sexta-feira, 6 de maio de 2011

É muito a minha cara

Não é que eu não goste de sair de casa. Eu gosto, eu saio, eu me divirto, eu chego em casa falando que eu deveria fazer isso mais vezes. O problema não são os programas em si, o problema são aqueles minutos entre a hora de levantar do sofá e entrar no chuveiro, o problema mora naquela hora em que eu, de roupão, me sento em frente ao guarda-roupas aberto e não tenho ideia do que vestir, e lentamente vou deitando, fechando os olhos e ficando ali, e perguntando pra mim mesma se eu quero mesmo sair de casa. Quem sabe um pouquinho da minha vida social já imagina quem ganha a batalha na maior parte das vezes: todo mundo sai e se diverte, fun fun fun, e eu fico deitada no sofá, de roupão, assistindo a um filme da Audrey e twittando aleatoriedades durante a madrugada. Vencer a minha preguiça é algo tão sério que agora eu sempre aviso minha mãe de que quero e vou sair, e que não importa se eu negar três vezes, se eu me arrastar pelo chão, chorar e pedir clemência, é pra ela me enfiar numa roupa bonita qualquer, passar na minha boca o batom laranja que me deixa empolgada e chutar minha bunda pra fora de casa.
 
Então que nessa sexta tinha jantar de aniversário de uma amiga minha. Jantar de qualquer coisa é meu programa preferido, como boa gordinha tensa que sou, felicidade pra mim é sair pra comer. Melhor ainda se for num restaurante que ainda não conheço, e numa das poucas sextas-feiras livres que tenho, já que faço prova quase todo sábado. Em resumo, eu estava animada, e pensava com meus botões que, naquela noite, nem eu mesma seria capaz de me impedir de sair de casa. Ha.
 
"Nem Deus é capaz de afundar esse navio" disse o capitão do Titanic. O resto da história vocês já sabem. "Nem eu sou capaz de me fazer ficar em casa", disse Anna Vitória para si mesma num fatídico fim de tarde de sexta-feira, e foi então que veio a primeira pontada. Ignorei. Outra. Fingi que não era comigo. Mais uma, dessa vez muito forte. Procurei me concentrar na revisão de Biologia. Quando veio a quarta eu levantei a blusa, encarei minha barriga e disse que ela só podia estar tirando com a minha cara. Homens, vocês que rolam no chão por causa de um chute nas partes baixas nunca tiveram um útero contraindo dentro de vocês. É o tipo de dor que faz a gente se esquecer da beleza da vida e querer arrancá-lo fora com a faca da cozinha. O tipo de dor que faz a gente esquecer o que é dignidade e se pegar deitada em posição fetal no chão do banheiro, gemendo baixinho chamando a mãe. Estava numa dessas, só que no sofá da sala, suando frio, criando coragem pra me arrastar até o quarto e pegar um remédio. Pra completar eu estava sozinha, poucas coisas são piores do que sentir dor sozinha.

Remédio tomado, deitei na cama e ri da minha má sorte ao ver que havia deitado em cima do vestido que tinha separado para usar mais tarde. Avisei aos amigos que não ia, me arrastei pro chuveiro, me rendi ao roupão e à bolsa de água quente. É o que temos pra hoje, Anna Vitória, se despeça logo do prato grande e bonito que você comeria. Mamãe chega em casa e me encontra deitadinha no sofá, sofrida sofrida, com meu roupão velho amarelo, assistindo Friends, e logo vai brigando, perguntando porque ainda não estou pronta. Ela vê a caixa de Feldene na mesa, minha cara de pelo-amor-de-Deus-me-ajuda-a-morrer e vai até a cozinha me preparar um chá. Suspiro fundo, penso de novo no prato que eu poderia estar comendo, resigno-me ao flop inevitável. Mais um episódio de Friends.

Mas amanhã é sábado e tem Beatles pra morrer de amor, e nem mesmo eu serei capaz de me forçar a ficar em casa. (Aguardem os próximos capítulos)

14 comentários:

  1. Melhoras pra ti, Anna!
    Tb não sou daquelas de sair, mas às vezes tenho muuita vontade! só que de tanto cansaço, acabo ficando em casa!
    Essa coisa anti-social é uma coisa viu?!
    Beijos!

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  2. Ai Anna, direto esses trem acontecem comigo também.. E direto o destino me deixa em casa! uahahuahua Hoje eu lutei o dia inteiro contra a preguiça, e quando finalmente eu crio coragem pra ir caminhar, arrumo playlist, visto minha roupa de ginástica, coloco meu tênis de corrida e.... "uai filha, onde voce vai? tá chovendo!" OU SEJA... D: dá raiva né? uahuahuahuhauha

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  3. E vê se melhora logo pra irmos bater perna no shopping amanhã, pra comprar o presente da dona Ângela!

