domingo, 30 de janeiro de 2011

Estar perto não é físico

Gosto de cinema brasileiro e fico muito feliz quando vejo que este ultimamente tem saído do lugar-comum, apostando em estilos e temáticas diferentes e se dando muito bem. Ano passado saí da sala de cinema encantanda com "As Melhores Coisas do Mundo", e minha tarde de domingo foi surpreendida com o belo "Os Famosos e os Duendes da Morte". Ambos são filmes jovens e sensíveis, mas cada um à sua maneira. Enquanto o primeiro é alegre, leve, mas sem ser superficial, o segundo é denso, melancólico, extremamente introspectivo e muito, muito bonito.

"Os Famosos e os Duendes da Morte" conta a história de um garoto que, na internet, adota o codinome de Mr. Tambourine Man - inspirado na canção de mesmo nome do Bob Dylan, que é seu grande ídolo - e vive numa colônia de alemães no Rio Grande do Sul tendo certeza absoluta que lá não é seu lugar. Ele se sente deslocado, perdido, incompreendido e ao mesmo tempo que deseja o isolamento, não deixa de sofrer por causa dele. Sentimento bem adolescente esse, de querer ser diferente mas ao mesmo tempo precisar se adequar. A internet é o lugar que ele encontra pra poder ser ele mesmo, e o faz através dos textos tristes e meio nostálgicos que posta em seu blog. Conversando com uma pessoa não identificada no MSN, fala constantemente sobre querer fugir dali. Se a fuga é para o show do Bob Dylan que acontecerá no Brasil (o filme se passa em 2008, quando o cantor veio pra cá) ou então para a morte, como tantas outras pessoas da cidade recorreram, pulando da ponte de ferro, acho que nem ele sabe.

Além disso, ele é obcecado por vídeos de dois personagens bem misteriosos, um homem e uma garota que é a cara de Betty, que não vou revelar a identidade pra não estragar o clima da história. Como já disse, é um filme bem introspectivo, portanto, não assista esperando por grandes acontecimentos. Assistí-lo é como mergulhar naquela melancolia bonita do personagem, e o filme, bem onírico e sensorial, mistura realidade com sonho e delírio de um jeito que chega a confundir, vez ou outra, mas creio que essa fusão faz parte da proposta.

Posso estar maluca, mas o filme não deixou de me lembrar, ainda que meio de longe, "As Virgens Suicidas", da Coppolinha linda. Ambos são jovens, visualmente lindos, falam de suicídio e são essencialmente melancólicos ao mostrar o lado obscuro, confuso e angustiante da adolescência.

O diretor é Esmir Filho, e talvez vocês não liguem o nome à pessoa, mas ele dirigiu também o clássico Tapa na Pantera (quem não viu, veja, é brilhante). O processo de produção do filme foi bem inusitado, já que ele foi baseado num livro homônimo de Ismael Caneppele (que no filme atua como o homem misterioso do vídeo) que foi sendo escrito enquanto o filme era feito. Explico: o projeto nasceu de um começo de livro, que se desenvolveu junto com o filme, fazendo nascer, no final, um livro de um filme e um filme de um livro, ao mesmo tempo. Além disso, a maior parte do elenco é composta por atores locais, da cidade de Estrela - RS, e a linda linda linda trilha sonora, com deliciosas canções folk, também é responsabilidade de um cantor da região, Nelo Johann. Além das canções dele, claro, temos também Mr. Tambourine Man, do Dylan, que não podia faltar.*

Achei o filme animal e gostaria de dizer que todo mundo vai achar também, mas isso não é verdade. Se você não é fã de filmes mais densos e subjetivos, melhor não assistir, pois só te faria pegar uma má impressão de um trabalho tão bonito; gosto é gosto, vá de "As Melhores Coisas do Mundo" e termine cantarolando "Something". Mas se você gosta, se interessa por cinema, e quer conhecer uma nova face do cinema nacional, faça essa favor à você mesmo, assista, e termine o filme cantarolando, que nem eu, "Hey! Mr Tambourine Man, play a song for me, in the jingle jangle morning I'll come followin' you..."

* Informações retiradas do Na Minha Rolleiflex.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Gongue o clipe

Hoje Chico me arrancou da cama cedo: resolveu que ia se comunicar com toda a cachorrada da vizinhança, latindo como se não houvesse amanhã. Gracinha. Fui ver tv e acabei no Multishow, canal que vejo de vez em nunca mas que estava passando um programa interessante, pena que estava acabando. Quando terminou, começou o TVZ, programa de clipes. Mais por inércia do que qualquer outra coisa fiquei ali assistindo, até porque passaram alguns clipes da minha época, ou seja, fase 10-12 anos em que eu via Disk MTV todo dia. Não pude deixar de elaborar certas impressões pelo que vi e como não tenho nada melhor pra fazer, vou dividí-las com vocês. Se gostarem, pode até virar uma tag fixa por aqui, que tal?

