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sexta-feira, 28 de agosto de 2015

A minha é Corvinal - foi mal?

Eu cresci ouvindo que tinha que ser inteligente. Não era algo opressivo (nem sempre), mas estava ali. Meus pais me criaram pra ser inteligente. Não um gênio ou um prodígio, mas simplesmente boa naquilo que eu fizesse - fosse caligrafia, o A B C, tabela de multiplicação, história, português, vestibular e qualquer profissão que eu escolhesse. A escolha por uma faculdade de jornalismo não emocionou muito meus pais que sonhavam com uma médica ou uma diplomata, mas eles não deixaram de me apoiar por isso, só pediram que então eu fosse a melhor jornalista que eu pudesse ser.


No começo era fácil, e até a oitava série consegui tirar de letra isso de ser boa nas coisas. Como a Analu escreveu no blog dela esses dias, eu fui uma criança e tanto, e logo aprendi que "se eu tinha um charme nessa vida, era esse. Eu era inteligente. Eu conseguia fazer as coisas. Eu era aprovada em tudo o que eu me predispunha a fazer." Até que (sempre tem um até que) a coisa começou a desandar. Fui pra uma outra escola no ensino médio, uma escola grande, e lembro até hoje da primeira devolutiva das provas que fizemos. Não lembro detalhes, mas foi mais ou menos assim: se antes minha menor nota era 8, dessa vez a maior tinha sido um 7,5. Tirei o meu primeiro vermelho. Chorei de soluçar na frente de todo mundo e a professora parou a aula pra ir conversar comigo, porque humilhação pouca é bobagem. Eu tinha falhado. Como ia explicar aquilo pros meus pais?

À noite, meu pai me levou pra comer um sanduíche e conversar. Ele disse que aquilo não era o fim do mundo, mas não passou a mão na minha cabeça: disse que era normal estranhar no começo e que agora em diante eu tinha que me esforçar um pouco mais e logo pegaria o ritmo. O que eu senti foi como se o meu melhor, que antes tinha garantido que eu fosse, se não a primeira, pelo menos a segunda ou a terceira da turma, agora custava a me colocar na média. 


É verdade que eventualmente me acostumei ao ritmo da escola e minhas notas melhoraram bastante, mas nunca mais fui a melhor. Me garantia nas humanas, passava sempre raspando em física e matemática, estudava química e biologia feito uma maluca. Quando o boletim chegava no fim do bimestre, sempre acontecia um troço meio chato que era eu ter que explicar por que continuava tirando 6 em algumas matérias sendo que minha única obrigação na vida era estudar. Se era difícil pros meus pais entenderem que tinham coisas que a menininha inteligente deles não dava conta, que tinha um limite ali, se eles lutavam pra aceitar essa quebra de expectativa,  imagine como era pra mim. No começo eu sofria, chorava, adoecia, e ia atrás de plantões e professores particulares, mas depois aprendi a não ligar tanto assim. Fui criando uma rejeição a esse ideal de perfeição, ao estereótipo da garota inteligente melhor em tudo, coloquei a culpa no sistema - eu era realmente muito boa em culpar o sistema.

Escrevi um comentário num post da Sharon sobre cinema dizendo que eu adorava cinema e música quando era mais nova, e sonhava em ser crítica quando crescesse. Só que em determinado momento percebi que eu sabia demais e me divertia menos com as coisas, então comecei a investir meu tempo consumindo aquilo que me divertia e com o que eu me identificava. Não que eu não me divertisse com o cânone, muito menos que as coisas divertidas sejam ruins, mas cês entendem a diferença simbólica de Jurassic Park e um filme do Godard, né?

Era uma vida confortável essa de abraçar as imperfeições e a diversão depois de tantos anos me preocupando em ser e melhor em tudo - e depois sofrendo por nem sempre (quase nunca) chegar lá. Era um alívio. Eu estava muito feliz com essa identidade que construíra pra mim mesma, via isso como um ato de amor próprio e, ao mesmo tempo, rebeldia. De garota chata fã de Radiohead que passava dois dias chorando por conta de uma nota 5, eu agora lia livros adolescentes sem pedir desculpas, e dava risada das minhas notas ruins (gargalhei quando tirei meu primeiro zero? gargalhei) dançando Shakira. A vida era boa.

Até o dia que eu fiz o teste do chapéu seletor no Pottermore e descobri que era uma corvinal.


Querido leitor, se você não se importa com Harry Potter e acha isso demodê por favor dê meia volta e saia já daqui , fique sabendo que uma coisa importante sobre mim é o fato de que eu levo cultura pop a sério e acho que esse tipo de coisa diz muito sobre quem somos. Antes de fazer o teste, eu queria muito ser da Lufa-Lufa. Minha nova postura diante do mundo era totalmente lufana, eu queria fazer parte dessa galera gente boa, parceira, de coração bom e que mora perto da cozinha. 

