Ou: Anna Vitória, undateable
Não faz sentido nenhum omitir: eu entrei no bar e a primeira coisa que eu fiz foi bater meus olhos nele.
Não faz sentido nenhum omitir: eu entrei no bar e a primeira coisa que eu fiz foi bater meus olhos nele.
O bartender. Ah, o bartender. Ainda é assim que a gente chama os carinhas que ficam do outro lado do balcão preparando as bebidas, né? Sei lá, passo mais tempo no Netflix do que saindo de casa no sábado a noite, e Leslie Knope não frequenta tantos bares assim. Pode ser barman também, mas eu gosto mais de bartender por causa daquela música da Regina Spektor. Ainda vou sentar num balcão, olhar languidamente pro cara do outro lado e, entre suspiros, dizer: come on bartender, won't you be more tender, give me two shots of whiskey and a beer chaser. E olha que eu nem gosto de uísque, muito menos de cerveja.
Mas eu estava falando do bartender: um cara lindinho, de barba, alargador, tatuagens e uma cara de bobo que só eu mesmo pra cair nessas toda vez. Eu entrei no bar e olhei pra ele, talvez ele tenha olhado de volta, não sei, essas dinâmicas me confundem um pouco. E aí que por uma casualidade do destino a única mesa disponível que comportava eu e meus amigos era uma logo em frente o bar, e eu juro que não foi de propósito, mas quando dei por mim já estava sentada de frente pro balcão.
Conversa vai, conversa vem, eu dava umas risadas aqui, umas opiniões exageradas acolá, lia o cardápio inteiro umas dezoito vezes sem conseguir me decidir por nada, e ocasionalmente sentia um impulso de olhar pra ele. E olhava. E às vezes ele olhava pra mim também, ao passo que eu, com toda essa desenvoltura, com toda essa maturidade, com todo esse traquejo social, me punha a observar com atenção as minhas cutículas ou a ler mais uma vez os tipos de porção disponíveis.
O papo estava bom, estava indo tudo muito bem, o lugar estava muito bem frequentado e no fim das contas depois de tanto olhar o cardápio eu pedi uma coisa bem boa, mas vira e mexe batia aquele comichão involuntário de olhar o bartender bonitinho mais uma vez. E eu olhava. E às vezes ele olhava pra mim também. Ele deve ter se divertido bastante com a bagunça que eu fiz com meu sanduíche, ao passo que eu, com essa segurança, com essa presença de espírito, fiquei com medo de sorrir com medo de estar com os dentes laranjas de cheddar.
O papo estava bom, estava indo tudo muito bem, o lugar estava muito bem frequentado e no fim das contas depois de tanto olhar o cardápio eu pedi uma coisa bem boa, mas vira e mexe batia aquele comichão involuntário de olhar o bartender bonitinho mais uma vez. E eu olhava. E às vezes ele olhava pra mim também. Ele deve ter se divertido bastante com a bagunça que eu fiz com meu sanduíche, ao passo que eu, com essa segurança, com essa presença de espírito, fiquei com medo de sorrir com medo de estar com os dentes laranjas de cheddar.
Allison Reynolds absolutamente me representa |
Aí que depois de algumas horas dessa lenga-lenga chegou a hora de ir embora, e pra pagar com cartão era preciso ir até o caixa. Um caixa que oportunamente ficava em um dos extremos do balcão onde marotamente trabalhava o bartender, tão lindinho com uma bermuda rasgada e All Star branco. E aí que por outra casualidade do destino, o moço do caixa achou de bom tom passar umas trinta e quatro notinhas que deviam ter se empilhado a noite inteira ali pra dar baixa logo antes de eu pagar, eu ali encostada no balcão olhando o bartender bonitinho de rabo de olho, ele que às vezes olhava de volta pra mim também. E numa dessas trocas de olhares tímidas e desajeitadas, eu que olho mais por falta de controle do que por atitude, eu que devia estar vermelha feito um pimentão, percebi que os olhos dele dessa vez pararam em mim definitivamente. Não tinha mais ninguém em volta. Acho uma delícia quando você esquece seus olhos em cima dos meus. Foi o Chico que escreveu isso, né?
Fingia contar as moedas dentro da carteira quando ele finalmente resolveu se pronunciar:
- Você tá me olhando de um jeito tão estranho.
- Estranho? Eu? Como? Desculpa! Oi!
- É, um jeito esquisito assim (faz uma careta) meio brava, tô ficando assustado.