(Não achei nenhum vídeo com qualidade boa que permitisse incorporação, então, cliquem na foto para assistir no Youtube)

The Best Damn Thing (Avril Lavigne): A Avril flopou e eu tenho pena dela por isso. Já gostei bastante, já ouvi muito e confesso que até hoje tem dias que eu acordo meio assim e coloco o "Let Go" pra tocar. Se você foi pré-adolescente na época do sucesso dela, sua experiência não foi completa se você não ouvia "Complicated" e se sentia a pessoa mais injustiçada do universo, ou então queria ter um caso de amor que nem em "Sk8er Boy" ou um blog chamado "My World". Minha impressão é que a Avril Lavigne regrediu do primeiro ao último cd. Eu gostava mais dela vestindo roupas de menino, andando de skate e passando maionese no cabelo (eu li na Capricho que esse era o segredo dela), era legal, todo mundo queria ser assim, e era condizente com a idade. Só que aí ela cresceu e continuou fazendo a mesma coisa, se não fazendo coisa pior. Ela nunca foi exímia letrista, mas "odeio quando um cara não paga a conta e eu tenho que usar meu dinheiro, isso pega mal" tá longe de ser um troço que a gente se orgulhe. E aí esse clipe todo "tenho 13 anos e sou rebelde", a pessoa com vinte e tantos anos na cara fazendo esse tipo de música e se vestindo que nem a MariMoon, não engulo.



Come and Go (Beeshop): Pra quem não sabe, Beeshop é o projeto solo do vocalista da Fresno, Lucas Silveira. Vamos acabar com isso logo: eu já gostei muito de Fresno e eu era quase maníaca pelo Lucas. Eu gostava demais do fotolog dele, pelos textos lindos que ele escrevia (que eu ainda acho lindos) e mais ainda das músicas solo que hoje viraram o Beeshop; e sim, eu ainda ouço Beeshop e gosto, e se ele viesse fazer show sozinho aqui em Uberlândia eu não só iria, como confraternizaria com os emos e ainda choraria durante "Suicide Girl". Falei. Conheço quase desde que surgiu, com gravações caseiras, esquema simples e "Come and Go" nunca tinha sido minha favorita. Quando saiu o cd dele, desgostei da maioria das versões em estúdio, essa principalmente, porque ficou palpável o quão desesperadamente ele quer soar como Copeland, MAE e Anberlin, que são suas maiores influências. Ao invés de parecer que bebeu da fonte, ele soa, no estúdio, como um cover barato. Eu nem gongaria nada se o clipe fosse ele tocando violão, piano e cantando, que é como o projeto funciona melhor. Lucas, vamos repensar essa história.



Careful (Paramore): Não tenho nada contra o clipe. Acho legal esse tipo de vídeo com recortes de shows e momentos backstage, correndo em Paris durante as turnês, esse tipo de coisa feliz, como um documentário curtinho sem depoimentos. Acho bacana. O que me incomoda no Paramore é o fato das músicas serem iguais. Já curti bastante há uns anos, e mesmo quando estava de amores com a banda, tinha dificuldade de diferenciar as canções. As guitarras são meio iguais, as batidas também, os refrões também, e as letras são mais ou menos sobre a mesma coisa, Não sou grande conhecedora, mas das algumas que conheço, posso atestar que, sei lá, 80% delas eu não saberia diferenciar. Isso, meus caros, é um enorme de um problema, porque deixa a imagem que a banda se deu bem com um tipo de coisa e resolveu fazer isso pra sempre, sem mudar nada. Hayley Williams, não é nada pessoal. Eu reconheço que você é bonita de um jeito que dá desespero, você apóia o To Write Love On Her Arms, e dá vontade de picotar o cabelo e pintar de laranja pra ver se esse teu mel pega, mas ó, 2011 tá começando, vamos inovar.



Pyramid (Charice, ft. Iyaz): Eu nem ia assistir esse clipe, porque não suporto esses clipes de hip-hop/r&b/rap/tanto faz que são sempre a mesma coisa: um rap, um rapper pagando de bling-bling, uma moça irritante cantando o refrão e sendo gostosa. Só que o TVZ mostra a letra das músicas enquanto o clipe passa, e eis que encontrei uma pérola. Olhem o refrão e não me digam se esse não é o tipo de declaração de amor que você esperou a vida toda pra ouvir: "Pirâmide que construímos em uma rocha sólida/Parece o toque do céu/Juntos no topo como uma pirâmide". Eu que sou chata ou a metáfora poderia ter sido um tantinho mais feliz? Além da letra, que diz muito, tenho muita aflição dessa Charice, ela parece empolgada de um jeito meio alucinado, como se fosse explodir a qualquer instante.



Hey You (Jonas Brothers): Só uma coisa a dizer: a tag usada para marcar posts idiotas aqui no blog não se chama Jonas Brothers aleatoriamente. Ponto. Só mais uma coisa, eles até que estão bonitinhos, não fosse o óculos pseudo-cool do carinha do meio. Aliás, Camilla Belle, ainda te julgo.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Petit piscadela



Na minha última noite de férias em São Paulo fui ver a banda do meu tio tocar no Sesc Consolação. Cheguei lá mais cedo, e no que fiquei zanzando por ali até dar a hora de entrar, vi um mini-cartaz na bancada da recepção e quase caí das pernas: "THIAGO PETHIT CANTA LOU REED - 18/01 - 21H". Demorou um tempo até eu sacar que sim, aquele dia era terça, dezoito de janeiro, e sim, o Thiago Pethit estaria ali cantando Lou Reed ao mesmo tempo que eu estaria numa outra sala ouvindo "Luz do Outono" ao vivo pela primeira vez na vida.

