domingo, 28 de fevereiro de 2016

OSCAR 2016: Survivor edition #2

Dando sequência ao nosso rito de preparação para o Oscar, na segunda parte do nosso especial (veja a primeira aqui!) estarei falando a respeito de mais três filmes e meio: A Grande Aposta, Brooklyn, Spotlight e Ponte dos Espiões. No final, como de costume, elenco os vencedores do meu coração para a estatueta da noite. E logo mais tem agito no Twitter, comentando o tapete vermelho, falando groselha na hora dos prêmios chatos, e assistindo a história ser feita, com Leonardo DiCaprio e Lady Gaga se tornando artistas premiados com um Oscar, que é o Oscar do Oscar. 

"Filha, vem ver que vai começar um filme bom agora na HBO"
Ponte dos Espiões (2015, Steven Spielberg)

Sobre o que é? Um filme que nossos pais gostariam de assistir numa tarde de domingo.

Sobrevivi? Preferi não. Todo ano me dou ao direito de me sentir desobrigada de assistir um filme da lista de indicados e esse ano o escolhido foi esse. Ter os Coen por trás do roteiro me fez olhar pra ele com um pouco mais de boa vontade, mas no fim das contas acabei não assistindo. A gente realmente precisa de mais um filme quadrado e americano sobre Guerra Fria?

Unpopular opinion: Ter preguiça do Spielberg já é quase um consenso, né?

E o Oscar? Esse ano tem mais o que fazer, graças a Deus.

#jornalismo #sério
Spotlight (2015, Thomas McCarthy)

Sobre o que é? História real da equipe de jornalismo investigativo do Boston Globe que conseguiu desvendar um esquema da Igreja Católica que protegia padres acusados de pedofilia. 

Sobrevivi? Sim, e muito bem. É uma história realmente muito legal e impressionante, um filme tradicional, mas um tradicional muito bem feito. Sabe aquela história que é melhor saber fazer um arroz com feijão gostoso do que um ossobuco (?) marromeno? Então, Spotlight é aquele arroz com feijão e bacon, gostoso e sem erros, o tipo de filme que você pode sugerir pra qualquer pessoa, da sua colega de trabalho ao seu pai que nem gosta tanto assim de filmes, que eles vão achar bacana. O Mark Ruffalo está incrível e achei toda a construção da atmosfera jornalística bem realista: pessoas pálidas, com cabelo sem corte, roupas beges de caimento estranho, muita planilha no Excel e seus planos fodidos porque surgiu um assunto mais importante.

Unpopular opinion: É aquela coisa: a gente gosta de um arroz com feijão, mas dificilmente vai citar ele como prato favorito. Essa é minha opinião séria sobre Spotlight, é um filme bom, mas que não me impressionou e dificilmente vai ficar na memória. E pra citar meu amigo Victor, Rachel McAdams foi indicada por sua incrível capacidade de demonstrar verdade ao anotar num bloquinho. 


It's funny — one of the other fellows I worked with on "The West Wing," Lawrence O’Donnell, who's a fantastic MSNBC talking head these days, said to me, "How are you going to make that exciting? Good journalism is not what you see in the movies. It’s just people sitting around, having patience and waiting for people to tell them the right stuff at the right time. I don’t know how that’s a movie." I literally turned to him and said, "Yeah, exactly. That’s exactly what the movie is, and we’re going to make it exciting."

E o Oscar? É a pergunta que todo mundo está se fazendo. Acho que se O Regresso não estivesse na disputa, ele poderia muito bem ser o grande vencedor da noite. É um filme sério, bem tradicional, sobre uma questão importante - basicamente tudo aquilo que os tios da Academia adoram premiar. Mas repito o que disse no último post, ainda acho que vai dar O Regresso, e aí Spotlight sai pela tangente com um prêmio de roteiro. Absolutamente amei o Mark Ruffalo nesse papel e seria merecido demais se ele ganhasse, mas também não vai rolar. 

queria todas essas roupíneas
Brooklyn (2015, John Crowley)

Sobre o que é? Uma garota irlandesa vai ganhar a vida na América e precisa descobrir onde é o seu lar.

Sobrevivi? Quase me afoguei nas minhas lágrimas e nos meus sentimentos. Eu AMEI esse filme, de todo o meu coração. Senti horrores e me identifiquei muito com tudo, ainda que nunca tenha vivido uma situação parecida com a protagonista. Sabe aquele filme que você ama cada pedacinho? O elenco, os olhares, os diálogos, as voltas do roteiro, as roupas, o final? Então. Também é um filme tradicional, até clichê em alguns momentos, mas é lindo, lindo, lindo e tem o coração no lugar certo, batendo com força.

suahuahdajfhkjhkjhjjkjajhrkhr
Unpopular opinion: Gostei muito do final, que foi diferente do que eu esperava que fosse acontecer logo no início. Me apaixonei instantaneamente pelo sorriso e pelos olhos daquele italianinho maravilhoso, deu até vontade de arrumar um namorado um pouquinho menor que eu pra passear de braços dados com a cabeça encaixada no pescocinho dele daquele jeito fofo. O problema é que a competição do outro lado é o Domhnall Gleeson e isso é muito desleal. Domhnall Gleeson, gente. Na praia com você, existindo e sendo maravilhoso. Que difícil ser Eillis. 

oh boy
02 leituras interessantes: uma crítica relevante sobre o desenvolvimento da história e onde ela deu errado (embora tenha gostado do filme como um todo, concordo bastante com esse ponto) e um texto pessoal da Anne T. Donahue sobre escolher e reconhecer o próprio lar.

E o Oscar? Acho que o filme não corre o risco de ser premiado, mas gostaria de verdade de ver a Saoirse Ronan ganhar o Oscar dela - se não agora, em algum momento. Sou muito fã desde que ela fez a Briony, em Atonement, e nesse filme ela está perfeita.

