aí, mas no final a coisa descontrola e até agora não formei opinião. Achei estranho, mas não sei se de um jeito bom. 

Into The Woods (Rob Marshall, 2014): Amigos, que bomba. Vamos fingir que o problema não é só ninguém aguentar mais releituras de contos de fada com live action e nos concentrar no simples fato de que esse filme é muito chato e não faz o menor sentido. A proposta aqui é fazer uma historinha X cruzar com vários contos de fada, e até um determinado ponto isso funciona, mas o filme sofre uma virada quando tem a deixa PERFEITA pra acabar, e você jura que ele vai acabar e vai ser só um filme ok pra ser esquecido nas próximas duas horas, mas não. Ele continua. E quando ele resolve continuar, num plot que já não tem nada a ver com o do começo, o único efeito possível é ele ser tão chato, irritante e ALEATÓRIO que você vai se lembrar pelos próximos dois anos dessas duas horas mais longas da sua vida. 

Tabu (Miguel Gomes, 2012): Gente, esse filme. Meu Deus do céu esse filme. Tabu é tão lindo e incrível que eu assisti duas vezes em menos de uma semana. O filme é português e conta uma história de amor a partir da lembrança de um de seus protagonistas, agora velho. Metade do filme é um flashback, e nessa hora os diálogos somem e é tudo guiado por uma narração em off, os sons ambientes e uma trilha sonora maravilhosa. Gian Luca Ventura conta sua história de amor com Aurora como se estivesse falando de um sonho, ou como se ele mesmo fizesse um filme do grande amor da sua vida. É muito metalinguístico, cinema puro, daquele tipo de coisa que faz a gente lembrar por que assiste filmes e o que existe de tão mágico em histórias de amor. É tudo ardido de lindo, ASSISTÃO!!11

Two Night Stand (Max Nichols, 2014): Sabe aquele filme que é besta até a medula, que nunca quis te convencer que é mais do que isso, e mesmo assim você assiste e sorri feito besta? Pois é, Two Night Stand é assim. Olha a história: esses dois mocinhos se encontram num site de relacionamento, rola uma booty call desesperada, e no dia seguinte, quando ela está prestes a ir embora, eles descobrem que está caindo uma nevasca lá fora e não tem a menor condição de sair de casa. Então os dois tem que passar o dia seguinte juntos e é assim que a mágica acontece. É muito besta. Mas é muito divertido. Queria ressuscitar a Nora Ephron pra reescrever os diálogos e usar esse plot pra nova melhor comédia romântica de todos os tempos, com o Tom Hanks e a Meg Ryan. Mas esse é com o Miles Teller, então bão também.

Chef (Jon Fraveau, 2014): Outro filmes simples, previsível até os ossos, mas que funciona por ser muito simpático e por não querer ser mais que um filme simpático pra gente ver domingo a tarde. Aqui o Jon Fraveau é um chef de cozinha que sai do restaurante chique pra apostar na comida que ele acredita, e assim ele parte numa road trip a bordo de um foodtruck, vendendo sanduíches cubanos de encher os olhos e ao mesmo tempo tendo bonding moments com o filho. O que mais gostei, além das comidas, foi a forma como ela aborda as redes sociais (muito preciso e nada forçado) e a trilha sonora, que acompanha as cidades onde o El Jefe passa: salsa em Miami, jazz em Nova Orleans, blues em Austin e o resto é a história. Sério, as músicas são quase tão incríveis quanto os pratos. Assistam e ouçam, por favor.

O Abutre (Dan Gilroy, 2014): Desaplaudido pelo Oscar, O Abutre acabou ficando naquela interminável lista de "pra ver depois" e isso só aconteceu tão rápido porque ele apareceu no catálogo da Netflix. Benzadeus! Porque olha, que filme incrível. É um thriller muito do bom sobre esse cara que vive de filmar acidentes, prisões e outros desastres para vender pra televisão, e é muito bacana a forma como o filme discute ética e sensacionalismo no meio jornalístico sem ser didático ou moralistão, e mais incrível ainda é como o personagem cresce e se revela cada vez mais psicopata. O Jake Gyllenhaal está MUITO bom no papel, performance de Oscar, e talvez por isso esteja horroroso também, fiquei atordoada - será que foi praga de Taylor? Sdds. Apesar da história não tem nada a ver, lembrei de Drive o tempo todo.