Acho que a maioria nunca ouviu falar do sujeito, então deixem-me esclarecer: Thiago Pethit é um cantor paulista gracinha, que canta coisas gracinhas e que faz um som que é uma mescla de Beirut, Tom Waits, Leonard Cohen e muito amor, por mais inusitado que possa parecer. Além do seu trabalho solo, Thiago canta também no conjunto Novos Paulistas, junto com Tiê, Tulipa Ruiz e mais uma galera dessa nova geração de músicos nacionais. "Conheci-o" na época do lançamento do seu primeiro cd, "Berlim, Texas", no ano passado, e desde então foi só amor, alegria, e muitas repetições de "Mapa-Múndi" no meu Last.Fm.



Passada a pequena apresentação, voltemos ao Sesc e à minha estupefação. Me doeu um pouco por dentro não estar naquele show, mas Lestics era de longe a maior estrela da noite e como consolo me lembrei que nunca fui fã do Lou Reed, não estaria perdendo nada. Esqueci o Pethit, fui pro show, tive um momento incrível e na saída nem me lembrava mais de quem estava tocando nas salas próximas.

Depois do show fiquei um tempo na porta do Sesc esperando o pessoal da banda guardar as coisas, jogando conversa fora com os amigos dos meus tios que estavam por ali, lenga-lenga. Percebi que a rua estava bem movimentada e que tinha uma cambada saindo de algum lugar e fui até a calçada ver qual era. Foi então que eu vi: gato, charmoso, bem mais baixinho do que eu imaginava, g-a-t-o, de camiseta preta, jeans e corturno, muito gato, ele. "AIMEUDEUSDOCÉUOTHIAGOPETHIT", disse pro meu primo, cravando minhas unhas no seu braço.

Eu já disse aqui que eu não deslumbrada com artista e que questiono a tietagem. Mas existem casos especiais. Teve o Jon Foreman, e agora Thiago Pethit. Sou groupie, fazer o quê? "Vai lá falar com ele, oras!" disse meu primo, num tom muito mais desafiador e de desprezo do que incentivador. Não, eu não iria. Sei que as groupies de todo mundo vivem sob a rigorosa ética que manda a filosofia do "Só Deus pode nos julgar", mas dessa vez declinei à humilhação. Se ainda tivesse uma amiga companheira, igualmente louca pra trocar com ele dois dedinhos de prosa, até vai; só que meter o bedelho numa rodinha de estranhos em prol da tietagem é cara de pau demais até pra mim. Não, eu não fui lá falar com ele. Ia dizer o quê? "Oi Thiago, beleza? Curto muito você, mas nem vi teu show, te troquei pelo da sala ao lado, beijo"?

Não fui mas fiquei na vontade. Tão na vontade que não conseguia parar de olhar pra ele um minuto sequer. Discreta, fina, mamãe choraria de orgulho: eu, no meio de uma roda de conversa, com a cabeça virada pro lado, encarando um cantor. Olhei tanto que de repente ele olhou pra mim. Olhei tanto que ele piscou pra mim (não sei se foi pra mim, mas eu não olhei pra trás pra ver se era pra outra pessoa). Ele piscou pra mim, eu sorri de volta, ele retribuiu o sorriso e foi isso, fim do nosso flerte fatal.

Thiago, seu lindo, se estiver lendo isso, me manda um e-mail que eu descrevo pra você minha latitude e você me acha no teu mapa-múndi, ok?

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Amy, Amy, Amy

Não lembro que dia foi que acordei, abri o jornal e dei de cara com a srta. Winehouse na capa da Ilustrada e um André Barcinski bem irritado, resenhando seu show em São Paulo e sendo categórico ao classificá-lo como péssimo.

Conheci Amy Winehouse quando todo mundo conheceu, no hype do Back To Black. Me apaixonei pela voz, pelas músicas e não demorou pra que eu estivesse cantando Me & Mr. Jones no banho, fazendo todas as divas do soul revirassem no túmulo por conta dos meus falsetes sensacionais. Quando descobri o Frank, então, declarou-se a paixão, ela até virou estrela de layout aqui do blog, quem lembra? Quando soube que ela viria tocar no Brasil, não me alvorocei como costumo me alvoroçar quando algum artista que eu gosto vem se apresentar aqui e nem tinha alguma razão objetiva pra isso.

Só que eu muito quase fui no show, assim, no susto. Calhou que eu tinha dinheiro pro ingresso sem ter que recorrer à clemência dos meus pais, estaria em São Paulo na data, tinha companhia e com alguma insistência meus pais me liberariam pra ouvir "Valerie" ao vivo. Meu primo estava muito na pilha e eu fiquei com vontade, só que aí eu sentei e esperei a vontade passar. Show da Amy Winehouse nas atuais circunstâncias é o tipo de coisa que pode dar muito certo ou muito errado e não, eu não iria pagar, literalmente, pra ver. E no final acabou que eu estava certa em recear, mas bem que eu não queria.

