quarta-feira, 16 de abril de 2014

Filminhos da vez #5: requema do Oscar e etc

Pós-Oscar pra mim sempre foi sinônimo de ressaca cinematográfica das brabas. Não sei se é porque eu sempre estou atrasada nas minhas maratonas e acabo tendo que ver os dez indicados em uma semana só, ou se é mesmo uma reação àquela obrigação auto-imposta de assistir aos filmes que me deixa desanimada, mas desde que o Oscar passou tive pouca ou nenhuma vontade de assistir filmes novos. Por isso, março e a primeira metade de abril passaram sem grandes surpresas. O cinema daqui não ajuda muito, e resolvi usar minhas férias para rever alguns filmes que tenho como dever cívico reassistir pelo menos uma vez no ano, como é o caso de Elizabethtown, Curtindo a Vida Adoidado e O Poderoso Chefão. Coisa de gente doida. Pelo menos consegui terminar Breaking Bad e me atualizar na maioria das séries que negligenciei por conta de Breaking Bad. 

No mais, esses são os outros filmes que andei vendo nos últimos tempos: 

Questão de tempo (Richard Curtis, 2013): Eu não esnobo o cinema americano, de forma alguma, mas me sinto obrigada a reconhecer que os ingleses dão um banho em se tratando de comédias românticas. Não sei, é um humor e uma pegada totalmente diferentes, e eu gosto bem mais desse estilo. O Richard Curtis, além de dirigir, também escreveu esse filme. Se vocês não sabem, foi ele que escreveu Notting Hill, Bridget Jones, Quatro Casamentos e Um Funeral, Love Actually e outros romancinhos que amamos, então já era mais ou menos certo que esse filme seria muito ótimo. E eu amei tanto! É uma história que mistura romance com viagens no tempo sem ser ridículo, onde a ficção científica aparece como um detalhe que ninguém se dá ao trabalho de ficar explicando demais porque ninguém se importa mesmo.  No fim, temos um casal adorável, uma relação pai e filho que obviamente me fez chorar, Domhnall Gleeson sendo o boy next door ruivo que eu sempre acreditei desde a época de Harry Potter, e uma mensagenzinha final dessas que aquecem o coração sem ser piegas. 

Romance (Guel Arraes, 2008): Tenho vontade de assistir a esse filme basicamente desde que ele foi lançado, não sei porque demorei quase sete anos pra concluir algo tão simples. Talvez essa idealização de anos tenha estragado um pouco a experiência, mas acho que um romance protagonizado pelo Wagner Moura e a Letícia Sabatella é o tipo de aposta certa que você pode fazer sem muito medo de dar errado. Mas dá errado e não é pouco. Detestei o filme. Não sei o que aconteceu, mas não consegui levar o casal principal a sério e o excesso de teatralidade do texto, mesmo que seja parte da proposta, não me agradou nem um pouco. O filme é cheio de metalinguagens e a ideia de adaptar Tristão e Isolda pro sertão de Lampião é tão certa e sensacional que até agora não entendi por que odiei. 
Blue Jasmine (Woody Allen, 2013): Não sei se foi porque assisti ao filme ainda abalada pelo embate Woody Allen - Dylan Farrow e o mindfuck provocado por tantas histórias não comprovadas tirou meu foco, ou se eu estava esperando mais do que deveria, mas achei esse filme um grande whatever. O pior é que nem consigo apontar o que poderia ser melhor e o que eu não gostei, foi simplesmente um filme que não me causou reação alguma (tirando a parte da impressionante atuação da Cate Blanchett), e os filmes do Woody Allen sempre me enchem de reações. Assisti, virei pro canto e dormi pra acordar no outro dia sabendo pouquíssimo do que se tratava. Talvez eu o reveja daqui um tempo e consiga formar uma opinião sólida a respeito mas por enquanto: sei lá, tanto faz.