Pitch Perfect (Jason Moore, 2012): Eu provavelmente era a única pessoa no mundo que não tinha visto esse filme ainda, talvez porque as pessoas sempre falassem que ele era uma espécie de Glee e eu tenho pavor de Glee (DSCLP). Mas aí domingo de madrugada ele me pareceu uma boa ideia, e foi tão boa que me segurou acordada - tarefa árdua, viu? Achei deliciosamente cafona e é impossível não curtir Anna Kendrick emo e gótica junto com Rebel Wilson sendo Rebel Wilson, mas só acho que o filme poderia ser ainda mais legal se se passasse no colégio e se escolhessem músicas melhores pras apresentações. Detesto trilha top TVZ, porque depois de uns meses ela perde a relevância e fica meio ridículo um diálogo como "Ain então você conhece David Guetta?". Tipo, o sonho da menina é ser DJ e o exemplo dela é o David Guetta. Não dá.

Romy and Michele's High School Reunion (David Mirkin, 1997): MEU DEUS ESSE FILME É TUDO NA MINHA VIDA. Não sei como pude passar 21 anos sem essa pérola que define perfeitamente tudo que eu penso sobre vida no ensino médio e expectativas da vida adulta. Quando Romy e Michele resolvem inventar uma trajetória de sucesso pra impressionar os colegas de escola a gente descobre que todo mundo, de um jeito ou de outro, foi meio infeliz no colegial, mas que todo mundo, de um jeito ou de outro, viveu momentos maravilhosos no colegial. E que sua vida não precisa estar perfeita dez anos depois pra ser maravilhosa. E que mais importante que dinheiro e sucesso em qualquer fase da vida é ter melhores amigas maravilhosas, que estejam com você. O filme é uma overdose de estética errada dos anos 90, e ainda tem no elenco a Phoebe e a Jeanine Garofalo, minha rainha. 

Heather Mooney, my spirit animal

quinta-feira, 12 de março de 2015

Então eu fiz um vídeo sobre novelas

Não apenas passei 28 minutos falando sobre elas como usei do meu tempo e da minha criatividade (e do tempo da Analu e da sua criatividade) para criar uma TAG, sim, uma TAG, a primeira desse blog, dedicada a falar sobre: novela. Eu gasto um bom tempo da minha vida falando sobre novelas, e tenho a sorte de viver rodeada de pessoas que gostam do tema tanto quanto eu, pessoas maravilhosas que já pararam pra pensar sobre qual o melhor trabalho do Zé Mayer, sobre aberturas e sobre suas tramas favoritas dividas por faixa de horário, o meu tipo de pessoa. Quando a Analu propôs criarmos esse meme, me pareceu simplesmente lógico trazer esse papo pra internet - um lugar que graças ao Twitter e aos capítulos na íntegra no site da Globo #ad #publi #merchãs tornou a experiência de ver novela bem mais legal.

Querido leitor, se você não gosta de novela e considera os folhetins o ópio do povo, tenho sete anos de post pra te divertir aí, mas hoje não. Hoje eu vou falar de novela. Aos outros, divirtam-se! E nem preciso dizer que quem se interessar está mais que convidado pra responder também, só me avise nos comentários porque quero palpitar nas respostas de todos vocês!

* A luz do vídeo tá MUITO estourada e estou fazendo cosplay involuntário de vampira. Vi isso só depois de gravar e não ia fazer isso de novo, flw vlw. 


terça-feira, 10 de março de 2015

O ser humano é o único animal que não aprende com seus erros

Ou: Porque fazia tempo que eu não tomava uma chuva daquelas


Como todo quadrúpede da sua espécie, Francisco, o cão, gosta de andar de carro com a cabeça pra fora, curtindo aquela fresca. Ou melhor, gostava. Isso porque certo dia, enquanto punha sua alva cabeça na janela pra apreciar o movimento, ele apertou o botão de fechar o vidro com a patinha e quase se enforcou. Foi um momento dramático nas nossas vidas, porque o vidro foi fechando, Francisco chorando, e eu não entendendo que ele mesmo estava travando o vidro. Passado o susto felizmente salvaram-se todos, mas Francisco, o poodle, nunca mais colocou a cabeça pra fora do carro. 

