Vim com meu primo pra São Paulo, de ônibus, na madrugada de segunda pra terça.
Acordei do cochilo mais pesado de toda a noite com ônibus parado. "Que bom, chegamos!", pensei. Ha. Ingênua. Olho pela janela e vejo vários carros parados. "Ok, entramos na marginal e tem trânsito. Ok.", pensei. Ha. Ingênua. Quando abro a cortina pra de fato ver o que está rolando, percebo que ainda estamos na Bandeirantes. Os muitos carros na rodovia não estão só parados, mas os motoristas já saíram, sentaram no capô, no acostamento, e não parecem muito felizes. Nunca assisti Fim dos Tempos, mas lembro que no trailer tem uma cena onde todos os carros estão parados, uma fila enorme. Às 6h30 da manhã de terça a rodovia dos Bandeirantes não deixava nem um pouquinho a desejar do fim do mundo.
Ligamos pro meu tio na cidade e ele diz que o cenário é algo meio Madrugada dos Mortos. Ele tentou sair pra nos buscar, não conseguiu chegar na marginal de jeito algum e estava tentando voltar pra casa. Meu pai - freaking out - ligou minutos depois dizendo da chuva que caiu, do caos das ruas, da falta de acesso e toda aquela coisa que só significava que a gente não sairia dali tão cedo. Imediatamente me veio um flashback da noite anterior, Pedro e eu muito desencanados de descer no Graal pra comprar comida, o eco de mim mesma dizendo, "Não tem necessidade, a gente vai acordar lá e nem vai dar tempo de comer!". Ha. Ingênua. Não tenho problema com esperas longas, não sou dessas que não manda na própria bexiga, mas sou dessas que não sabe lidar com o próprio estômago.
Liguei pra minha mãe que estava dormindo, bonitinha. Dei graças aos céus por ter uma mãe tão tranquila e serena como a minha, já bastava meu pai e minha avó me ligando a cada minuto pra saber novidades, sendo que a única coisa que avançava eram as páginas do meu livro. Estava quase ao ponto de atender e dizer "Então vó, a Laura acabou de aparecer na loja do Rob e eles foram pro apartamento discutir a ex-relação deles", ou quem sabe "Oi pai, troquei o cd do Spoon pelo do Wilco, estou na segunda faixa do Yankee Hotel Foxtrot, e você, como vai?", pois eram realmente as únicas novidades por quase duas horas.
A rodoviária estava caótica e ainda por cima tínhamos uma bagagem razoável. Porque a pessoa que vos escreve se apaixona por um conjunto de malas vermelhas e se acha importante demais pra carregar uma prática mala de rodinhas preta, e paga por isso tendo que carregar o adorável conjunto terminal do Tietê adentro, já que o primo está também lotado de coisas, incluindo jogos de tabuleiro e um violão sem capa. A coisa começou a melhorar quando finalmente sentamos pra comer. Mamãe ligou e disse para sentarmos num café. Ha. Ingênua. Procuramos o lugar mais hard core possível e nosso desjejum nutritivo foi constituído por baguete, calabresa, mortadela e 500ml de soda limonada. Melhor que isso só se encontrássemos um Big Kahuna Burguer por lá.
A solução mais prática para sair dali era de metrô. Sim, estaria lotado. Sim, estávamos cheios de malas. A fila para comprar o bilhete estava grande, mas era um grande compatível e esperado devido ao caos do lugar. Paramos meio segundo e no intervalo em que pousamos as malas no chão e olhamos um pra cara do outro pra ver se rolava, nem um segundo a mais ou a menos, a fila cresceu, fácil, umas quatro vezes. Ha. Ingênuos. Situação mais desesperadora só no show do Paul McCartney, em que o fim da fila era tão longe que quase não existia. Encaramos e até que andou rápido. Foi nessa hora que o dia começou a nos sorrir novamente, já que, milagrosamente, o metrô estava vazio e a viagem foi bem tranquila. Ruim foi subir todas as escadas da estação Sumaré com as malas, mas naquela altura em que eu já nem sentia os nós dos meus dedos o que eram 50 degraus?
