"Então
eu prefiro me agarrar a esses poucos minutos em que eu fico imaginando. Eu
penso que aquele olhar meio perdido, que lembra muito o meu, não é uma
coincidência. Eu penso que ela só não me viu porque, assim como eu, está
com a cabeça nas nuvens e, de lá, manda sinais, também para todos os
lados. E é assim que eu me apaixono, meus caros, mesmo que seja por um
punhado de minutos. Todo dia é assim." Lucas Beeshop
Sou dessas que leu Jane Austen e assistiu comédias românticas em demasiado e acabou com uma mania triste de andar por aí e se apaixonar pelas pessoas. Não posso ver um barbudinho de óculos e All Star pela rua que, de repente, me vejo dentro da cena inicial de Closer: as pessoas ao redor passam a mover-se em câmera lenta, ao fundo começa a tocar The Blower's Daughter enquanto andamos um em direção ao outro, eu contendo uma gargalhada tímida e ele sem fazer ideia do que se passa. Nos cruzamos enfim, e cada um segue seu caminho. The end.
Paixões de cinco minutos não têm hora e nem lugar para acontecer: no ônibus, na rua, na cantina da escola, na faculdade, na midiateca. É incontrolável. Invento amores imaginários e logo existo. O mais patético de tudo é que eu tenho até um padrão que aqueles me conhecem já sabem de cor, e basta eu chegar contando sobre minha última paixonite que eles já traçam o perfil completo da mesma: ou é um barbudo de óculos e cara de bobo, ou o cara com a camiseta do The Who, ou o que gosta do Chico, ou o que está lendo um livro que eu ame no ônibus ou o baixista da banda. A lista é infinita.
Daí que assistindo 500 Days of Summer pela trigésima oitava vez, parei para prestar atenção numa coisa muito série, dita pela irmã de Tom, muito sensata, acerca da paixão dele pela Summer:
"Just because she likes the same bizarre crap you do, doesn't mean she's your soul mate"
Meu mundo caiu quando me dei conta da veracidade dessa declaração, afinal, ela nega tudo aquilo que venho fazendo involuntariamente desde sempre, que é quase uma consequência da pessoa que sou. Porque o único problema nessa história de romances imaginários é eles nunca perderem sua condição platônica, mesmo que anos se passem (sim, isso acontece) e isso é triste, sabe? A reação automática é fingir que isso não é nada demais, sacudir a poeira e já acionar o radar em busca de outro protótipo que venha de encontro aos meus ideais românticos, mas ultimamente tenho me sentido a Carolina do Chico, olhando do outro lado de uma janela que dá para uma esteira onde passam pessoas que fazem meu coração bater mais forte sem que eu saiba, na maioria das vezes, quem elas são direito. "Adivinhando em nuvens outras nuvens escondidas, e é assim que eu jogo fora a minha vida". O único problema dessas histórias açucaradas é quando a gente percebe que acredita demais nelas.
Acho que tô cansada de viver nas nuvens.
"Quando
eu digo que o futuro é agora, quero dizer que o final dessa história
depende do começo, da primeira linha, da primeira palavra. É por isso
que eu pego a caneta pra escrever os meus dias nas calçadas, nas
marquises, vitrines e paredes. É por isso que eu vou vagar sem rumo, sem
mapa, por essas ruas, seja de São Paulo, ou de qualquer outro lugar do
universo. É porque eu tenho certeza de que, um dia, eu vou tropeçar em
ti, mesmo que tu ainda não exista. Mesmo que tu sejas uma utopia, uma
ilusão que eu criei na minha cabeça. Mesmo que tu não passes de uma
paixão-de-5-minutos. Mesmo que, para isso, eu tenha que esquecer como é
que se volta pra casa."
EXPECTATIONS
~HELLO STRANGER~
REALITY
é assim mesmo, Anna. já pensou que uma multidão de gente é como você, com essas paixonites de cinco minutos? pois é, elas existem e só servem para cinco minutos mesmo. cinco minutos de mera distração. só para adoçar a sua solidão mais um pouquinho. só enquanto uma grande paixão de mais de meses, até anos, não vem. ;)
ResponderExcluirquanto ao "500 days with Summer", essa frase é uma das minhas inesquecíveis. eu lembro bem da irmã dele falar isso e eu acho absolutamente sensacional. algo de destaque entre tantos destaques dentro do filme. um filme pra se ver 500 vezes eu diria, porque a gente nunca aprende de primeira ;)
Adoreeei! Acho que isso acontece com muita gente, o tempo todo, inclusive eu. E olha, tenho o mesmo gosto que você, que medo hahahah. Mas vai que um dia a paixão de cinco minutos se tranforma na paixão pra vida toda né? Beijo.