De vez em quando ele esquece e até ameaça um movimento ousado, mas logo se retira, como se algo nas imediações da janela lhe desse um choque e trouxesse de volta as trágicas lembranças do passado. É isso que acontece quando a gente aprende uma lição.

Infelizmente, eu não sou tão boa em aprender lições.

Veja bem, hoje eu saí de casa pra ir trabalhar. Mais ou menos no meio do caminho, percebi que tinha esquecido meu guarda-chuva em casa. O céu estava cinza e eu moro relativamente perto do estágio, então dava pra voltar. Dava, mas não dava - sabe assim? Pra variar, eu estava atrasada e dar meia volta, subir em casa de novo, etc, me tomaria uns dez minutos. Achei mais fácil seguir em frente e torcer pra não chover. 

"HM, ENTÃO ELA VAI CONTAR COM A SORTE" VIDA, Minha. 2015.
Depois do estágio tinha que dar um pulo na universidade pra uma reunião com minha orientadora. Cortei caminho pelo shopping e quando saí, adivinhem: estava chovendo. Quer dizer, estava chuviscando, aquela chuvinha fina que só serve pra fazer raiva e deixar o cabelo todo arrepiado, mas que não mata ninguém. Esperei uns 10 minutos e, como ela não aumentou nem diminuiu, achei que estava segura pra seguir em frente, a pé mesmo. E sem guarda-chuva. 

Se eu tivesse sorte, a garoa continuaria naquele ritmo até eu chegar na faculdade, certo?


Bom, no meio do caminho a chuva engrossou. Tive a sorte de achar uma farmácia no meio, onde consegui me esconder até o pior passar, mas ainda assim andei um bocadinho embaixo de uma garoa forte e cheguei na reunião atrasada, descabelada, aquela coisa bem bonita de se ver. Ao chegar em casa, me olhei no espelho e pensei que tudo aquilo teria sido evitado se eu tivesse voltado pra casa pra pegar o maldito guarda-chuva. Eu entendi tão perfeitamente que o episódio daquela tarde fora um aviso que, inclusive, registrei minha epifania na posteridade:

Mas, como eu disse, aprender lições não é o meu forte.

Eu tinha uma horinha pra matar antes de sair de novo pra aula de francês, e passei esse tempo todo ponderando que eu não queria realmente ir pra aula de francês. Não era a preguiça típica que eu sinto toda terça e quinta antes da aula, não era (só) a vontade de ficar em casa vendo a novela nova, tampouco (só) o fato de que meu cabelo estava horroroso e tem um novo professor de inglês gato na escola. Eu simplesmente não queria ir, um sentimento meio I would prefer not to, quase uma intuição me dizendo pra ficar em casa. Não foi a primeira vez que eu tive uma intuição de ficar casa, vejamos o que eu disse na época: 

"A lição que fica disso, queridos leitores, é que quando algo disser pra vocês não saírem de casa, não saiam."

CELULAR, Eu Mesma Depois de Ter Saído de Casa e Perdido o. 2014.

Quando eu estava praticamente decidida que o melhor a fazer era passar um café pra eu tomar assistindo minha novelinha™ (que começou ontem e eu já estou apegada, veja bem), tive um impulso de levantar do sofá e ir pra aula. Lembrei que eu tinha feito lição mais cedo e não queria perder a chance de, ao menos uma vez na vida, entregar a tarefa no dia. Chegando no ponto de ônibus, percebi que, de novo, eu tinha esquecido o guarda-chuva. Até dava pra eu voltar em casa e pegar. Dava, mas não dava - de novo. Cinco minutos é tempo o suficiente pra se perder um ônibus, então achei melhor não. Nem ia chover, e se chovesse não seria forte o bastante pra me atrapalhar. Eu tomei chuva à tarde e não morri, certo? Ia ficar tudo bem. 