#ai #homens (mas ei! é o Ryan Gosling)
A Grande Aposta (2015, Adam McKay)

Sobre o que é? Um grupo de pessoas que conseguiu enxergar a bolha imobiliária de 2008 antes que ela estourasse.

Sobrevivi? Sim! E ainda achei divertido! Poucos sabem, mas em 2010, quando eu estava no 2º ano do ensino médio, tive um professor que realmente gastou um tempo dando aulas sobre mercado financeiro pra minha turma, de um jeito que não só me fez entender o funcionamento das coisas, como me fez achar aquilo legal. Um legal tipo wow isso parecia muito complicado mas acho que peguei a lógica das coisas sou foda, que serviu para me deixar interessada sobre a crise de 2008. Eu assisti Inside Job duas vezes e achei o movimento Occupy Wall Street a coisa mais legal do mundo. Ainda é um tema espinhoso e eu já esqueci a maioria das coisas que aprendi na escola, de modo que fiz cara de paisagem e fingi entender várias coisas do filme, mas gostei bem e adorei o senso de humor e aquele tom de pastiche.

Unpopular opinion: É um filme tão masculino, mas tão masculino, que em vários momentos me senti dando risadas num vestiário enquanto coçava meu saco imaginário. Also: de péssimo gosto o uso de Margot Robbie e Selena Gomez para explicar conceitos econômicos. 

E o Oscar? Bom, esse é o filme que deixa aquela expectativa gostosa de zebra. Na mesma onda de Spotlight, é um filme que teria chances de ser o campeão da noite não fosse pela concorrência forte de O Regresso.  Mas acho o fator zebra aqui mais forte porque é um filme mais ousado, que se leva menos a sério e ri na cara de muita gente. 

AND THE OSCAR GOES TO


Melhor Filme: Mad Max
Melhor Diretor: George Miller (Mad Max)
Melhor Ator: Leonardo DiCaprio
Melhor Atriz: Saoirse Ronan
Melhor Ator Coadjuvante: Tom Hardy
Melhor Atriz Coadjuvante: Rooney Mara
Melhor Roteiro Original: Ex-Machina (não vi mas já amo ¯\_(ツ)_/¯)
Melhor Roteiro Adaptado: Emma Donoghue (Room)

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

OSCAR 2016: Survivor edition #1

Queridos leitores, sejam bem vindos ao sétimo ano (!) da cobertura do Oscar neste cantinho que vocês conhecem e amam (e que já esteve muito melhor, mas não se pode ter tudo) que é o meu blog. Como de costume fiz tudo nas coxas, mesmo com tempo de sobra pra ver todos os filmes, inclusive os estrangeiros. Ah, mas eu poderia ter me organizado! Poderia. Ah, mas eu poderia ter tido um pouquinho mais de compromisso! Poderia. Ah, mas eu poderia ter levado isso a sério pelo menos uma vez n vida! Poderia. Ah, mas eu poderia ser paga pra fazer isso! Mas não sou, e por isso me dou o direito de fazer essa cobertura da forma torta de sempre, acho que esse é o meu charme.

Como falei numa edição recente da newslettinha, ultimamente o que mais levo em conta na hora de avaliar se gostei ou não de um filme foi se ele me fez sentir coisas. Minha relação com os indicados desse ano foi assim: de cara, achei a maioria desinteressante, pouca coisa chamou minha atenção e por isso demorei tanto a efetivamente começar minha maratona. Sabe, Mad Men não vai se assistir sozinha e eu ainda tenho prioridades nessa vida. Depois de ver os filmes fui surpreendida positivamente por vários, no fundo eles não eram tão chatos assim. No entanto, poucos realmente mexeram comigo, então fica esse sentimento meio tava bom, tava meio ruim também, aí parece que piorou

Que Beyoncé, Kelly e Michelle nos protejam
Por isso chamo a edição de 2016 de Survivor Edition. Apesar dos pesares cheguei viva até aqui, com um número considerável de filmes assistidos e pouca vontade de falar mal deles na internet (cause my mamma tought me better than that). Coincidentemente, vários dos indicados a Melhor Filme desse ano giram em torno de sobrevivência. Isso me fez ver que meus instintos de sobrevivência não são lá grandes coisas, porque se me visse em situações como as de O Regresso, Perdido em Marte, Room e Mad Max, só penso que Deus me livre viver. Seria a primeira a me oferecer pra dormir de conchinha com o urso e foi bom conhecer todos vocês. 

Como nem todo mundo é tão bunda mole quanto eu, temos esses filmes para prestigiar na primeira parte do nosso especial. Querido leitor, tome um banho gostoso, se acomode na poltrona, agradeça silenciosamente por não ser com você, e vem comigo:

Furiosa: Fury Road
Mad Max (2015, George Miller)

Sobre o que é? Uma perseguição bem louca numa estrada mais louca ainda em que a Furiosa vai ajudar um monte de mulheres a fugir da exploração pela mão dos homens num pesadelo pós-apocalíptico.

Sobrevivi? Não apenas sobrevivi como fui além, pois esse filme me deu vida. Não estava com preguiça de descrever a história quando resumi tudo a uma perseguição, porque o filme inteiro é bem isso mesmo. Salve-se quem puder, ninguém é de ninguém e PROTEGE AS MINA. Poucos diálogos, poucas explicações, mas nada disso faz falta pra história ser completa. O filme é potência e volume máximos, e o fato de pouquíssima coisa ter sido criada digitalmente deixa tudo ainda mais impressionante. Como já disse várias vezes, é um filme que tem tudo que eu não gosto num filme (ação, barulho, distopia e gente suja) e mesmo assim é o meu favorito da leva.

Unpopular opinion: Tenho minhas dúvidas se gostaria tanto do filme se tivesse visto em casa, acho que esse é um daqueles casos que você realmente precisa ver no cinema - um bom cinema - para ter uma experiência completa e necessária pra pegar a energia do filme.