Carro, casa, sofá, comida, Friends, banheiro, sono e eu era uma nova pessoa. Depois de ontem, prometo que nunca mais arrumo mais malas do que conseguirei carregar e não saio de casa sem algo pra comer na bolsa, ainda que sejam balas menta.
(Ha. Ingênua.)
Acordei do cochilo mais pesado de toda a noite com ônibus parado. "Que bom, chegamos!", pensei. Ha. Ingênua. Olho pela janela e vejo vários carros parados. "Ok, entramos na marginal e tem trânsito. Ok.", pensei. Ha. Ingênua. Quando abro a cortina pra de fato ver o que está rolando, percebo que ainda estamos na Bandeirantes. Os muitos carros na rodovia não estão só parados, mas os motoristas já saíram, sentaram no capô, no acostamento, e não parecem muito felizes. Nunca assisti Fim dos Tempos, mas lembro que no trailer tem uma cena onde todos os carros estão parados, uma fila enorme. Às 6h30 da manhã de terça a rodovia dos Bandeirantes não deixava nem um pouquinho a desejar do fim do mundo.
Ligamos pro meu tio na cidade e ele diz que o cenário é algo meio Madrugada dos Mortos. Ele tentou sair pra nos buscar, não conseguiu chegar na marginal de jeito algum e estava tentando voltar pra casa. Meu pai - freaking out - ligou minutos depois dizendo da chuva que caiu, do caos das ruas, da falta de acesso e toda aquela coisa que só significava que a gente não sairia dali tão cedo. Imediatamente me veio um flashback da noite anterior, Pedro e eu muito desencanados de descer no Graal pra comprar comida, o eco de mim mesma dizendo, "Não tem necessidade, a gente vai acordar lá e nem vai dar tempo de comer!". Ha. Ingênua. Não tenho problema com esperas longas, não sou dessas que não manda na própria bexiga, mas sou dessas que não sabe lidar com o próprio estômago.
Liguei pra minha mãe que estava dormindo, bonitinha. Dei graças aos céus por ter uma mãe tão tranquila e serena como a minha, já bastava meu pai e minha avó me ligando a cada minuto pra saber novidades, sendo que a única coisa que avançava eram as páginas do meu livro. Estava quase ao ponto de atender e dizer "Então vó, a Laura acabou de aparecer na loja do Rob e eles foram pro apartamento discutir a ex-relação deles", ou quem sabe "Oi pai, troquei o cd do Spoon pelo do Wilco, estou na segunda faixa do Yankee Hotel Foxtrot, e você, como vai?", pois eram realmente as únicas novidades por quase duas horas.
A rodoviária estava caótica e ainda por cima tínhamos uma bagagem razoável. Porque a pessoa que vos escreve se apaixona por um conjunto de malas vermelhas e se acha importante demais pra carregar uma prática mala de rodinhas preta, e paga por isso tendo que carregar o adorável conjunto terminal do Tietê adentro, já que o primo está também lotado de coisas, incluindo jogos de tabuleiro e um violão sem capa. A coisa começou a melhorar quando finalmente sentamos pra comer. Mamãe ligou e disse para sentarmos num café. Ha. Ingênua. Procuramos o lugar mais hard core possível e nosso desjejum nutritivo foi constituído por baguete, calabresa, mortadela e 500ml de soda limonada. Melhor que isso só se encontrássemos um Big Kahuna Burguer por lá.
A solução mais prática para sair dali era de metrô. Sim, estaria lotado. Sim, estávamos cheios de malas. A fila para comprar o bilhete estava grande, mas era um grande compatível e esperado devido ao caos do lugar. Paramos meio segundo e no intervalo em que pousamos as malas no chão e olhamos um pra cara do outro pra ver se rolava, nem um segundo a mais ou a menos, a fila cresceu, fácil, umas quatro vezes. Ha. Ingênuos. Situação mais desesperadora só no show do Paul McCartney, em que o fim da fila era tão longe que quase não existia. Encaramos e até que andou rápido. Foi nessa hora que o dia começou a nos sorrir novamente, já que, milagrosamente, o metrô estava vazio e a viagem foi bem tranquila. Ruim foi subir todas as escadas da estação Sumaré com as malas, mas naquela altura em que eu já nem sentia os nós dos meus dedos o que eram 50 degraus?
