quarta-feira, 31 de março de 2010

Mistérios de Pelicana: a triste história de uma borracha.

Parte 1

Tudo começou em 2009, no início do ano letivo. Naná exibe toda orgulhosa seus novos materiais escolares. Para quem não a conhece, pode parecer normal, mas já digo que materiais escolares e pequena Anaisa têm uma relação muito particular, uma vez que a pequenina garota dos olhos esbugalhados perde suas coisas gradualmente ao longo do ano, encarregando seus amigos de sustentá-la no que diz respeito a grafite, corretivo e, principalmente, borrachas. Cansada dessa má fama e de ouvir as reclamações de sua amiga Anna Vitória, sempre a vítima na hora de emprestar coisas à pequena perigosa, (uma vez que não satisfeita em somente pegar emprestado, little Naná tinha um enorme apreço em levar para casa aquilo que era dos outros), fez uma revolução: comprou uma borracha.

Não era qualquer borracha, corriqueiro instrumento usado para apagar os erros feitos no papel por um grafite errante; não, era a borracha, maior que todas as outras, comprida, branca, dura, encapada por um papel resistente azul marinho com inscrições em alemão. "Pelikan", o nome dela, acompanhada de uma logomarca que ilustrava um grande pelicano apontando o bico para um pequeno, que enquanto pelicano filhote mais parecia um pato. Posto que gostasse de dar vida à coisas inanimadas e inusitadas - nunca uma boneca, ou um macaco de pelúcia, mas potes de álcool gel e bichos de pensamento -, Anaisa logo olhou a todos com a vingança em seus - grandes - olhos: "Essa é a Pelicana, minha borracha, não preciso mais de vocês".

E por semanas a fio durou o caso de amor entre as duas, erros propositais eram feitos só para que Pelicana entrasse em ação. A garota rabiscava desenhos desconexos em mesas alheias - sempre da pobre Anna Vitória - só para, com grande glória, retirar o retângulo branco feito de látex de seu estojo, e pôr a Pelicana para trabalhar. "Minha Pelicana, eu tenho a Pelicana, vocês não, hahahaha, Pelicana, minha borracha, a mais legal de todas..." era o que ela proclamava para quem quisesse ouvir, com sangue nos olhos. Matheus, sempre propenso a surtos repetinos e inexplicáveis, um dia, cansado de ouvir diariamente Anaisa se gabar de sua borracha querida, e de ter que enfrentar a dura realidade de que seu estojo era o mais incompleto de todos, num dos surtos exibicionistas de pequena Naná, arrancou-lhe a borracha das mãos, e num repente que até hoje permanece inexplicado, mordeu um pedaço de Pelicana.

Acredita-se que o poder de corrosão de sua saliva - que seria explorado mais tarde no episódio "O Vampiro do Sangue Azul" - veio a quase partir Pelicana em dois. Anaisa, protótipo de Monica Geller, com todo cuidado resgatou a borracha do chão, que agora não parecia nem um pouco com o imponente objeto que ela tanto exibia. Era só uma massa disforme toda babada, com um envoltório azul, agora já pouco reluzente, e ameaçando deteriorar-se. Muitos dias se passaram sem que se ouvisse falar dela. Da borracha misteriosa.

Meses depois, Naná chega com uma novidade: "Olha, essa é a Pelicana". O que ela tinha nas mãos era uma bolinha branca, pequena, franzina, tristonha, com um coração desenhado a lápis de escrever. "Mas Anaisa, aquela borracha daquele tamanho virou isso?!" "Sim, foi o que sobrou dela." "E o outro pedaço, o que foi feito dele?" "Não sei, só tenho isso dela". Disse, com lágrimas nos olhos, que quando pôde resgatar o que restou de sua amada Pelicana, ferveu-a em água, bezuntou-a de álcool gel. Pôs a borracha para descansar, secar, e agora, aquilo era o que restava dela. A roupa, a brilhante capa azul com jeito de alemã, ninguém sabia o que tinha sido feito dela.

Um dia, caminhando na rua da escola, eis que a pequena garota grita: "PELICANA, PELICANA, É A ROUPA DA PELICANA!!!!". Ela e Anna Vitória olhavam-se boquiabertas, era realmente o envoltório azul de Pelicana. O que ele fazia ali, pisado, amassado e rasgado na calçada da escola elas não sabia dizer. "Anna, promovo-te agora a guardiã oficial da memória da Pelicana. Leva essa capa pra casa, e guarde, porque um dia nós ainda vamos nos lembrar da Pelicana".

Quando mostrada aos outros convivas e testemunhas da tragédia que se sucera à borracha, ninguém acreditou. Como havia ido parar lá os restos mortais de Pelicana, é um mistério que permanece vivo até hoje. Da pobre Pelicana, temos ainda o restolho, aquela bolinha pequena, que diminui a cada dia que passa, pois Anaisa insiste em usá-la até o último sopro de vida.

O que ninguém sabia é que na torre de marfim onde instalava-se o Centro de Inteligência Pelikan ouvia-se um burburinho de vingança. "Perdemos em 2009, mas em 2010 retornaremos. Eles que nos aguardem..."


(Os restos de Pelicana, sob minha guarda. Não reparem nas minhas cutículas)

(continua...)