Eu torci de verdade para que os shows dela por aqui fossem ótimos, inesquecíveis, mesmo eu não estando lá (olha que desprendimento!). Fico muito aborrecida com esse circo que se criou em torno da loucura e da tristeza dela. Sem esse combo talvez não teríamos as ótimas músicas que temos hoje (ou vai me dizer que I Heard Love Is Blind é coisa de mulher equilibrada?), mas também ficar torcendo contra e achando graça dos tropeços da mulher é uma coisa muito podre. Li resenhas de todos os shows dela por aqui, e todas as que li foram idênticas em uma coisa: elas relatavam que a galera fazia farra quando via Amy tropeçando, tomando uns goles, como se eles estivessem ali muito mais pra ver um vexame do que pra ouvi-la cantar.

Pior ainda é pensar que muita gente estava mesmo ali pra isso e nem fazia questão de dissimular. Não defendo a postura desrespeitosa dela ao entregar um show qualquer nota - como foi em SP - pra quem pagou caro pra estar ali, mas tripudiar em cima da desgraça dela não deixa ninguém com mais razão.

Torço pra um dia poder ver, ao vivo ou pelo Youtube, ela arrebentando de novo.


segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Não tenho talento pra boemia

Imaginem essa pessoa que vos escreve numa bruta noite de sexta no fervo da Augusta. Eu sei, quem me conhece só vai acreditar com fotos ou com uns flyers que eu peguei por lá, já prevendo a incredulidade geral da nação. A história é que um amigo do meu tio ia tocar com a banda dele num clube de lá e nós resolvemos ir pra prestigiar.

Meus pais deveriam fazer um altar pra mim em casa, passar o dia de joelhos ou então uma semana inteira me abanando e alimentando com frutas frescas em profundo agradecimento ao fato de que todoas as minhas - poucas - aventuras noturnas só serviram pra uma coisa: me mostrar que eu definitivamente não sou de tipo balada. Eu até gosto bastante de sair pra dançar, mas as circunstâncias, o ambiente, o meu clima, tudo tem que estar muito em harmonia pra me fazer sair de casa e embarcar numa dessas. Minha party fica no sofá da minha casa ou no de algum amigo, na minha cama, balada do El-dredon, e no máximo na mesa de algum restaurante que sirva comida boa e/ou bem calórica e errada.

Sendo assim, andando pela rua Augusta eu me sentia bem deslocada. Aquele lugar numa sexta-feira fica chapinhado de pessoas que parecem saídas direto do Tipos de Hipster, destoando totalmente do meu humor e visual de quem claramente não queria estar ali: sapatilhas baixas, boyfriend jeans, coque desgrenhado e só um batom colorido pra não pensarem que eu tinha acabado de sair do esquenta da noite de quinta. Entretanto, quando me meto numa dessas sem muita escolha, acabo aproveitando pra transformar a situação numa experiência antropológica e ficar observando os personagens da noite e pensando o que raios deu errado comigo que não sou que nem todo mundo da minha idade que veria naquela noite uma oportunidade única para a noitada da vida. Ou o que deu certo, dependendo do ponto de vista. Desde pequena não sou fã do agito e mamãe sempre dizia "espere até você ter idade" e, pois bem, a idade está aqui e enquanto eu estava lá "curtindo" só pensava que poderia estar em casa vendo Dexter.

No final das contas quando finalmente conseguimos entrar, eu e meu primo fomos barrados por conta da idade. O cara não estava muito afim de ouvir que estávamos com responsáveis e que fomos liberados pelo próprio dono daquele Inferno (ó ironia). Educada e graciosamente nos retiramos e seguimos rumo a uma verdadeira party, para que a noite não fosse de todo perdida: três e meia da manhã num restaurante retrô, total Jack Rabbit's Slim, comendo o cachorro quente mais brutal e delicioso da minha vida com o maior e mais calórico milkshake de creme de todos os tempos. That's what I was talking about!

E ainda teve season finale de Dexter quando voltamos pra casa. Até que não foi uma noite ruim.


sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Qual é o filme?

Pulp FictionHá alguns anos atrás descobri um jogo mágico e viciante, o What The Movie. A proposta é absolutamente simples, mas não deixa de ser desafiadora: o site te dá um snapshot, ou seja, um frame de algum filme e a partir dele você tem que dizer de qual filme se trata. Parece fácil quando você pensa em imagens óbvias e reveladoras, mas a porca torce o rabo quando coisas extremamente abstratas e abrangentes, como o céu, um carro na estrada ou a nuca de um personagem aparecem e parecem olhar pra você dizendo decifra-me ou devoro-te.

PsicoseSou realmente obcecada e praticamente escrava do jogo. Alguns snapshots me incomodam tanto que chego a sonhar com eles. A princípio parece meio difícil adivinhar todos os filmes, mas com alguma prática, boa observação e um chutômetro razoável, dá para decifrar filmes por vários elementos, como a fotografia, alguma referência marcante no quadro e algumas certezas que se você adquire, como por exemplo, sempre que o snapshot for no espaço, em 99% das vezes o filme será Star Wars, ou 2001, ou Star Trek ou Blade Runner.