ResponderExcluirTenho certeza que é muito, muito mais gostoso com as paixões de cinco minutos. Sair as núvens nem sempre é tão bacana. O chão é duro e o mundo real muito menos mágico do que cada uma das paixões de minuto.
ResponderExcluir500 days of Summer é simplesmente encantador. E, pois é, ela está certa.
Seus textos são excelentes. Já tem uns dois posts que fico sem saber ao certo o que comentar. :]
Nossa, nossa, nossa! Ótimo, Anninha, hahah! Eu também vivo fazendo isso. Crio altas histórias de amor. Encaixo o cara no meu sonho de casamento, com Marina entrando com as alianças, enquanto escuto Marry You no carro.
ResponderExcluirE pra isso, basta ele ser alto e bonito, ou estar com calça jeans e um tênis estiloso, ou com uma mochila de faculdade escrito Medicina.. HAHAHA. E quando eu mesma CRIO o cara? Jurei que vou conhecer um estudante de medicina no Country Festival dia 24. Chamado Carlos. Só que ele nem é fã de sertanejo, é que ele bateu uma aposta com a tia, perdeu, e acabou tendo que levar a prima de 13 anos, sabe?
Mas como tá chegando o dia de conhecer o Carlos e eu sei que isso não vai acontecer, já criei o Toni também. Toni, para os íntimos. Antoni nasceu na Itália, veio pro Brasil com 5 anos. Ele é lindo de morrer, também faz medicina (minha invariável), e nós teremos gêmeas: Clara e Giulietta. Tão italiano..
Ri com o comentário da Analu. HAHAHAHAH Partindo dessa coisa de inventar os romances, eu vou casar com Juan Pablo que é minha versão do Antonio Banderas, misturado com Johnny Depp e todos os outros meus queridinhos. Se não rolar, mudarei pra Londres (mesmo que ue tenha odiado aquele lugar) só pra arranjar um ruivo que tenha british accent, isso se o próprio Rupert Grint realmente não me quiser - que será impossível, basta ele me conhecer.
ResponderExcluirMas agora falando do seu post especificamente, tenho essa coisa de paixões de cinco minutos também, mas não é grande coisa não... o pior é quando eu resolvo ter paixões platônicas por anos a fio e fico tão envolvida que esqueço que elas são apenas platônicas. Terrível.
Essa cena de Closer sempre vem a minha cabeça também, e em seguida eu me lembro da cena final de "Efeito Borboleta", quando a menina nem lembra dele e tal, é tão triste, mas... sei lá.
Enfim, estava meio pensativa a respeito de coisas assim hoje e esse texto só fez piorar, thanks!
Analu, não se confesse tanto menina! Tá todo mundo se empolgando e revelando o que há de mais inesperado na sua imaginação!
ResponderExcluirOlha só o Juan Pablo da Mayra, por exemplo. Eu já tô querendo esse homem pra mim! Sente o perigo, hahahaha
Nem sempre viver nas nuvens é legal, hm.
ResponderExcluirNão sou uma pessoa muito romântica, nunca fui .__. As vezes me sinto meio estranha por isso, hm
;**
http://qualquerlink.blogspot.com
Anna, eu faço isso com fatos da minha vida, com o futuro... realmente é difícil viver nas nuvens, principalmente porque os sonhos não se realizam, na maioria das vezes ou como queríamos.. a mesma coisa com as suas paixonites...
ResponderExcluirInfelizmente não sei o que te dizer, pois não consegui parar de sonhar com meu futuro... mas pra nao quebrar tanto a cara, resolvi parar de pensar muito nisso e ir vivendo um dia de cada vez... mas de vez em quando fica o sonho ao fundo piscando, piscando...