- Nossa, não, claro que não ajdhakhakhkahf, eu faço careta quando tô distraída, sério, minha mãe diz que eu preciso parar com isso akdhaksfhajfhkajfh, mas juro, nossa, desculpa, não é nada pessoal.
- Sei lá se eu devo acreditar, era uma cara muito sinistra.
- Acredita, sério jhdadkadhad eu não mordo, foi sem querer akdhakdhajd
- Ok, então. - E saiu pra fazer a tequila sunrise que tinham acabado de pedir.
Love will totally be the death of me. Me abraça, Regininha.
Dá um abraço aqui que tô junto com vc, parece que a minha especialidade é ver caras com essas descrição (totalmente perfeitos) e olhar descontroladamente pra ele esperando que ele diga um oi e seja legal, mas a dupla expectativa versus realidade parece que nunca farão as pazes e entrarão em um acordo!
ResponderExcluirVou tatuar esse post em mim, porque essa é a história da minha vida. Pensei que só eu era assim meio anti-social, com um traquejo de fazer inveja a Afrodite; mas você e, pelo que parece, a Evana também são. Sério, to boquiaberta. Tão triste o mundo não ser exatamente como eu fico imaginando na minha cabeça: eu sendo super descolada e indo lá falar com esse cara totalmente perfeito, e não ficando vermelha, sendo totalmente legal e engraçada. Esse mundo das ideias sempre nos decepcionando com essa expectativa x realidade. Poxa.
ResponderExcluirAhahahahahahahahhaha amei!
ResponderExcluirAcho que todo mundo se encaixam nesse post de alguma forma!
Hahahah tive que rir! Essas situações são sempre as mais engraçadas possível (depois, lógico, porque na hora é um desespero).
ResponderExcluir"Minha mãe diz que preciso parar com isso" HAHAHAHAHAHA melhor texto da vida <3
ResponderExcluirO amor prega cada peça na gente.
ResponderExcluirVoltando a comentar nos blogs amigos...
jj-jovemjornalista.com
hahahaha, acontece! e eu quando tô muito distraída começo a falar sozinha (?), na escola mesmo todo mundo fica rindo porque já sabem que eu tô distraída.
ResponderExcluirallison reynolds nos representando 87% da vezes.
beijos!!
Hahahahahahahahaha que história maravilhosa! Isso acontece, né? Eu mesma, que sou míope, já deu muitas olhadas estranhas achando que tava dando A sensualizada, mas no fundo, só estava estranha mesmo rsrs
ResponderExcluirAhahahahaha ai, quem nunca? Bem assim mesmo. E só pela descrição do carinha, meio difícil não ficar olhando.
ResponderExcluirBeijos
HUAHSIUAHSAUI Acontece né Anna!
ResponderExcluirE eu que sempre estou com cara de brava quando na realidade eu tô de boa... aff ninguém merecer ter uma carinha de serial killer. Sem falar da mania de falar sozinha.
Mas eu ri tanto na parte "minha mãe diz que eu preciso parar com isso".
Esse negócio de expectativa e realidade é um saco, queria tanto que o meu cérebro parasse de fantasiar algumas situações que nem tem como acontecer :( Mas um dia vai dar certo! :P
Troca de olhares uma furada anunciada, mas é tão bom. E sempre as expectativas ferrando com a realidade, a gente acostuma.
ResponderExcluirVocê escreve de uma forma muito dinâmica. No início achei até que fosse um conto, com tantos paralelos (netflix <3) e referências musicais. Depois, percebi que era de verdade, e me diverti com a história. Mas o final, esse sim. Morri de rir no final kkkkk Com todo respeito, é claro. Acredite, acontece com as melhores pessoas. Acontece.
ResponderExcluirobs: Vejo que você está lendo A Vida como ela é. É sensacional. Depois me diga se gostou.
ANNA VITÓRIA DO CÉU SAHUISHJOAPHSASIHJAUISHUIAHSUIAHSIUAHSIUAHISUAHUISJAISHAUIHSIAUHSUIAHSUAIHSIHSUIAHSUIAHS MELHOR HISTÓRIA DE PAQUERA QUE JÁ LI POR ESSA BLOGOSFERA.
ResponderExcluirAi amiga, que frustração HAHAHAH <3
AFF ESSE BLOGGER TÁ COMENDO MEUS COMENTÁRIOS ¬¬ ódio eterno.