"HAHAHAHA ELA VAI SE FERRAR TANTO ESTOU ANSIOSA"
Bom, logo quando eu entrei no ônibus começou a chover. Muito. Uma tempestade. Do tipo que a gente não consegue enxergar o lado de fora. Do tipo que faz as pessoas fecharem a janela e o teto solar (?), senão vai todo mundo se molhar lá dentro. Do mesmo jeito que estavam molhadas as pessoas que foram entrando no ônibus depois que a chuva caiu. Meu ponto estava cada vez mais próximo e não tinha a menor condição de eu descer, então meu plano de emergência foi seguir até o ponto final e de lá voltar pra casa. 

Coloquei o disco novo do Sleater Kinney pra tocar (inclusive fica a dica), dei um suspiro e aceitei meu destino com resignação - afinal, era isso que eu ganhava por não ter aprendido a lição de mais cedo. Se fosse eu um cachorro, já teria morrido enforcada. Eu ia passar uma hora andando de ônibus pela cidade, perder minha aula, a tarefa feita, o professor gato e a novela e tudo bem. Era esse o meu castigo. Certo?

"TADINHA ELA NÃO APRENDE MESMO"
Quando cheguei no ponto de ônibus perto de casa, aquele mesmo que eu tinha pegado o ônibus uma hora antes (nem preciso comentar o olhar de julgamento que o Harrison Ford do Busão me lançou, ele que absolutamente não entendeu por que diabos eu fiquei uma hora dentro do ônibus pra descer onde tinha entrado), não conseguia ver se estava chovendo muito ou pouco, se dava ou não pra descer. Só que era ou encarar a chuva ou ir parar no Santa Luzia e ficar ilhada até algum Adulto Responsável ter a bondade de me buscar. Se você não mora em Uberlândia, deixa eu te situar: o Santa Luzia é meio longe. Resolvi descer correndo e seja o que Deus quiser. 

Bom, tomei chuva, né? Aquela chuva gelada, de raios, trovões, e enxurrada que chega até o meio da rua. Usei as marquises da padaria e do armazém como check-points no meio do caminho, onde parava pra recuperar minha coragem e tentar proteger um pouco mais os meus livros. O problema é que nem fazia diferença estar protegida, porque é óbvio que estava chovendo pro lado e eu continuava me ensopando mesmo com um teto sobre minha cabeça. Minha mãe estava presa no trânsito e a cada parada eu ligava pra ela pra avisar do meu paradeiro. "Oi mãe, tô na padaria". "Oi mãe, agora eu andei um quarteirão e tô aqui no armazém". Ela deve ter ficado bem feliz. 

Na última corrida pra casa, comecei a pensar no céu roxo e lembrar das minhas aulas de física. De acordo com a teoria das pontas, o corpo mais pontudo acumula mais densidade elétrica do que aqueles que não são curvados. Numa rua residencial, minha cabeça era uma ponta maravilhosa (isso provavelmente não faz o menor sentido, mas debaixo de chuva eu não faço sentido mesmo). Nessa hora eu só bati um lero com Deus falando que não estava num bom momento da minha vida pra ser atingida por um raio, então seria bom evitar essa morte. 

Felizmente não fui atingida por um raio, mas cheguei em casa fazendo aquele típico rastro de água por onde passava e deixei Francisco, o poodle, deveras atordoado com minha entrada triunfal em casa. Eu pingando até a alma, sentada no chão tentando arrancar fora meus tênis molhados, foi bonito de se ver. Enquanto observava a cena, ele certamente se lembrava do episódio da janela, em como aquilo aconteceu uma única vez com ele, e como ele já tinha perdido as contas das vezes que me viu chegar em casa pingando de chuva. Nessa hora, ele teve certeza que um dia os cães dominariam o mundo. Os cães, os golfinhos, as lhamas ou qualquer outro bicho que use as lições que a vida dá pra algo além de um post enorme num blog.

Recapitulando: por ter esquecido o guarda-chuva duas vezes num mesmo dia eu perdi: a aula, a novela, uma hora e meia da minha vida, a dignidade e provavelmente a saúde. Moral da história: querido leitor, na dúvida, chegue atrasado, MAS CHEGUE SECO. Volte pra casa e pegue seu guarda-chuva. 

Risos.

