terça-feira, 27 de março de 2012
Manifesto contra bad vibrations
sexta-feira, 23 de março de 2012
Chiquérrimo
Recomendo sua biografia para todos, fãs ou não. É um livro babão sim, mas quem não quiser babar junto certamente ficará de olhos cheios com tanto material legal disponível: fotos, rascunhos de músicas, curiosidades, pitadas de história do Brasil e o melhor de tudo: um apanhado imenso de reportagens da época. Para mim, em todos os sentidos, foi uma delícia de livro. Analu e Renata não poderiam escolher mais certo.
terça-feira, 20 de março de 2012
Existe vida sem celular
Acho engraçado o modo como a gente se apropria de certas coisas novas que não conhecíamos antes e criamos uma necessidade quase patológica de tê-las por perto sempre, como se não tivéssemos vivido (e muito bem) por anos a fio sem elas. Celular é um belo exemplo disso. Por milhares de anos a humanidade viveu e atingiu grandes feitos sem a ajuda dele, mas foi só ele chegar para que o fato de você não ter um celular fosse sentido quase como se algum membro de importância vital lhe fosse extirpado. Comigo não foi assim.
Nunca liguei pra celular e sempre tive modelos que mais pareciam brindes vindos no Cheetos, mas eles me serviam bem. Não davam problema, a bateria era eterna, eram muito resistentes (coisa importante para uma pessoa desastrada como yo) e o melhor de tudo: ninguém queria. Sou uma pessoa que anda a pé e de ônibus, e não gosto de ficar na paranoia pensando que vão me enfiar a faca e roubar meu celular. Dispenso, já tenho neuras demais. Além de tudo, era (sou) meio ideologicamente contra smartphone. Tenho ojeriza de gente que passa o dia inteiro grudado no celular, que fica digitando ensandecidamente enquanto você tenta conversar. Acho patético ouvir pessoas dizendo que não existem sem seus celulares (oi Matheus) e sei como é fácil virar uma dessas pessoas. Vi isso acontecer com vários amigos meus e temia que acontecesse comigo.
Chico versão caxumba style
Chico versão Dudu Bertholini
Sapatinhos de cristal
Chico versão Holly Golightly
Chico versão ressaca
Chico versão portrait
Chico versão Carolina
sexta-feira, 16 de março de 2012
Epifania pelo fim das paixões de cinco minutos
quarta-feira, 14 de março de 2012
Uma história muito triste
Eu tinha uns 10 anos quando, no dia das crianças, minha mãe me deu R$50 pra eu gastar como quisesse. Pra uma criança isso é uma pequena fortuna. Fui até a loja de cds e comprei o In The Zone, da Britney Spears, e o Fallen, do Evanescence - porque aos 10 anos a gente não sabe muito bem o que quer da vida.
Foi mais ou menos nessa época que eu virei fã da Britney e comecei a acompanhar a carreira dela. Foi na época que os dvds de show surgiram, então assisti todas as apresentações dela, na frente da tv, dançando junto. Comprava as revistas em que ela aparecia na capa e lembro que achei muito estranho quando ela se casou em Las Vegas e anulou o feito algumas horas depois. Achei mais estranho ainda quando ela surtou, raspou a cabeça e apareceu por aí dando guarda-chuvadas em paparazzis, de peruca cor-de-rosa. Eu não tinha mais 10 anos, mas ainda era nova o suficiente para não entender direito o que estava acontecendo.
Nunca fui uma grande fã de música pop, e mesmo perdendo o interesse pelo estilo, continuei comprando todos os cds que ela lançou desde o In The Zone, porque, sim, eu gosto dela.
Nessas férias assisti ao Britney: For The Record, documentário que ela quis gravar para tentar se redimir diante do público e explicar o que estava passando pela cabeça dela naqueles tempos. O mais comovente de tudo é que, tentando se explicar, a coisa que ela mais diz nos depoimentos é que não faz ideia do que estava pensando. E querem saber de uma coisa? Acredito nela.