Maria AntonietaAo acertar o snapshot você marca pontos e pode ir acumulando alguns tesouros, ícones de participação em algumas campanhas especiais que o site faz de quando em quando, e também pode acessar desafios temáticos que rolam vez ou outra também, como por exemplo snapshots apenas de reflexos e coisas assim. Não fico muito na pilha dessas formalidades, gosto mesmo é de ficar adivinhando os filmes e salvando snapshots, mas o Pedro joga comigo e adora essas coisas.

Onde Os Fracos Não Tem VezRecentemente o site lançou uma nova seção animal que nos deixou realmente vidrados, o Draw The Movie. A proposta é que os usuários desenhem, fotografem, criem seus próprios snapshots. Pode ser de alguma cena do filme ou alguma referência bem cascuda que só nerds cinéfilos e pessoas com muito tempo de sobra para pensar sobre elas (oi) conseguem descobrir. Além do desafio extra que a seção representa, porque alguns trabalhos são realmente difíceis de serem adivinhados, há o fator diversão extra que é ver a quantidade de coisas criativas que as pessoas postam. Sair do óbvio é a chave e não tem nada mais divertido do que perder muito tempo navegando por infinitas referências cinematográficas inusitadas; sem falar que adivinhar as difíceis leva àquela massageadinha no ego que a gente nunca recusa.

CloserO Iluminado
Laranja Mecânica2001
Recomendo para todo mundo que adora cinema, está de bobeira nas férias ou de molho em casa por causa da chuva em São Paulo, tipo eu.

*As imagens do post foram todas retiradas do próprio What The Movie e são alguns dos meus snapshots favoritos, se você é curioso(a) basta clicar na foto para saber de onde elas vieram.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Só pra registrar

Vim com meu primo pra São Paulo, de ônibus, na madrugada de segunda pra terça.

Acordei do cochilo mais pesado de toda a noite com ônibus parado. "Que bom, chegamos!", pensei. Ha. Ingênua. Olho pela janela e vejo vários carros parados. "Ok, entramos na marginal e tem trânsito. Ok.", pensei. Ha. Ingênua. Quando abro a cortina pra de fato ver o que está rolando, percebo que ainda estamos na Bandeirantes. Os muitos carros na rodovia não estão só parados, mas os motoristas já saíram, sentaram no capô, no acostamento, e não parecem muito felizes. Nunca assisti Fim dos Tempos, mas lembro que no trailer tem uma cena onde todos os carros estão parados, uma fila enorme. Às 6h30 da manhã de terça a rodovia dos Bandeirantes não deixava nem um pouquinho a desejar do fim do mundo.

Ligamos pro meu tio na cidade e ele diz que o cenário é algo meio Madrugada dos Mortos. Ele tentou sair pra nos buscar, não conseguiu chegar na marginal de jeito algum e estava tentando voltar pra casa. Meu pai - freaking out - ligou minutos depois dizendo da chuva que caiu, do caos das ruas, da falta de acesso e toda aquela coisa que só significava que a gente não sairia dali tão cedo. Imediatamente me veio um flashback da noite anterior, Pedro e eu muito desencanados de descer no Graal pra comprar comida, o eco de mim mesma dizendo, "Não tem necessidade, a gente vai acordar lá e nem vai dar tempo de comer!". Ha. Ingênua. Não tenho problema com esperas longas, não sou dessas que não manda na própria bexiga, mas sou dessas que não sabe lidar com o próprio estômago.

Liguei pra minha mãe que estava dormindo, bonitinha. Dei graças aos céus por ter uma mãe tão tranquila e serena como a minha, já bastava meu pai e minha avó me ligando a cada minuto pra saber novidades, sendo que a única coisa que avançava eram as páginas do meu livro. Estava quase ao ponto de atender e dizer "Então vó, a Laura acabou de aparecer na loja do Rob e eles foram pro apartamento discutir a ex-relação deles", ou quem sabe "Oi pai, troquei o cd do Spoon pelo do Wilco, estou na segunda faixa do Yankee Hotel Foxtrot, e você, como vai?", pois eram realmente as únicas novidades por quase duas horas.

A rodoviária estava caótica e ainda por cima tínhamos uma bagagem razoável. Porque a pessoa que vos escreve se apaixona por um conjunto de malas vermelhas e se acha importante demais pra carregar uma prática mala de rodinhas preta, e paga por isso tendo que carregar o adorável conjunto terminal do Tietê adentro, já que o primo está também lotado de coisas, incluindo jogos de tabuleiro e um violão sem capa. A coisa começou a melhorar quando finalmente sentamos pra comer. Mamãe ligou e disse para sentarmos num café. Ha. Ingênua. Procuramos o lugar mais hard core possível e nosso desjejum nutritivo foi constituído por baguete, calabresa, mortadela e 500ml de soda limonada. Melhor que isso só se encontrássemos um Big Kahuna Burguer por lá.