Corvinais são famosos por sua inteligência, mas dizem as más línguas que são arrogantes. Eles querem ser os melhores em tudo e tiram seu valor disso, representando basicamente tudo que eu lutava com tanta força pra tirar de mim. Normalmente acontece o movimento contrário: as pessoas querem ser corvinais (ou grifinórios), se revoltam quando se descobrem lufanos, e depois abraçam a personalidade despretensiosa e gentil dos texugos. Tudo que eu queria era ser relax e gente fina, mas sou essa pessoa pilhada e megalomaníaca, que quer tudo certinho e pira num livrão. Eu não queria ser essa pessoa, me devolve minha sala comunal perto da cozinha porque tenho certeza que lá as pessoas estão ouvindo Taylor Swift fazendo uma ciranda e aqui nessa torre estão me obrigando a fazer um teste de aptidão, SOCORRO!!11 

Minha revolta durou o tempo necessário para ler a carta de boas vindas, porque de repente eu estava chorando e me sentindo muito abraçada (eu me importo com essas coisas mesmo, e você que é feio?). Com aquela mensagem, descobri que corvinais tem essa coisa de ser espertos, mas o mais importante é que eles são únicos e até meio excêntricos, e celebram a individualidade de forma criativa ou investindo em novas descobertas. Corvinal é a casa de pensar fora da caixa, inventar moda e questionar o status quo. De gente que às vezes pensa demais, mas que não tem nada de errado com isso. Ler aquela carta naquele dia me mostrou que aquilo que fazia com que eu me sentisse chata e diferente poderia, sim, ser o meu charme. 

spirit animal
A obrigação de ser infalível já me machucou muito, e a autocobrança é algo com que eu tenho que lutar todos os dias, o tempo inteiro. Preciso constantemente me lembrar de que tudo bem errar e não ser sempre a melhor. Preciso fazer força pra ser leve e correr atrás de uma folia na cozinha. Mas existe, e sempre existiu, muito de mim nessa personalidade cabeçuda. Se eu não tirasse uma realização muito genuína nos estudos, acho que as expectativas dos meus pais jamais teriam grudado com tanta força. Elas ficaram porque eram minhas também, desde sempre e eu tenho redescoberto elas agora que voltei a estudar.

Não que eu tivesse parado, mas só agora fazendo minha monografia que voltei a ter uma rotina pesada de estudos. Porque eu escolhi um tema tão difícil que nem eu sabia explicá-lo (sério, eu tive que pedir ajuda pra um professor explicar pra mim mesma o que eu queria com meu projeto) (eu ainda não sei explicar direito, por isso não vou fazer isso agora), e vou usar o método mais complexo por aí. Existiam mais o menos uns 6485 jeitos de fazer isso de forma mais fácil, só que eu escolhi a difícil. Não por ser difícil, mas porque senti aquela coceirinha de me desafiar a fazer algo grande, que me assustasse na mesma medida que me fascinasse. 

Li esses dias na newsletter da Isa Sinay (recomendo muito) um troço que me identifiquei muito profundamente: 

"Eu, embora ame muitas coisas na vida e não ame meu trabalho todos os dias, sou o tipo de pessoa que sim, se realiza no que faz profissionalmente. Mas mesmo assim foi algo muito libertador quando eu percebi que essa era eu, mas não todo mundo. Porque se realizar em algo é muito mais sobre se encontrar naquilo, sobre aquilo aplacar uma ambição e uma vontade em você. A minha vontade se satisfaz nas pessoas que eu ensino e na construção de raciocínios longos e complexos sobre coisas que a princípio não interessam a ninguém. Eu me sinto feliz nas horas infinitas que eu tenho passado lendo sobre um assunto tão pouco agradável quanto o Holocausto. Eu até quase me sinto feliz nas horas que tenho passado estudando sobre história do hebraico. No entanto, mesmo no tédio, mesmo no "mddc, não quero saber sobre mudanças sintáticas no período pós-exílio da Babilônia" eu estou satisfeita com as minhas escolhas, algo meu está em casa ali."

Não estou estudando nada tão complexo como o Holocausto, muito menos a história do hebraico, mas são coisas que me fazem vibrar por dentro, é uma felicidade quase idiota, porque ainda estou na fase de me ferrar muito e acho que vai ser assim até no final. Mas está ali, gritando pra mim. Tão alto que às vezes fico com medo de me transformar numa acadêmica delusional que define a si mesma e aos outros de acordo com o lattes ou o quanto essa pessoa sabe de Foucault. Já gastei muito caractere e saliva falando contra o modelo acadêmico das coisas, pregando que é muito mais ser divertido e produzir identificação do que ser formalmente bom. Odeio gente arrogante e pretensiosa, metida a inteligente, e odiaria me transformar em alguém assim, mas ao mesmo tempo tô aqui lendo Hegel e achando o máximo e orgulhosa por estar conseguindo produzir algum raciocínio em cima disso.

Tenho problemas?

Provavelmente esse textão não fez o menor sentido pra vocês, mas hoje li esse texto incrível na Pólen sobre aceitação lufana (quão ótimo é escrever para uma revista que trata com seriedade esse tipo de tema?) e ele me fez pensar sobre minha aceitação corvinal, e sobre como nas últimas semanas tenho feito as pazes com a Anna Vitória CDF que eu fui um dia - ou nunca deixei de ser, só estava ali batendo papo na cozinha com os elfos.

Foi essencial pra minha sanidade jogar pra cima a obrigação de ser boa em tudo, que fazia com que meu entusiasmo pelas coisas fosse oprimido por esse imperativo de ser perfeita. Igualmente necessário tem sido redescobrir aquela chama da empolgação, e escrevo isso hoje pra não me esquecer dela: não me importo se for a mais inteligente, tirar a nota mais alta ou fazer o melhor trabalho, contanto que ao final dele eu tenha feito o melhor no que seja melhor pra mim. 

