sábado, 9 de fevereiro de 2013

Catástrofes que são engraçadas por serem muito ridículas

"Não sou tão inepto como me represento com finalidade cômica. Minha vida não é uma série de problemas catastróficos que são engraçados por serem muito ridículos. É uma existência muito mais sem graça". 

Não é à toa que essa frase do Woody Allen fez parte do layout do blog por um bom tempo. Uma boa parte dos posts aqui do blog tem histórias minhas passando por alguma situação tragicômica, e eu adoro fazer esse tipo de texto. Como diz o Antonio Prata, na frase que está ali no sidebar, essa é a minha forma de transformar ressentimento em graça. Eu nunca inventei história alguma, mas no papel - ou no blog - as coisas parecem ser mais patéticas, mais desastrosas, mais roteiro de Friends, mas é tudo pela comédia, pra eu não enlouquecer e sair chutando cachorro na rua.

Já passei por poucas e boas, vocês sabem, de cair em buracos no mar a ficar semi-nua no metrô, mas nos meus melhores dias eu acho que superestimo minha coleção de tragédias patéticas por sua finalidade cômica. Já perdi o ônibus algumas vezes, mas na maioria delas eu consegui chegar a tempo. Já levei muitos tombos em público, mas no geral eu consigo me manter em pé ou me equilibrar antes de me ver de quatro no pátio da escola. Já tomei muita chuva na cabeça, mas é muito mais comum eu chegar em casa cinco minutos antes do céu desabar.

Não, pera.

Ontem, queridos leitores, toda essa reflexão otimista foi, literalmente, por água abaixo. Ontem foi aquele dia em que eu realmente olhei pro céu e pensei: SÉRIO? SÉRIO MESMO? 

Eu tive uma semana horrível. Péssima, estressante, cansativa pra caramba, e desde segunda-feira que eu esperava ansiosamente pela sexta, pela hora que eu pudesse sair da faculdade dando estrelinhas e cantando alguma música do High School Musical. Essa hora chegou, porque Deus é bom, mas chegou um pouco atrasada. Tive uma reunião de última hora, que me segurou na universidade por umas duas horas a mais, totalmente vãs, já que o professor não apareceu. Quando cansei e decidi ir pra casa, começou a chover. 

Até aí tudo bem, porque nesse verão isso tem acontecido quase todos os dias, sempre quando eu estou voltando pra casa. Guardei o caderno e as folhas que eu carregava na bolsa, saquei meu guarda-chuva cor-de-rosa e fui. Cerca de três minutos depois, quando eu já estava longe o suficiente pra não valer a pena voltar, começa a tempestade. Foi tão rápido que num momento eu estava assobiando "What time is it?" e no outro eu estava encharcada da cabeça aos pés, tentando recuperar meu guarda-chuva que tinha virado do avesso, sentindo pedrinhas baterem na minha cabeça, porque chovia granizo. Então tive aquela acesso de umbiguismo e olhei pro céu cheia de marra: MAS É MUITA SACANAGEM.

Eu estava estou bem gripada e ainda por cima carregava uma porção de coisas importantes na bolsa, que era nova e eu não sabia se as coisas lá dentro ficariam protegidas. Só conseguia pensar nos textos de Teoria da Comunicação e nos milhões de reais em xerox que eu teria que pagar de novo caso eles se perdessem, sem contar o livro da biblioteca que também estava comigo. E no meu iPod. E que eu passaria o carnaval inteiro de cama, compulsoriamente, ardendo em febre e querendo morrer. 

Foi bem irresponsável da minha parte ir pra casa mesmo com aquele temporal, mas pior do que encarar aquela chuva, naquele momento, era mesmo ter que entrar na padaria e ficar lá pingando e tremendo de frio vendo todo mundo comentar sobre mim em voz baixa. Passei em frente a um bar e tive que aguentar os homens tirando com a minha cara. Tive medo de verdade de ser levada pelo vento ou coisa do tipo, principalmente depois que a enxurrada tomou a calçada e eu me vi andando no meio da rua. Foram mais ou menos uns sete minutos de caminhada que pareceram horas, e minha casa nunca pareceu tão longe. Correr pela rua embaixo da chuva foi bem menos cinematográfico do que eu imaginava que seria.

Cheguei, enfim, depois de ensopar todo o hall do prédio e deixar um rastro de água atrás de mim. Fui salvar as coisas que estava dentro da bolsa - felizmente, só um texto teve perda total e meu iPod vive - e no momento que cheguei na sacada para colocar meu guarda-chuva, a chuva tinha parado por completo. Simples assim. Havia até um resto de luz do sol por trás das nuvens, como se aqueles dez minutos de água gelada e horror jamais tivessem acontecidos. 

Ontem eu realmente vivi uma catástrofe engraçada por ser muito ridícula, tanto que nem consegui transformá-la em uma crônica baseada em Temporal de Amor, sucesso do Leandro e Leonardo que tem tocado incessantemente na minha cabeça desde o banho quente pós-chuva de ontem. 


15 comentários:

  1. Você me descreveu ontem. Passei quase pelos mesmos maus bocados. Só não teve granizo e, na verdade, eu estava indo para a faculdade. Cheguei ensopada, meu caderno molhou um pouco e meu all star branco, ficou preto.