Enough said (Nicole Holofcener, 2013): Eu nunca vi Seinfield e nunca vi The Sopranos, assim como nunca tinha visto um trabalho com o James Gandolfini (RIP) e a Julia Louis-Dreyfus antes, mas sempre, sempre senti um carinho muito enorme e gratuito pelos dois. Assistir a esse filme foi comprovar que tinha razão dessa simpatia aleatória, porque os dois, ao menos na tela, são uma delícia de se assistir. Eu poderia passar o dia inteiro vendo os dois jogando conversa fora numa mesa de jantar. A gente já viu essa história antes várias vezes (mulher e homem divorciados dando uma nova chance ao amor, com complicações de filhos, ex, yada yada yada), e ele vale à pena justamente por conta do elenco, que faz com que você se apegue e torça de verdade pelos dois, você quer genuinamente que eles sejam felizes. O texto excelente ajuda muito, mas a força de Enough Said está mesmo no elenco. É um filme divertido sem fazer força, com situações hilárias que não forçam a barra em momento nenhum, um draminha de família porque ninguém é de ferro, e ainda tem a Tavi Gevinson fazendo uma participação especial.

S.O.S Mulheres ao mar (Cris D'Amato, 2014): Aquela cilada típica: o filme que eu ia ver estava esgotado, esse começava na mesma hora, já estou aqui mesmo, por que não?  Pra começar, a premissa do filme não faz nenhum sentido já que não dá pra entender o que a Giovana Antonelli foi fazer naquele navio. Depois, todas as personagens femininas são, em alguma medida, machistas e preconceituosas. Pra completar, quem escancara isso são os homens do filme, naquele tom paternalista gostoso que diz querida, para, tá feio enquanto a moça continua a tentar arruinar a amante do marido (ele que trai, mas mau caráter é a outra) com slut shaming e outras recursos bem enriquecedores. O filme é sobre três mulheres, mas escrito por três homens. Hm. Ou seja, aquela comédia bem babaquinha com os mesmos lugares comuns e a mesma perpetuação de discursos preconceituosos que a gente tenta combater, mas é foda. Ia até fazer um post só pra esculhambar o filme, mas os 90 minutos que perdi com ele foram suficientes.

Medianeras (Gustavo Taretto, 2011): Timing é tudo nessa vida, e eu vi esse filme exatamente no dia em que precisava dele. Medianeras fala sobre encontros, desencontros e a nossa solidão nas grandes metrópoles numa época onde é possível fazer tudo sem sair de casa e interagir com os outros. Ele é bem introspectivo e intercala monólogos dos personagens Martin e Mariana contando um pouco sobre suas vidas, pensamentos e fazendo um paralelo constante dos sentimentos com a arquitetura esquizofrênica de Buenos Aires. É um filme que me abraçou com força, me fez querer pegar uma mochila e fugir pra Argentina, ao mesmo tempo que desgraçou minha vida com a redefinição das minhas expectativas irrealistas sobre o amor, que nunca foram baixas. Falei sobre ele lá no Move That Jukebox também. 

Groundhog day (Harold Ramis, 1993): Esse filme passa tanto na TV e eu já tinha visto tantos pedaços aleatórios dele que só descobri que nunca tinha visto o final quando meu amigo me contou o que acontecia. Resolvi, então, vê-lo do início ao fim pela primeira vez, e foi aquela delícia de sempre - a única coisa que se espera de um filme protagonizado pelo Bill Murray com a Andie MacDowell (aliás, pode onde anda?). Ano passado a Superinteressante fez uma lista pouco tradicional com os 101 melhores filmes da história (é uma edição bem legal, vale a pena caçar nos sebos), e Feitiço do Tempo levou o primeiro lugar. "Porque é brilhante ao passar a mensagem mais importante de todas: viva intensamente. (...) A mensagem é tão forte que, um pouco depois de seu lançamento, o The Independent noticiou que líderes de religiões diferentes o apontavam como o filme mais espiritualizado da história. (...) O fato é que Feitiço do Tempo tem uma analogia que é um soco na boca do estômago: nossa vida é assim. Se você não se coçar, todo santo dia será 2 de fevereiro". Tá bom pra vocês?

I am trying to break your heart (Sam Jones, 2002): Esse documentário acompanha o processo de gravação e lançamento do disco Yankee Hotel Foxtrot, do Wilco. O que nem o Sam Jones esperava é que depois de pronto o CD seria recusado pela gravadora, o que faria o Wilco pular fora para, alguns meses depois, lançar em outro selo o disco que acabou sendo consagrado como um dos mais importantes álbuns americanos do início do século. Chupa mundo. Além disso, ficaram documentadas as tretas que culminaram na saída do Jay Bennett da banda, e o último show dele está registrado aqui. É um material muito bacana e rico, filmado em PB, uma pérola para os fanzocos de Wilco. Inclusive, Jeff Tweedy em momentos de fofura com os filhos e a esposa, desenhando caretas na barriga e até vomitando entre as gravações, mas esse último eu achei meio dispensável. 

