quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Minha primeira revista

Sempre que me perguntam quando mais ou menos eu decidi que faria jornalismo, ou até mesmo quando  ele entrou na minha vida, costumo responder que foi no meio do colegial. Até então, minha ideia de jornalismo era um tanto quanto abstrata, quando pensava nele - shame on me - a imagem que me vinha à mente era aquela que hoje eu arrepio por dentro quando vejo associada à grande paixão da minha vida: a bancada do Jornal Nacional. Essa ideia de descobrir tão tardiamente o que hoje é tão importante pra mim sempre me frustrou um bocado. É pecado querer ter uma resposta inspiradora para dar aos outros?

Felizmente, ontem eu me redimi. Comigo mesma e com todas as pessoas que ainda me farão esse fatal questionamento. Quer dizer, quem me redimiu, na verdade, foi a Anna Vitória de 2005, cheia de ideias na cabeça, um baú com muitas revistas e tempo de sobra para perder. 

Estava ontem na casa da minha amiga Anaisa e fuçávamos uma pasta de papéis antigos que ela havia juntado após fazer uma radical arrumação nos armários e gavetas de seu escritório. Daquela barafunda de muitos bilhetes trocados durante a aula em quase 10 anos de cumplicidade, vários desenhos feitos nas últimas páginas dos cadernos, cartas e até uma história em quadrinho feita por nós - a qual só não foi postada ainda porque o scanner resolveu brincar com nossa cara - , resgatamos a revista Princesa.

Na quinta-série, fizemos uma revista. Eu, ela e mais duas amigas. Era pra ser um trabalho de redação, mas algo me diz que extrapolamos, e muito, a proposta inicialmente feita pela professora. Ela deve ter pedido um revistinha qualquer, feito com uma folha A4 dobrada ao meio e letras recortadas de jornais e revistas e nós caímos de cabeça num projeto que prometia ser a revista adolescente mais legal do mundo. Uma das meninas do nosso grupo costumava pensar muito, muito grande e eu tenho uma tendência irrefreável de não resistir a empolgações tão sinceras e bacanas tal como a criação de uma revista só nossa. Me pergunto se por algum momento eu pensei que aquilo realmente poderia sair do papel e virar algo muito maior que uma edição única, ganhando o mundo, e a resposta é: até o último segundo.

Não lembro exatamente o prazo que tivemos para fazê-la nascer, mas sei que foi intenso. Decidimos que o tema central dela seria o mundo das modelos e pensamos em nossas pautas a partir daí. A amiga-que-pensava-alto era fã de Gisele Bündchen e escreveu um perfil sobre ela, que na verdade foi um recorte variado de informações encontradas em sites e outras publicações. Demos dicas sobre como seguir carreira de modelo e ainda entrevistamos algumas conterrâneas manequins.

Quando penso na forma como fizemos isso - ligando em todos os salões de beleza, estúdios de fotografia e lojas chiques da cidade perguntando se havia alguma modelo disponível para ser entrevistada - mal consigo acreditar na nossa audácia e cara de pau. Mais impressionante ainda foi termos, de fato, conseguido as entrevistas - vocês já ouviram a minha voz, né? Não só uma como umas cinco. Aos 11 anos não se tem absolutamente nada a perder - e você nem pensa sobre isso - e eu e a amiga deslumbrada tentamos invadir um hotel chique para fotografar uma exposição de jóias em exibição por lá. Esse episódio possui uma história particular enorme e engraçadíssima, e juro por Deus que em breve conto pra vocês. Todo um sacrifício para no final as fotos nem saírem na revista porque ficaram escuras demais.

Nem tudo foram flores. Como qualquer projeto jornalístico que se preze, no dia do nosso fechamento a redação da Princesa - o quarto da mãe de uma das meninas da equipe - foi palco de uma homérica briga de egos. Precisávamos de uma capa e duas meninas queriam capas diferentes. Por votação, dois votos contra um, a capa da Anaisa ganhou. Era claramente muito mais bonita e bem trabalhada: pintada de lilás com uma tinta a óleo que demorou dias pra secar completamente e um recorte amor de uma garotinha com tiara de princesa. Assoprando um pouquinho a mágoa da dona da outra, acabamos usando-a como contra capa, e olhando as duas ontem - não que fossem duas obras de arte - me pergunto o que a menina tinha na cabeça ao querer que a gente usasse a capa dela. Sem maldades ou rancores: era feia pra caramba.

