sábado, 22 de agosto de 2009

Escuro no clube, ou observando as reações naturais dos seres humanos.

O pessoal todo foi embora e eu havia ficado ali parada na portaria do clube, a mercê do atraso de papai que determinaria a que horas eu sairia dali. Não que estivesse achando tudo muito ruim, já que logo arranjei um cantinho na calçada para me sentar enquanto tirava da bolsa Orgulho e Preconceito e resgatava meus fones de ouvido daquela bagunça constituída por toalha, agasalho, protetor solar e carteira que era minha bolsa no momento. Rapidamente mergulhei na história, e estava eu ali não contendo meus suspiros por Mr.Darcy, mas me sentindo tremendamente incomodada por um grupinho que estava logo na minha frente. Aquele tipinho idiota que adora aparecer, enquanto o "líder" canta de galo e diz coisas idiotas, as gurias retardadas que o acompanham fazem questão de rir alta e escandalosamente, quase guinchando. Do tipo, "Uau, estamos aqui, e você não, hahahahhaha, como tudo é engraçado".

Resolvi que esperaria papai dentro do clube, acharia uma mesinha feliz perto de algum lugar iluminado e poderia me deleitar com toda aquela água com açúcar confortavelmente sentada e com a coluna ereta. Então eu me levantei e já me dirigia para as catracas de entrada quando de repente tudo ficou escuro. Um apagão, todas as luzes foram embora, ficando apenas aquelas dos postes que ficam no estacionamento.

Tinha gente correndo em direção a saída - run to the light! - tinha gente gritando, as gurias retardadas fizeram um escândalo, o moço aproveitou para beijar a garotinha no banco da praça, e outras menininhas aproveitaram para chegar mais perto dos menininhos bonitinhos com os quais elas dividiam aquele banco circular da micro-praça no meio do estacionamento. Um dos porteiros veio até a porta, coçou a cabeça e disse que o gerador deveria estar estragado. Uns pais paravam na porta e buzinavam, e teve uma menina que pegou logo o celular e disse: "Nossa Fê, você não acredita que eu tô aqui no clube e de repente a energia acabou!" Eu, adoradora de um mal feito do jeito que sou, ainda mais quando se trata de queda brusca de energia, ria por dentro só de imaginar o auê que deveria estar no clube inteiro, já que só o que eu conseguia enxergar lá de dentro era um breu danado.

Queria mesmo é estar lá dentro, de preferência no restaurante, observando a furupa que deve ter virado. Os homens coçando a cabeça, as mulheres dizendo que era um absurdo o gerador não funcionar, e as adolescentes chatas reclamando que mais meio minuto de demora do garçom e a coca-cola chegaria quente. Mas, uma vez que eu não poderia estar lá contemplando a incrível teoria de Mr.Simon Dermott, só fui para um rumo de um poste de luz, abri o livro novamente, e logo papai já estava se juntando ao amontoado de carros que buzinavam alertando seus filhos que era hora de ir para casa.


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