Sei que a gente deve desconfiar de um documentário encomendado pela pessoa que é o tema do próprio, mas ela me pareceu muito sincera. Não ficou se fazendo de vítima, disse que foi feio o que passou, que foi estúpida, que perdeu as referências, não sabia o que estava fazendo e deixou pessoas más entrarem na sua vida. Ela disse que hoje olha pra trás e vê como foi burra por ter permanecido em Los Angeles, cercada pela mídia, enquanto poderia muito bem ter fugido para a casa de sua família no interior da Louisiana até colocar a cabeça no lugar. Fala que até hoje vive como uma prisioneira dentro de casa, por causa dos paparazzis, e naquela época, por estar doida demais, não conseguia voltar pra casa e encarar os filhos, por isso pegava o carro e ia pra algum lugar fazer besteira. Não sei como isso soa pra vocês, mas minha leitura da situação é muito essa.
Essa história de estrelato é toda muito maluca e errada. Já repararam que a maioria das pessoas que cresceu nessa vida, diante das câmeras, acabou se perdendo em algum ponto? Não sei o que é que existe ali que acaba com o bom senso das pessoas. Ou vai ver que é mais ou menos o que a Madonna disse em depoimento no documentário: todo mundo erra, todo mundo escolhe errado, todo mundo se envolve com quem não deve, mas poucas pessoas fazem isso com o mundo inteiro servindo de plateia.
“Ela é inteligente o suficiente para saber o que o mundo queria dela: que fosse criada como uma virgem a ser deflorada diante de nós, para nossa apreciação e deleite. Ela não tem vergonha de sua nova personalidade – ela quer que saibamos o que fizemos com ela. Pode ser que seja verdade que Britney sofra de alguma doença mental (ou uma doença criada pela fama, ainda sem nome)(…)”
The Tragedy Of Britney Spears, Vanessa Gregoriadis
No documentário, Britney chora e diz estar muito triste, que seu maior sonho é poder sair com os filhos e fazer coisas banais, como ir ao supermercado. Fico pensando que ela poderia muito bem pegar o dinheiro que tem, sumir do mapa e ir para no interior do Acre, por exemplo. Cortar o cabelo, comprar um sobrado amarelo e abrir uma banquinha de açaí na praça, ir trabalhar numa escola e ficar encarregada de montar os musicais que as crianças apresentam em datas festivas. Se funciona nos programas de proteção às testemunhas que a gente vê nos filmes, ela com certeza tem dinheiro suficiente para criar para si um Programa de Proteção Ao Popstar de Saco Cheio, dar uma banana pro mundo e ir viver feliz e anônima num lugar inóspito, passeando com seus filhos no supermercado. E é aí que entra a loucura do estrelato que falei acima: a própria Britney diz que a fama é uma coisa engraçada, depois que ela te pega, é difícil demais sair dela; vai além das forças da pessoa e mesmo sendo um inferno, nunca para de ser divertido. Tem que ver isso aí, hein.
Já assisti o documentário duas vezes, li a enorme e deprimente reportagem que a Rolling Stone trouxe sobre seu surto, e ainda assim não sei direito o que pensar disso tudo. Só sei que acho toda essa história muito, muito triste, e que torço para que ela segure as pontas.
sexta-feira, 9 de março de 2012
Júlia
Algumas horas depois ela bateu aqui em casa com uma vasilha cheia de pães doces, como um agradecimento pela ajuda que havíamos lhe dado mais cedo. O síndico realmente morava no apartamento que minha mãe sugeriu e, falando com ele, ela resolveu o problema do gás e pôs seus pães no forno. Eles estavam agora numa tupperware verde, na mesa de casa.
quarta-feira, 7 de março de 2012
Flower Power
Eu nunca me considerei feminista. Nunca me considerei porque nunca tinha, de fato, parado para pensar a respeito. Não que eu fosse completamente ignorante da causa feminina, respirem fundo, só não tinha pensado em todas as suas questões assim unidas como uma causa única. O negócio é que de uns tempos pra cá venho pensando cada vez mais nisso, mas não como uma causa, novamente, mas sim como ideias soltas que me ocorrem vez ou outra quando me deparo com certas coisas por aí que me tiram do sério.
Eu realmente queria conseguir colocar em palavras tudo que venho pensando, para aproveitar a data de amanhã e tudo o mais, mas, para variar, sempre quando quero ou preciso escrever sobre algo assim pré-determinado pela minha consciência, me falta a inspiração. Por isso fiz uma mixtape.