ATÉ A PRÓXIMA TEMPESTADE

domingo, 8 de março de 2015

Aquela palavra com F


Venho de uma família com mulheres fortes e independentes. Minhas duas avós tem diploma de graduação, ambos conseguidos depois da aposentadoria, que só veio depois de muito trabalho. Minha mãe se formou na faculdade comigo no colo, terminou o mestrado antes que eu completasse dez anos, e deixava meu pai se virando comigo quando precisava sair e ser maravilhosa em congressos por aí. Minha mãe e minhas avós me criaram pra ser forte e independente como elas, e suas vidas são ótimos símbolos de uma luta por igualdade e girl power, mas nenhuma delas, quando eu perguntei, me respondeu que era feminista.


Eu ainda lembro daquela época quando, na minha cabeça, a feminista era praticamente uma bruxa. Lembro de O Cravo e a Rosa, da Catarina e de suas amigas feministas, que eram loucas e chatas, e foram todas curadas por um grande amor. Eu ainda lembro de pensar que as feministas não me deixariam depilar as axilas, que iriam rir do meu sonho de casar com um homem vestida de noiva e que pra elas pra elas tudo era noooossa. 

Mas eu lembro também de ficar incomodada com várias coisas, como o fato do meu avô nunca ajudar minha avó em casa ou quando uma amiga me disse que os garotos não gostavam de mim porque eu era inteligente e tinha muitas opiniões fortes, e garotos não gostam de meninas assim - logo, era pra eu parecer ser menos inteligente, dar menos opiniões, e ser mais fofinha também, se não for pedir demais. Outra vez eu ouvi que o suposto motivo do casamento dos pais de uma conhecida ter acabado era porque a mãe ganhava mais que o pai, e lares assim não funcionam direito (e a culpa, claro, era da mulher). Eu ouvia meninas falando que preferiam a amizade de meninos, porque meninas não são confiáveis e têm inveja umas das outras. Já conheci várias meninas que deixaram de usar alguma coisa porque o namorado "não deixava", e por isso não passavam esmalte escuro ou usavam batom vermelho. Quando cortei o cabelo curto pela primeira vez, aos 14 anos, ouvi de muitas pessoas que aquela era uma péssima ideia e que homens não gostam de meninas de cabelo curto - e até hoje no salão se eu mando cortar tudo tem alguém que vira e pergunta: mas seu namorado vai deixar? 

Eu ouvia essas coisas por aí e ficava muito desconfortável, discordava de tudo, questionava tudo, mas não sabia o que isso significava. Porque eu achava que era obrigação do meu avô - e de todos os homens - cuidar da casa também. Porque eu não queria que um garoto gostasse de mim só se eu fosse menos inteligente, tivesse menos personalidade, ou fosse mais fofinha, coisa que eu não era. Porque o fato da mulher ganhar mais não era um pecado. Porque eu tinha amigas maravilhosas e não acreditava que elas me fariam mal em busca de vantagens. Porque eu xamais deixaria de pintar minhas unhas de determinada cor, de usar algum batom, ou de cortar meu cabelo porque meu suposto namorado não permitiria

Então, no segundo ano do ensino médio, minha turma passou o ano todo trabalhando num projeto cujo tema era mulher. A gente desenvolvia várias atividades em sábados letivos e no fim do ano apresentava pro resto da escola, como numa feira de ciências. Foi em 2010, ano em que a Dilma foi eleita a primeira mulher presidente do Brasil, e numa dessas atividades nós fomos pra rua fazer algumas perguntas sobre igualdade de gênero. A última pergunta do questionário era: "você é feminista?" e nem preciso dizer que a maioria das pessoas disse que não, ainda que elas tivessem respondido sim pra todas as outras perguntas - sem saber que essa coleção de sim os colocava de acordo com a definição mais básica do que é ser feminista:



Mas olha só que coisa, eu também não tinha coragem de dizer que era feminista. Pelo menos não em voz alta.

