Gosto de cinema brasileiro e fico muito feliz quando vejo que este ultimamente tem saído do lugar-comum, apostando em estilos e temáticas diferentes e se dando muito bem. Ano passado saí da sala de cinema encantanda com "As Melhores Coisas do Mundo", e minha tarde de domingo foi surpreendida com o belo "Os Famosos e os Duendes da Morte". Ambos são filmes jovens e sensíveis, mas cada um à sua maneira. Enquanto o primeiro é alegre, leve, mas sem ser superficial, o segundo é denso, melancólico, extremamente introspectivo e muito, muito bonito.
"Os Famosos e os Duendes da Morte" conta a história de um garoto que, na internet, adota o codinome de Mr. Tambourine Man - inspirado na canção de mesmo nome do Bob Dylan, que é seu grande ídolo - e vive numa colônia de alemães no Rio Grande do Sul tendo certeza absoluta que lá não é seu lugar. Ele se sente deslocado, perdido, incompreendido e ao mesmo tempo que deseja o isolamento, não deixa de sofrer por causa dele. Sentimento bem adolescente esse, de querer ser diferente mas ao mesmo tempo precisar se adequar. A internet é o lugar que ele encontra pra poder ser ele mesmo, e o faz através dos textos tristes e meio nostálgicos que posta em seu blog. Conversando com uma pessoa não identificada no MSN, fala constantemente sobre querer fugir dali. Se a fuga é para o show do Bob Dylan que acontecerá no Brasil (o filme se passa em 2008, quando o cantor veio pra cá) ou então para a morte, como tantas outras pessoas da cidade recorreram, pulando da ponte de ferro, acho que nem ele sabe.
Além disso, ele é obcecado por vídeos de dois personagens bem misteriosos, um homem e uma garota que é a cara de Betty, que não vou revelar a identidade pra não estragar o clima da história. Como já disse, é um filme bem introspectivo, portanto, não assista esperando por grandes acontecimentos. Assistí-lo é como mergulhar naquela melancolia bonita do personagem, e o filme, bem onírico e sensorial, mistura realidade com sonho e delírio de um jeito que chega a confundir, vez ou outra, mas creio que essa fusão faz parte da proposta.
O diretor é Esmir Filho, e talvez vocês não liguem o nome à pessoa, mas ele dirigiu também o clássico Tapa na Pantera (quem não viu, veja, é brilhante). O processo de produção do filme foi bem inusitado, já que ele foi baseado num livro homônimo de Ismael Caneppele (que no filme atua como o homem misterioso do vídeo) que foi sendo escrito enquanto o filme era feito. Explico: o projeto nasceu de um começo de livro, que se desenvolveu junto com o filme, fazendo nascer, no final, um livro de um filme e um filme de um livro, ao mesmo tempo. Além disso, a maior parte do elenco é composta por atores locais, da cidade de Estrela - RS, e a linda linda linda trilha sonora, com deliciosas canções folk, também é responsabilidade de um cantor da região, Nelo Johann. Além das canções dele, claro, temos também Mr. Tambourine Man, do Dylan, que não podia faltar.*
Achei o filme animal e gostaria de dizer que todo mundo vai achar também, mas isso não é verdade. Se você não é fã de filmes mais densos e subjetivos, melhor não assistir, pois só te faria pegar uma má impressão de um trabalho tão bonito; gosto é gosto, vá de "As Melhores Coisas do Mundo" e termine cantarolando "Something". Mas se você gosta, se interessa por cinema, e quer conhecer uma nova face do cinema nacional, faça essa favor à você mesmo, assista, e termine o filme cantarolando, que nem eu, "Hey! Mr Tambourine Man, play a song for me, in the jingle jangle morning I'll come followin' you..."
* Informações retiradas do Na Minha Rolleiflex.
Além disso, ele é obcecado por vídeos de dois personagens bem misteriosos, um homem e uma garota que é a cara de Betty, que não vou revelar a identidade pra não estragar o clima da história. Como já disse, é um filme bem introspectivo, portanto, não assista esperando por grandes acontecimentos. Assistí-lo é como mergulhar naquela melancolia bonita do personagem, e o filme, bem onírico e sensorial, mistura realidade com sonho e delírio de um jeito que chega a confundir, vez ou outra, mas creio que essa fusão faz parte da proposta.