Beijosss
Sério, se eu me apaixonar uma vez na vida já é milagre (e já aconteceu o que provavelmente não vai acontecer mais e vou virar uma velha com 27 gatos). Não que não exista caras que me chamam atenção, porque eles existem, mas meu interesse neles não duram muito. De qualquer forma, adorei seu texto. Também crio historinhas em minha cabeça, só que com meus ídolos (porque não existe ninguém da minha realidade que seja tão legal quanto eles haha).
ResponderExcluirPRIMEIRAMENTE preciso dizer que gargalhei tão alto lendo o comentário de Analu que, no meio do horário do almoço, literalmente todo mundo parou pra me encarar e eu fiquei roxa de vergonha. Tá.
ResponderExcluirSobre o post, Anninha, eu te entendo tanto, mas taaanto... É aquela coisa de olhar um estranho interessante na rua e já imaginar como seria ser casada com ele. Mas, a pior parte nem é essa, não. Pra mim, a pior parte é depois de tantas invenções, se perguntar se, algum dia, alguma delas pode acontecer de verdade. Sério. Me torturo demais às vezes pensando nesse tipo de coisa. "Será que eu já cruzei com o amor da minha vida por aí? Onde? Será que nos veremos de novo?" e outras neuras. Vontade de apertar o botão de off dessa parte do cérebro.
Beijo!
A irmã do Tom tem muita razão nesse comentário e eu concordo com ela desde a primeira vez que assisti ao filme, BUT acho que nunca vou parar de ter essas paixões. Até porque... quem resiste a um cara com barba e cara de comunista? Aqui no Chile isso não acontece muito, mas meudeus, em Floripa... é uma paixão nova a cada viagem de ônibus. Só é ruim quando no terceiro minuto você descobre que ele é gay (muito frequente na capital catarinense) =(
ResponderExcluirQue texto mais eu! Até publiquei um post no blog sobre um carinha que vi na livraria... E nunca mais, hahah.
ResponderExcluirMas eu sou dona de ter amores de cinco minutos. Minhas almas-gêmeas são um pouco diferentes normalmente: Magrelos, morenos, com vestígios de barba, cara de bobo e sorisso bonito. Se tiver sorriso bonito, eu marco o casamento!
Ás vezes encontro amores na minha rotina, também, e todos os dias dou uma olhadinha só pra ver se ele continua lindo, hahah.
Mas até agora isso não me incomodou nem um pouco. Antes amores que não chegam a existir que amores que duram e doem, né? Pelo menos por enquanto.
=*
Concordo com vc.Sou daquelas que se apaixonam por histórias e perfis de Facebook.Mas acredito que essas paixões de '5 minutos' são importantes para que possamos sair um pouco de nossas rotinas torturantes.
ResponderExcluirHaha, todo mundo se apaixona por cinco minutos e sim: considero normal. Também li Jane Austen e sei bem como é. O problema é que queremos multiplicar por mais cinco, mais dez...!
ResponderExcluirBeijo Anna.
O comentário da Analu maluca - aliás, os comentários da pessoa SEMPRE arrasam nos seus posts e me fazem chorar de rir, você se lembra do episódio do post das bolinhas, né? - Enfim, os comentários da nossa amiga mafiosa/atriz/estudante/ninja só não roubaram a cena do teu texto porque você é muito boa nisso e eu sou sua fã. Gente! Se a Folha não te contratar ou a Veja não trocar a Boscov por você... eu JURO que mando uma carta constrangedora gongando muito.
ResponderExcluirVamos lá. O assunto do post. TODO SANTO DIA eu tenho paixão de 5 minutos por alguém no ônibus. Porque pensa comigo. Você está lá, sentada - ou em pé suando, mas olha o foco -, ouvindo "Velha e Louca" e se sentindo poderosa de morrer mesmo sem o batom vermelho, aí chega um barbudinho de all star com sorrisinho de canto? QUEM NUNCA, MINHA GENTE! Impossível não ficar idiota pelo cara.
Mas tirando o humor da coisa, eu percebi uma certa melancolia nas tuas palavras. E me identifiquei muito com elas, de verdade. Porque tem dia que você quer parar de VIVER em nuvens e ENGOLIR as nuvens feito algodão doce de uma vez, se é que você me entende. E, cara, vai chegar. Confia em mim.
Um beijo, florzita <3
Meu Deus, que medo do tamanho do meu comentário.
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