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  4. aiiiiiiiiiiii anna, isso é a minha cara também! sou muuuuuito preguiçosa, combino os programas na maior empolgação e quando tô a algumas horas... por que tanta ansiedade mesmo? por que eu só não fico em casa e relaxo? mas a verdade é que a vontade de ficar em casa só vem na proximidade da saída! se eu fosse ficar o tempo todo em casa ia estar morrendo depois de como estou desperdiçando tempo de vida sem viver, etc, etc.

    god only knows quanto tempo eu já passei em casa. tempos em que diretora do meu colégio (!!!) me definia como "caseira". hoje já tô com o trem andando, mas há uns dois anos eu tinha que me policiar: qual vai ser o programa desse fim de semana? e do próximo? para não ter chance de passar um finde perdido! quando você já tá com cinco semestres de faculdade, bom, pelo menos foi o que aconteceu comigo, mas chega o fim de semana e eu não quero sabeeeeeeeeeer de casa coisa nenhumaaaaa, senão enlouqueço e piro de vez! o jogo mesmo é equilibrar.

    sinto muito por você ter perdido o aniversário, mas muita sorte no que quer que tem a ver com beatles e amanhã! :)))) tomorrow irei partyyy hardddd com roupa nova (ou não, estou meio com dó hahahaha) hihihihi beijinho

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  5. Azar é pouco, heim. Eu sou dessas que tem preguiça de sair, também. Mas detesto ficar em casa, fico melancólica, aí já viu. Beijo.

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  6. nessas horas que é ótimo ser homem. você acorda, pega a primeira roupa do armário e sai. cinco minutos, pronto.

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  7. Ai Anna, eu sou tipo você. No último ano que morei em São Paulo foi o ano em que eu mais 'saí'. Porque? Porque sair significava ir para casa de algum amigo, e ficar enfiado lá a tarde inteira. Casa cheia de amigos, pizza, baralho.. eita delícia, haha. Agora, aqui em Curitiba, vivo falando que preciso sair mais. Aí alguma colega marca um aniversário num barzinho e avisa tipo na terça feira. Eu fico toda animada. Aí chega na quinta e eu já começo a pensar no assunto. Na sexta feira, de manhã, já comecei a me trollar e arranjar um milhão de motivos para não ir. No fim, ou vou meio mal-humorada, ou deito na minha cama e fico lendo blogs. Ninguém merece. Minha mãe já me falou um milhão de vezes que não existe príncipe encantado que vem buscar a princesa em casa, mas né, dá uma preguiiiiça, hahaha.
    Super te entendo!
    E eu graças a Deus não tenho problema com cólica, só passei uma noite com cólica na vida, e nem precisei tomar remédio pra passar (ODEIO remédios).
    Mas imagino que o melhor remédio pra isso seja Friends. Aliás, Friends é o melhor remédio pra muuuita coisa nessa vida!
    CÉUS, falei demais!
    Beijos!

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  8. Agradeço a Deus por não ter esse problema com cólica, eu tenho mas é beeem fraquinha, minhas irmãs que sofrem, e sofrem meeeesmo! Mas por outro lado eu vivo doente, nunca vi. Feldene é vida hahahaha. Melhoras!
    Voltei com o blog denovo hahaha
    Beijos

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  9. Já aconteceu algo assim comigo e é horrível! Primeiro que a dor é realmente insuportável, segundo que deixar de sair de casa por causa da dor me faz sentir fraca e incapaz! kkk

    Mas depois aparecem outras oportunidades e mais 28 dias pra curtir a vida.

    bjs :*

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  10. Isso me lembrou a época que eu tinha loucas e absurdas cólicas. E cara, eu perdia toda a dignidade: gemia, deitava em todas as camas e sofás da casa, sentava quase desmaiando no chão do banheiro e deixava a água do chuveiro cair, andava de um lado para o outro e nada. Vida de gente alérgica que só pode tomar um analgésico super fraco, é tão ingrata.

    Mas pulando essa parte desagradável, também sou assim para conseguir sair de casa. Não é à toa que sempre chove quando eu decido sair kkkk

    Brincadeira! Eu saio, mas só com muito esforço e paciência dos amigos :)

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  11. Omg, mas que merda hein? Desculpa a palavra grosseira. Te entendo completamente. Tenho umas cólicas horríveis. Às vezes tenho certeza que meu útero tá querendo sair de dentro de mim, pq só isso explica essa cólica horrorosa.
    Não há remédio que adiante.
    Mas hein, melhoras pra ti. (:
    Beijo!

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  12. Acho que todos já passaram por algo parecido, tipo, amanhã mesmo, tenho um aniversário para ir e ainda não se vou... Logo começo a pensar que é domingo e eu preciso descansar, preciso estudar e fazer os trabalhos do Inglês, preciso dormir... Enfim, a lista nunca termina e eu acabo não indo ou chegando muito atrasado.
    Nunca vamos entender a cólica, a dor e o (péssimo) humor de você nessa época do mês, mas já aprendemos que temos que respeitar (e tentar manter uma certa distância).
    Concordo com a Ana Lu, Friends é o melhor remédio para muita coisa nessa vida...

    Beijo!

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  13. Você só pode estar brincando comigo! Primeiro que o início deste post é super a minha cara porque eu pra sair de casa sou uma negação. Sempre invento uma desculpa para não sair e ficar em casa assistindo séries! Mas na sexta passada aconteceu comigo EXATAMENTE o que aconteceu com vc! Só que para o drama ser maior eu já estava vestida, maquiada e, ao invés de cólica foi uma dor de barriga daquelas que vc não sai do banheiro sabe? E acabei deitada na cama, ao lado do Buscopan assistindo The Big Bang Theory! Fala se não é muita coincidência!!!! Beijos

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  14. Cólica... fico branca só de pensar... horrível!
    Tenho este perfil aí...
    beijos! rs...

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