Quem disse isso pra mim pela primeira vez foi minha professora de Sociologia do ensino médio. Ela estava orientando minha turma naquele projeto, e no fim tínhamos que entregar um relatório contando o que aprendemos ao longo do ano. Fiz esse relatório de um jeito bem passional, desabafando sobre todas as coisas que me desgraçavam a cabeça, compartilhando todos os absurdos que tinha ouvido das pessoas na rua, fazendo um inventário de todos os absurdos que eu tinha ouvido das pessoas na vida, de modo geral. Eu estava nervosa. Aí uns dias depois essa professora me chamou pra conversar, disse que tinha gostado muito do meu relatório, pediu pra usá-lo num artigo que ela estava escrevendo, e disse que ficava muito feliz por estar formando jovens feministas na sua sala de aula.

Uéééé...

Foi a primeira vez que eu ouvi aquela palavra, aquele palavrão, como algo positivo. Ela tinha me chamado de feminista, aquela professora maravilhosa, a mesma que um dia contou pra turma que nunca quis casar vestida de noiva, até que um dia ela quis, e se casou, vestida de noiva e tudo, e foi maravilhoso. Foi ela que começou a me mostrar que ser feminista era ter a chance de ser maravilhosa sem pedir desculpas, e poder ser que a gente quiser sem ter que se explicar pros outros, ou sentir vergonha, ou achar que você está fazendo algo errado por querer ser livre. Foi ali que eu percebi que feminismo era justamente uma luta pela liberdade.

O feminismo me mostrou também que, como eu já desconfiava, a gente ainda estava muito longe de ser livre. 

Hoje é o Dia Internacional das Mulheres, uma data tão controversa que sinto que a cada ano tenho uma opinião diferente sobre ela. Em 2015, fico feliz porque me sinto mais mulher do que em qualquer outro ano. Estava certa nossa deusa, nossa louca, nossa intensamente citada feiticeira Simone de Beauvoir quando diz que a gente não nasce mulher, mas se torna mulher. 

Me tornar mulher foi ter consciência das opressões que sofro, das lutas que tenho que abraçar, de perceber a mim mesma como minha só minha e não de quem quiser, e ter coragem de enfrentar esse nosso mundão, que é tão duro com a gente. Me tornar mulher foi ver que eu estava cheia de irmãs, aliadas maravilhosas, e nunca inimigas. Me tornar mulher foi perceber que esse processo nunca vai estar completo, todo dia é uma nova descoberta, e eu não sou perfeita e impecável, assim como não existem pessoas perfeitas e impecáveis, mas todo dia é um novo dia pra se aprender algo novo, desconstruir preconceitos e julgar menos as pessoas. Me tornar mulher foi aprender a ser mais gentil comigo mesma e com os outros,  mas principalmente com as outras. 

No entanto, em 2015, também fico triste porque mais uma vez vamos ganhar rosas de quem dali cinco minutos vai julgar a menina pela roupa que ela usa ou me chamar de mal comida porque não quero ser assediada nas ruas. Fico triste porque ontem duas mulheres apresentaram o maior telejornal do país - uma homenagem ao dia da mulher, mas isso só acontece no dia da mulher. A gente continua morrendo por ser mulher, dia sim, outro também, e não é uma flor ou um bombom que vai mudar isso. Então deixe suas rosas pros mortos e os discursos de delicadeza e elegância pra Barbie Malibu (?), porque a vibe aqui é faca na bota mesmo. 

Venho de uma família com mulheres independentes e fortes, que me criaram para ser independente e forte, e queria muito que um dia essas mulheres - e todas as outras - se vejam e se sintam como as mulheres independentes e fortes que são e não tenham medo de serem feministas, porque uma mulher feminista é uma mulher que não tem medo de ser - e querer ser - livre.


Alguns links para você saber mais: 
Humildemente, três links da casa:

terça-feira, 3 de março de 2015

Sandy e Júnior Book TAG

No começo desse ano minha amiga Tary retomou sua vida de blogueira, lá no Doces Rodopios, e reativou seu incrível canal literário, o Literatour TV. Uma das primeiras coisas que ela fez nessa volta pra casa foi criar uma TAG, mas não foi qualquer TAG porque eu não encontrei minhas amigas em qualquer canto. Inspirada nesse movimento de TAGs literárias que associam livros a artistas e nomes de música (já respondi aqui a da Taylor Swift e a das divas pop), ela elevou essa ideia à melhor potência possível: UMA TAG INSPIRADA EM SANDY E JÚNIOR.