Posso estar maluca, mas o filme não deixou de me lembrar, ainda que meio de longe, "As Virgens Suicidas", da Coppolinha linda. Ambos são jovens, visualmente lindos, falam de suicídio e são essencialmente melancólicos ao mostrar o lado obscuro, confuso e angustiante da adolescência.
O diretor é Esmir Filho, e talvez vocês não liguem o nome à pessoa, mas ele dirigiu também o clássico Tapa na Pantera (quem não viu, veja, é brilhante). O processo de produção do filme foi bem inusitado, já que ele foi baseado num livro homônimo de Ismael Caneppele (que no filme atua como o homem misterioso do vídeo) que foi sendo escrito enquanto o filme era feito. Explico: o projeto nasceu de um começo de livro, que se desenvolveu junto com o filme, fazendo nascer, no final, um livro de um filme e um filme de um livro, ao mesmo tempo. Além disso, a maior parte do elenco é composta por atores locais, da cidade de Estrela - RS, e a linda linda linda trilha sonora, com deliciosas canções folk, também é responsabilidade de um cantor da região, Nelo Johann. Além das canções dele, claro, temos também Mr. Tambourine Man, do Dylan, que não podia faltar.*
Achei o filme animal e gostaria de dizer que todo mundo vai achar também, mas isso não é verdade. Se você não é fã de filmes mais densos e subjetivos, melhor não assistir, pois só te faria pegar uma má impressão de um trabalho tão bonito; gosto é gosto, vá de "As Melhores Coisas do Mundo" e termine cantarolando "Something". Mas se você gosta, se interessa por cinema, e quer conhecer uma nova face do cinema nacional, faça essa favor à você mesmo, assista, e termine o filme cantarolando, que nem eu, "Hey! Mr Tambourine Man, play a song for me, in the jingle jangle morning I'll come followin' you..."
* Informações retiradas do Na Minha Rolleiflex.
Eu assisti esse filme há alguns meses, em um domingo chuvoso e melancólico, pra ficar no clima. Mas não rolou não. :/
ResponderExcluirAssisti Os Famosos e os Duendes da Morte ano passado e achei incrível tbm. Adoro esse estilo de filme, e sendo brasileiro é melhor ainda! Esses dias assisti outro que lembra muito "Os Duendes...". Além de ser brasileiro e tratar da adolescência, ele também acontece no Sul. Se chama Antes que o mundo acabe. Não é tão bom quanto a produção do Esmir Filho, na real é um pouco mais infantil, mas ainda é interessante. Dá uma procurada!
ResponderExcluirbeijos
Pra ser simcera, eu nem tinha ouvido falar desse filme ainda, mas me interessou. Ultimamente os filmes brasileiros tem me surpreendido, principalmente os de comédia. Os últimos que assisti foram ótimos! "As melhores coisas do mundo" eu gostei bastante também. Agora quero ver aquele que vai lançar me breve: "Desenrola" - se não me engano.
ResponderExcluirBeijos!
Anna! Acho que você talvez saiba o quanto esse filme me impressionou pelo tanto que já falei dele no twitter. O protagonista, Henrique Larré, até me segue lá e já até conversamos no filmow, hehe! Realmente, é um trabalho lindo lindo lindo e que enche os olhos, chega a dar orgulho do nosso cinema. Além de, como você disse, abordar um outro lado da adolescência. "As melhores coisas do mundo" é outro favorito meu. Assisti ambos no cinema, As melhores com a minha irmã, ficávamos o tempo todo dizendo "caramba, é assim mesmo, as festinhas de quinze anos, as músicas cantadas no pátio". "Os famosos", assisti com uma amiga e ficamos absurdadas com a insanidade e força do filme. Muito bacana ver retratos tão bonitos e diferentes de uma época também bonita e diferente da vida.
ResponderExcluirBeijinho que já falei muito :*
Parece muito bom! Foi pra minha lista!
ResponderExcluirEu também gostei de Os Famosos e os Duendes da Morte. Não tanto. Achei que forçou um pouco a barra na subjetividade. Mas sim, é um grande feito do nosso cinema. E todo independente, lindo.