    ResponderExcluir
  2. O pior é quando tá caindo essa chuva e passa um ônibus em cima da grande poça d'água e taca água em você. Aconteceu esses dias comigo, eu estava com pressa e queria ir pra igreja. Deu uma vontade de gritar, eu gritei interiormente - óbvio - e olhei pro céu e perguntei: ISSO É SÉRIO MESMO?
    Por isso que digo que a vida ensina muito a ter paciência.

    ResponderExcluir
  3. "Foi tão rápido que num momento eu estava assobiando "What time is it?" e no outro eu estava encharcada da cabeça aos pés, tentando recuperar meu guarda-chuva que tinha virado do avesso, sentindo pedrinhas baterem na minha cabeça, porque chovia granizo" hahahahaha chorei! :'D

    Sua vida deveria virar um seriado.
    Eu voto a favor!

    ResponderExcluir
  4. Acho que tenho o mesmo karma que você, acho que deus me usa como inspiração viva para sitcoms, sei lá. Mas essas experiências valem a pena pela histórias que ficam para contar, pelo menos alguém vai sorrir com elas! hahaha

    Gostei daqui, voltarei mais vezes.

    ResponderExcluir
  5. Ai, Anna, tem dias que, francamente, a gente tem vontade olhar pra cima e berrar "WHY GOD WHY ME". Lady Murphy sometimes love us! :(

    ResponderExcluir
  6. TEMPORAL DE AMOR! HUAHAUHAUAHUAHA
    Estou com a feliz (só que não) sorte de sempre pegar chuva na IDA do trabalho. E chuva na horizontal, daquelas que o guarda-cguva se mostra tão útil quando previsão de horóscopo de 2004. Tamo junto, tamo junto.

    ResponderExcluir
  7. Isso me fez lembrar de um desenho do Pato Donald e os seus sobrinhos... ele querendo sair pra jogar golf (eu acho) e era só ele colocar o pé pra fora de casa que chovia. Quando ele entrava a chuva parava... hehehehe... talvez você não tenha assistido pq o desenho é velho... mas era um clássico da "minha época" heheheheh
    Bjoksssss

    ResponderExcluir
  8. Me identifico. Também sou do tipo de desastrada que passa por cenas tão toscas que fazem minha vida parecer um filme do Woody Allen. Às vezes, tbm preciso esclarecer às pessoas que não sou o tempo todo assim, que não saio na rua totalmente aluada, assobiando e olhando (o tempo todo) para os passarinhos e pessoas peculiares, que posso sair sozinha sem me perder, tropeçar em pedras soltas, etc.

    Ah, queria dizer que, por influência dos teus comentários sobre "The fault...", fui atrás do pdf. Li em 4 dias, com todo um esquema de racionamento, pra não terminar rápido demais.

    Nunca antes na história (deste país) da minha vida de leitora chorei tanto quanto nas últimas 60 pgs. dele. Seriously. E poucas vezes senti tanta saudade (mesmo!) dos personagens nos dias seguintes ao término de um livro como dessa vez.

    ResponderExcluir
  9. HAHAHAHA Ai, que dó que eu senti imaginando a cena, Annoca!
    Pois é, é assim mesmo. Ontem, no cinema, eu peguei um lugar super no cantinho e eu e minha mãe torcemos DEMAIS pra ninguém sentar ao nosso lado. Afinal, o cinema nem estava tão cheio assim, não estava cheio att all, na verdade. Mas um casal veio e se sentou do nosso lado. E eu só consegui dizer: "Mãe, eu sabia". Porque minha vida é assim: se existir 1% de chance de alguma coisa dar errado, ela vai se concretizar, infelizmente. HAHAHAH Mas eu já aprendi a rir da situação, de modo que gargalhei ontem no cinema.

    Beijos!

    ResponderExcluir
  10. Hahuiahoaiuhao
    Ai gente... que tristeza! :/
    A gente tem que rir pra não chorar, né? Outro dia eu caí feito uma jaca na escada lá na faculdade! Hhiuahoiauhoa
    Tava subindo a escada e tropecei no penúltimo degrau! Bati o joelho, que agora tá roxo e verde! Bem lindo! Hhuiahioauho :P

    ;**

    ResponderExcluir
  11. Então, tem momentos que eu acho que o universo está conspirando contra mim também, mas no outro momento está tudo bem de novo!

    jj-jovemjornalista.com

    ResponderExcluir
  12. HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHHAAHHAHAHAHAHAHAAHAHA! Amiga, você sabe que eu te amo, mas eu ri demais desse texto =x O pior é que já passei por poucas e boas assim e quis MORRER na hora, mas depois dei risada. Nunca perca isso! Nunca perca seu senso de humor. Isso é uma das coisas que mais amo em você <3

    ResponderExcluir
  13. Em relação à chuva eu sou um pouco teimosa. Se ela está muito forte eu não saio de jeito nenhum. Só em caso de vida ou morte.
    Como anda muito à pé já me acostumei com esses banhos de chuva, tanto que no verão uso e abuso dessas sandalhinhas de plástico. Chega de estragar sapatos com essa água suja. Já cheguei a ficar com 04 sapatos secando de uma vez.
    Semana passada tomei duas chuvonas. Detesto.
    Espero que você não tenha ficado gripada.
    Bjs.
    Elvira

    ResponderExcluir