02 leituras interessantes: a resenha da Isabela Boscov com vários detalhes da produção e esse de autoria desta que vos escreve, que pesquisou bastante para falar sobre a trilha sonora e a história do maluco tocando a guitarra que lança chamas em cima de um tanque.

E o Oscar? Deveria levar tudo, tenho medo de não levar nada.


E o Tom Hardy? A gente custa a lembrar que ele - que faz o personagem título do filme - está lá, mas ele está desempenhando um ótimo papel: just sit there and be pretty. Gosto assim.

Is there life on Mars?
Perdido em Marte (2015, Ridley Scott)

Sobre o que é? Um astronauta que fica perdido em Marte (kkkk) e sobrevive graças a umas físicas doidas e batatas plantadas com um adubo feito do seu próprio cocô. 

Sobrevivi? É uma história desesperadora contada de um jeito muito bem-humorado, com um protagonista que ri de si mesmo e da própria desgraça, algo que eu totalmente faria no lugar dele. Nossas semelhanças acabam por aí, porque toda a sua engenhosidade ao pensar em soluções tendo como base ciência pura é algo que infelizmente eu não poderia oferecer e seria o fim do filme da minha vida - mas adorei acompanhar, parabéns. Como Mark Watney prestou atenção nas aulas, a história continua e aí confesso que achei toda a parte terrena, com as articulações do pessoal da NASA para trazê-lo de volta, meio chatinha. Gostaria mais se fosse o filme todo pela perspectiva do Matt Damon, e olha que eu nem gosto tanto assim do Matt Damon (mas achei ele bem gato no filme). 

Unpopular opinion: Todo mundo falou sobre a surpresa que foi uma trilha sonora cheia de músicas disco, mas achei bem qualquer nota. Escolhas pouco inspiradas e não tivemos nenhum #momento de verdade, nem quando eles apelaram pra Starman. Tenho como referência Guardiões da Galáxia, um filme que realmente leva a mistura de espaço e anos 70 pra outro nível. 
E o Oscar? Uns tapinhas nas costas e a comida de graça estão de bom tamanho pra ele.

#agora #vai
O Retorno (2015, Alejandro Gonzales Iñarritu)

Sobre o que é? Leonardo DiCaprio vivendo as piores coisas do mundo e sobrevivendo pra contar a história.

Sobrevivi? São questões. Esse filme realmente me deixou abalada, um desconforto físico e mental. Saí do cinema querendo dar um banho em todos os personagens e sonhando com o Domhnall Gleeson (que está nesse filme, como está em todos) lavando meu cabelo. É tudo muito brutal, violento, visceral, quase insuportável de assistir em alguns momentos, mas muito bonito também - não apenas pelas paisagens e a fotografia, mas pelos sopros de delicadeza imensa no meio a uma natureza impiedosa. É um filme pretensiosão e enorme em vários sentidos, coisas que não gosto, mas pensando no Iñarritu e seu histórico de filmes pretensiosões, enormes e cheios de plano sequência, gostei mais do que esperava. Ele quer muito te impressionar e impressiona, mas será que isso basta?

Does The Revenant pull the viewer in? Yes. Is it well made? Undeniably. Is Tom Hardy once again scarily convincing and pretty much capable of anything? Of course. But this is a movie that sweats and bellows and stomps so loud, for so long, that it’s ultimately an exhausting exercise in what happens when an Oscar winner decides he’s going to do some demystifying.

Unpopular opinion: Leozinho realmente se empanhou aqui, gemeu em todas as horas certas, e como se não bastasse ter enfiado uma vela onde vela nenhuma deveria ser enfiada quando foi O Lobo de Wall Street, aqui ele dorme dentro de uma carcaça de cavalo, nada em águas congelantes e suporta todos os caprichos do Iñarritu. No entanto, Tom Hardy chamou bem mais a minha atenção. Ah, e eu torci pelo urso. 


E o Oscar? Eu apostaria nele como favorito da noite sem pensar muito não fosse o fato de Birdman ter levado ano passado e Spotlight e The Big Short terem levado outros prêmios significativos. De qualquer modo, meu feeling é de que ele seja consagrado, mesmo que não role dobradinha de Filme-Diretor. Ah, já disse que queria um Oscar pro Tom Hardy mais do que queria pro DiCaprio? 

olar
Ainda estou obcecada por ursos e agora? Assistam Grizzly Man, um documentário do Herzog sobre vida selvagem e ursos realmente sinistro. 

Queria dar um banho nela também
Room (2015, Lenny Abrahamson)

Sobre o que é? Uma mãe e seu filho presos em cativeiro conseguem se libertar, tendo de se adaptar novamente ao mundo fora do Quarto - ela depois de anos e ele pela primeira vez.

Sobrevivi? Tinha que, né? O que mais gostei nesse filme é que ele fala não sobre o abuso, não sobre uma vida em cativeiro, não sobre um plano de fuga, mas a vida depois disso. Sobreviver não é o suficiente. É de partir o coração observar a forma como uma situação assim afeta uma pessoa, a impossibilidade de simplesmente seguir com a vida deixando o trauma pra trás. Achei tudo muito doído, muito real, e Brie Larson e o menino Trembley seguram de forma absurda os seus personagens. A cena de Jack interagindo com um cachorro pela primeira vez é uma das coisas mais lindas que já vi, Mas Essa Sou Eu.

Unpopular opinion: Não tenho a menor vontade de ler o livro e se pudesse dizer qualquer coisa pra Brie Larson essa coisa seria: amiga, por favor, melhore essa postura antes de segurar o seu Oscar.

E o Oscar? Brie é favoritaça, vai ser necessário uma zebra muito grande pra tirar esse prêmio dela. Não sei se é o melhor, mas queria ver Emma Donaghue sendo premiada pelo roteiro adaptado do seu livro de mesmo nome que, embora eu não tenha lido, me parece engenhoso de ser adaptado.