E foi assim que nasceu a Princesa. Folheando-a hoje penso na coragem que tivemos para entregar para a professora uma coisa tão porca e esquisita e ao mesmo tempo na ingenuidade que nos levou a pensar que aquilo fosse a coisa mais legal do mundo. Por muitos meses foi mesmo. 

Então, se algum dia me perguntarem quando é que foi que pus na cabeça que iria contra tudo e todos ao me decidir por estudar Jornalismo, posso dizer que aos onze anos de idade já havia uma chama ali.


Diagramação pra quê, né?

História da beleza e cuidados com a pele, tudo ao mesmo tempo agora

COMIC SANS!!!

A capa da discórdia

11 comentários:

  1. Acho que já li um post em que você comenta sobre essa revista e quero muito ver as fotos. Acho uma história lindinha pra contar, principalmente a medida que o tempo passa :)

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  2. E eu, quando era criança, adorava brincar de rádio! Eu e minha prima pegávamos todos os nossos cds, escrevíamos cuidadosamente um roteiro de programa, pegávamos fone de ouvidos, improvisávamos microfone, entrávamos no quarto da minha tia, com ar-condicionado ligado, e no mais perfeito silêncio e cuidado apresentávamos nossos programas! Sem público e sem gravar, claro, mas era ótimo! Foi nisso que eu pensei, com os olhos mareados, quando gravei meu primeiro programa de rádio da facul... Entrar no estúdio com aqueles microfones, ar condicionado e fones de ouvido foi intenso! HAHAHA, e eu PRECISO ver essas fotos, li o post todo ansiosa pela hora que elas apareceriam! Devia ter instagrado!
    Te amo.

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    1. HAHAHA, tive que voltar pra continuar. Comic Sans = Vintage! E essa capa da discórdia, PELAMOR. Princ Esa? HAHAHAHA

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  3. AMEI isso!!! Acho que era de prache das escolas pedirem revistas, já fiz uma, mas a mais legal mesmo foi a reportagem!!! Ai, tenho uma história divertida sobre, um dia posto no meu blog! Eu tinha também uma aula de "empreendedorismo" e na sétima série criamos uma empresa de roupas, tinha um catálogo de moda MUITO LEGAL e até tivemos que filmar uma propaganda, que é a coisa mais engraçada do universo! E o incrível é que a gente sempre achava esses trabalhos O máximo né. HAHAHAH
    Quanto a mim, acho que nasci sabendo que faria ciências sociais, mas com 10 anos, quando fui eleita "governadora da escola" foi que eu tive certeza - mesmo sem saber que o curso existia - quando eu descobri o curso nem tinha como questionar. Posso amar muitas coisas, mas ali é tudo tão sincero e honesto que nem dá pra explicar. Foi amor à primeira vista e a todas as outras também!
    Quero muito ver as fotos hein!!!!
    Abraços <3
    P.S.: Nunca vou encontrar alguém que conte histórias de uma maneira tão divertida e espontânea quanto você. Queria ter uma boneca com a tua voz pra ligar todo dia antes de dormir e ouvir histórias e mais histórias. Você será uma ótima avó algum dia, viu?

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  4. Eu cheguei a fazer uma, bem pequenininha, com uma amiga chamada Inara. E depois, na época do teatro, fiz um fanzine que mandava para os outros por email, chamado "Merda". Quem me deu a idéia foi um amigo de Porto Alegre que hoje em dia acha tudo isso uma besteira, e que eu acho que ele era bem mais legal antigamente, mais sonhador, do que é agora.
    beijos!

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  5. HuahuHUAHU. Só voltei pra ver as imagens,lol.
    Que engraçado! Mas,vocês se empenharam,heim? Fiquei bem legal.

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  6. HAHAHAHAHAHAHAH' que foofo cara.
    As imagens ão lindas tá gente? rs
    Ja fiz trabalinhos de escolha como jornal tbm, e tive/tenho sonho de fazer jornalismo, mas não fui atrás, te admiro!!
    sucesso!!!!!!!

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