terça-feira, 20 de março de 2012

Existe vida sem celular

(Post para ser lido com vocês fazendo uma imagem mental da minha pessoa sentada numa poltrona confortável, olhando vocês nos olhos e gesticulando muito, imagem em preto e branco e uma música meio brega tocando ao fundo. Pensem naquele quadro O Que Vi da Vida, do Fantástico, porque hoje tenho uma história de vida pra contar.)


Acho engraçado o modo como a gente se apropria de certas coisas novas que não conhecíamos antes e criamos uma necessidade quase patológica de tê-las por perto sempre, como se não tivéssemos vivido (e muito bem) por anos a fio sem elas. Celular é um belo exemplo disso. Por milhares de anos a humanidade viveu e atingiu grandes feitos sem a ajuda dele, mas foi só ele chegar para que o fato de você não ter um celular fosse sentido quase como se algum membro de importância vital lhe fosse extirpado. Comigo não foi assim. 

Pra ser sincera, ficar quase dois meses sem celular, pra mim, não foi nem um pouco difícil, a começar pelo fato de que eu nunca liguei pra isso (atentem para o trocadilho, por favor) e até poderia dizer que desgostava. Não gosto de celular tocando, não gosto de atender celular, não gosto de ligar pros outros. Gosto menos ainda de saber que tem despertador no celular e de que tenho que dar notícias de cada passo que dou fora de casa pros meus pais. Enche o saco, dá fadiga. De início, portanto, minha vida incomunicável foi só alegria e não senti falta nem do Pedro Horsch, aquele lindo.

No entanto, passei certos perrengues. Perdi a conta de quantas vezes tomei chá de cadeira de horas ou tive que contar apenas com minhas próprias pernas pra me locomover porque não tinha como falar com meus pais e pedir uma carona. Deixei de sair porque não tinha como avisar, saí e levei bronca porque não consegui falar com ninguém, fiquei dependendo do celular dos amigos e dos telefones públicos, e meus amigos falaram bastante com meus pais quando eles ligavam atrás de mim. 

O momento mais difícil? *respira fundo* Foi logo no início do ano, no dia que passei no vestibular, combinei de sair com os amigos pra comemorar. Cumprindo fielmente a resolução de ser uma pessoa mais pontual em 2012, cheguei ao restaurante 20h10. Ninguém tinha chegado ainda, ninguém havia feito a resolução de ser mais pontual. Sentei sozinha numa mesa enorme, com aquela sensação gostosa de que estava todo mundo me olhando. Não tinha como ligar ou mandar mensagem pra ninguém avisando que eu já havia chegado. Tinha esquecido meu iPod. Tinha esquecido meu livro. Por mais de uma hora fui a pessoa mais forever alone da cidade. Sozinha, num restaurante lotado, sendo abordada pelos garçons de cinco em cinco minutos e dizendo na maior cara de pau do mundo que precisava segurar aquelas mesas porque, apesar de não parecer, *olhos se enchem de lágrimas* algumas pessoas iam chegar. Acho que nunca quis tanto um celular como naquela noite. *voz engasgada* Pra ligar pra alguém e jogar conversa fora, para mandar algum sms mal educado pros amigos que me deixaram esperando, pra fingir que estava fazendo alguma coisa muito importante enquanto, na verdade, jogava Sudoku.

Apesar de estar levando uma vida mais leve e desapegada, minha falta de celular, por incrível que pareça, estava atrapalhando a vida dos outros ao meu redor. E foi única e exclusivamente por causa da pressão exercida por terceiros que voltei a ser alguém no universo da telefonia móvel. O que atrasou um pouco minha re-incursão nesse mundo foi minha indecisão sobre qual linha seguir: celular liga-manda-sms-calculadora-despertador ou celular tchop-tchura-liga-tira foto-entra-no-twitter-traz-o-homem-amado-em-10-dias?

