quinta-feira, 21 de março de 2013

Quem é você, Deyse?

Pois bem, vamos lá de novo para toda aquela história que vocês já ouviram e que eu vou repetir porque sim: coisa linda nessa vida é encontrar gente por aí, gente que você nunca imaginava que fosse encontrar. Como vocês querem que eu não fale de arte e de encontros e estrelas cruzadas quando estou aqui nessa noite chuvosa escrevendo para uma amiga que mora a 2.334 (dois mil trezentos e trinta e quatro) quilômetros de distância de mim e que eu já amava antes mesmo de finalmente abraçá-la quando nos encontramos no meio do caminho?

Sei lá há quanto tempo acompanho a Deyse, mas lembro que achava seus textos muito bonitos, confessionais e cheios de um sentimento de urgência que eu admiro tanto. E aí que eu sempre ficava me perguntando se ela escrevia sobre a vida dela ou se inventava histórias, até que ela própria escreveu que a ficção nada mais é que uma verdade mal contada (que é o nome do seu blog), e depois desse tapa na cara me calei aqui com os meus botões. Até então ela era Deyse (que tempos depois fui saber que era Deíse), séria, brava, inteligente e talentosa, e eu já gostaria muito dela só por isso, mas bom mesmo foi conhecer a Dedê.

Porque a Deyse é a dos textos incríveis, mas a Dedê é a dona de uma das histórias mais engraçadas e absurdas que eu já ouvi em toda minha vida. Recentemente ela estava meio tristinha e disse que às vezes se perguntava se nós não gostávamos dela só por causa dessa história, e hoje, dia 21 de março, seu aniversário, eu queria dizer que é claro que não. 

Não vou contar que história é essa não porque eu seja malvada e queira deixar vocês curiosos, mas é porque se ela nunca contou essa história fantástica, não sou eu que o farei. Mas suponhamos que seja uma história fabulosa nível a pessoa ter caído dentro de uma cova que não estava vazia. O dia que ela contou isso eu ria tanto que pensei que tivesse sonhado com aquilo tudo, mas não. Eu contei o caso pras minhas amigas, pros meus pais, pros meus avós e mesmo já tendo repetido incontáveis vezes eu ainda começo a rir só de lembrar.  E por um tempo ela foi mesmo a Deyse da Cova (hipotética), nos pacotes de presente e no nome do contato do meu celular, mas jamais foi só isso. Existe muito mais do que uma cova profunda entre uma Deyse e uma Dedê do que supõe a nossa vã filosofia, e feliz é aquele que tem o privilégio de desvendar tudo isso.

A Deyse da Cova também é a amiga maranhense que andou por São Paulo carregando mais de dez garrafinhas de Jesus só pra que a gente tivesse a chance de experimentar o guaraná com gosto de Trident de tutti-frutti. E eu não tomei o meu até hoje e a garrafa está na minha mesa desde o fatídico agosto do ano passado, porque olhar pra ela aqui é lembrar da Dedê e daquele fim de semana mágico que a gente virou irmã. Estávamos todas vivendo um momento de amor e bichice na Avenida Paulista quando ela, que sobrou ali no meio, perguntou se ia ser a única a não ganhar abraço. Bastou para que a Renata a adotasse também, e é bem verdade que ela tava precisando de uma filha que representasse o lado eficiente da família, porque as coisas pro meu lado vocês sabem como funcionam. 

A Deyse da Cova também é a Deyse da Monografia, que fez um trabalho tão lindo e tão cheio de amor que eu encho a boca pra contar pros meus pais que minha amiga escreveu a primeira monografia sobre Caio Fernando Abreu da região Nordeste, coisa que já é fantástica por si só e eu nem tive a chance de ler o trabalho ainda. Sei que é incrível porque eu fui pedir uma dica pra ela de iniciação no universo desse escritor e ela falou tanto, e tão bem, e com tanta propriedade, que eu me senti imensamente orgulhosa de ser amiga de uma pessoa tão boa no que faz. E olha que até o ano passado ela fazia duas faculdades e tenho certeza que não era nada pela metade ou mais ou menos (porque é filha da Renata, afinal). Já tive prova disso porque foi ela que redigiu o Estatuto da Máfia e é necessário uma escrivã pra lá de competente para transformar nossas bobagens e piadas internas num documento de aparência muito séria e respeitosa. 