Gosto de histórias tristes, desgraçamento emocional e traumas insuperáveis, o que ver agora? Short Term 12, também com a Brie Larson, também sobre as consequências de abuso.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

20 músicas ou algo assim

Minha amiga Rafinha me convidou recentemente para responder uma TAG meme (#savememe #freememe #resistênciameme) musical, que é o tipo de coisa que eu adoro fazer, apesar de ficar com aquela sensação de que poucas pessoas estão realmente interessadas. Ainda assim não resisto a esse tipo de proposta, acho que a playlist da nossa vida diz muito sobre quem somos e adoro descobrir as pessoas pelas músicas que elas ouvem. Pode ser algo assustador, como nos lembra a Keira Knightley em Begin Again, mas pode ser divertido como andar por Nova York com fones de ouvido compartilhados com alguém que você deseja muito descobrir, pronto para ser descoberto. 

O questionário foi traduzido pela Karol Pinheiro lá no canal dela e respondido por pessoas ilustres como a Lu Ferreira e agora esta que vos escreve, em textão, gifs e muitos links (que é pra vocês clicarem), porque todos concordamos que minha carreira no Youtube já nasceu morta. Vou repassar a bola para as amigas Sharon, Plan, Larie, Nambs, Lidy e Nicas, fiquem a vontade para responder ou não. E você, querido leitor, sente aqui do meu lado, aceite este fone de ouvido que com tanto carinho te ofereço, e finja que é Nova York, imagine o Mark Ruffalo ou a Keira Knightley do lado de cá e me conte suas músicas favoritas nos comentários. Posso aumentar o som?



1. Música favorita



You Are What You Love (Jenny Lewis): Se Taylor Swift é minha melhor amiga famosa e Beyoncé minha fada madrinha, Jenny Lewis é a irmã mais velha das minhas mágoas, como ela insiste em dizer, ou do meu coração, como eu prefiro acreditar, alguém pra se desejar ser quando crescer. Como a maioria das suas músicas, essa não é lá muito otimista: Jenny escancara seus medos e maiores fraquezas, diz que vamos estar sempre sozinhos e não há pessoa ou milhões de cervejas capazes de reverter essa situação. No entanto, ela diz tudo isso de um jeito tão bonito que me leva sempre a acreditar que apesar de tudo é uma vida que vale a pena ser vivida, e ter com quem dividir o peso de ser apaixonada por ilusões e ter um ataque cardíaco todas as manhãs talvez signifique que não somos, afinal, tão sozinhos assim. Você é o que você ama, e não o que te ama de volta: a opinião e os sentimentos de alguém não podem determinar quem a gente é. Talvez seja um caminho solitário esse que fazemos para ser a nossa própria pessoa, mas só assim podemos ser completamente livres.   

To you I'm a symbol or a monument
Your rite of passage to fulfillment
But I'm not yours for the taking


2. Música que mais odeia 



Pillowtalk (Zayn Malik): Vocês lembram quando ano passado eu dei todo meu apoio para esse senhor sair do One Direction e ser um Garoto Normal de 22 Anos? É verdade, ele é só um garoto, precisa levar uma vida normal, olha que maduro, ele poderia ter escolhido a cocaína mas foi pelo caminho do bem, eu pensava, com meu coração maternal. Então vocês imaginam minha cara de tacho quando o Garoto Normal de 23 Anos lançou um single poucas semanas depois de sair da banda, que só piorou com as declarações que ele fez sobre seu passado, cuspindo no prato que comeu. Sabe, ele não é obrigado a gostar de One Direction, mas se não fosse pela banda ele estaria até agora dormindo em casa, incapaz de emitir suas opiniões ou lançar clipes MEDONHOS como esse. Odeio Pillowtalk porque ela reflete a forma patética como o Zayn quer se provar como Artista Sério porque uuuuuuh ele está falando de sexo uuuuh ele está usando a palavra com F uuuuh ele transa tanto que acorda os vizinhos. Odeio o fato da Gigi ser imortalizada ao lado dele nessa história. Odeio o fato da música conquistar minhas amigas, uma a uma, simplesmente pelo fato dela grudar mesmo na cabeça (IN THE BED ALL DAY BED ALL DAY). Mas odeio principalmente não conseguir odiar esse garoto - às vezes por alguns segundos, só por odiar (ou por ele ser a PIOR PESSOA), mas aquele 1% sempre pensa que é bonito demais o rosto. It's a paradise and it's a war zone.

3. Música que te deixa triste



Querido leitor, você pode substituir música que me deixa triste por música que acaba com a minha vida, porque ela basicamente fala sobre o desejo de ser amada por alguém o suficiente para que aquela pessoa ame sua marca de nascença que quase ninguém vê e saiba que você gosta de três colheres de açúcar no chá, ainda que você diga que são duas - afinal, o que é o amor se não essa pequena coleção de detalhes e a lembrança perfeita do sorriso de alguém naquele primeiro dia que vocês se conheceram? É uma música sobre amar alguém desse jeito e não ser amada de volta, uma música sobre todas as vezes que eu pensei em alguém enquanto encarava o teto do meu quarto e cantarolei baixinho I wish I was your favorite girl, mas infelizmente não deu. 


4. Música que te lembra alguém



Sparks Fly (Taylor Swift): Assim como quase todas as músicas Taylor, essa música me lembra A Gente. Não de um momento específico, mas de todos eles. A gente passa a maior parte do tempo andando e cantando e essa é uma música que não falha nunca: sempre alguém vai dizer DROP EVERYTHING NOW e nós vamos largar tudo para cantar ela inteira, na praia, na livraria, na rua, no metrô, em táxis ou carros, com ou sem a presença de algum pai ou mãe que com certeza deve pensar "onde foi que eu errei com essa menina?". Temos muitas músicas, mas essa traduz perfeitamente a sensação de estar com as minhas pessoas, olhar ao redor e ver faíscas saindo por todos os lugares #amizades #românticas. 