A solução mais prática para sair dali era de metrô. Sim, estaria lotado. Sim, estávamos cheios de malas. A fila para comprar o bilhete estava grande, mas era um grande compatível e esperado devido ao caos do lugar. Paramos meio segundo e no intervalo em que pousamos as malas no chão e olhamos um pra cara do outro pra ver se rolava, nem um segundo a mais ou a menos, a fila cresceu, fácil, umas quatro vezes. Ha. Ingênuos. Situação mais desesperadora só no show do Paul McCartney, em que o fim da fila era tão longe que quase não existia. Encaramos e até que andou rápido. Foi nessa hora que o dia começou a nos sorrir novamente, já que, milagrosamente, o metrô estava vazio e a viagem foi bem tranquila. Ruim foi subir todas as escadas da estação Sumaré com as malas, mas naquela altura em que eu já nem sentia os nós dos meus dedos o que eram 50 degraus?

Carro, casa, sofá, comida, Friends, banheiro, sono e eu era uma nova pessoa. Depois de ontem, prometo que nunca mais arrumo mais malas do que conseguirei carregar e não saio de casa sem algo pra comer na bolsa, ainda que sejam balas menta.

(Ha. Ingênua.)

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Das poucas páginas de 2010

Não sei se vocês repararam, mas pulei as retrospectivas de 2010 sem pensar duas vezes. Nem ao menos falei de livros e filmes, que gosto tanto, e o motivo é um só: li pouquíssimo em 2010, me envergonho disso e não queria que ninguém soubesse. Simples assim. Só que a Tary me chamou na chincha ao me convidar para fazer o meme da retrospectiva literária e resolvi que era melhor mesmo reconhecer o pouco que li; até porque apesar de poucos, foram sinceros e em sua maioria proveitosos os livros do ano que passou.

Os livros que li em 2010

Antologia de Contos - parte 1 (Machado de Assis); The Catcher In The Rye (J.D.Salinger); Indignação (Philip Roth); Leite Derramado (Chico Buarque); Divã (Martha Medeiros); O Clube do Filme (David Gilmour); Crime e Castigo (Dostoiévski); Bonequinha de Luxo (Truman Capote); Amor de Capitu (Fernando Sabino); O Amor nos Tempos do Cólera (Gabriel García Márquez); On The Road (Jack Kerouac); As Pernas da Tia Corália (Antonio Prata); They Do It With Mirrors (Agatha Christie); Iaiá Garcia (Machado de Assis) e Helena (Machado de Assis).

* Em itálico os favoritos; em negrito os que eu realmente preciso reler.

O casal literário mais fofo

Fermina Daza e Florentino Ariza, de O Amor nos Tempos do Cólera: Florentino Ariza amou Fermina Daza por mais de meio século, amou-a quando ela não sabia que ele existia, quando ela o amou também, quando amou outras pessoas e quando o odiou e quando esqueceu que ele existia. Fermina Daza amou, desamou, esqueceu, odiou e amou de novo Florentino Ariza. Eles viveram uma vida inteira e o sentimento permaneceu ali, tão forte a ponto de ser maluco que eu peço pelo amor de Deus pra ver que isso um dia pode ser de verdade.


Virei a noite lendo

Li pouco em 2010 porque na maior parte do tempo eu estava cansada demais pra ler, por isso nunca terminava os livros, lia duas páginas antes de dormir e já caia morta na cama. Mas como não poderia deixar de ser, o livro que me fez perder a hora e esquecer que no outro dia eu estava de pé às 6h foi uma releitura e não tinha como ser outra: Harry Potter e as Relíquias da Morte.

Soco no estômago

Crime e Castigo: demorei dois meses inteiros para conseguir concluir o livro, e nem é só porque ele é um calhamação russo do peso de um tijolo, mas porque é um livro que me deixou realmente mal. É de longe o livro mais angustiante que eu já li, tanto que lia em doses homeopáticas porque eu ficava mal de verdade, desconfortável, com um peso no estômago e um desassossego que nunca senti antes durante uma leitura. Não sei se ele é realmente um soco no estômago, mas dentre os outros é o que mais se aproxima do conceito.

Aquele em que chorei de soluçar


O prêmio dos olhos marejados vai novamente à releitura de Harry Potter e as Relíquias da Morte. Não li nada de tão dramático ou que me tocou ao ponto de chorar em 2010, até porque não sou dessas que costuma chorar lendo. Só que com Harry Potter fica meio impossível não se emocionar, e apesar de não ter sido um choro torrencial foi o suficiente para pingar e enrugar as páginas e deixar o nariz vermelho, mais uma vez. Ah, e no conto Memória de Natal, presente no Bonequinha de Luxo, cheguei perto de chorar, aliás, agora não me lembro se chorei ou não, mas fiquei bem tocada.

A maior decepção do ano

Amor de Capitu: para quem não sabe, esse livro do Fernando Sabino tem a genial proposta de recontar Dom Casmurro de forma mais imparcial, tranferindo a narração para a terceira pessoa de modo a retirar a tendenciosa voz de Bentinho da condução da história. O problema é que, ao meu ver, ele só não chegou a fazer isso como deixou a história mais parcial ainda, como se tivesse apenas trocado os pronomes da primeira para a terceira pessoa e ponto. Toda a atmosfera de dúvida que paira na versão do Machado (olha a intimidade) praticamente some, e eu sinto a história mais declarada e aberta, de forma a induzir totalmente uma versão dos fatos Odeio ter que falar mal do Fernando Sabino e dizer que, na minha opinião, ele tropeçou, mas se meter com Machado de Assis é uma coisa que dificilmente alguém faria sem errar.