Gente, não consigo expressar como achei essa ideia boa. Eu era MUITO fã da dupla e acho que é uma das melhores memórias coletivas que minha geração tem. Sempre lembro deles com muito carinho e até hoje sei cantar todas aquelas músicas bregas, absurdas e maravilhosas. Me diverti muito respondendo e, principalmente, assistindo os clipes pra pegar material e editar o vídeo. Aliás, tentei editar o vídeo de um jeito mais ~profissional~ e diferenciado e sei que ainda ficou amador, mas fiz com muito carinho e esforço. Prestigiem mesmo assim?

Indiquei para a brincadeira a Lu, a Rafinha e a Ana, que podem responder em texto ou vídeo, mas já adianto que adoraria ver vocês cantando e pagando um miquinho também, hehe. 


segunda-feira, 2 de março de 2015

Pequeno inventário de sorrisos

Quando num teste Buzzfeed perguntam o que mais me atrai fisicamente no sexo oposto ou então qual a primeira coisa que eu reparo em alguém, antes de ler as alternativas eu já sei minha resposta, que é sempre a mesma: o sorriso. Não são os olhos, o cabelo, os braços ou a bunda, mas o sorriso, sempre. Eu gosto de sorrisos. Tenho uma crença meio besta de que só as boas pessoas de bom coração tem sorrisos bonitos de verdade, desses rasgados e sinceros que nascem nos olhos pra só depois virarem dentes e gengivas. Os caras que eu gosto sempre têm sorrisos bonitos, e um sorriso bonito, sozinho, já me faz gostar mais de alguém. 

Com o tempo, fui colecionando mentalmente os meus sorrisos favoritos, uma lista informal da qual sempre me lembrava quando me via diante de um novo exemplar da espécie. Fangirl como sou, obviamente reservei um bom espaço nessa lista para meus sorrisos ilustres favoritos, e um dia comentei isso no Twitter, falando que poderia virar um post. Eu tenho tantas ideias aleatórias que poderiam virar post que preciso dizer que essa só virou porque foi comprada imediatamente pela Tati, única Tigre possível dessa internet, que primeiro disse que queria ver minha lista, e depois fez a sua própria - e eu já adianto que temos alguns sorrisos preferidos em comum.

Sendo assim, fica aqui minha lista dos meus Sorrisos Ilustres Favoritos, e caso você seja inclinado/a a esse tipo peculiar de coleção, por favor, faça sua lista também, vamos transformar essa internet num mar de gifs de sorrisos bonitos pra gente ficar sorrindinho pelo resto do dia. 

     1. Andrew McCarthy 


Meu sorriso favorito é o exemplo mais emblemático do poder do meu amor por sorrisos. Veja bem, eu me apaixonei pelo Andrew McCarthy única e exclusivamente por conta do seu sorriso. Em Pretty In Pink, primeiro filme que vi com ele, o personagem é um mauricinho banana absolutamente desinteressante, e mesmo assim eu dei pulinhos internamente quando a Andy fica com ele no final - inclusive já discuti meu dilema moral com esse filme em outra ocasião. Não importa quem ele seja ou o personagem que ele esteja interpretando, seu sorriso de menino me faz acreditar em tudo que ele promete, faz com que uma música dos Beach Boys toque no meu coração e, se do meu convívio ele fizesse parte, eu seria capaz de correr atrás do meu próprio rabo imaginário só para vê-lo sorrir assim.

     2. Eddie Redmayne 


Eddie Redmayne nem é meu tipo de homem, mas seu sorriso é extraordinário. Ele é meu ideal de sorriso-que-surge-nos olhos, o famigerado smize, para quem é versado em America's Next Top Model. O olho do Eddie Redmayne brilha, salta pra fora, e o que ele conseguiu fazer com esse sorriso e com esse brilho no olho em A Teoria de Tudo, ao menos pra mim foi o que rendeu a ele um Oscar. No tapete vermelho ele irradiava essa energia boa, e seu momento MEU-DEUS-GANHEI-UM-OSCAR foi tão elétrico, sincero e doce que até os corações mais cínicos e gelados ficaram com vontade de dar um beijo nesse mocinho adorável. 