5. Música que te deixa feliz



No Control (One Direction): One Direction é definitivamente a banda que mais me deixa feliz, uma felicidade que só meninos lindos dizendo como você é maneira através de batidas pop irresistíveis podem provocar. Uma história engraçada: num dos piores dias da dengue, eu estava me sentindo tão fraca e deprimida que comecei a lembrar daquele dia antes de eu adoecer em que fiquei pulando pela casa ouvindo essa música, pensando de forma bem dramática se algum dia, ó Deus, eu iria sair daquela cama e conseguir dançar No Control novamente, afinal PRIORIDADES. 

e ainda tem VÍDEO com a coreografia viver é bom demais 
6. Música que te lembra um momento específico



Take On Me (a-ha): Olha a situação: você está no carro, parado naquele trânsito de sexta-feira sete da noite, numa avenida congestionada esperando o semáforo abrir, mesmo sabendo que você só vai conseguir passar daqui uns quatro turnos (para andar cem metros e parar novamente em outro sinaleiro). O que isso significa? Isso mesmo, EMERGENCY DANCE PARTY. Foi assim que eu e o Matheus fechamos os vidros, aumentamos o som e começamos a dançar. Mas dançar mesmo, dançar horrores, de fechar os olhos e abrir os braços, sentindo a música, sentindo a vibe, sentindo o momento de forma intensa o suficiente para não percebemos que do lado tinha um carro praticamente atravessado, desesperadamente tentando dar sinal pra gente e pedir passagem. Pela cara do motorista parecia que já tinha um tempinho que ele estava observando nosso #momento e não estava muito impressionado ¯\_(ツ)_/¯

7. Música que você sabe a letra inteira



It's The End Of The World (REM): O que dizer sobre aquelas férias em que eu e o Pedro estabelecemos como projeto aprender a cantar essa música? Ela parece absurda quando você escuta, mas a letra nem é tão grande assim. Difícil mesmo é cantar. É o pior trava línguas de todos os tempos, mas a letra eu sei de cor. Ainda vou colocar na minha bio do Tinder que tenho um bom papo, sei até dançar e decorei It's The End Of The World. Quantos matches apocalípticos será que eu consigo?

8. Música que te faz dançar



Sorry (Justin Bieber): ¯\_(ツ)_/¯¯\_(ツ)_/¯¯\_(ツ)_/¯ SORRY ¯\_(ツ)_/¯¯\_(ツ)_/¯¯\_(ツ)_/¯ SORRY ¯\_(ツ)_/¯¯\_(ツ)_/¯¯\_(ツ)_/¯ SORRY YEAH I KNOW THAT I LET YOU DOWN IS IT TOO LATE TO SAY SORRY NOW? ¯\_(ツ)_/¯¯\_(ツ)_/¯¯\_(ツ)_/¯  SORRY



9. Música que te ajuda a dormir



The Long Day Is Over (Norah Jones): Jet setter pobrinha que sou, possuo razoável experiência com longas viagens interestaduais de ônibus. Com elas aprendi que a principal regra para sobreviver a longas viagens é: não fale sobre longas viagens tenha uma playlist que te permita relaxar e dormir com a garantia de que não vai aparecer uma música alta e barulhenta no meio pra te acordar achando que é o fim do mundo. Não tenho uma playlist e sim um disco que me acompanha em TODAS as viagens longas: Come Away With Me, da Norah Jones. Sou tão condicionada a dormir com ele que dificilmente chego na terceira faixa, mas quando o sono some ele também é ótimo para ficar imaginando fanfics mentais vendo a estrada passar pela janela.

10. Música que você gosta em segredo



Amor Maior (Jota Quest): Faz tempo que eu parei de perder tempo me envergonhando dos meus gostos e pedindo desculpa por eles. No entanto, eu tenho praticamente uma militância contra o Jota Quest e mesmo assim essa música está no meu celular. E eu sinto coisinhas toda vez que ela toca no aleatório. Os responsáveis? Diogo, Luciana, e um amor de primo que destruiu a minha vida.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Se eu não fosse propícia a visualizar gente rolando do barranco

Já faz mais de um ano (!) que a Analu gravou um vídeo fazendo a brincadeira do Casar, Beijar, Penhasco no seu blog, e como de costume me convidou para fazer o mesmo. E eu enrolei. Enrolei. Enroleeeei, também como é de costume. Até tentei gravar, juro, mas me sentia tão idiota fazendo isso sozinha que travava completamente. Sabe, é mesmo uma brincadeira idiota. Não há muito espaço para defender um jogo cuja proposta é sortear nomes de personagens e escolher qual deles você quer beijar, com qual quer se casar, e qual vai sobrar e ser atirado de um barranco sem dó nem piedade. Justamente por ele ser idiota que é tão bom. 

Na vida real ele se provou um entretenimento incrível, e no último encontrão carioca, não sei se por que estávamos entusiasmadas demais com todo o espírito despedida-de-solteira que reinava no ar, mas em algum momento estávamos na Urca e toda a extensão daquela mureta conseguia ouvir nossos urros, ora problematizando o Ed Sheeran, ora admitindo querer casar com o Harrison Ford por motivos específicos que não vem ao caso. 

Aproveitando minhas pequenas férias curitibanas, resolvi a pendência do vídeo arrastando (logo quem) Analu para brincar comigo. Como já disse antes, minhas poucas reservas vão embora tão logo eu arranjo alguém para pular do penhasco comigo, e se 2016 não for o ano de empreender na internet, já garanto que definitivamente é o ano de passar vergonha na internet. Atendendo ao clamor das massas, está no ar o meu Casar, Beijar, Penhasco, alguns minutos ridículos que definitivamente vão mudar a vida de vocês.

