Ou: sete personagens que eu gostaria de ser
Esse post faz parte da Blogagem Coletiva do Rotaroots, grupo criado para reunir blogueiros de raiz que sentem falta da blogosfera moleque e pé no chão. Para participar, junte-se a nós no grupo do Facebook mais cheio de nostalgia que já se teve notícia e coloque seu link no rotation. O tema desse mês é: personagens que eu gostaria de ser.
Talvez eu seja literal ou perfeccionista demais, mas pensar em personagens que eu gostaria de ser se mostrou uma tarefa bem mais difícil do que eu imaginei quando li as blogagens coletivas do mês lá no Rotaroots. Isso porque, como eu disse, acabo me deixando levar pro lado literal da proposta de efetivamente ser outra pessoa, e aí os meus defeitos e infortúnios me parecem bons demais pra eu bancar a ideia de ter que lidar com outros esqueletos de outros armários. Eu não sou uma pessoa perfeita, minha vida não é um conto de fadas, mas pelo menos as pedras no caminho já tem o meu cheiro e o formato do meu pé.
Acho que muita gente teve essa mesma dificuldade inesperada, porque vi muitos participantes adaptando a proposta para algo menos intenso ou imersivo. Pensei em fazer isso também, mas descobri cá com meus botões uns pares de gente que se eu não estiver disposta a trocar de vida, cabeça e corpo, pelo menos me inspiram para ser uma pessoa melhor ou algo nesse sentido.
1) Hermione Granger (saga Harry Potter)
Acredito que a personagem fala por si só, mas deixa eu desenhar pra vocês: pra início de conversa, a Hermione é bruxa. Isso significa que, aos onze anos, ela recebeu uma coruja na casa dela e se matriculou em Hogwarts - coisa que eu espero até hoje que aconteça comigo, vai que essa coruja saiu da China ou foi retida na receita federal, não é mesmo? Além de estudar em Hogwarts e ter acesso a todo aquele universo maravilhoso que é o mundo da magia, Hermione é a melhor aluna daquela escola, e a determinação com que ela conduz todos os setores da vida vida não seria um traço que eu reclamaria. Ela também faz parte do trio mais legal do mundo e é o futuro amor da vida de Ronald Weasley, com quem vai ter filhos ruivos. Ela passa as férias na Toca, já leu Hogwarts - Uma História, tem um vira-tempo, consciência social e uma coragem para lutar pelo que acredita grande o bastante para deixar o mundo e as pessoas que conhece para trás para defender tudo isso e estar do lado dos amigos. Melhor pessoa do mundo.
2) Elizabeth Bennet (Orgulho e Preconceito)
Acho que a única coisa mais clichê do que querer ser Hermione Granger é querer ser Lizzie Bennet, mas bear with me: eu sei que ser mulher, ainda mais pobre, nos séculos XVIII e XIX não era a melhor coisa do mundo. Se está difícil para nós, imagine só para a menina Lizzie. E talvez seja isso que me faça gostar dela mais ainda, porque ela tinha consciência da situação feminina no seu tempo e estava disposta a abraçar a realidade de tia solteirona se não fosse para viver com um homem e usufruir desse benefício por motivos de amor verdadeiro. Um amor verdadeiro que, no caso dela, atende por Fitzwilliam Darcy. Por mais maluca que seja a vida doméstica dos Bennet, eu ia gostar de saber o que é ter uma família enorme e muitas irmãs, assim como sonho com bailinhos, vestidos brancos de linho e troca de olhares pelo salão.
3) Leslie Knope (Parks and Recreation)
Ano passado fiz um trabalho de Psicologia onde tinha que falar sobre perfis de liderança (pois é) e um deles era um cujos detalhes me faltam agora, mas descreviam uma pessoa com potencial para fazer coisas grandes, mas que estava confinada num espaço ou posição que não permitiam esse crescimento. Usei a Leslie como exemplo porque ela começa a série trabalhando departamento de parques da prefeitura de uma cidadezinha bizarra de Indiana, onde meio que ninguém se importa com o departamento de parques. Mesmo assim, ela acredita muito nesse trabalho, e trata qualquer inauguração de balanço como uma nova carta de direitos do homem e do cidadão. Ela não acredita só no trabalho como ela acredita nela mesma, nas pessoas ao seu redor e no poder dos indivíduos mudarem o mundo por meio da democracia, e faz de tudo para mudar para melhor qualquer pedacinho de mundo ao seu redor. Quando crescer quero ser essa mulher.
4) Ferris Bueller (Curtindo a Vida Adoidado)
Queria ser o Ferris porque ele é um cara legal e tranquilo, e queria muito saber como é isso sabe, qual a sensação. Eu faço o possível para me divertir e relaxar quando eu posso, mas tenho muito mais de Cameron Frye em mim do que gosto de admitir para as pessoas. Queria ser o Ferris para ver como é ser a alma da festa uma vez na vida e saber me divertir da forma como ele faz. É claro que eu adoro passar o dia inteiro lendo ou vendo televisão, mas seria interessante saber como é invadir um desfile no centro de Chicago e cantar Twist And Shout para milhares de pessoas.
5) Blair Waldorf (Gossip Girl)
Aqui vai a maior licença poética de todas, porque estou ciente de todas as falhas de caráter da Blair, dos seus relacionamentos pouco saudáveis e carregados de problemas, da percepção torta e tão diferente da minha que ela tem do mundo, e toda uma cartilha de problemas e peso na consciência que o fato de querer ser a crazy bitch around here trazem. Mas eu queria mesmo assim. Nem que seja por um dia. Ou um mês de folga, para viver como rainha de Manhattan que faz a própria sorte ("Destiny is for losers. It's just a lame excuse for letting things happen to you instead of making them happen") e não abaixa a cabeça pra ninguém, e que além de tudo é podre de rica, tem a melhor coleção de tiaras e sapatos do universo, além do coração de Chuck Bass.
6) Rose Hathaway (saga Vampire Academy)
Outra grande licença poética, porque a Rose vive em perigo e já viu muitas pessoas importantes morrerem, inclusive carregando nas costas a culpa pela morte de algumas. No entanto, ela é uma mocinha forte e guerreira que não deixa de ser divertida e vulnerável e ainda por cima é muito boa no que faz. O que ela faz é lutar, e deve ser o máximo ser badass e encher alguém de porrada.
7) William Miller (Quase Famosos)
Quando penso em Quase Famosos, a vontade imediata é ser Penny Lane, por conta do sonho groupie, o cabelo e a barriga da Kate Hudson. Porém, sejamos realistas: eu não veria vantagem alguma em rodar os Estados Unidos com uma banda de rock nos anos 70 se não pudesse ter a chance de escrever sobre isso por aí. Ser um prodígio do jornalismo cultural apadrinhada por Lester Bangs também não me parece uma má ideia, muito menos a promessa de um espaço na Rolling Stone antes dos 18 anos de idade.