Não é música de protesto, não há nada de engajado ali: apenas músicas que reuni, cantadas por mulheres que eu admiro de certa forma. Talvez um toque de rebeldia possa ser encontrado, mas não foi nada premeditado. As fotos lindíssimas que usei para fazer a capa e a contracapa vieram de um lookbook da Wildfox, que pode ser considerado um dos meus editoriais de moda favoritos de todos os tempos.
sexta-feira, 2 de março de 2012
Não gosto de fotografia
“Oi, meu nome é XYZ e escolhi Jornalismo porque blablabla whiskas sachê eu gosto de fotografia.”
Essa frase acima certamente foi a que mais ouvi durante esta que foi a minha primeira semana na faculdade. A coisa que mais fiz foi me apresentar pros outros, e ouvindo apresentações alheias cheguei à conclusão que 80% da minha turma, se não mais, está ali porque gosta de fotografia. Enquanto as pessoas afirmavam seu amor pela fotografia, eu ficava ali, meio desconfortável, olhando pros lados, esperando que alguns furúnculos irrompessem no meu rosto denunciando a pária social que eu me revelava naquela sala por ser talvez a única que não estava nem aí para as fotos.
Todo mundo tem uma foto assim, menos eu
Não é que eu não goste de fotografia, querido leitor. Não precisa fechar a página e parar de seguir o blog. Só não sou uma aficcionada por fotos. Se tivesse, por exemplo, que enumerar três razões que me levaram ao Jornalismo, fotografia não seria uma delas. E caso tivesse que dizer cinco coisas que tenho como passatempo, fotografia também não estaria entre minhas preferências. Pronto, simples assim. Continuo sendo uma pessoa limpinha, simpática e que ama os animais.
Digo isso porque às vezes tenho a impressão que não amar fotografia hoje em dia é o equivalente a dizer em voz alta que não gosta de chocolate ou que os Beatles são superestimados. Todo mundo ama foto, na minha nova sala de aula e na internet. As pessoas saem de casa para tirar fotos. As pessoas trocam figurinhas sobre lentes, câmeras e até filmes. As pessoas marcam encontros em parques para ficar fotografando umas às outras. As pessoas fazem projetos para tirar uma foto por dia (e eu fico vendo, achando amor e bonitinho, pensando que seria legal fazer algo parecido, mas só de pensar em tirar uma foto por dia, e de buscar criatividade para fotografar coisas menos óbvias, desisto). As pessoas postam sobre fotógrafo X e olha, meu Deus, que legal isso e… eu costumo pular esses posts. Se eu parasse pra olhar, certamente acharia bacana, bonito, inspirador, mas ficar vendo foto é uma coisa com a qual não tenho lá tanta vontade de gastar meu tempo. Acho que a única vez que uma exposição de fotografias mexeu comigo a ponto de eu passar mais de um dia pensando nela, foi a do Wim Wenders que eu vi no MASP, “Lugares, estranhos e quietos”; também sou apaixonada por aquele livro que tem a última sessão de fotos da Marylin Monroe, quase chorei na primeira vez que passei os olhos nele. De resto, pouca coisa mudou minha vida.
Para mim, fotografia é como frango: é uma coisa que eu gosto, mas não amo. Entre bife de frango ou de vaca, sempre escolherei o de vaca. São raras as vezes em que acordo pensando “Puxa, que vontade de comer frango!”. E também não costumo ir a um restaurante e pedir algum prato com frango. Mas se tiver frango, eu como feliz. No almoço de hoje, por exemplo, tinha frango ao molho com uma farofa melhor que a vida e eu comi e me fartei, felizona; mas, se me perguntassem se para o almoço de sexta da semana que vem eu prefereria um revival do frango ou um bifinho, escolheria o bife sem pestanejar.
E agora que já desabafei e tirei esse peso dos ombros, podemos voltar com a programação normal do blog. E vocês que não curtem fotos, manifestem-se! A única razão pela qual eu exponho minhas estranhezas aqui é para que alguém se identifique com elas e eu me sinta mais normal ou menos solitária na minha anormalidade.