Desculpa qualquer coisa.


quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Filminhos da vez #12: os últimos e os primeiros do ano (e algumas coisas para não ver no carnaval)

Então. Eu não falo de filmes aqui desde agosto, se não considerarmos o SO CONTAGIOUS AWARDS que escrevi sob os efeitos entorpecentes da preguiça e do esquecimento. Sei que ninguém realmente se importa, mas é preciso manter essa locomotiva girando - afinal, o Oscar está aí, né? Então eu vou falar sobre o que andei vendo nesses quase oito (!) meses, mas só o que eu lembro, e só o que eu estou a fim de comentar, porque a internet não precisa de mais uma opinião sobre Que Horas Ela Volta? e realmente não faço ideia do que aconteceu no último James Bond (alguém registrou algo para além daquela abertura medonha e o cabelo lindo da Léa Seydoux?).

Para evitar esses esquecimentos, abri uma conta no Letterboxd para registrar o que tô assistindo esse ano. Tenho um perfil no Filmow há alguns bons anos, mas ele vem sendo deixado de lado há um tempo e perco completamente a vontade de atualizá-lo sempre que vejo aquela interface medonha. Não vou migrar os filmes antigos, então perdoem a bagunça e me adicionem lá. 

The Skeleton Twins (Craig Johnson, 2014): Esse filme deu início a uma obsessão real pelo Bill Hader. O fato dele protagonizar o filme junto com a Kristen Wiig pode enganar, principalmente porque Brasil ele foi traduzido como Irmãos Desastre, mas ó: não é uma comédia. É um filme sobre suicídio de uma sensibilidade absurda, talvez porque use de senso de humor mas nunca de forma leviana, banalizando a seriedade do tema ou pior, romantizando-o. Ele é cheio de escolhas pouco ortodoxas e também engana quem estiver esperando um Filme Sobre Suicídio, mas acho que é justamente por isso que funciona tão bem. O relacionamento dos dois é cheio de nuances, com ternura e mágoas na mesma medida, e me apaixonei completamente por eles (principalmente pelo Bill Hader). Tem Blondie na trilha sonora e outras coisas legais. 

Trainwreck (Judd Apatow, 2015): Então. Realmente acho que a Amy Schumer é uma voz importante no cinema mainstream. Uma mulher que subverte aquilo que se espera das mulheres do seu meio, principalmente das mocinhas. Objetivamente, gosto do que ela faz nesse filme, que é inverter os papéis tradicionais de gênero numa comédia romântica - ela é a porra louca que não acredita em monogamia, faz muito sexo, bebe e usa drogas, enquanto ele é o bom moço, nerd, desajeitado que vai mudar a trajetória dela - mas, pessoalmente, odiei. Achei grosseiro. Good for her, not for me. Achei a história frágil, não comprei o romance deles, e não teria feito esse monte de concessões não fosse o Bill Hader final, que tem dancinha e Uptown Girls tocando. Eu não consigo ignorar uma dancinha brega, muito menos o Billy Joel. 

It Follows (David Robert Mitchell, 2014): FINALMENTE UM BOM FILME DE TERROR. Quer dizer, não sei se ele pode ser classificado como terror, talvez suspense, ou filme-com-coisas-estranhas-inexplicadas-e-inexplicáveis-acontecendo. Tem absolutamente tudo que eu gosto: adolescentes + mistérios + coisas estranhas + subúrbio. A atmosfera (construída graças a uma fotografia FABULOSA e uma trilha sonora incrível) é uma mistura de Twin Peaks com As Virgens Suicidas. Não chega exatamente a dar medo, mas dá uma afliceta sincera e só por ela já amaria esse filme pra sempre. O que mais? A mitologia pode ser uma alegoria para o sexo, algo que ainda não sei se foi genial ou de péssimo gosto, mas AMEI. Só recomendo passar longe se você gosta de histórias com muitas explicações e detesta finais abertos.

Goodnight Mommy (Severin Fiala, Veronika Franz, 2014): Olha, pensem numa decepção. Fiquei completamente obcecada pelo trailer. Um filme de terror austríaco com duas crianças presas numa casa isolada com a mãe, que depois de operar o rosto parece ter ficado meio demônia??? Tô 100% dentro. Ele vai muito bem até a metade, constrói um climão que é creepy as fuck, a mãe com a cara enfaixada é realmente perturbadora, e só aquelas crianças falando em alemão já são motivo pra gente ficar meio incomodado. Só que ali na metade o filme sofre uma virada que eu estou até agora sem entender. O tom muda completamente, o feitiço se quebra, e ainda rolam cenas bem longas de tortura, tortura bem filme-austríaco-alternativo, sabe? E pensar que esse foi o primeiro filme que eu vi em 2016, hahaha. Que vibe boa.

6 Years (Hannah Fidell, 2015): Me interessei por esse filme por causa de um texto que li sobre ele que dizia que o roteiro foi praticamente todo feito na base do improviso, com os atores envolvidos no processo. É a história de um casal que namora desde a escola e as dificuldades de um relacionamento longo. Tendo visto o filme, acho que essa história de improviso foi inventada pra aliviar a barra da produção por conta de um roteiro TÃO RUIM. Mas assim, um cocô atômico de ruindade, sabe? Ele me deixou tão irritada, tão confusa, tão HKARHKAR que eu pensei que fosse a febre (assisti na minha semana de dengue), mas todo mundo odiou e se irritou, então tudo bem. Dei uma estrela e meia porque os atores são lindos demais, então dá pra colocar no mudo e ficar vendo o tanto que o Ben Rosenfield é bonitinho.