Nunca liguei pra celular e sempre tive modelos que mais pareciam brindes vindos no Cheetos, mas eles me serviam bem. Não davam problema, a bateria era eterna, eram muito resistentes (coisa importante para uma pessoa desastrada como yo) e o melhor de tudo: ninguém queria. Sou uma pessoa que anda a pé e de ônibus, e não gosto de ficar na paranoia pensando que vão me enfiar a faca e roubar meu celular. Dispenso, já tenho neuras demais. Além de tudo, era (sou) meio ideologicamente contra smartphone. Tenho ojeriza de gente que passa o dia inteiro grudado no celular, que fica digitando ensandecidamente enquanto você tenta conversar. Acho patético ouvir pessoas dizendo que não existem sem seus celulares (oi Matheus) e sei como é fácil virar uma dessas pessoas. Vi isso acontecer com vários amigos meus e temia que acontecesse comigo. 

No entanto, porém, entretudo, contanto, todavia, lá no fundo eu queria um celular tchop-tchura-liga-tira-foto-entra-no-twitter-traz-o-homem-amado-em-10-dias. Sou uma futura jornalista, preciso me conectar, preciso de aplicativos legais, preciso fingir que sou descolada e que minha vida é interessante no Instagram, poxa. Dá licença?

E aí que agora eu tenho um smartphone. Estamos juntos há quase um mês e até agora posso dizer que minha vida nem mudou tanto. Digo que ainda não o entupi de quinquilharias por preguiça, mas na verdade é um instinto de auto-preservação. Tenho que ficar de olho. Meus maiores delitos tem sido fotografar meu cachorro a todo instante, sempre que posso, e outras coisas meio bobas, como meus pés. É engraçado como tudo parece interessante nas cores do Instagram. Espero que continue assim. *olha fixo pra câmera* Eu não vou me render não. Não é um celular que vai fazer com que eu me esqueça de quem sou de verdade. *sorriso prepotente e olhos marejados*

                                                             Chico versão caxumba style

                                                                      Chico versão Dudu Bertholini


                                                                                        Sapatinhos de cristal

                                                             Chico versão Holly Golightly

                                                                                        Chico versão ressaca

                                                                                      Chico versão portrait

                                                                                     Chico versão Carolina

(Trilha sonora aumenta, o áudio é cortado e enquanto os créditos rolam a câmera me mostra fazendo caretas e tirando fotos idiotas com a câmera do celular. Fim)

Alguém aí poderia me informar qual o melhor aplicativo de Tetris? rs.

18 comentários:

  1. post fenomenal. "precisava segurar aquelas mesas porque, apesar de não parecer, *olhos se enchem de lágrimas* algumas pessoas iam chegar" HAHAHAHAH eu ri alto, desculpa!

    olha, vou dizer, eu admiro profundamente pessoas desapegadas ao celular. pessoa indepentende das máquinas, um ser humano livre que só precisa das próprias pernas.

    e as odeio ao mesmo tempo. (como assim você não tem um celular pra dizer que ocorreu um imprevisto e não vai poder ir ao cinema? COMO ASSIM??)

    eu não sou mega apegada ao celular. eu vejo como você os prós e contras, que são basicamente: contra = as pessoas te acharem (pra quê a mãe deveria saber onde a gente tá né?)

    e pró = você achar as pessoas, principalmente os amigos que te dão o maior chá de cadeira do mundo enquanto o mundo ao seu redor quase chora de pena de te ver ali encostada esperando alguém, sozinha. eu te entendo Anna, você não está sozinha nessas frias!!!

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  2. Eu meio que sofri quando fiquei sem celular AUHUAHA Sempre tive celulares pobrinhos, e quando tive um melhorzinho, fiz o favor de perdê-lo porque sou lesada --' O meu faz ligações, manda sms e me deixa acessar a internet, então, tá bom, né AUHAUAH Eu tenho medo - e falta de dinheiro - de ter um melhorzinho e acabar perdendo de novo ou sendo roubada ._.
    As pobres funções do meu celular já me salvaram de muitos momentos de tédio --'

    Bom...Feliz dia do blogueiro pra você *--*
    Bgs!

    http://qualquerlink.blogspot.com

    ps.: a sua caixinha de link pro outro blog tá com o link quebrado, não sei se você sabe ._.