6 comentários:

  1. Primeiro: eu adoro esses posts, já devo ter falado.
    Feitiço do Tempo! <3 <3 <3 assisti esse filme com meu pai, porque eu acho que nunca nessa casa se falou tanto sobre um filme quanto se falou sobre esse. E no fim, apesar de não esperar, eu super amei. Aliás, o outro filme com tempo no nome eu obviamente amei demais também. Adoro quando filmes passam essas mensagenzinhas bonitas e inspiradoras (mesmo que batidas) sem pieguice.
    Dos outros filmes da lista, vi Medianeras, que é outro filme incrível - apesar de ele ter sido todo meio dolorido e desconfortável de assistir (identificação às vezes é péssimo), o que dizer daquele final maravilhoso feito sob medida pra renovar as expectativas irrealistas, como você colocou?
    Vou ficar com Enough Said na lista. Blue Jasmine tá por aqui faz tempo mas até hoje não tive vontade de ver. E quero essa Superinteressante :( nem sabia que isso existia. Amei a citaçãozinha.
    Beijo!

    ResponderExcluir
  2. Amo Bavinha crítica de cinema, foi a primeira Bavinha que conheci.
    Esse Questão de Tempo eu já devia ter visto. Acho que bateu uma implicânciazinha porque a Rachel McAdams já protagonizou um filme sobre romance e viagem no tempo com essa mesma pegada e eu amava muito a história. Acho que me senti meio traída. Mas algo que vem dos criadores de Love Actually tem que ser bom, né?
    Romance eu vi há anos e lembro que amei, mas não sei hoje em dia. Milena adolescente era bem mais teatral.
    Blue Jasmine não vi porque essa história toda com a Dylan realmente me quebrou. Não consigo mais ver os filmes dele com a mesma paz interior. Pena que não vou conferir a Cate, que devia estar mesmo maravilhosa.
    Nem sabia da existência desse Enough Said mas já quero desesperadamente ver? Nada com a Julia Louis-Dreyfus pode ser ruim. Vi pouco de Seinfield, mas ela tinha uma série só dela há um tempinho e eu adorava perder meu tempo com ela. A mulher é ótima.
    Ai meu senhor esse filme brasileiro nem devia existir!
    Medianeras! Dores no peito e muito choro. Amo esse filme, amo tudo a respeito desse filme. E ele realmente tinha tudo pra me dar uma sacudida, mas acabou me dizendo que posso ficar tranquila que meu amor chegará vestido de Wally. Ai, a ficção...
    Acredita que eu nunca tinha ouvido falar sobre Feitiço do Tempo até agora? Mas já vou correndo ver.
    Beijo <3

    ResponderExcluir
  3. Anna, você sabe que eu pouco sei o que comentar nesse post porque, adivinha, NÃO ASSISTI NENHUM DESSES FILMES, he. E eu lembro que uma vez eu folheei essa Super Interessante e acabei não comprando, mas achei SUPER curiosa a lista de filmes, porque não tinha nada do que eu estava esperando encontrar ali, tipo, os clichês dos melhores filmes de todos os tempos.
    Te amo amiga!
    Beijo <3

    ResponderExcluir
  4. Morrendo que com esse documentário do Wilco! Como assim eu não sabia da existência dele? Procurando agora para baixar...

    E Medianeras é a prova de que, com um roteiro e atores bacanas dá pra fazer um filme mais do que sensacional. Viva o cinema argentino (que vem dando banho no nosso faz tempo)!

    ResponderExcluir
  5. 5 filmes para mim é uma coisa impensável de tão maravilhoso. Nem lembro qual foi o ultimo que vi!! Estou numa ressaca desgraçada há muito tempo e não tenho tempo para me curar dela. Nesse feriado de Páscoa achei que ia conseguir, mas me lembrei que tenho inumeros episódios de inumeras séries para ver :((( PQ VIDA
    Mas ó, dos 5 que tu viu, eu só lembro de Groundhog Day, mas muito vagamente. Acho que vi um dia na Sessão da Tarde. hahahah
    Beijo!

    ResponderExcluir
  6. Me interessei por Questão de Tempo. Baixei Blue Jasmine mas sem muita referência também.

    jj-jovemjornalista.com

    ResponderExcluir