O mais chato

Iaiá Garcia: me sinto injusta ao colocar esse livro nessa inglória categoria, porque foi um livro que li praticamente inteiro durante dois voos de 40 minutos (ida e volta de São Paulo), bem rapidinho e sem maiores dramas. Mas se o comparo a todos os outros que li durante o ano, esse foi o menos empolgante e mais qualquer nota, apesar de ser Machado de Assis. O romance com mais pés no romantismo do autor - e o único com final feliz - se desenvolve sem maiores emoções, com final previsível, personagens pouco cativantes. Um livro que ao terminar você percebe que não ganhou e nem perdeu muita coisa ao longo das páginas.

Quase morri de rir

As Pernas da Tia Corália: Ainda que fosse pouco divertido ele estaria aqui de todo jeito, pois foi o único mais puxado para a comédia que li. As Pernas de Tia Corália me mostrou uma faceta do Antonio Prata que eu até então desconhecia, que era a de seus textos puramente fictícios. Esse livro é um conjunto de contos curtinhos, leves e divertidos sobre situações inusitadas, bizarras e realmente originais, como o hilário "Logística", onde um projeto de guarda-chuva é completamente desacreditado, sem falar naquele sobre berinjelas que abre o livro, "Reflexões sobre a planta ovo: um babaganuch existencial". Entre tantos continhos divertidos, a parte que realmente me arrancou gargalhadas foi a das citações iniciais, as mais divertidas que já li, com um tom zombeteiro que tem todo o livro, brilhante como qualquer Antonio Prata.

Aventura, fantasia, ou infanto-juvenil


They Do It With Mirrors: não se enquadra muito na categoria pois é um mistério policial típico de Agatha Christie, mas não queria deixar de falar sobre ele. Nunca tinha lido na da autora por bobeira e também por certa preguiça desses livros que tem uma fórmula pronta, como os dela ou os do Sherlock Holmes, em que há um crime, uma investigação e o mordomo (ou qualquer outro personagem improvável) é o assassino. Porém, ao lê-lo senti que faltava isso na minha formação literária; apesar da fórmula, não deixa hora alguma de ser uma leitura realmente envolvente e divertida, principalmente por ser um mistério da Miss Marple (clássica personagem da autora). Li em inglês e não tive problemas, aliás, adorei o estilo de escrita da autora, é bem coloquial e fluido.


Bate-bola de personagens


Personagem masculino apaixonante: Holden Caulfield, de The Catcher In The Rye;
Personagem feminina admirável: Holly Golightly, de Bonequinha de Luxo e Helena, de Helena;
Personagem mais chato: Dean Moriarty, de On The Road (sério);
Personagem mais perturbador: Raskólnikov, de Crime e Castigo;
Personagem que mais me identifiquei: não tive uma identificação genuína com nenhhum personagem, mas lembro que lendo Divã, me vi em vários monólogos da Mercedes;

O melhor livro que li em 2010

O Amor nos Tempos do Cólera, sem titubear na decisão. Demorei para ler o livro porque gostava me deleitar aos poucos com ele, me apaixonei por absolutamente tudo que li: o enredo, os personagens, o estilo da escrita, o desenrolar dos acontecimentos, os capítulos enormes, as poucas mas significativas falas que ficaram martelando na minha cabeça por dias e dias ("Deus, isso dura mais que uma dor!"), as sensacionais e inesquecíveis linhas finais e fico realmente feliz que tenha comprado o exemplar quase sem ver num sebo de São Paulo, muito mais porque estava barato demais do que qualquer outra coisa. Uma das melhores coisas que já li.

Indicados:

Melissa, Nathália, Letícia, Nina, Kamilla, Isa e Amanda.

Queria finalizar com uma foto da minha estante, como fez a Tary, mas não tenho uma estante propriamente dita, e sim livros espalhados aleatoriamente em todos os cantos da casa. Sendo assim, deixo vocês com uma foto de um pedacinho da bagunça gerada quando decidi que era hora de reorganizar meus livrinhos queridos.

sábado, 8 de janeiro de 2011

Férias

Acho que se eu e meu primo Pedro não fôssemos primos a gente deveria se casar. Ele está aqui há nove dias, 24 horas por dia comigo e a gente não se cansou um do outro ainda. Ando sumida e ausente ultimamente, mas não é como se eu estivesse agitando todas por aí como todos devem supor (não): tenho passado meus dias inteiros com ele e a gente não faz nada além de acordar, comer e passar o dia todo de pijama. O bom é que nem pentear o cabelo eu preciso, dias inteiros de meias e janelas fechadas, devo estar até meio pálida porque, para completar, só chove nessa cidade.

Como se todo esse cenário já não fosse trash e irresistível por si só, descobrimos a graça de passar muito tempo assistindo doenças na televisão. Incrível que sempre tem algo problemático passando, basta sentar um pouco no sofá, ligar na E! ou na VH1 e esperar. Nossos preferidos do momento são Pretty Wild e I Love Money 2, programas tão desesperadoramente constrangedores que fica impossível não se viciar.