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Hoje eu vou falar de Harry Potter

Eu nunca vou superar Harry Potter. Mesmo. Esses dias eu comentei com meu pai que andei revendo alguns dos filmes e ele me perguntou se eu não estava um pouco crescida pra continuar nessas de Réri Porter (sic) e minha resposta é não, claro que não. Eu juro que às vezes eu penso que superei, que a saga se esgotou pra mim e simplesmente não tem mais nada a me oferecer, e então eu me pego me corroendo de vontade de mergulhar novamente nos sete livros e viver toda a magia de novo. Há semanas que estou com uma saudade dolorida da série, resistindo aos meus impulsos de jogar toda minha lista de livros não-lidos que só faz crescer pro alto e passar um mês em Hogwarts. Foi por isso que essa TAG Harry Potter caiu como uma luva na minha vida. A proposta, claro, era postar logo depois do aniversário do Harry, no dia 31 de julho, ou pelo menos no começo de agosto, que foi quando eu fiz o vídeo, mas o caso é que eu só estou postando agora.

No vídeo eu explico que a tag é original de um canal no Youtube, inspirado por uma série de perguntas de um desafio temático de uma fanpage no Facebook (detalhes no box de informações do vídeo). São 50 perguntas no total, mas na hora de passar a tag pro Youtube, a mocinha escolheu as quinze perguntas mais legais, pra não ficar uma coisa muito enorme. O negócio é que quando a Tary sugeriu na Máfia de respondermos, a ideia era falar das 50 perguntas. Acontece que eu sou muito porta e nem reparei nisso, e só respondi as 15 mesmo. Quem sabe um dia eu responda a outras, no momento é isso aqui que temos pra hoje. Espero que gostem!

sexta-feira, 15 de julho de 2011

O fim

 (Nada de spoilers, relaxem!)

Naquela meia hora de aperto e tumulto que eu só vira maiores na saída do show do Radiohead (episódio no qual eu, sinceramente, pedi pra Deus pra não morrer pisoteada) antes da sala ser liberada, eu estava ali na iminência de desmaiar por conta do cansaço e a falta de ar, pensando com meus botões que começaria meu post dizendo que não valia à pena, meus pais estavam certos, aquilo era loucura e eu tinha me tornado, sem perceber, uma pessoa que assiste Harry Potter na segunda, numa sessão vazia, como a Renata. Sentia meus dedinhos latejando, porque depois de uma quantidade de horas que eu até tenho vergonha de dizer, naquela brincadeira sádica de morto-vivo engenhada pelos seguranças (a gente se sentava na fila e minutos depois eles vinham dizer que era pra gente se levantar; levantávamos, disfarçávamos um bocado até eles saírem de perto e sentávamos de novo, até eles voltarem nos mandando levantar e assim ia), até a sapatilha mais confortável começa a apertar o dedinho. 

Foi aí que a gente entrou, pegou lugares ótimos, conseguimos ficar todos juntos, eu consegui minha água gelada e tudo estava bem. Porque depois daquelas-horas-que-eu-não-vou-dizer-quantas-porque-tenho-vergonha de pé ou sentada no chão duro sem apoio pras costas, uma cadeira do cinema vira hotel cinco estrelas. Eu poderia me enrolar e passar a noite inteirinha ali que nem sentiria dor nas costas. Mas ainda não estava valendo à pena.

Descontração para a posteridade

Antes do filme começar, antes mesmo dos trailers, tinha uma menina atrás da gente que estava chorando. Chorando muito mesmo, encolhidinha na cadeira, do tipo sofrendo, tanto que dava pra ouvir. Eu e o Matheus, claro, começamos a achar graça dela e a dizer que era a nossa cara mesmo ter uma dessas exageradas que sofre e chora alto perto da gente. Mal sabia que, meia hora depois, se eu não estava chorando que nem a mulher, eu estava chorando mais. Chorando alto, tipo criança. E eu não estava sozinha, o cinema inteiro estava em prantos. Eu nunca vi uma comoção tão grande dentro do cinema, algo tão sofrido, barulhento e coletivo, nem com Toy Story 3 ou Marley e Eu. 

Sobre o filme em si, algumas coisas que não vão estragar a surpresa: é rápido e muito intenso, quando a gente para pra pensar ele já acabou; a melhor cena não existe no livro; se você tem alguma história com a série, vai começar a chorar na metade e parar só quando o filme acabar; o beijo do Rony e da Hermione é um pouco diferente do livro, mas ainda assim é aquilo que a gente ansiou por tantos anos e os dois são tão lindos que quero que meu bolo de aniversário do ano que vem tenha a foto desse momento impressa nele; o 3D vale à pena porque uma direção de arte daquelas, impecável e de encher os olhos, merece ser vista da maneira como foi concebida, em todos os seus mínimos detalhes; nunca senti um asco do Voldemort e um carinho tão grande pelo Harry como nesse filme, porque ele deixa claro como Voldemort é um ser odioso e mostra o Harry muito mais como herói e muito menos como mártir coitadinho; o Snape é um lindo; Minerva, Molly Weasley e Neville humilham; e, por fim, por mais que eu ame muito O Prisioneiro de Azkaban, acho que se tornou meu favorito da franquia. Estou apaixonada.

Quando acaba é muito ruim.Não só pelo fim definitivo da saga, mas por tudo que ela representa, ao menos pra mim. Tendo a ficar terrivelmente sentimental com o fim das coisas e nesse ano não só estou tendo que lidar com o fim de Harry Potter, que acompanho desde meus sete anos, mas com o fim do colegial, da escola, e da vida que eu conheço até agora. Esse paralelo é brega pra caramba, mas é inevitável. Não sei o que vai ser daqui pra frente e minha vontade sincera era de parar o mundo, descer um pouquinho, tomar uma água, ganhar um abraço do Harry (sim, dele) e perguntar de onde é que a gente tira a coragem pra enfrentar as horcruxes que aparecem no caminho, se viver dói tanto quanto dizem e se vai demorar muito para que 19 anos depois a cicatriz não doa mais e tudo fique bem. Ah, sim, no final valeu à pena. Só que acabou.

