quarta-feira, 28 de outubro de 2009

(I was not) Born to be wild.

Diário de Viagem para Fortaleza #3 (#2) (#1)

Uma coisa meio chata em Fortaleza, é que as melhores e mais bonitas praias não ficam na área urbana, na verdade, a maioria fica é pela região em pequenos distritos e cidadelas que ficam no mínimo a uns 40 min de carro e tem o acesso um pouco mais complicado, normalmente tem que pegar buggy e até andar um pouco pelas dunas e falésias. Foi num lugar assim, mais precisamente em Morro Branco, que eu amarrei meu jeguinho assim que fui liberada da faixa no pé.

Começamos o passeio atravessando a cidadela de Morro Branco, que é um vazião e uma pobreza sem fim. Na verdade, me senti andando pela Sicília da máfia, sabe quando o Michael vai se refugiar lá no primeiro filme até que conhece a Apollonia? Subimos um enorme morro até chegarmos nas dunas, onde andamos um bocadão com a areia queimando o pé, mas a vista lá de cima era tão maravilhosa que eu não tenho coragem nem de expor meus enjoamentos e reclamar do sol ou da areia quente.

Já dizia Newton que tudo que sobe, desce. A descida da duna era via o labirinto de falésias de areias coloridas que é um espetáculo a parte em relação a perfeição de sua formação, tanto que fiquei quase arrependida de ter prestado tão pouca atenção nas aulas de Geografia que as estudei. Quando chegamos lá embaixo, veio a parte pouco feliz da história: imaginem uma costa de praia, mas na parte onde a água bate numa serra ou num monte de areia. Não tem um lugar humanamente andável, certo? E nós tínhamos que chegar na praia por lá, nesse caminho não humanamente andável.

Agora deixa eu contar um segredo: tenho pânico, pânico, PÂNICO de lugares íngremes, escorregadios, onde eu não consigo enxergar onde eu piso. Não estou me valendo de hipérboles ao colocar o pânico em vermelho e caixa alta, é fobia mesmo. Eu tenho pesadelos com isso a noite. E o lugar onde tivemos que atravessar era a materialização de todos os pesadelos, imagine uma encosta meio íngreme, com lodo e areia mole e que o mar invade cada vez que a maré volta! Some isso ao pânico natural e a um pé machucado. É, eu quis sentar e chorar quando vi aquilo.

Eu procurei manter a calma e não cair no choro ali mesmo. Eu andava e minhas pernas tremiam feito vara verde. Tem uma hora que é preciso pular um obstáculo de lodo e areia que escorrega, e eu simplesmente fiquei parada, olhei pro guia: "moço, eu não dou conta de fazer isso!" "vai, bixinha, segura aqui na minha mão que eu te ajudo!" "moço, é sério, olha o tamanho que está meu pé, eu vou cair, tenho certeza!!!" "fiota, não precisa ter vergonha de segurar em minha mão, as vezes tenho que ajudar uns marmanjões 3x maiores que você" Na hora eu quis sentar e sacolejar aquele homem. Quem me dera que minhas pernas estivessem tremendo daquele jeito por vergonha de pedir ajuda, quem me dera. No final eu tive que pular agarrada no moço, quase morrendo.

Eu cheguei na praia mal de verdade. A maioria de vocês vai achar que é frescura minha, mas juro que não é. Se fosse, eu assumiria, porque eu sou um bocado afrescalhada, mas é pânico mesmo, não existem os claustrofóbicos? Pensei que fosse relaxar com o passeio de buggy e no começo foi mesmo muito bacana, o problema é que se vocês não sabem, Fortaleza é a cidade com o maior grau de insolação no Brasil, o sol de lá tosta. Com um certo tempo de passeio eu me sentia inteira torrada, e o pior de tudo é que eu devia estar parecendo uma casquinha mista do McDonalds porque meus braços, que estavam expostos ao sol, estavam pretos, e o corpo e as pernas não, porque eu tava de vestido e com as pernas protegidas pelo teto do buggy.

Apesar da minha neura com o sol, foi bem gostoso, aquela vibe de novela do Maneco sabe? Cabelos ao vento, olhos fechados, bossa nova tocando no fundo.

* O uploader do blogger resolveu falhar bem agora e eu enchi o saco de ficar tentando fazê-lo funcionar. Então, se amanhã eu acordar bem-humorada, tento editar o post com as fotos, por enquanto deixo aqui o link do Flickr pra quem quiser ver as fotos da aventura: Flickr!

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