ResponderExcluirEssas situações de flerte exercem um traquejo social que não sei mais lidar também. HAHAHAH Pelo menos rendeu uma boa crônica, né?
beijos <3
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA Eu fui lendo e pensando ''mas quem nunca?'' Só que seu final foi ainda mais sensacional kkkkkkkkkkkkkk
ResponderExcluirÉ muito dificil paquerar hoje em dia, os sinais errados que eu nunca sei mandar.. hahaha
Eu sempre olho estranho pras pessoas por conta da miopia (eu só saio pra balada e afins sem oculos e nao uso lente ENTÃO AVALIE A SITUAÇÃO com calma) rsrs te entendo um tanto..
Amo essa musica da Regina!
Beijo, flor.
https://www.facebook.com/Canseeideinventar
amo/ sou "flertar" com alguém a noite toda e sair do lugar sem que algo aconteça </3
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirImagina a cara que vc estava olhando pro moço hahahahahaha
ResponderExcluirMelhor história ever!
Eu provavelmente não deveria ter rido, mas, desculpe!, eu ri. Ri e me identifiquei, pois sou exatamente assim, um poço de malemolência e sedução dos barzinhos e baladas. Acho que estou seduzindo, mas de fato estou afugentando a platéia, huahua!
ResponderExcluirMe abraça e não solta nunca mais porque se depender das nossas habilidades flertísticas, nossos churrascões estão demais de comprometidos.
ResponderExcluirAmando com todas as estrelas do universo esse post <3
(dando uma de Analu, ele deve te amar. ela sempre acha que todo mundo me ama, é o máximo)
Beijo <3
AHHAAHAHAHAHAHAHAHA Gente, amei isso. Me identifiquei demais.
ResponderExcluirEsses dias fui numa festa e bati um olho num guri e não consegui mais desgrudar. Mandei uns aleatórios irem pastar sem nem uma olhadinha, porque é óbvio que meu olho ficava desesperado procurando o moço.
No final, eu vi ele com outra. Mas mesmo com a outra, eu pegava ele me olhando também. Ou se não era isso, era um timing muito do ruim. Acabou que eu fiquei brincando com o jogo mental de "olha mais uma vez que eu vou falar contigo", só pra poder me auto-sabotar quando ele não olhou. Ou olhou, e eu não pesquei.
Mas podia ser pior, ele podia ter vindo falar comigo e ter dito "que séria", "que cara brava" e outros etecéteras que eu já cansei de escutar.
A vida tem dessas coisas.
E eu nunca vou me acostumar.
Gente, eu li o texto quando você postou, pelo celular, e esqueci de mimar, mereço muitas botinadas. E que que é isso, 21 mimos! Você é pop, meu blog está às moscas.
ResponderExcluirAmiga, você sabe que eu super te entendo, porque eu ~seduzindo~ tenho o dom de sair do meu corpo, observar a cena de fora e morrer de vergonha alheia-de-mim-mesma. E sabe que eu nunca tive essa pira com os bartender? Nunca lembro de olhar pra eles, prefiro pesar em volta. HAHAHA
Te amo!!
hahahahahahahahaha genteee, esse final, que ódio desse bartenderrrrrrrr *pegando a faquinha e correndo atrás dele*
ResponderExcluireu me identifiquei DEMAIS com você nesse texto, sério
primeiro: regina spektor ♥
segundo: tmb não curto cerveja
terceiro: timidez, pensamentos aleatórios e perturbadores que nos fazem crer que estamos com cheddar no dente, desespero, não saber o que fazer com as mãos, olhar o cardápio vinte vezes...
aiii que texto leve, amei
cotidiano, sem nhénhénhé, apenas uma mistura de confusões muito bem escritas, com as quais eu me identifiquei de cara :}
www.pe-dri-nha.blogspot.com
rir da desgraça alheia é um dos melhores prazeres da vida. pode rir da sua desgraça? bom, de qualquer jeito, adorei a música da Regina e a Allison, queridinha que eu acabei de conhecer. :* <--- isso é um beijo, né?
ResponderExcluirThis is real life???? Esse post me representa. Essa sou eu, toda feminista, toda cheia de opinião, mas quando encontro um cara bonitinho, PUF, parece que virei uma menininha de 13 anos, apaixonada, que não consegue dizer nem um 'oi'. E quem disse que a vida ajuda? Nãããão, ela tem que acabar com nossas expectativas da pior maneira. Esse universo é sarcástico e adora rir da gente.
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