E agora, José?

quarta-feira, 30 de março de 2011

Rob Fleming me entenderia

Rob Fleming (que no filme virou Gordon), o protagonista de High Fidelity, livro sensacional do Nick Hornby, tem uma obsessão por top 5, vai de os 5 melhores lado A de discos aos 5 mais traumatizantes e doloridos foras que já levou, mas a maioria mesmo tem a ver com música. Lá pro fim do livro, ele é entrevistado por uma jornalista que lhe faz a fatídica pergunta: qual são suas cinco músicas preferidas, de todos os tempos? Ele, claro, entra em colapso. Diz que esperou a vida toda para que lhe fizessem essa pergunta e agora que aquilo estava acontecendo, ele não conseguia lembrar de música alguma.

Eu, pessoa que adora uma lista e sofre de sérios problemas no que diz respeito a escolhas, não poderia entendê-lo melhor. E minha reação quando a Sofia me passou o meme pra escolher meus 10 filmes favoritos foi exatamente essa: branco, desespero, não lembro de filme nenhum.Tentei honrar todos, tentei falar pouco, tentei escolher 10, mas o máximo que consegui foram 12, divididos em duas partes: 6 filmes ordenados aleatoriamente e um top 6, onde a ordem faz a diferença.

Ordem aleatória:

"Love is too weak a word for what I feel - I luuurve you, you know, I loave you, I luff you, two F's..."
Annie Hall (Woody Allen): Muita gente provavelmente vai me julgar quando digo que me identifico muito com o personagem do Woody Allen nesse filme, um daqueles em que ele interpreta ele mesmo: judeu neurótico do Brooklin, viciado em análise, em constante crise existencial... Mas como não sentir um clique de identificação profunda com aquela cena em que ele se recusa a entrar no cinema com Annie - Diane Keaton mais maravilhosa e adorável que nunca com seus looks andróginos - por estarem 5 minutos atrasados? O monólogo inicial do filme já  me fez desistir de vê-lo, quando tinha 13 anos, mas hoje é uma das minhas cenas preferidas do filme. Difícil escolher um só do Woody Allen, poderia ter selecionado tanto Whatever Works como Crimes e Pecados ou A Rosa Púrpura do Cairo, mas fico com esse, pelas risadas e suspiros que se repetem mesmo tendo assistido muitas e muitas vezes.

 
 "Life moves pretty fast. If you don't stop and look around once in a while, you could miss it."
Ferris Bueller's Day Off (John Hughes): Ao contrário de muita gente que viu esse filme na Sessão da Tarde, tive que comprá-lo em DVD pra então assistir, e coincidentemente o fiz num dia que cheguei bem perto de um surto psicótico por causa de escola. Dizem que John Hughes conseguiu captar o espírito de toda uma geração com seus filmes, mas ouso dizer que ele foi além, já que mais de vinte anos depois, ainda acho  as propostas dele pertinentes - aliás, selecionar somente esse dele foi um parto, que "Pretty In Pink" fique devidamente mencionado. Pode passar por comédia boba um simples dia na vida de um cara que resolve matar aula com sua namorada e seu melhor amigo, mas em termos de filosofias de vida e ensinamentos, Ferris Bueller é um dos meus gurus, a quem recorro quando me sinto em parafuso com coisas pouco importantes. Minha cena favorita é aquela em que Ferris causa no desfile da cidade e ouso dizer que o filme só seria melhor  Molly Ringwald interpretasse Sloane, a namorada.

"I don't love you anymore. Good-bye"
Closer (Mike Nichols): Closer é uma porrada. Tamanha, que toda vez que assisto eu me pergunto porque faço esse tipo de coisa comigo. Você termina o filme se sentindo meio mal, mas ao mesmo tempo maravilhado, com aquela sensação que só existe depois que você assiste algo realmente muito bom. Closer é um filme sobre amor e sobre como as pessoas são podres, infantis e inseguras, de forma hardcore e crua, sem a intenção de querer absolver personagem algum, mas, sem querer condená-los também. Minha mãe nunca foi de me censurar com filmes, e Closer foi um dos poucos que inicialmente ela vetou, não pelos motivos tradicionais (porque o filme é meio pesado em termos tradicionais), mas por ela considerar que era coisa demais pra minha cabeça. Ela também é viciada nele e sempre assistimos juntas, seja no dvd ou de madrugada, dublado, na televisão. O elenco é demais e tem uma das cenas de abertura mais bonitas de todos os tempos.

"I didn't realize I was disturbing you. You see, every once in a while I suddenly find myself... dancing."
O Picolino (Mark Sandrich): Fred Astaire não dançava como Gene Kelly, não tinha a voz de Frank Sinatra e nem era tão bom ator como o Bogart, mas dançava, cantava e atuava com tanto charme e graça que, segundo meu pai, eu assisto esse filme segurando um sorriso bobo e distraído no rosto do início ao fim. O filme é de 1935 e nada mais é que uma comédia romântica musical das mais batidas, mas gosto muito mesmo assim, porque nunca me canso de ver Fred Astaire na tela, fico hipnotizada por ele, também adoro as músicas do filme e, principalmente, os números de dança, que são belíssimos.  Juro, se fosse fazer uma festa de 15 anos dessas com valsa e tudo que tivesse direito, minha dança de debutante seria "Cheek to Cheek". Valsa da Cinderela é para os fracos.