     3. Chuck Bass (Gossip Girl)


Gente. O Chuck. Eu e Blair Waldorf só sabemos sentir. Digo eu e ela porque ele tem um sorriso delicioso, mas reservado para poucas. Apesar de estar sempre com uma expressão debochada na cara, a maior parte dos sorrisos que Chuck revelou ao longo da série ou era de superioridade ou então de zombeteiro que ele é. No entanto, seu sorriso de verdade surge em raras ocasiões, e na maior parte das vezes é sempre para Blair. Ela é uma das poucas que conseguiu enxergar ele além da armadura e da pose mau, e é ela que sabe (e eu também) o cordeirinho que existe embaixo desse lobo interesseiro. Sempre que usam como argumento algum absurdo que ele cometeu contra ela (não são poucos) eu tenho vontade de responder: Mas você já viu o sorriso que ela sempre arranca dele? Já viu aqueles dentinhos separados? É esse o homem que ela (e eu também) ama!

     4. Mateus Solano


Namore com um cara que sorri pra você do jeito que o Mateus Solano sorri pra Paulinha Braun ou qualquer pessoa que seja seu par romântico em alguma novela. Queria ter achado um gif que dê conta do poder do sorriso dele, mas é uma coisa rasgada, enorme, sincera. Mateus Solano sorri e automaticamente você se sente a pessoa mais interessante do mundo. É um sorriso de quem diz: "que linda, que incrível, estou entretido e você é demais, por favor, continue". Recentemente tive a chance de vê-lo no teatro e fiquei chateada que seu personagem não era do tipo que permitia seus sorrisos enormes, mas logo quando a peça terminou e ele foi agradecer, sorrindo largado, senti um abraço quentinho e gostoso, como se fosse a única pessoa presente na melhor plateia do mundo.

     5. Jake Lacy


Se Taylor Swift eu fosse, para Jake Lacy dedicaria meus versos "you got a smile that could light up this whole town", porque esse é o poder do seu sorriso: acender as luzes de uma cidade inteirinha. Que moço bonito, que sorriso maravilhoso. Quando ele sorriu pela primeira vez em Obvious Child eu soube que ou o filme terminaria com um final feliz (sorrisos lindos como o dele e o da Jenny Slate nasceram para ficar juntos e se fazer sorrir) ou eu ficaria para sempre frustrada porque não importa o roteiro, a gente não deixa um sorriso assim pra depois. Sério. Olhem esse gif. Observem esse homem. Não vejo a hora dele entrar em The Office para eu ter minha cabeça desgraçada por sentimentos. 

     6. Andrew Garfield


Vim ao mundo emocionalmente incapaz de lidar com coisas do naipe desse sorriso do Andrew Garfield. Porque ele surge na sua janela todo sujo e ensanguentado, depois de brigar na rua e se pendurar em teias, e aí ele sorri desse jeito e de repente tem quatro anos de novo e é como se ele nunca tivesse conhecido qualquer tipo de mal ou malícia na vida. Acho que meu fraco são sorrisos que deixam os olhos pequenos e enrugam o rosto todo. Olha só esse moço. Vejo esse gif e tenho vontade de engolir a cabeça dele, ou então pular sobre ele e fazer cócegas até cansar dessa risada. Imaginem o Andrew Garfield gargalhando de tanto sentir cócegas. Meu. Deus. 

     7. Harry Styles (One Direction)



Harry Styles é o único da lista que ganha dois gifs porque que. conceito. Ele nos envia tantas informações contraditórias que fica difícil processar sua existência. Ao mesmo tempo que ele é nosso James Dean with a daydream look in his eyes, ele é so tall and handsome as hell, e também so bad, but he does it so well. Ele tem suas tatuagens horrorosas e maravilhosas e esse sorriso de criança idiota na cara, sabe? É simplesmente muito pra mim, nunca sei se grito AÔ TREM QUE PULA, QUE HOMEM pra ele, ou penso: QUE MULHER. Só sei que quando ele sorri assim, seja ligando tarde da noite ou convidando pra andar de patins, só consigo pensar que: quero.