Carro, casa, sofá, comida, Friends, banheiro, sono e eu era uma nova pessoa. Depois de ontem, prometo que nunca mais arrumo mais malas do que conseguirei carregar e não saio de casa sem algo pra comer na bolsa, ainda que sejam balas menta.
(Ha. Ingênua.)
Cara, que tenso.
ResponderExcluirHoje eu vi tudo que tá acontecendo por aí e perto do Rio.. e a única coisa que podemos fazer é orar. mas, assim, fiquei bem chocada e triste com tudo.
E ai, esse transtorno tem duas semanas pra acabar, porque quero ir praí de buenas D:
Nossa. Este é o tipo de inferno que eu sempre fujo...
ResponderExcluirQue desespero! Antes de tudo, também não sei controlar meu estômago. Eu com fome fico COMPLETAMENTE insuportável. Com sono, eu só fico bêbada e engraçada, com fome... nem queira saber.
ResponderExcluirVi o Jornal da Globo ontem e fiquei desesperada! Sabe, eu reclamo da chuva de Floripa (que realmente vem não só do céu, mas do chão também), mas pelo menos você sobrevive lá com uma galocha. Todas as marginais alagadas, a cidade virando um caos maior do que já é, fiquei com medo! Ainda bem que não peguei nenhuma chuva mais ou menos forte quando estive aí, teria ficado muito assustada e nunca mais ia querer voltar.. hahaha
boa sorte e que São Paulo sobreviva!
beijo
Por isso que eu to de mudança para o NORDESTEEE!!!
ResponderExcluirNum aguento mais São Paulo. Imagine só a pessoa acordar para ir trabalhar no meio disso todo dia?
Tô loka? não! chega!
bjissimosssssssssssssssss
Para a tal Ana que nunca tinha pego onibus, essa foi uma aventura e tanto né. haha.
ResponderExcluirQue desespero que anda SP. Credo.
Beijos.
Anna* Faltou um n.
ResponderExcluirNessas horas que eu agradeço por ser uma paulista velha de guerra que sabe dos sufocos da cidade e aproveita o ambiente vazio de férias ao invés de pegar estradas lotadas em dia de chuva para achar um espaço na praia de Santos. Ainda bem que você conseguiu chegar, e deve ter sido uma aventura e tanto andar de metrô e ainda fazer baldeação (Tietê até Sumaré tem baldeação, até onde lembro)!
ResponderExcluirAgora é só aproveitar os dias nublados e de "garoa" aqui em Sampa. Beijos.
PS: a escadaria da Sumaré é uma maldade tremenda. E imagina a noite, com chuva e depois do dia inteiro fora de casa, como é meu caso em algumas semanas...
Respondi seu meme, Anna. ;)
ResponderExcluirBeijos!
Oi ingênua!
ResponderExcluirQue barra essa sua malfadada viagem, hein?
Mas que bom que vc agora é uma pessoa renovada (só continua sendo ingenua)
VEm cah, está sssistindo Amor em Quatro Atos (baseado na obra musical de Chico Buarque)?
Se estiver, escreve aqui no teu blog o que vc achou!
Beijao!
Ainda bem que você chegou viva! haha Essa chuva foi realmente horrível! Tomara que as coisas voltem ao normal em breve.
ResponderExcluirAi Anna, tô indo pra Sampa amanhã à noite, depois de mai de 5 anos, e espero não encontrar nenhuma calamidade no meio do caminho, porque olha... chega, né? Aproveite bastante aí. Quem sabe a gente se esbarra ;)
ResponderExcluirBeijo beijo
Pois é, Anna! Aqui pros lados da região serrana a coisa também está bem tensa. Mas pelo menos você conseguiu chegar, que bom!
ResponderExcluirTambém me apaixonei por malas recentemente. Só que é uma bolsa e uma mala (sem carrinho) vermelhas da Marilyn Monroe rs. Só que a minha tem um problema diferente das suas: é pequena demais.
Bjos
Mas valeu a pena depois não foi?
ResponderExcluiradorei o "bonitinha" haha