quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Shadow-kissed Anna

Começou um pouco antes disso, mas nós fomos reparar há duas terças-feiras atrás, quando eu e meu amigo Rodolfo tivemos a mesma ideia sobre o trabalho de diagramação que tínhamos que fazer. Assim que eu perguntei pra professora se era possível fazer da forma como eu tinha imagino, ele olhou pra mim e disse: você roubou a minha ideia. Nem era uma ideia tão boa ou revolucionária assim, por isso não achei nada demais. Mas, na quarta-feira daquela mesma semana, aconteceu de novo: enquanto a professora nos explicava a respeito do trabalho de Radiojornalismo, que consistia em capturarmos o som da cidade, eu tive uma ideia de como fazer o meu. Essa sim, modéstia a parte, foi boa. Tão boa que eu não consegui esperar até o intervalo para dividi-la com minha dupla, e enquanto eu dizia pra ela que nós íamos na missa de domingo fazer a captura de som, logo na fileira ao lado o Rodolfo dizia exatamente a mesma coisa para sua dupla.

Ela, que estava mais perto, ficou me olhando embasbacada. Eu e Rodolfo tivemos a mesma ideia e falamos ela exatamente na mesma hora. Ele foi um cavalheiro, me deixou ficar com a ideia da missa e começou a pensar em outra coisa, mas foi aí que nós começamos a reparar que aquilo era no mínimo estranho. Anna, para de entrar na minha cabeça, foi a forma que ele arranjou de reconhecer o fenômeno. 

A terceira ocorrência, na segunda-feira da semana seguinte, foi a mais assustadora de todas. De novo, eu disse uma coisa que ele estava pensando há muito tempo e não tinha contado pra mais ninguém. De novo, a gente se olhou embasbacado com a coincidência, as pessoas ao redor estavam lá para comprovar que não foi nada combinado, e eu comecei a achar que talvez eu estivesse mesmo passeando pela cabeça do meu amigo. Falei que ele deveria tomar cuidado comigo, que estava possuída por uma esponja sugando tudo que passava por suas ideias. Rimos. Esquecemos. A gente sabe que foi grande. A gente sabe o que estava fazendo no momento. A gente sabe que foi grande o suficiente para nos deixar pensando que de fato estivéssemos nos comunicando por telepatia. E agora a gente esqueceu completamente o que foi. 

Nos últimos dias, tem acontecido direto. No domingo, por exemplo, ele me mandou vários (vários mesmo) exemplos de logo que havia feito pro nosso jornal-laboratório. Eu escolhi dois que havia gostado mais, os mesmos dois que ele tinha definido como seus preferidos. No dia seguinte, mostrei pra ele a capa que eu tinha feito para o jornal, usando como ilustração e manchete uma matéria que eu inventei, mas bem que queria colocar em prática algum dia. Ele tinha pensado na mesmíssima pauta. Hoje fazia frio quando eu acordei, frio o bastante para eu vestir um roupão quentinho antes de ir pra cozinha fazer meu chá. E aí, no início da tarde, o céu se abriu todo azul, fez calor, e eu me arrependi da blusa de mangas compridas que usava. Rodolfo chegou na sala de aula de suéter, xingando o calor que tinha voltado. Meia hora depois o céu ficou cinza e começou a chover. Nós olhamos pra fora. Essa cidade está ESQUIZOFRÊNICA, dissemos juntos. Ênfase no adjetivo. Esquizofrênica. Ninguém pensa nisso ao mesmo tempo se não estiver sendo vítima de uma sintonia telepática brutal. Não é como gritar gol depois de um lance certeiro, não é como berrar de susto na cena do palhaço de Poltergeist. 

