domingo, 22 de fevereiro de 2015

OSCAR 2015: sinceridades edition #2

Indicados ao Oscar quando se exclui todos os homens brancos (via Buzzfeed)
Domingo do Oscar, o melhor dia do ano se você se importa minimamente com a indústria do entretenimento. Daqui a algumas horas quinze minutos (vou bater ponto no camarote Twitter, estarei odiando tudo, fangirling nível hard e falando muita bobagem - me sigam) estaremos desejando mais uma vez ser a Emma Stone, ou então numa sofrência aguda de sentimentos diante da visão que é a figura do Benedict Cumberbatch (agora casado, com licença) num tapete vermelho. Para nossa sorte, esse ano não tem J.Law pra se estabacar no e/ou dar declarações irreverentes para o Ryan Seacrest, o que é uma certeza reconfortante. 

Enquanto a gente não descobre se no fim da noite vai dar Birdman ou Boyhood, termino de dividir aqui minhas impressões sobre os favoritos ao prêmio de Melhor Filme do Ano. Em 2015 bati meu recorde: de todos os indicados, só deixei de ver um. Meta antecipada pra 2016 é conseguir cobrir os estrangeiros. Ou as animações. Ou só me garantir nas categorias de atuação. Ou nenhuma delas, uma vez que não sou obrigada e nem paga pra isso. Risos. Hoje falo de A Teoria de Tudo, Birdman e Selma, com um pitaquinho no final sobre meus favoritos, de modo geral. Para ler a respeito dos outros filmes, é só clicar aqui. 


A Teoria de Tudo (2014, James Marsh)

Sobre o que é? Sobre a vida do Stephen Hawking ao lado de sua mulher, Jane. O filme mostra a vida do físico desde a juventude, e acompanha a progressão da sua doença e o avanço de suas descobertas.

Prestou? Olha. Eu chorei vendo o trailer. Eu me derreti completamente pela história e pelo casal naquele único minutinho. No entanto, chorei bem de leve no filme e esperava ter sido mais tocada pela história. É uma biografia bem chapa branca e politicamente correta do Hawking e de sua mulher, e como a Taryne falou bem numa conversa que tivemos, cansa esse esforço que fazem em não queimar ninguém ou mostrar tudo de um jeito muito bonitinho e sem conflitos.

Sinceramente? Gostei mais do trailer. Mais um da cota britânica de filmes corretos e pouco ousados, que se sustenta bem pelas atuações. Não tem nem o que dizer do Eddie Redmayne, o trabalho dele é realmente fantástico e o menino tem um brilho nos olhos que a física não explica, mas quem me impressionou mesmo foi a Felicity Jones. Achei que ela estivesse ali por tabela, mas a moça honrou muito as calças e fez por merecer. 

E o Oscar? Acho difícil tirar a estatueta do Eddie Redmayne, e ele merece muito esse prêmio. Mas preciso ser chata e dizer que me cansa muito essa mania da Academia de premiar fácil qualquer atuação que faça o ator se transformar fisicamente ou role um esforço físico muito grande. Ele ganharia esse prêmio mesmo se não fosse extraordinário. 

é nóis que avoa
Birdman (2014, Alejandro González Iñarritu)
ou: A Inesperada Virtude da Ignorância
ou, ainda: O Pássaro da Discórdia

Sobre o que é? Um filme cabeçudo e pretensioso sobre um ator de uma franquia de filmes de super-herói que quer se consagrar como Artista Sério dirigindo, adaptando e atuando numa peça séria, cabeçuda e pretensiosa.

Prestou? Ouvi os mais aclamados louvores e os mais furiosos sarrafos a respeito desse filme. No fundo, não achei nem horrível e nem o filme do século. É divertido, cinematograficamente impressionante (ele é praticamente todo rodado em plano sequência), faz uma crítica incisiva a Hollywood no geral e tem atuações incríveis. 

Sinceramente? Me incomoda muito a força que ele faz pra ser O Grande Filme Sobre a Indústria do Entretenimento dos Nossos Tempos. Achei o filme arrogante pra cacete, uma característica que sempre me incomoda no cinema. Ele sabe que é muito bom e faz força demais pra ser muito bom, e isso às custas do argumento de que não se fazem mais filmes bons como antigamente e os jovens não tem nada da cabeça. Isso tira um pouco da minha graça, mas não é ruim não. Mas eu ainda acharia mais legal se fosse uma história de um homem com superpoderes que representasse um homem-pássaro no cinema. O quão SUPER DIVERTIDO seria isso? 

sdds
E o Oscar? Plano sequência é um feito honrável e o Iñarritu merece todo o mérito por ele. Melhor Direção pro rapaz. Não estou torcendo pro Michael Keaton, mas gostaria de quotar a ilustre Taryne Zottino, que justificou sua preferência dizendo "sempre vou torcer pro cara que corre de cueca no meio da rua". Edward Norton DE LONGE meu favorito pra Melhor Ator Coadjuvante, foi minha coisa favorita do filme, uma pena que não vai ser dessa vez.


Selma (2015, Ava DuVernay)

Sobre o que é? Uma biografia (MEU DEUS MAIS UMA) do Martin Luther King, focada no período que ele organizava marchas com a população pelo direito de voto da comunidade negra.