"I'll make an offer he can not refuse"
O Poderoso Chefão (Francis Ford Coppola): Quando você perde a conta de quantas vezes já viu um filme com três horas de duração, é porque realmente gosta muito dele. Esse é meu caso de amor com O Poderoso Chefão. Tenho uma paixão enorme por filmes de máfia, e esse do Coppola é um marco do estilo. Aprendi a gostar com meu avô, que mal consegue acertar o nome dos netos, mas repete as falas junto com o elenco, e a preferida dele, e a minha também, é "Leave the gun, take the canolli". Adoro a frieza, adoro a italianada no casamento no início do filme, me derreto completamente pelo Al Pacino, tanto no início do filme, com aquela carinha de bebê, como no desenrolar da história, sentado naquela poltrona, o rosto torto por causa de uma pancada. Arrepio inteirinha quando ouço o clássico tema e se tudo der errado eu fujo pra Sicília e viro mafiosa.

"I expect you're tired of hearing this, but you look so like your father. Except your eyes. You have..." "My mother eyes."
Harry Potter: Me sentiria mal de não incluir a saga nessa lista, seria desmerecer a enorme importância que ela tem na minha vida. Claro que, se tivesse que escolher, optaria pelos livros, mas os filmes tem grande importância na minha vida: de pensar em casa um, me lembro da ansiedade antes da estreia, as bagunças, filas, briga por lugares no grande dia, de choros, risadas e xingamentos no cinema, segurar a mão dos amigos com força, cravar as unhas em braços alheios de tanto nervoso, mesmo sabendo o que vai acontecer em seguida. Eu tinha sete anos quando assisti ao primeiro filme, no cinema, e com 17 me despedirei definitivamente da série. Harry, Rony, Hermione e eu crescemos juntos, nos livros e no cinema e pensar em cada um é pensar em diferentes épocas da vida e sentir uma saudade gostosa. Dos sete já lançados, meu favorito é o terceiro, "Prisioneiro de Azkaban" - sim, o fato de ter o Gary Oldman no elenco influencia muito -, e o que menos gosto é o quarto, "O Cálice de Fogo".

Ah, repasso o meme para Kamilla, Taryne, Renata, Amanda e Luiza

sábado, 27 de novembro de 2010

Eu amo a amizade dos três

Acho que pela primeira vez na vida assisti a um Harry Potter no cinema sem meus amigos. Como estava em São Paulo perdi metade de toda a diversão que é um novo filme do Harry, ou seja, a ansiedade, as horas na fila, a bagunça, a loucura para conseguir os melhores lugares, os gritos no início da sessão ao ver o símbolo da Warner, as unhas cravadas no braço da pessoa ao lado em cenas tensas, as implicâncias com as chatices do Harry, os comentários... Vi o filme no sábado, num cinema estranho na avenida Paulista, numa sala cheia de adultos e só com meu primo, que não partilha de um quinto da minha emoção com aquele filme, que não esperou ansiosamente por aquilo igual eu esperava, que estava vendo um filme como qualquer outro. Se bem que se não fosse por ele eu não teria percebido que o duende Grampo é a cara do Bob Dylan.

Não achei lento como um monte de gente disse que era. Na verdade, quando acabou, bateu aquela sensação de "mas já?". Achei bem fiel ao livro, e foi tão do jeito que eu imaginei na minha cabeça que foi como aquela não fosse a primeira vez que eu via o filme. Chorei logo nas primeiras cenas, aquela que a Hermione lança um Obliviate nos pais. Fiquei fascinada com a animação feita para explicar a história das Relíquias da Morte, a sequência do Ministério da Magia é demais, o coração dói quando Harry vê o túmulo de seus pais em Godric's Hollow, meu asco por Bellatrix Lestrange foi tão, tão enorme que a única hora que me exaltei, matando meu primo de vergonha, foi quando falei um "vagabunda!" meio alto quando ela atira aquele punhal fatídico. Achei o início do filme corrido, a questão do Harry ter virado Indesejável nº 1 ficou confusa para quem não leu o livro e uma lacuna que não perdôo, mas também não saberia como introduzir no filme, é a repercussão que o "A Vida e as Mentiras de Alvo Dumbledore" tem na cabeça de Harry, o que acho que é uma coisa essencial do livro. Aliás, a história de Dumbledore foi mencionada assim por alto, né? Quis vomitar nos momentos Harry e Gina, aqueles dois não se ajudam. Fiquei em êxtase ao finalmente ver Gui Weasley, que é a coisa mais adorável do mundo, sempre tive uma quedinha por eles e morria de vontade de vê-lo em algum filme.

Só que o que me fez sair do cinema satisfeita foi a maneira como David Yates conseguiu captar a relação de Harry, Rony e Hermione. Os três não são mais crianças e os riscos que correm levam a coisas muito piores que a expulsão de Hogwarts. É muito bonita essa coisa de abandonar família, estudo e sonhos para ir atrás de uma missão com um amigo, quando não se sabe direito o que fazer, aliás, quando não se sabe absolutamente qual o próximo passo, bonito de dizer, mas na verdade é uma coisa penosa para todos eles, e assim como o livro mostra, nem tudo são flores. E ao mesmo tempo que a percepção que temos é a de como a amizade deles balança, ao final percebemos como aquele laço é forte. E lindo.