Aloha (Cameron Crowe, 2015): ¿¿¿??!!...,,,,¿?¿¿,,¿¿??????????????¿¿¿¿¿!!!,,.¿¿!!..,.,¿¿¿??!!...,,,,¿?¿¿,,¿¿??????????????¿¿¿¿¿!!!,,.¿¿!!..,.,¿¿¿??!!...,,,,¿?¿¿,,¿¿??????????????¿¿¿¿¿!!!,,.¿¿!!..,.,¿¿¿??!!...,,,,¿?¿¿,,¿¿??????????????¿¿¿¿¿!!!,,.¿¿!!..,.,¿¿¿??!!...,,,,¿?¿¿,,¿¿??????????????¡¡¡¡¿¿¿¿¿!!!,,.¿¿!!..,.,¿¿¿??!!...,,,,¿?¿¿,,¿¿??????????????¿¿¿¿¿!!!,,.¿¿!!..,.,??????!!!!???¿¿¿??!!...,,,,¿?¿¿,,¿¿??????????????¿¿¿¿¿!!!,,.¿¿!!..,.,¿¿¿??!!...,,,,¿?¿¿,,¿¿??????????????¿¿¿¿¿!!!,,.¿¿!!..,.,???,,,,!!¡¡¡??,,,,,??¿¿¿¡¡¡¡¿¿¿¿¿!!!,,.¿¿!!..,.,¿¿¿??!!...,,,,¿?¿¿,,¿¿??????????????¿¿¿¿¿!!Gostaria de fingir que esse filme nunca aconteceu, salvando apenas a cena do Bradley Cooper e o John Krasinski conversando com legendas como se fosse um curta que o Cameron Crowe gravou quando estava sem nada pra fazer. Ah, e o figurino da Emma Stone. E o cabelo da Rachel McAdams.

The Intern (Nancy Meyers, 2015): ENFIM UM BOM FILME EM 2016. In Nancy Meyers I trust. Seis anos depois (!) do seu último filme, enfim podemos desfrutar novamente do texto gostoso, bem humorado, honesto e sentimental (sem ser meloso) dessa que é uma das minhas roteiristas do coração (o Hair Pin fez uma mesa-redonda excelente sobre ela, que eu recomendo demais para fãs e não iniciados). Tem a Anne Hathaway e ela é uma jovem de muito sucesso profissional com problemas para administrar a vida pessoal (batido, eu sei, mas muito bem desenvolvido). Tem o Robert De Niro, ADORÁVEL. Coadjuvantes divertidos. Dilemas. DRAMA. Nova York. Queria morar no filme, ser amiga daquelas pessoas, e ter o Robert De Niro como meu estagiário/melhor amigo. Nancy Meyers, te amo tanto.

Monte Carlo (Thomas Bezucha, 2011): Uma das melhores coisas que me aconteceram em 2015 foi virar fã da Selena Gomez, porque esse amor recém-descoberto me levou a esse filme. Tem coisa melhor que um filme idiota? Não tem. Principalmente se é um filme idiota protagonizado pela Selena Gomez e pela Leighton Meester, passado em Paris e Monte Carlo, com essa sinopse maravilhosa oferecida pela Netflix: "Em uma viagem à Paris, três amigas fingem ser ricas quando uma delas é confundida com uma herdeira britânica". Como que não para tudo que tá fazendo pra assistir? É besta e completamente fora da realidade? ÓBVIO, mas se fosse pra ver filme realistão e sério eu tava fazendo maratona do Oscar, né, amigas (pensa numa preguiça). Recomendo a todos e sugiro que se tornem #selenators também.

Carol (Todd Haynes, 2015): Vamos lá. Na teoria, eu amei esse filme. Digo na teoria porque concordo irrestritamente com toda crítica elogiosa que leio sobre ele. Consigo enxergar todos os pontos fortes, sendo o principal deles talvez mostrar uma relação entre duas mulheres por um ponto de vista que não é fetichizado e nem heterossexual. Consigo admirar a sutileza, o poder do silêncio, dos olhares, e se eu fosse, por exemplo, escrever sobre ele em um veículo sério, as pessoas achariam que eu adorei. Na teoria. Porque na prática ele não me causou impressão nenhuma. É difícil admitir isso, mas preciso ser sincera. Apesar de ver tudo que ele tem de bom, ele não mexeu comigo. Quando terminou, eu e Analu nos olhamos e: ¯\_(ツ)_/¯. É um filme de amor, de paixão, mas que não me causou emoção alguma. Desculpa.

Joy (David O. Russell, 2015): Gente, hahahah. Esse filme é tão ruim. TÃO RUIM. Vocês sabem que eu não gosto do David O. Russell e temos uma rixa de anos, que se reacende a cada nova temporada de premiações. Dos seus filmes, achei Silver Linings bem ok. Esquecível, mas inofensivo. Trapaça eu achei truqueiro, usa uma capa de filme engenhoso quando é bem raso e fraquinho. Agora Joy é RUIM. RUUUUIIIMMMMM. Não tem lado pra defender ele. Parece um telefilme de um jeito que os telefilmes ficariam ofendidos com a comparação. Pensa num roteiro CAGADO. Numa história que não faz o menor sentido. Até a produção do filme é confusa e aleatória, o figurino é incoerente, os cenários são estranhos, é tudo muito ruim. Espero que esse seja o filme que faça a Academia botar a mão na consciência e pensar: este homem é louco.

E é isso. Não foi uma leva muito boa dessa vez e acho que é essa meu dedo podre recente que tem me deixado com tanta preguiça de começar a ver os filmes do Oscar. Sinto que vou odiar todos. Mas como não consigo ficar de fora dessa folia, devo começar minha maratona nesse carnaval (vida social bombando) e aí tecerei os comentários de costume - mas a vontade mesmo é rever todos os filmes da Nancy Meyers.

E aí, qual foi o mais legal que você assistiu e me recomendaria para começar com alguma empolgação?

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Ode a Harry Styles

É uma verdade universalmente desconhecida que quando descobri o One Direction eu achava todos meio feios.

gente o Louis hahahaha
Como era preciso tomar uma decisão, elegi o Harry como meu favorito porque ele era o que tinha o cabelo menos ridículo e o sorriso mais adorável. O bom de ser fã de boyband é que a situação capilar é um critério completamente plausível para se avaliar alguém, e eu me encontrei nesse fandom porque respeito muito gente que leva cabelo a sério. 