Prestou? Achei uma cacetada na cabeça. É um filme bem normal, segue a toada das outras biografias dessa temporada (MEU DEUS POR QUE TANTAS?) sem nada de muito diferenciado, mas tem emoção e muita força. David Oyelowo, que interpreta o Martin Luther King, está surreal no papel, e a pontinha que a Oprah (!) faz também me chamou muito a atenção.

Sinceramente? Desgraçou minhas ideias porque é uma história recente demais. A gente se emociona quando pensa que em tão pouco tempo um negro conseguiu a presidência dos EUA, mas ao mesmo tempo falta tanto, sabe? As cenas da repressão aos protestos não ficam devendo nada à situação de Fergunson, por exemplo, e nem ao monte de coisas que vivemos no Brasil. Não é um filme extraordinário, mas acho TÃO necessário!

E o Oscar? Cagou baldes, né? Sei que um dos problemas foi o fato da produção ter demorado muito para enviar as fitas para os votantes, mas ainda assim não é ~coincidência~ demais que justamente esse filme, sobre um movimento protagonizado por negros, que coloca negros no centro da história, dirigido por uma mulher negra tenha sido deixado pra lá, recebendo só uma indicação a Melhor Filme quando poderia pelo menos ter levado uma de Direção e Melhor Ator pro seu protagonista? Eu que não ponho minha mão no fogo pra esses velhos reaças da Academia de jeito nenhum! Espero que pelo menos "Glory" ganhe como Melhor Canção Original. 



Melhor filme: Boyhood
Melhor diretor: Alejandro Iñarritu
Melhor ator: Benedict Cumberbatch
Melhor atriz: Rosamund Pike
Melhor ator coadjuvante: Edward Norton
Melhor atriz coadjuvante: Patricia Arquette
Melhor roteiro original: O Grande Hotel Budapeste 
Melhor roteiro adaptado: abstenho
Melhor trilha sonora original: O Grande Hotel Budapeste
Melhor canção original: "Glory", de Selma

6 comentários:

  1. Sabe o que eu acho engraçado? Em um ano com um bando de biografias, quantas sobre MULHERES estão na lista de Melhor Filme? Mas enfim. Nem adianta a gente se estressar com isso.

    HAHAHAHAHAHAHAHHAHAHAHA Não acredito que você quotou minha frase sobre Michael Keaton. Ai, gente, sei lá. Amei muito a atuação dele. Mas acho que vai dar Eddie na cabeça, viu? Vamos aguardar.

    Sabe que mesmo amando Edward Norton em Birdman eu ainda torço mais para o Ethan Hawke na categoria de coadjuvante? Achei que ele foi tão bem quanto a Patricia Arquette. SUPER natural e convincente em cada cena. Mas não vou ficar braba com a vitória do J.K. Simmons porque aquela interpretação foi poderosa. Fiquei com medo daquele personagem sádico.

    Selma: importante, com cenas fortíssimas, mas achei tão chato D: Só não consigo perdoar a esnobada no David Oyelowo. Mas não. Vamos indicar Bradley Cooper pela terceira vez seguida (é seguida?) e ignorar uma perfomance irretocável de alguém que merece mais espaço em Hollywood.

    Até daqui a pouquinho no Twitter, amiga <3 Amo você!

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  2. Selma: que filme. Que final. Fico arrepiada só de pensar naquela mistura vídeos antigos x gravação do filme. Eu curti muito e é triste ver um filme desse esnobado. E mais triste Bradley Cooper tirando lugar de gente feito o David.

    (Mentira, o coitado do cara não tem nada a ver, mas a academia se puxa)

    Ia tecer uns comentários sobre a noite aqui, mas vou esperar o post sobre os vencedores.

    Favor, faça. Quero dar full rant nos comentários. AHAHHAHAHA

    Beijos!

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  3. Eu gostei de Selma. Além da história importantíssima, gostei como filme também. E olha que eu estava com preguiça dele justamente por ser teoricamente "mais uma biografia do Martin Luther King" (mesmo que eu goste bastante de biografia.

    Eu também esperava mais de A Teoria de Tudo. Nem chorei, e eu choro até com velhinha atravessando a rua. Também gostei da atuação da Felicity e acho que o Eddie mereceu levar.

    Birdman: pretensioso, exatamente. Achei arrogante e não gosto de gente/coisa arrogante.

    Cabou, agora só ano que vem, miga :( E Boyhood <3

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    1. (um dia conseguirei postar um comentário que não tenha alguma parte comida pelo blogger)

      Mas a gente segue em frente, tem outros premio.

      Beijos <3

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  4. Estou louco pra ver Birdman. A proposta é bem interessante.

    http://www.jj-jovemjornalista.com/

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  5. Anna, eu tbm sempre tenho a pretensão de assistir tudo antes da premiação principal, mas até hoje essa estratégia não funcionou, hehehe. Esse ano eu só assisti O Jogo da Imitação e a Teoria de Tudo. Concordo plenamente com a tua opinião a respeito da Teoria de Tudo, é um ótimo filme mas tem esse Q de preocupação em se mostrar politicamente correto. Quanto a atuação do casal principal, não tem o que dizer. Incrível. Agora, quanto ao Jogo da Imitação, eu AMEEEEI muito. Achei um puta filme. E a atuação do Benedict foi demais, assim como da Keira (e olha que nem vou com a cara da Keira). Enfim, no fim das contas tu acertou bastante, né? Hehehe, beijoca!

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