Boscov, minha filha, quando a Veja chega eu sempre corro para suas críticas. A gente discorda de vez em quando, mas normalmente estamos de acordo. Não entendi o que você escreveu sobre Harry Potter. Com todo respeito, senta lá. Isso não se faz. Leia os livros, assista de novo e muito foco nessa cena porque ela diz absolutamente tudo:


(Contém spoilers. A qualidade está péssima, é de um behind the scenes, foi o melhor que achei)

"What a beautiful place to be with friends!" - Dobby

terça-feira, 2 de novembro de 2010

De geração pra geração


Estava eu deitada na cama, nas últimas páginas do livro, e Mariana, minha prima de sete anos, no colchão aos meus pés, com a cara metida num grosso e antigo volume de Reinações de Narizinho. Ela percebeu que eu a observava e sentou-se do meu lado na cama, com a cabeça encostada no meu ombro, acompanhando minha leitura.

"Você gosta desse livro?" "Sim" "Tem vários filmes dele, né?" "Aham" "Eu nunca vi nenhum, nem li nenhum dos livros" "Ah, mas você vai ler sim, quando chegar a hora." "E quando é a hora?" "Não sei, eu li o primeiro quando tinha uns oito anos mais ou menos" "Oito? Então eu quase posso ler. Eu tenho sete!" "Mas é claro que você vai ler, eu vou te dar de presente, todos eles, um por ano, que tal?" "Porque só um por ano?" "Ah, Mariana, porque esperar é mais legal, e também pra fazer mais sentido." "Mas não é ruim ter que esperar?" "Mas a expectativa faz parte do negócio, meu bem, dá uma ansiedade gostosa e quando finalmente chega a hora de ler, você termina o livro em menos de uma semana." "Menos de uma semana? Um livrão desse tamanhão?" "Aham, pra você ver como é legal!"


Foi aí que eu tive oito anos de novo, e estava numa cama de casal dum quarto de hotel de Porto Seguro, dividindo O Prisioneiro de Azkaban com meu primo. Me lembrei dos pesadelos recorrentes que eu tinha com Sirius Black, como se o próprio estivesse a solta e querendo meu sangue; depois, o alívio, o carinho enorme que sentia pelo bruxo injustiçado, como se ele fosse ambém meu próprio padrinho recém-descoberto. Depois lá estava eu, juntando minha mesadinha pra entrar na livraria e sair de lá com o livro mais grosso que eu já lera, a capa verde com um garoto de óculos redondos e cicatriz em forma de raio na testa, segurando um ovo de ouro. "Você vai ler esse livro desse tamanho?" - me perguntavam, incrédulos. E então naquela viagem de carro, no meio da noite, eu lendo com a luz precária do celular do meu pai, sentindo um medo tão forte daquela criatura que então voltava a ganhar o corpo, "Osso do pai, dado sem saber, renove seu filho. Carne do servo, dada de bom grado, reviva seu mestre. Sangue do inimigo, tirado à força, reviva seu oponente.", aquela criatura branca, de cara ofídica e olhos vermelhos, "então é assim que ele é", eu pensava comigo cheia de medo, evitando olhar pela janela com medo de ver aqueles olhos terríveis a espreita.

Nos seguintes volumes e anos que se seguiam, uma genuína birra surgida pelo personagem principal e a total indisposição que sentia do quinto livro, ainda mais depois da grossas lágrimas derramadas nas páginas, deixando-as enrugadas ao ver morrer meu personagem favorito. O envolvimento total no penúltimo da série, mais lágrimas que escorreram diante da morte daquele que sempre trouxe segurança mesmo quando tudo ia mal. E no volume final, o corpo tenso na cadeira diante de cada fuga, cada briga, cada mistério sendo resolvido, o estômago que se revirava com medo de que mais personagens - que agora já eram meus amigos - queridos fossem embora, e todas as lembranças de como as coisas eram felizes no começo. Harry, que ainda era fofo e legal, Rony com medo de aranhas e quebrando a varinha, a frase clássica de Hermione Granger, ainda dentuça e descabelada, "É Leviosa e não Leviosáá"... Todas as madrugadas que passei lendo, todas as horas que gastei nas filas de estreia, as fanfictions lidas para apaziguar a ansiedade até que o próximo volume fosse lançado, todas as intermináveis conversas, as aulas que dispensei sem dó para ler um pouquinho mais...

E aí as pessoas me veem de novo com o calhamaço surrado laranja nos mãos e dizem, "Mas tá lendo Harry Potter de novo?" e eu não tenho a mínima vergonha de dizer que, pomba, é claro que eu estou! Se hoje eu aprendi que algumas folhas e histórias fantásticas podem nos levar pra outras dimensões nunca antes imaginadas, foi porque naquela viagem de férias pra Porto Seguro eu larguei o que estava fazendo para entrar em Hogwarts, ganhar três novos melhores amigos e também um bocado de inimigos. Já lia antes disso, mas se aprendi a me desligar de tudo ao meu redor e me entregar completamente a uma única história, foi porque dei uma chance ao Menino-Que-Sobreviveu de me contar ao que veio. Se hoje, junto dos grossos e coloridos livros, existem na minha estante Jane Austen, Dostoiévski e Machado de Assis, J.K. Rowling me ensinou que quando se tem uma boa história e imaginação, nunca se está sozinho ou entediado.

Mariana já tinha dormido quando li a última página, e depois o epílogo. E agora, José? A luta terminou, as fagulhas verde e vermelha das varinhas se apagaram, a cicatriz não doía há dezenove anos e tudo estava bem. Não era a primeira vez que lia aquelas páginas, nem a primeira que constatava a presença do fim, mas nunca é fácil, nunca é normal e o vazio nunca deixa de se manifestar. E agora, Joanne Kathleen, o que fazer?

