quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Do chocolate viemos, ao chocolate voltaremos.

(Johnny Depp aprova esse post)

No meu primeiro dia de férias eu acordei, peguei um Toddynho na geladeira e fiquei assistindo Bob Esponja na televisão. Cabelo bagunçado, o dia inteiro de pijama, sofá era o meu reduto. No bauzinho da mesa de centro, chocolates vários, comprados por mamãe no seu chamado "supermercado de férias", onde bolachas recheadas, chocolates, refrigerantes e salgadinhos expulsaram da geladeira e do armário todo aquele pão integral, bolacha de água e sal, barras de cereal e tudo aquilo que existe numa casa em que se tem uma mãe natureba. Pro ano novo meu avô comprou uma caixa de Chokito, dessas industriais, 900 gramas de puro amor no coração e chocolate nas veias. Olhou para mim e pros primos pequenos, olhou para a caixa: dêem um fim nisso, foi o que disse. Com prazer, pensei eu lambendo os dedos.

Viajei, sem meus pais e sem obrigações, deu-se então a orgia completa do cacau. Eu que nem gosto de sorvete de chocolate, tomava todos os dias depois do jantar, de madrugada enquanto assistia Friends. Com banana picada, pra não dizer que eram só calorias vazias, e calda de - adivinhem! - chocolate, claro. É difícil até pra mim acreditar que comi todo esse sorvete, uma vez que se tem um sabor de sorvete que eu realmente não gosto, é o de chocolate. Entretanto aquele era especial, tinha gosto de férias, tinha gosto de Twin Peaks, tinha gosto de Friends a noite inteira.

Voltei, e minha avó do interior, de férias aqui desde o Natal me fez um tabuleiro de tradicional bolo "nega maluca" para comemorar minha chegada. Bolo no café da manhã, bolo no café da tarde. Não existe nada nessa vida como bolo e café. Quer dizer, tem, bolo de chocolate e um copo de leite antes de dormir. Esse é diferente, esse tem gosto de dias inteiros em casa, de pijama novamente, cabelo pra cima, a mercê do dvd e do computador.

Nas férias eu amo passear no centro da cidade, vazio porque o caos do ano letivo ainda não começou, mas com as mesmas lojas, os sebos, lojões de beleza para comprar esmaltes, paradas nas Lojas Americanas para ver os dvds. Um café na praça e depois uma ida rápida na Cacau Show para comprar uma trufa e enfiá-la inteira na boca. Já fizeram isso? Fico imaginando que Eça devia estar comendo chocolate quando disse que a "alma se cobria de um luxo radioso de sensações". Carta de amor uma ova.

Aí ontem eu comi o último pedaço do bolo de vovó. Antes de ir embora ela me fez mais um tabuleiro. Comia aquilo com leite enquanto assistia Friends, até porque não tenho feito outra coisa da vida. A última semana de bolo e Friends as três da manhã, e de tomar Toddynho na varanda ouvindo música depois de acordar. De passear no centro por tardes a fio, de ir tomar café com os amigos e ir ao cinema a hora que eu bem entendesse. As guloseimas dariam lugar novamente às fibras e toda aquela baboseira saudável que minha mãe me faz comer. Acabou o gosto de chocolate dos meus dias.


Mas aí estava pensando, as aulas me reservam uma coisa: chocolate nos intervalos, juntar moedas entre cinco pra comprar uma lata de Coca, assaltar a mochila dos amigos atrás de chicletes ácidos e o melhor de tudo, catar dinheiro pela casa pra chegar na escola e torrar tudo em Laka e Diamante Negro. Até que vale a pena.

(imagem via We Heart It)

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