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Pense num homem bonito e multiplique por, sei lá, 37k |
Acho essa uma ótima forma de se motivar a sair da zona de conforto e fazer algo que seu juízo perfeito não permitiria, da mesma forma que é um consolo bem razoável quando você se vê diante de uma roubada. Meu feriado foi um misto das duas coisas, com algumas horas mágicas e inesquecíveis ali no meio.
Vocês lembram de como tudo começou: Killers, top 5 bandas da vida, anos de história, ai que saudades eu sinto da aurora da minha adolescência que reprises de The O.C. não trazem de volta, etc, etc. Lembram do meu amigo tão fã quanto eu? Pegou dengue. Menos de uma semana pro show e ele pegou dengue. Ouviu de Deus e o mundo que era loucura ir pro festival daquele jeito (e realmente foi loucura) e que haveria outra oportunidade. O fato dele não ir ao show não ia acabar com todos os planos, o show iria acontecer, eu e meus outros amigos estaríamos lá, mas não seria o sonho, sabe? O sonho era a gente lá embaixo da chuva ouvindo "All These Things That I've Done" e não ia ser o mesmo se faltasse um pedaço.
Ontem, depois do show, ele disse que quando eu fosse escrever sobre a noite era pra dramatizar bastante, dizer que ele desmaiou no meio e mais um monte de coisa. Mas acho que só o fato de ter passado as horas de espera do lado dele, a pessoa mais faladeira que eu conheço, sem dizer uma palavra, foi um drama bem verdadeiro e bom de virar história. E quando a gente estava na rua depois do show, o metrô fechado, e táxi nenhum passando, eu só pensava no momento que a gente riria daquilo, contando pros filhos daquela noite em que a cidade que eu tanto amo se mostrou fria e hostil pela primeira vez e como tudo era irrelevante porque as horas anteriores compensaram todo o medo que eu tive de não voltar pra casa - porque eu sou dessas.
Mas depois da doença e antes do medo de dormir na rua, tivemos uma hora e meia sem parar com os pés no chão, gritando alucinadamente e tentando entender como pode Brandon Flowers conseguir segurar um show agitado como aquele cantando, dançando, sorrindo e sendo maravilhoso o tempo inteiro - enquanto no meio de Mr. Brightside, a primeira música, eu já queria ficar sem voz. O corpo quis, mas eu cantei até a garganta doer e pulei tanto que acho que cheguei num estado que meu corpo se movia pra cima e pra baixo por inércia. Não sinto a ponta dos dedos dos pés direito até agora, mas ai que anestesia maravilhosa!
Foi muito rápido e muito devagar, se é que isso é possível. Eu pisquei e o show acabou, mas ao mesmo tempo sinto que passei uns 3 meses em outra dimensão quando tocou "Miss Atomic Bomb" ou quando Brandon pegou aquele baixo pra cantar "For Reasons Unknown" (sim, o universo leu meu post!). E haja realismo fantástico de Gabriel García Marquez pra me ajudar a descrever os anos que couberam dentro de "All These Things That I've Done", abraçada aos amigos tão amados, nossa música embaixo da chuva fininha, como a gente sempre sonhou que seria.
Acho bem honesto reclamar dos perrengues que a gente passa dentro de um festival, principalmente aqui no Brasil, e uma das primeiras coisas que pensei quando o Killers anunciou o show deles foi: merda, vou ter que ir no Lolla, mas não invejo nenhuma das pessoas que estavam no sofá enquanto eu ficava em posições constrangedoras pra aliviar a dor na coluna, porque transmissão nenhuma capta a energia maravilhosa que rolou durante "A Dustland Fairytale" e quem estava deitado de boa não sentiu a plateia vibrando com "Jenny Was a Friend Of Mine" emendada com "When You Were Young" - essa última que colocou Brandon de joelhos.
E isso eu também vou contar pros meus filhos daqui 20 anos, e espero não perder o raio prateado que consegui pegar da chuva de papel picado, que é pra dar mais emoção pra história. Ou não, né, porque mostrei pra minha mãe cheia de orgulho e ela disse que bom mesmo é a gente ficar feliz com pouco. É uma questão de ponto de vista, mas sei que vou limpar meus coturnos cheios de lama sem um pingo de arrependimento, lembrando the way that golden night was e tendo certeza que ela não faz ideia do que diz.
Acho bem honesto reclamar dos perrengues que a gente passa dentro de um festival, principalmente aqui no Brasil, e uma das primeiras coisas que pensei quando o Killers anunciou o show deles foi: merda, vou ter que ir no Lolla, mas não invejo nenhuma das pessoas que estavam no sofá enquanto eu ficava em posições constrangedoras pra aliviar a dor na coluna, porque transmissão nenhuma capta a energia maravilhosa que rolou durante "A Dustland Fairytale" e quem estava deitado de boa não sentiu a plateia vibrando com "Jenny Was a Friend Of Mine" emendada com "When You Were Young" - essa última que colocou Brandon de joelhos.
E isso eu também vou contar pros meus filhos daqui 20 anos, e espero não perder o raio prateado que consegui pegar da chuva de papel picado, que é pra dar mais emoção pra história. Ou não, né, porque mostrei pra minha mãe cheia de orgulho e ela disse que bom mesmo é a gente ficar feliz com pouco. É uma questão de ponto de vista, mas sei que vou limpar meus coturnos cheios de lama sem um pingo de arrependimento, lembrando the way that golden night was e tendo certeza que ela não faz ideia do que diz.
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Porquinha, mas eu que tirei |