Aniversário de Mariana é em dezembro e estou aqui no Submarino, vendo o exemplar d'A Pedra Filosofal olhar tentadoramente para mim. Dizem que Harry Potter foi o marco de uma nova geração de leitores, mas não serei egoísta o suficiente de querer esse mundo mágico só pra mim.


quinta-feira, 16 de julho de 2009

A estréia.

Chegar 11:30 para uma sessão as 15:30 e já encontrar uma fila enorme. Socializar com o pessoal da fila, e com os caras vestidos com uniformes de Hogwarts que estavam se sentindo monitores. Almoçar Mc'Donalds na fila, sentada no chão. Participar de toda a gritaria na entrada do cinema, de coisas idiotas tipo "Abre!" "Harry Potter!" Ser salva por amigos bacanas que guardaram lugar pra gente lá na fileira de cima. Esperar uma hora e meia dentro da sala do cinema brincando de "O que isso te lembra?" (melhor brincadeira ever para viagens de carro e esperas longas). Entrar em transe quando aparece o símbolo da Warner na tela e o nome do filme.

Eu não consigo escrever uma crítica pro filme, porque eu ainda estou muito assim, sem palavras. O filme estreiou na minha fase mais Harry Potter, porque nesses últimos meses eu resolvi reler toda a série, então eu estava pra lá de empolgada! Esse dia estava sendo esperado há muito tempo mesmo, e foi mais divertido do que eu poderia ter planejado, porque a bagunça foi maior e mais legal do que eu esperava, o filme excedeu minha expectativa (que era alta) e não posso dizer que foi o melhor dia da minha vida, porque eu mereceria um tapa na cara, mas foi fácil fácil o melhor dia do mês, sei lá.

A produção, direção e fotografia do filme estão muito fodas. Quem estava acompanhando os comentários e críticas por aí já deve estar cansado de ler isso, mas Hogwarts nunca esteve tão sombria. Ontem, por exemplo, eu assisti de novo O Prisioneiro de Azkaban e é palpável a diferença dos primeiros filmes, antes tinha aquele toque mais "filme de magia" agora é filme de gente grande. Por exemplo, a cena da Catia Bell possuída pelo colar e do Rony depois de beber o hidromel envenenado estão bem fortes. Devo ter furado o braço do Matheus de tanto apertar na cena da caverna, quando Dumbledore começa a beber a poção.


Tirei meu chapéu pro Tom Felton (Draco Malfoy), ele está muito bom. Fala pouco, mas uma expressão facial vale bem mais do que um Daniel Radcliff agonizante. Ele me surpreendeu mesmo, a cena do banheiro - quando ele chora - ficou incrível! O cara que fez o Slughorn está muito bom também, ele pegou super o espírito do personagem, aquela figura fútil caricata que ao mesmo tempo é paralizada pelo medo. O Snape está ótimo como sempre. E a Helena Bonham Carter como Bellatrix Lestrange coonsegue estar nojenta, asquerosa, uma vadia com V maiúsculo. Rony apaixonado está MUITO divertido, a Lilá Brown ficou super obcecada, grudenta, doida, do jeito que tem que ser. Daniel Radcliff e Emma Watson estão limitadinhos como sempre.

Ao mesmo tempo que o filme está tenso e sombrio, está muito divertido. O filme que eu mais ri, de verdade. Já se preparem, porque o beijo do Harry e da Gina é ridículo, consegue ser pior que o da Cho, quando ele só contou sardas. Por isso que eu amo o Rony, foi lá, virou homem e pegou a Lilá de jeito. Já o Harry, chato, fica de olhos fechados e biquinho esperando a Gina tomar a iniciativa (não estou brincando, foi assim mesmo).

Sobre os cortes: cortou bastante, como sempre. E o final ficou bem ruim. Mas acho que os cortes não prejudicaram tanto o desenrolar do roteiro, como aconteceu no Cálice de Fogo, por exemplo. Algumas coisas foram adicionadas, outras cortadas, que segundo os comentários e críticas, para dar mais dinâmica ao filme. A diferença é que o filme praticamente não foca na história do Príncipe Mestiço, ela aparece levemente de relance. Mas a gente tá careca de saber que um filme com cem por cento do livro seria massante, e teria umas cinco horas. O filme nunca supera o livro. A não ser pelo meu primo, que odiou o livro e adorou o filme. Não sei se é a emoção do momento, mas esse filme já conseguiu entrar pro hall dos meus favoritos, que antes eram Câmara Secreta e Prisioneiro de Azkaban. E vocês tinham que ver eu e Matheus falando que nem ofidioglota no meio do filme tentando assustar a So-fia.

sábado, 11 de julho de 2009

Felix Felicis.

Fizemos a última prova e fomos todos para a lanchonete-Três Vassouras-Gigabyte comer coisas gordurosas, como manda o figurino. A única coisa saudável na mesa era o suco de laranja com gelo, sem açúcar (gente, minha vida super mudou depois que comecei a tomar suco de laranja sem açúcar, é muito mais gostoso e saudável). Conversa vai, conversa vem, Matheus me fala: Anna, vamos tomar esse suco imitando o efeito das poções mais famosas de Harry Potter? A única coisa que eu poderia recear era se minha sanidade mental iria ser posta em dúvida com as atendentes da lanchonete, mas elas já presenciaram momentos nossos bem mais constrangedores do que aqueles. Tá, Matheus, qual vai ser a primeira?