20 comentários:

  1. KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
    caraca, ri muito com essa postagem! kkkkk
    "erros propositais eram feitos só para que Pelicana entrasse em ação"
    ah, cara, amei muito! parabéns!
    beijos

    ResponderExcluir
  2. AHAHA adorei a história da Pelicana! Conta mais? ;D e sabe, tenho uma borracha há mais de um ano (digo, estou usando há mais de um ano, pq ela é bem mais velha que isso - só andou esquecida num estojo antio) e ela simplesmente não acaba! Tem mais da metade ainda... já tô vendo o dia em que vou me cansar, jogá-la no lixo e comprar outra. ha
    Beijo

    ResponderExcluir
  3. Ah, esqueci de dizer que adorei sua crônica anterior (: meio que me serviu de inspiração pro texto que postei hoje ;*

    ResponderExcluir
  4. Anna!!!
    Desculpe a minha ausência nos últimos dias... estive viajando! Tenho tantas histórias pra contar, que nem sei por onde começar!!!
    Sobre sua hilariante história da borracha, primeiro quero perguntar qual é o esmalte que você estava usando na foto, porque achei lindo!
    Depois quero dizer que ri muito da história, que me lembrou de como eu sempre perdia as coisas, também... e como SEMPRE comia minhas borrachas e pontas de caneta, lápis, lapiseira...
    Estas histórias vão deixar saudades, um dia! Registre-as, todas!
    beijos!

    ResponderExcluir
  5. #euri
    Esses teus posts sobre escola me dão uma saudade!
    Pena que não fiz como você. As lembranças que tenho aos poucos vão se esvaindo. Ficam somente os momentos que marcaram muito (às vezes,nem esses) quando na verdade eu queria lembrar de tudo!Coisa impossível com essa minha memória afetada. ¬¬

    Adorei o post anterior também. Qual a probabilidade,em toda a minha vida,de eu cruzar com um desses?
    uahaha

    Beijo,Anna ^^

    ResponderExcluir
  6. A história de Pelicana!
    Muito bom^^ e eu devo admitir que sempre perco minhas borrachas tbm, mas agora eu tenho a Ghost, ela é um fantasminha lindo!

    beijos

    ResponderExcluir
  7. Rindo daqui com suas aventuras Anna... hihihi
    Já disse que amo o jeito que você dá vida aos seus textos, né?
    Cuide bem do resto da pelicana então. :p
    Bjitos!

    ResponderExcluir
  8. Nossa, ri muito com a história da Pelicana!
    Você tem amigos muito doidinhos, Anna! :)
    Beijos!

    ResponderExcluir
  9. acho que to com um esmalte igual ao seu! hehehe

    adorei a história.. esses mistérios da vida viu...

    beeijos!

    ResponderExcluir
  10. Coisas de quem tem grandes amigos no tempo do colégio!
    Tenho histórias para contar também =D

    ;**

    ResponderExcluir
  11. hahahahahahaha ! Muito bom !
    Pobre, pobre Pelicana ! E de você também por ao longo do ano ter que ceder "voluntarimanete " seus materiais. Muito figura essa sua amiga.
    Adorei o post. Beijos Anna !
    Boa Páscoa *--*

    ResponderExcluir
  12. Como sempre nos envolve em seus textos, crônicas. É claro, que ficou comédia. É muito legal registrar tudo isso, ainda vai sentir saudades....=(

    PS: Hj quando li seu tweet de 1º de abril, achei que tinha deletado mesmo o blog. Ia ficar decepcionada. É uma de minhas leituras preferidas! Beijos.

    ResponderExcluir
  13. Hahahahaha!! Coitada da pelicana,só quero saber como foi o retorno dela esse ano,tá parecendo até Premonição 2!
    Aguardo a continuação!
    Beijos

    ResponderExcluir
  14. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk pobre Pelicana!
    Adorei a postagem!
    beijos

    ResponderExcluir
  15. Otima Postagem, rsrsss
    Adorei o seu blog.
    Ah o Livro que vc esta lendo é excelente! Mt bom mesmo!
    Parabens pelo bom gosto!

    ResponderExcluir
  16. NANÁ (a dona da pelicana)2 de abril de 2010 às 18:02

    Amei o post, anna meu amor.
    Minha borracha normal está acabando... que tal uma nova pelicana?
    Beijos e manda aqui, fi.
    Naná está triste hoje para fazer graça, mas mesmo assim thanks por tirar algumas risadas do coração olhal de naná.

    ResponderExcluir
  17. ai que palhaçada. Me sinto com medo agora, de ter mordido a pobre Pelicana, tenho certeza que ela virá me atormentar de noite. É melhor eu ponyficar ela, pronto, agora tem a Poney Pelicana.

    ResponderExcluir
  18. Muito bom o texto. Incrível a saga da Pelicana.
    Como assim o Matheus mordeu a borracha?!?! hahaha Medo dele, gente! hahaha #brinks

    ResponderExcluir
  19. HUASHUAHSHSUAHSUAHSUHAUSHUAHSUHASHASHAUHSUAHSUHAUSHASUHAUSHUAHSUAHSAHUSH
    Anna, eu adorei a história da Pelicana, ri muito na parte em que sua amiga diz que ferveu a borracha! kkkkkkkkkk



    ;***

    ResponderExcluir
  20. HAHAHAHA eu entrei aqui depois de dias sem te ler, e li primeiro o post atual. Mas dai não teve como evitar, voltei para este pra entender melhor ehehehe e nossa, Anna.. to rindo demais!!!
    Um verdadeiro drama hehehe adorei demais!!
    E tem continuação... ahahah vou lá comentar!! >_<

    ResponderExcluir