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  3. Nossa, Anna, ri horrores com esse post! Sabe, estou sem celular a uns quatro meses, e nem reparei, antes tinha um desses bem velhos e pesados. Acho um absurdo essas pessoas que trocam de smartphone duas vezes por ano! Se dividem entre apple e blackberry. Sempre digo que vou comprar um celular novo, porque eu preciso, mas fico pensando no tanto de coisas boas que posso comprar com esse dinheiro e acabo abrindo a mão. Um iPod touch que é o único mimo que recebi, aliás, qual o seu usuário no instagram?

    beijos.

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  4. Sou desses que não vive sem o smartphone e não, não tenho vergonha de assumir! Vendi minha alma na hora que baixei o primeiro aplicativo, criei conta no instagran e joguei angry birds! Eu sei que isso não é saudável..mas! Fui mordido pela maçã, literalmente! Kim.

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  5. Você esqueceu de mencionar que você não tem um SmartPhone qualquer. Você tem um IPHONE, meu sonho de consumo! Você tem um instagram, que te permite tirar 1028038231 fotos de Chico e de seus pés e colocar um trilhão de filtros legais, enquanto eu sonho acordada com o momento em que poderei fazer isso, e morro de medo de sair de moda antes de eu poder ter um. Já disse que vou ser a hypster e ter um mesmo que esteja fora de moda.
    Anna, gosto muito mais de você com celular, porque você me apita no Voxer com a voz mais fofa do mundo e me faz ganhar o dia!
    E se o seu Iphone, além de tudo, trazer o homem amado em 10 dias, pelamor de Deus me avisa que eu vou vender meu corpitcho pra comprar um! HAHAHAHA!

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  6. Só consegui um celular desses que tiram foto e possuem jogos e etc's ano passado,meu antigo era daqueles que se vc ñ estivesse em um lugar alto ñ dava nem pra receber ligações.Por isso dou muito valor no meu hoje(mentira sou viciada nele)e ñ sei se sobreviveria sem ele(mentira eu sei q ñ duraria minutos)

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  7. Ganhei meu smartphone na semana do carnaval, prêmio pelo bom desempenho na faculdade. Fiquei apaixonada pelo brinquedinho e estou usando horrores na faculdade. A cada dia, descubro um novo aplicativo amor que vai tornar essa minha dura vida de estudante de engenharia um pouco mais prática. Um celular "tchop-tchura-liga-tira foto-entra-no-twitter-traz-o-homem-amado-em-10-dias" (amei!) era tudo o que eu precisava e eu nem sabia.

    Antes disso, me contentava com os celulares mais simples, desde que tivessem cartão de memória e um mp3 player digno para ouvir música nos ônibus da vida. Também odeio falar ao telefone, mas confesso que tenho uma quedinha por mensagens de texto, que são muito práticas. Desde aquela história de sms à vontade a $0,50 por dia, converso o dia todo com meu namorado, além de resolver muitos problemas simplesmente mandando recadinhos. Além disso, os joguinhos do celular sempre me distraíam nos intervalos e esperas da vida, bem como os alarmes eram amplamente usados por mim. Daí que percebi: precisava de um smartphone.

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  8. Anna, parabéns! Juro! Porque eu vou te contar uma coisa, apesar de ser a pessoa mais anti-social do mundo nas redes sociais (ñ tenho nada de twitter, facebook, orkuts e afins) eu sou fissurada num celular. Tipo extensão do corpo. E olha, eu nem sou tão requisitada assim.

    Há um tempo atrás me roubaram dois celulares seguidos, oq me fez desapegar um pouco, pegar um pobrinho q fazia só ligação e mandava msg. Mas aí mamis me presenteou com um lindo smartphone da Nokia, e imagina? Meu vício voltooou! rs..

    Beijos

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  9. Anna, comprei um xing-ling (by china) e naum GosTEi. Mas minha irmã me deu um motorola v3 pink (aka ainda existe e, naquela epoca, era muito moda, era muito amor). Estou gostando. Mas agora tenho dois: um da TIM (pra falar com meu amor) e um da Claro (pra manter meus pais seguros).
    Abraços!