Escolher o seu membro favorito de uma boyband é uma decisão equivalente ao vestibular. Aquilo vai moldar seu destino pra sempre e você pode até mudar de ideia depois, mas não sem antes encontrar dúvidas e crises existenciais pelo caminho. Fiz a minha escolha baseada num punhado de cachos e duas covinhas, e era com eles que deveria prosseguir.

isn't she lovely?
Foi um caminho tortuoso que nos trouxe até aqui (you and me got a whole lotta history etc): a voz estranha do período da puberdade, a fase crítica do cabelo crescendo, o episódio das tranças que eu prefiro fingir que nunca aconteceu, e muitas (MUITAS) tatuagens equivocadas. Fui tentada no meio do caminho, mas resisti todo esse tempo sem vender minha alma por um par de óculos (oi Niall) ou experimentar do fruto proibido de Zayn Malik.

Mas como diz a Bíblia Sagrada, aquele que perseverar será salvo. Então isso aconteceu:

oh

my

GOD

perdão, me excedi um pouco aqui
Hoje já é uma verdade universalmente conhecida que Harry Styles é o cara de 20 e poucos anos mais bonito do mundo. São os olhos, aquele queixinho, a voz rouca, o impecável senso estético, e aquele cabelo tão bonito que tenho certeza que várias marcas de condicionador sonham em tê-lo como garoto propaganda. Só porque atingimos peak Harry Styles em 2016 - em 2015 eu disse que tínhamos chegado em seu ápice, em 2014 também, de modo que acredito que ele vai explodir o universo em mil pedacinhos com sua beleza ali pra 2020 - não significa que a jornada só teve pedras no caminho. Nós nos divertimos bastante. Eu não trocaria ela por nenhuma outra.


De 2010 pra cá, Harry Styles se tornou um dos popstars (popstars?) mais interessantes e importantes (!) do momento. Me perdoem por ligar o raio problematizador num dia que deveria ser só de fangirling e celebração, mas preciso falar sobre esse modelo de masculinidade que o Harry propõe através de suas escolhas na moda e sua postura no geral. Com inspiração óbvia e declarada no Mick Jagger e no David Bowie, Harry ousa cada dia mais, tanto no tapete vermelho como na vida real. Ternos com estampas florais, camisas de seda com estampas variadíssimas (todas delicadas, elegantes, exóticas e gloriosamente abertas), lenços no pescoço, colares, anéis, calças justas (muitas vezes femininas), flores e borboletas rabiscadas pelo corpo.

Harry brinca o tempo inteiro com papéis de gênero - coisa que pouquíssimos caras com a mesma visibilidade que ele se atrevem a fazer - e incorpora vários trejeitos femininos. Cruza as pernas, dança como mulher no palco, é explicitamente carinhoso com outros homens e costuma falar sobre relacionamentos de forma neutra. Harry me fez pensar muito sobre o discurso da Emma Watson na ONU: embora eu concorde que ela deveria ter usado o alcance da plataforma para falar de questões mais urgentes e relevantes para o feminismo no momento, o efeito do machismo nos homens é um tópico a ser conversado. Fiquei pensando nisso principalmente depois de viver dois episódios em que dois caras tiveram uma reação completamente ridícula e desproporcional por medo de perderem suas carteirinhas de macho. Um deles se sentiu ameaçado por uma festa. O outro por uma... música. Só tem viado aqui. Isso é coisa de boiola.

Enquanto isso, no reino encantado de Harry Styles...

 ¯\_(ツ)_/¯
Na urgência de negar qualquer característica feminina (sempre vistas como algo negativo), homens são impedidos de demonstrar vulnerabilidade (algum dia vou parar de falar sobre isso?), rejeitam todo traço de comportamento que remeta às mulheres, e precisam reafirmar constantemente sua condição de Homem. Isso se reflete na forma como eles se relacionam consigo mesmos, com os outros, com as outras, podendo se estender inclusive para as roupas. Além de nociva, é uma cultura chata para caramba.

É por isso que o Harry surge como um sopro gostoso e necessário de criatividade e ousadia, um ponto de alívio num mainstream cheio de egos masculinos que precisam se reafirmar constantemente, validando um modelo único de representação que na maioria das vezes é agressivo e pouquíssimo gentil com as mulheres - ainda que eles tenham cara de bom moço. Calma, caras. Ser homem não é só isso. Ou melhor, ser homem não é isso. Essa é a mensagem de Harry Styles pra vocês.

QUE HOMEM
E já que estamos no assunto, uma anedota interessante. Na edição mais recente da minha newsletter (olha o clickbait aí gente), contei o caso de um cara que de início muito tinha me impressionado. A gente se paquerou por uns dias, mas acabamos nos desencontrando em algum ponto entre Uberlândia e Curitiba. Foi aniversário dele e, apesar de enterrada qualquer chance de romance num futuro próximo, decidi ser fofa e desejar parabéns pro moço. O clima entre a gente era sempre de muitos risos e piadinhas, de modo que pra mim mandar a icônica canção "22", da minha guia espiritual  e melhor amiga famosa Taylor Swift, fazia todo sentido do mundo na minha cabeça. Ele estava fazendo 22 anos e o que mais eu posso desejar numa ocasião assim além de que ele seja happy-free-confused-and-lonely-in-the-best-way? Pois é. Como resposta, recebi a seguinte frase: meio boiola pra mim, não acha?

 Enquanto isso, no reino encantando de Harry Styles...


I rest my fucking case. Por ora, só me resta dizer: feliz aniversário, Hazza. Que você possa sempre ser happy-free-confused-and-lonely-in-the-absolut-best-way. Eu fiz umas contas aqui e acho que a gente pode ser perfeito um pro outro. Me liga quando descobrir a mesma coisa.