E lá fomos nós, primeiro Felix Felicis, a poção da sorte. Um gole e um olha pro outro com os olhos brilhando e cara de vitória. Poção do Amor, um gole e eu abraço o Lucas do meu lado e ele a Naná. Poção do Morto-Vivo, um gole e a gente faz o Thriller com cara de zumbi. Veritaserum, um gole, eu olho pra ele: você é chato e eu não gosto de você. A graça acabou logo porque deu aquele insight sobre o quanto nós estávamos sendo retardados, pior que aquilo só o dia do whisky de fogo, que eu ainda tenho que relatar aqui com detalhes.

Mas tudo bem, tudo bem, tudo bem, estou de férias, Harry Potter estréia quarta, os ingressos estão todos es-go-ta-dos e eu já garanti o meu, ontem já fui ao cinema e dormi o dia inteiro, hoje tem festa, meu primo de São Paulo chegou, eu passei quase três horas seguidas no What The Movie sendo amor, e não preciso de Felix Felicis nenhuma pra eu ficar feliz e com gostinho de vitória. Só pra não perder o costume, acho que fechei Física e isso vai fazer a atmosfera das minhas férias muito melhores. Pelo menos os vetores já sumiram.


quinta-feira, 30 de abril de 2009

Réri Porter.

Sempre gostei muito de Harry Potter, desde que era um tico de gente. Não era Pottermaníaca, dessas que visitam os fã-sites todo dia, que busca informações e tal. Mas gosto, amo. Desde que terminei de ler o quinto livro (Ordem da Fênix), desanimei com a série. Primeiro porque o Harry está um saco no livro, eita menino chato revoltadinho. Segundo porque o Sirius morre, e na boa, o Sirius é o mais legal de todos. Chorei oceanos, tanto na leitura, como assistindo ao filme e decidi que se coisas piores viriam nos próximos livros, pouparia meu pobre coração da triste dor de ver Dumbledore deixar aquele mundo. Matheus quase me bateu quando eu disse que não tinha lido nem o sexto (Enigma do Príncipe) nem o sétimo (As Relíquias da Morte) livro. Maior escândalo por eu não ter lido ou visto alguma coisa, só com Forrest Gump (que eu ainda não assisti). No outro dia ele me levou o livro na escola, e li em três dias. Óbvio que parei de prestar atenção direito nas aulas (quase doeu ter que esnobar Geografia), parei de dormir, parei de estudar (quase) para ler compulsivamente. E a chama se acendeu de novo.

"O Enigma do Príncipe" é o livro menos dinâmico da série, na minha humilde opinião. Não acontece nada de tão relevante e aventureiro, mas muitas coisas começam a ser reveladas. Aventura a valer só lá pro meio, quase no final. Ainda assim, gostei muito. Os romances começam enfim a tomar forma objetiva, e se antes a coisa não passava de contagem de sardas, nesse a pegação acontece. Rony e Hermione brigam praticamente o livro inteiro, isso é ao mesmo tempo irritante e divertido. J.K. não se focou muito na morte do Sirius, pensei que seria algo mais presente, mas creio que é porque o Harry é tipo a Bella em Lua Nova, que não pode pensar no nome do Edward que é atingida por um sectumsempra e começa a jorrar sangue; no caso, Harry evita pensar em Sirius pra não sofrer. Pensei que o final não iria me abalar tanto como de fato abalou, e parece que mesmo depois de ter enxugado as lágrimas, uma sensação de solidão se apoderou de mim, peguei as dores do Harry.

"Relíquias da Morte" foi literalmente ruminado, não queria que ele acabasse. Lia, voltava, esperava, voltava uns capítulos com a desculpa de que tinha perdido uma parte da aventura. E bota aventura nesse livro. Se nos outros era de praxe apenas uma grande aventura no final, nesse quase todo capítulo tem uma, e são coisas bem tensas mesmo! É horrível ver pessoas queridas morrendo no decorrer da trama, vai dando um peso no coração, um desespero! E ao mesmo tempo vai dando uma vontade de lutar, a gente se sente lá sabe? De todas as batalhas travadas, com certeza a melhor e mais tensa é a de Hogwarts, e eu nunca imaginei que no fim da série pudesse chegar a ter pena e compaixão pelo Snape e pelo Malfoy, pelo Snape principalmente. Fiquei em frangalhos com o fim dele, mesmo. Só acho que acabou meio de repente, igual novela da Globo sabe? No último capítulo todo mundo se casa, todo mundo tem filhos, todos os vilões morrem. Achei ridículo o filho do Harry se chamar Alvo Severo. Ridículo, prontofalei. Acho que é meu livro favorito, apesar dos pesares (e como são pesarosos!).

Acho que HP é a série que mais mexeu comigo, aquela que eu mais me senti parte. É engraçado porque muita gente se sente assim também, e de várias idades, tipo, minha mãe ama Harry Potter! É como se ele fosse um amigo querido com uma história legal, e mesmo sem querer a gente acaba pegando algo dele, levando um pouco do mundo conosco, mesmo que seja só uma vontade de jogar um sectumsempra nas pessoas que nos aborrecem. Na verdade, acho que todo bom livro e bom filme tem esse poder, de nos fazer levar um pouco daquele mundo conosco, mas isso já entra nas minhas teorias, e fica pra outra hora. Só posso dizer que mal posso esperar pra estréia do filme, onde estarei munida de lenços, pipoca e com uma camiseta vermelha com o brasão da Grifinória, porque eu e Matheus vamos pagar de cosplayer pra bater no peito e dizermos que temos o rugido do leão nos nossos corações. Ai, que gay isso.

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