A Deyse da Cova também é a Deyse que não tinha meias, a que sente saudades do mar depois de um fim de semana longe dele e aquela que diz que eu como coisas estranhas. Nunca mais consegui ir ao Spoletto sem olhar pra minha comida e rir ao me lembrar da cara dela encarando nossos pratos, meu e da Mayra, e dizendo que aquilo era esquisito. Dedê é aquela que experimenta condicionador de cabelo e que ainda vai me levar pra comer caranguejo no Maranhão. A que não consegue parar de comprar livros e que tem a coleção de sapatilhas mais invejável do universo. Deyse é a Dedê dos Hamsters, que fez meu celular vibrar incessantemente enquanto eu fazia prova porque resolveu fazer uma cobertura ao vivo do parto de sua Hamster, a digníssima Hazel.  E se hoje eu solto curiosidades sobre a vida dos hamsters na mesa do almoço, é porque eu aprendi com a Deyse, aquela minha amiga cuja hamster pariu dez filhotes semana retrasada. Deyse é a amiga dos vídeos, porque minha avó me ouviu rindo alto de um vídeo dela e ficamos as duas gargalhando horrores enquanto Dedê dissertava sobre os bichos na sua cabeça e as metáforas pobres da Clarissa Correa. 

E é por isso que eu digo que não Deyse, a gente não te ama por causa da cova, porque qualquer um pode cair numa cova, mas só você consegue transformar isso na melhor história de todos os tempos, porque é dona de particularidades tão lindas, tão suas, que um tropeção na calçada se tornaria o caso mais engraçado de todos. Se toda ficção é uma verdade mal contada, a vida através dos seus olhos, com seu sotaque lindo e suas palavras acertadas, é uma realidade tão bem contada que parece ficção, e eu sou muito grata por ter a chance de compartilhar um pouco dela com você. 


Feliz aniversário, Dedê. <3 p="">

5 comentários:

  1. Dedê! Que é tão incrível que só podia ser fake. Até a gente poder ver e abraçar e ver e abraçar sem poder parar.
    Que absurdo seria amar Dedê só pela história mais incrível de todas, quando temos a possibilidade de amar essa pessoa completa, com tudo de extraordinário que ela tem pra oferecer.
    Happy Dede's Day!

    Amo vocês! <3 <3 <3

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  2. Você tinha que parar de escrever, sabia? Tinha sim. Porque eu me deprimo toda vez que leio algo aqui! Toda. Porque sempre eu tô chateada ou levando a vida daquele meu jeitinho e venho aqui e vejo que existe alguém capaz de transformar coisas tão simples em palavras tão belas e frases com tanto sentido que eu fico deprimida por não ser essa pessoa. Hoje eu queria muito ser você porque iria escrever um texto pra Deyse, mas não consegui pensar em nada bom à altura e quando vim aqui percebi que nem faz falta eu escrever ou não, porque você já falou tudo e um pouco mais.
    E eu nunca vou conseguir olhar para as fotos deste dia sem derramar um par de lágrimas.
    Te amo e, por algum motivo que não sei qual, estou com saudades.
    <3

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  3. Ai meu Deus, que coisa linda! E eu cometi o disparate de vir ler isso antes de escrever o meu, e agora to me sentindo insignificante, olhando pra uma página em branco e pensando que nada do que eu disser vai tocar o coração da Dedê tanto quanto isso. Mas eu tento. Dedê é pequenina, mas tem espaço pras minhas palavras lá dentro também!
    Amo vocês duas!!
    Happy Dedê's day!!

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  4. Eu fico deveras impressionada com a beleza dessa foto. Nossa Senhora, viu. Suas beldades! Hahaha!

    Feliz aniversário pra nossa flor do Maranhão! Se o abraço não pode ser pessoalmente, ele vai em forma das palavras. As culpadas pela nossa união.

    Amo vocês!

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  5. Sou muito saliente de ter vindo ler o seu texto antes de qualquer outro, mesmo sabendo que ele ia me desestabilizar completamente. Anninha, você não poderia ter escolhido um livro melhor pra por no título - a sua genialidade com títulos sempre supera tudo. E aí eu fico aqui, olhando pra esse texto bonito desse jeito, e me perguntando onde foi no caminho desses 21 anos que eu fiz alguma coisa certa a ponto de merecer tudo isso. E como eu sei que esse questionamento não vai me levar a lugar nenhum, só me resta te agradecer por tudo, amiga. A gente é tão diferente, principalmente no gênio, e isso me faz muito bem e tem me ensinado lições maravilhosas que eu só poderia aprender mesmo com você e mais ninguém. A sua pura presença nas minhas memórias já me dão vontade de ser alguém melhor e é por isso que eu não vejo a hora de outubro chegar para que eu possa sentir com força total tudo aquilo que eu vivo desde agosto. Com exceção da saudade, claro, porque nessa eu faço questão de dar um fim. Te amo <3

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