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  10. minha única exigência com celulares era que desse pra colocar músicas e que eu pudesse escolher elas como toque e alarme :)

    sempre tive amigos que não tinham celular, e isso sim é complicado. você quer chamar pra fazer alguma coisa, avisar que vai se atrasar, ou qualquer coisa, e nunca acha o bendito. uma vez uns amigos e eu compramos um celular para um amigo nosso de tanto que a gente penava em achar ele, rs ^^

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  11. Dizer que eu não conseguiria ficar sem celular é mentira, mas não seria nada fácil. Além de precisar dele para ligações, meu celular me faz companhia. É ferramenta para eu não me sentir ansiosa ou sozinha quando espero por alguém que insiste em atrasar. Qualquer coisa vale, ler mensagens velha, olhar o twitter, o Facebook. Qualquer coisa que ajude a passar o tempo e sirva de distração (ruim, por sinal).
    E ah, não sei sobre o Tetris.

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  12. Particularmente eu não gosto muito de celulares. Uso celular apenas para ouvir música durante minhas caminhadas de ida/vinda da escola e para comunicação com meus pais sobre algo fora do normal ou se eu me sentir mal ou algo do tipo. Mas isso nunca acontece. Então eu não ligo pra ninguém e ninguém me liga (eu nem sei meu número de cor, haha).
    Mas sim, existe vida sem celular. Apesar de que é sempre bom ter um por perto.
    Bjo!

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  13. Lá estava eu preparando um post no meu blog sobre Instagram quando decido vir aqui e PUF! Um outro post sobre Instragram. Sério, eu não ligava muito para esse aplicativo, mas agora virou meu vício! Se eu não tirar pelo menos uma foto de qualquer coisa por dia, acho que o dia não foi tão mágico assim. Sem falar na praticidade, já vem com efeitinhos bonitinhos e tudo mais. Quanto a celular, também não gosto muito. Odeio ligar para as pessoas e só quando é de extrema importância, eu mando mensagens.

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  14. ai ai nem preciso dizer que amei o post né? Sempre tive essa coisa com gente smartmaniaca, é suuuper irritante! Tenho um pseudo-smartphone, que na verdade só tem aquele teclado com todas as letras, 3G e dá pra ouvir música. Não sou viciada, mas quando passei 2 meses longe achei pessimo porque super precisava mandar sms pros amigos de vez em quando e nada. Sorte que eu não tive esses perrengues que você teve e talz... Enfim, passa seu número depois :)
    Ameeeei as fotos do Chico, instagram é super maneiro e suas sapatilhas (e o formato dos seus pés) são lindíssimos! De fazer inveja até!
    Esses garotos de jornalismo tão perdendo tempo hein... era pra vc estar quase casada a essa altura -qqq
    Beijos e abraços apertados :)

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  15. Amo você odiar celular e ter um Iphone! Não gostar de fotografia e ter conta no instagram! kkkkkkkkkkkkkkkkkkk

    Beijo!

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  16. Eu não sou muito apegada ao meu celular, mas eu preciso dele. Isso é fato. Principalmente para falar com meu namorado e com meus pais. O meu não é um iPhone, é só um LG optimus qualquer, mas me satisfaz. Mas agora que eu sei que tu tem Instagram, te digo que quero mais fotos publicadas! hahaha
    Beijo Anna. <3

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  17. Eu sou assim, eu só tenho celular pra falar com meus pais, minhas irmãs e o pessoal do meu grupo na faculdade quando tem trabalho, se não fosse isso, não compraria. Eu também sempre fui dessas que comprava qualquer celular com o medo de ser assaltada e ter dinheiro -do meu pai- jogado fora, porque também sempre ando a pé ou de ônibus, até hoje compro um mais barato, até agora quando comprei um smartphone comprei um mais baratinho e só comprei pq o teclado é melhor pra eacrever sms hahahhaha, e não é touch, porque detesto touch. Beijos.

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  18. Eu sou apegada ao meu celular por dois motivos: primeiro porque é onde eu ouço músicas e segundo porque eu ainda estou pagando por ele, hahahaha!
    Mas eu odeio celular, odeio telefone, odeio que liguem pra mim,hahahaha. Mas não viveria sem. Principalmente por ter pavor em não poder ligar para os meus pais quando preciso ou pelo que você descreveu tão bem: ter que esperar achando que tá todo mundo te olhando. É um mal NECESSÁRIO.

    E o Chico é lindo. Chico deveria ter um blog e entrar na Máfia. ALOKA, eu?

    Beijos!

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