A única maneira que encontrei pra explicar esse transmimento de pensação intenso que tem rolado entre a gente tem a ver com os livros da Richelle Mead. Sim, os vampiros. Não, não só não desapeguei como agarrei firme na Vampire Academy (graças ao maravilhoso e cintilante clube do livro da Irena) e em menos de uma semana cheguei ao terceiro volume - minuto de silêncio pela minha dignidade. E aí que no livro a protagonista Rose tem um elo de espírito com sua melhor amiga Lissa, e vira e mexe ela se vê na cabeça da amiga, sentindo o que ela sente, pensando o que ela pensa, vendo o que ela vê. É um elo que funciona de um lado só: enquanto Rose sente literal e visceralmente suas tristezas, angústias e até mesmo está presente nas pegações da amiga, Lissa não consegue compartilhar dos sentimentos da outra mais do que qualquer pessoa normal conseguiria. Isso acontece porque (talvez isso seja um spoiler) Lissa salvou Rose da morte, graças a seu poder de cura que veio de brinde com seus dons do espírito. Assim, é como se Rose tivesse um pedaço da alma de Lissa consigo, o que permite esse elo bizarro que às vezes é uma mão na roda posto que além de amiga, Rose é a guardiã de Lissa, único membro restante de uma família real de vampiros e perseguida por muita mal intencionada (I KNOW RIGHT!!!!) Pesquisando sobre esse fenômeno, Rose descobriu que havia outras ocorrências assim na literatura vampiresca, e que pessoas como ela eram chamadas de shadow-kissed, beijada pelas sombras, um jeitinho cafona de chamar aquela pessoa que já olhou nos olhos da morte e voltou pra contar a história. (fim do talvez-spoiler).

Isso é o que eu chamo de estar com a cabeça no lugar.

E aí tudo se encaixou. Ainda não consigo me lembrar daquele dia loucaço em que eu morri num acidente de carro e o Rodolfo me salvou, mas o elo definitivamente é real. Ou isso ou o simples fato de que eu tenho um amigo com quem eu me dou tão bem que agora a gente pensa as mesmas coisas e tem as mesmas ideias, e que bom que nós trabalhamos muito juntos.

A melhor parte disso tudo é que segundos antes de ele sugerir que essa maluquice virasse uma crônica eu já tinha decidido qual seria o texto de hoje. Nem falei isso na hora para não aparecer marmelada, mas acreditem em mim. Richelle Mead explica.

6 comentários:

  1. Caraca maluco! Fiquei chocada aqui com as coincidências, hein. Que bizarro&legal! Eu tenho esse tipo de ligação com a minha irmã, mas não tão direto e tão awesome assim.
    Acho que preciso ler esses livros para "abrir meus horizontes". Hahahaha
    Beijo, <3 <3

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  2. HAHAHAHA, amiga, tive que rir. Principalmente do "Isso é o que eu chamo de estar com a cabeça no lugar". E acho muito engraçado quando acontecem essas coincidências, sou dessas que fica sorrindo entusiasmada quando falo ao mesmo tempo alguma palavra com alguém, HAHAHA.
    Beijos! <3

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  3. Quando vi o Shadow-Kissed já fui logo procurando sobre Vampire Academy <3 Sou completamente apaixonada pela saga! É a melhor saga de vampiros que já li. Acompanhei os lançamentos junto com os EUA e nunca esperei tanto por um livro como esperei pelo último. Não desista deles porque a coisa só melhora haha
    Uma pena que a adaptação pro cine parece ser podre de ruim, quase choro de raiva com esse trailer e pelo que vi geral esta reclamando. :(

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  4. RINDO VIDAS NO MOMENTO. Gente, passada com esse lance de vocês dois. Eu tenho um tipo de ligação especial com pessoas como minha irmã e algumas amigas específicas, MAS nada que chegue no nível desse trem aí.

    E ó, tô muito louca pra ler Vampire Academy e me passar por aí no maior estilo sorry, not sorry. Já baixei no Kobo e tô esperando chegar a vez dele (tem dois livros na fila ainda). Espere por comentários na sua janelinha do Facebook muito em breve!


    Bjs!

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  5. Meu Deus!!! Medo dessa ligação apenas... Pelo menos com as provas da faculdade chegando vocês podem colar mentalmente. rsrsrsrs
    Muito bom, Anna.

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  6. É logico que não me contive e precisei ler o spoiler, afinal, preciso saber que droga maravilhosa é essa e me viciar também. Óbvio que uma história sem sentido dessas só pode ser terrivelmente boa, então já está ocupando o primeiro lugar da minha lista de livros cocôs de 2014, assim que eu terminar a saga dos Instrumentos Mortais!

    E sobre o dolfetico, eu sempre desconfiei da harmonia incrível de vocês desde que os dois com a blusa do Lula Molusco (não lembro se era você de lula e ele de bob, ou vice versa, ou alguém era o patrick? #couth). Também adorei a fase de cabelo descolorido, acho que combina super com o seu laranja #mafiastalker, hahahahhahah

    Enfim, amo você, e estou acompanhando a semana de crônicas (embora não mime, shame on me)! <3

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