ResponderExcluirEu saí cantarolando essa música, mas olha, sinceramente, não gosteeeei! Achei denso demais pra mim, embora muito bonito. Acho que não estava no clima, simplesmente, porque dormi no meio do filme (!). E, o que achei mais grave, não perdi nada. Sabe a sensação que o filme poderia ter sido um curta? Pois é.
ResponderExcluirMas mas admiro quem gostou! Especialmente porque eu nem consegui ver todo :sss
Também gosto do caminho que o cinema nacional está tomando. Achei "As melhores coisas do mundo" muito bom. Ainda não vi "Os Famosos e os Duendes da morte", mas vou seguir seu conselho. =)
ResponderExcluirAnna, assisti a esse filme e tb As Melhores Coisas do Mundo bastante recentemente. Decidi fazer um post partindo desse princípio também, mas deveras diferente do seu. Em breve você poderá conferir.
ResponderExcluirTem um meme pra ti:
http://sobrefatalismos.wordpress.com/2011/01/28/a-la-proust/
Beijooos!
Você falou, tá falado. "Os Famosos e os Duendes da Morte" já foi pra minha lista de espera sem pestanejar. "Descobri" o cinema brasileiro com "O Auto da Compadecida" e desde então venho acompanhando, de longe, é verdade, mas acompanho. Você tem razão, o cinema nacional, tá entrando numa ótima fase de renovação, parece que estão se desprendendo de muita coisa que não vale a pena :)
ResponderExcluiradoro essas sugestões de filmes. Tenho começado a apreciar o cinema mais alternativo e além dos blockbusters há pouco tempo e adoro os posts de filmes (:
ResponderExcluirParece ser exatamente o tipo de filme que eu amaria, até porque, amo o livro As virgens Suicidas e adorei a versão para o cinema.
ResponderExcluirSem contar que o título, por si só, já é super interessante. Vou procurar :)
im ready to go anywhere
im ready for to fade
into my own parade cast your dancing spell my way
:)
I promise to go under it
Não sou muito ligada em filmes, até gosto mas assisto bem poucos, deixo a desejar. Mas me interessei por esse, vou procurar. :)
ResponderExcluirSe "Os Famosos e os Duendes da Morte" se parece de algum jeito com "As virgens suicidas" vou procurar pra baixar hoje mesmo, AMO os filmes da "Coppolinha"!!
ResponderExcluirTambém verei As melhores coisas do mundo...
Dos filmes brasileiros o meu favorito é Lisbela e o Prisioneiro :D
beijos
Esse filme está na minha lista para ser visto, porque achei sua sinopse atraente e sim, eu costumo ver tudo o que posso de nacionais, para ver de quantas andas nosso patrimônio cultura.
ResponderExcluirAcho que o cinema brasileiro é como o de qualquer país, tem suas produções boas e a ruins. Infelizmente, alguns diretores daqui apelam pra conseguir público e isso acaba manchando um pouco o enredo. Mas não são todos, claro, nós também temos produções de qualidade, como esses dois que você resenhou!
ResponderExcluir"As Melhores..." já estava na minha lista pra assistir, mas seu post me deixou curioso pra ver "Os Famosos..." também, que já tinha ouvido falar, porém não tinha me interessado muito. Interessante isso de o livro ser feito junto com o filme, bem original!
Enfim, sabe que quando assisto um filme sobre o qual você escreveu, eu até gosto de voltar no post pra rever sua opinião? Você é ótima pra escrever sobre filmes, podia pensar em fazer dinheiro com isso no futuro... ^^
Beijos
Estou doida para assistir agora. Sou apaixonada por As virgens suicidas! Ah, também adorei As melhores coisas do mundo. É ótimo que o Brasil fuja um pouco do tema de sempre - favelas - né?! Beijos.
ResponderExcluirEsqueci de falar: Adorei o layout. Essa tirinha é ótima e foi background do meu twitter e plano de fundo do meu antigo note por muito tempo! =*
ResponderExcluirE tem filme novo da "Coppollinha linda" em cartaz, já sabe disso, né?
ResponderExcluirAnimal é a tua resenha... achei a fotografia do filme linda e vou assistir AGORAAAAAA!
Depois conto o que eu achei, mas certamente vou gostar.
beijos!