Pretty Wild é um reality sobre três irmãs surtadas e mimadas que não fazem nada da vida além de reclamarem sobre como a vida delas é dura, aparecerem em eventos, saírem com jogadores de futebol americano e rappers e comparecerem a ocasionais audiencias na justiça por conta de roubo de alguns pertences de famosos como bolsas Marc Jacobs de Rachel Bilson. Elas perdem o cachorro, as chaves de casa, os freios (estou em milhares de cacos, eu estou ao meio...), choram, esgoelam, compram um poste de stripper para dançar na festa de 16 anos de caçula e é sensacional. A mãe consegue ser mais aterrorizante ainda, tem os olhos arregalados e meio injetados, pede desculpa para as filhas por faltas realmente graves, como por exemplo ter resolvido mudar de casa, e quando elas escandalizam, a mãe, ao invés de colocar ordem, fica histérica junto. Não sei em quem eu tenho mais vontade de dar uma surra. O pior de tudo isso é perceber que você acabou de assistir 5 episódios seguidos daquilo e só não viu mais porque parou de passar.

Já o I Love Money eleva a tosquice, o oportunismo, o barraco, o exibicionismo, a vergonha alheia e o sub-celebridadismo a um nível estratosférico. Imaginem vocês ex-participantes de vários realitys shows, só o creme de la creme das edições, pessoas sem o mínimo de senso, gente que já tretou em outros programas, só a nata, todos eles numa casa pra concorrer a 250 mil dólares. Eu posso escrever linhas e linhas sobre cada participante que não farei jus ao baixíssimo nível de cada um que está lá. As provas são absurdas e toscas, como se chafurdar na lama para conseguir o máximo de moedinhas para ser o capitão, dentre outras coisas. I Love Money é o tipo de coisa que deve ser assistida para que se compreenda de todo o total espírito de porco da coisa.

Com poucos dias de maratonas desses programas comecei a sonhar com essas doenças, sonhos horríveis com pessoas bizarras e sinto que pouco a pouco meu cérebro vai derreter. Dá até vontade de pegar um livro de Química e fazer uns exercícios, só para garantir que tudo aquilo não roubou tudo que eu estudei no colegial. Burrice pega. Fico imaginando como deve ser a a programação de tv nos Estados Unidos, lá é a fábrica universal de todo e qualquer tipo de doença exibicionista e tosca. Uma madrugada em qualquer canal deve ser uma experiência antropológica acerca da ignorância humana. O Big Brother Brasil tem muito o que aprender.

Se quiserem experimentar um pouco da experiência, porque eu acho que a gente deve ter um pouco de tosqueira em nossa formação básica, liguem na E! durante a tarde e na VH1 durante a madrugada e divirtam-se. Se eu sumir é porque entrei em coma de tosqueira.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

A sustentável leveza do ser

Dog days are over! Chega de dark and twisty.

Sejamos diretos: eu prego a leveza a torto e a direito, mas não me considero uma pessoa leve. Eu sou tensa, quase densa, ansiosa, neurótica e hipocondríaca. Na fila do show do Paul McCartney minha tia pegou nos ombros e quase morreu de susto pensando que eu estava com aquela doença raríssima em que os músculos vão se enrijecendo como se fossem ossos, tamanha a tensão depositada no meu trapézio e esternocleidomastóideo (como eu lembrei disso?) só de preocupação antecipada pelo monte de coisas que eu teria que fazer quando voltasse para a Uberlândia. Prestes a ver o Paul McCartney eu estava pensando em escola.

Em 2009 eu sofri muito com a entrada no colegial. Semana de prova era sinônimo de choro e crises de estresse por cinco dias seguidos, eu não dormia nem comia direito, como se estivesse algo no meu estômago e nem eram borboletas. Foi tão ruim, tão desgastante, tão cansativo que eu peguei pânico daquela sensação e me prometi, na virada pra 2010, que nunca mais me permitiria ficar naquele estado. E não é que eu consegui? No ano que passou, com a escola, não perdi lágrimas nem fios de cabelo (ok, só alguns), fazia meus planejamentos com a cabeça leve, se desse tempo deu, se não deu não vai dar mesmo e o resto é mar. Tirei algumas notas bem ruins que eu poderia ter evitado, que eu poderia ter brigado até morrer por causa de maluquice de professor neurótico ou então me culpado infinitamente, mas não o fiz e recebi o ferro rindo e achando graça. Se chorar não ia adiantar, melhor começar a rir de vez, né? Mas eu também tirei notas ótimas que recebi com um sorrisão de alívio ao ver que eu não precisei me torturar para conseguir o que eu queria. Tudo muito mais fácil.

Nesse ano só quero estender essa postura nos outros campos da vida. Parar de me preocupar e desgastar com aquilo que não vale o sacrifício e não tem mais jeito mesmo. Não me deprimir mais com coisas àtoas e parar de carregar fardos que não são meus. Quanto aos que são, tem um cara lá em cima que nunca deixou de me ajudar, e é Nele que eu confio nessas horas e também nas outras. Como diz Jon Foreman, "why should I worry, why do I freak out?".

Em 2011 eu quero ser leve, pelo amor de Deus.