segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Celular: a conspiração

Parece nome de filme com o Nicolas Cage, mas é só minha vida mesmo.

Tudo começou por culpa da minha vida nômade de fim de ano. Cheguei do Natal em Tupaciguara na tarde de segunda-feira. Na quarta depois do almoço eu viajaria com meu pai e corja dos Rocha para um Ano Novo campestre. Eu, que não tinha nem biquíni, uma vez que não entrava na piscina desde dezembro de 2010 (depois eu digo que 2011 foi um pesadelo e as pessoas ainda perguntam por quê), precisava correr atrás disso e de todas as pendengas pré-viagem estilo descobrir onde estão as saídas de praia, comprar protetor solar, gravar mixes pra ouvir no carro e etc. Como se não bastasse, tinha três textos de Filosofia para estudar, já que chegaria do resort dia 1º à noite e em menos de 12 horas estaria num avião rumo a Belo Horizonte, para a segunda fase da UFMG. 

Na minha cabeça as coisas estavam mais ou menos organizadas, até meu pai me contar que na verdade planejava sair na quarta-feira bem cedo, e que passaria pra me buscar antes das 7h. Respirei fundo, cancelei a saída com as amigas, corri pro shopping logo cedo, comprei meu maiô-preto-Grace-Kelly e toda a parafernália necessária, estudei a tarde toda. Quando minha mãe chegou em casa no fim do dia, colocamos na máquina de lavar tudo que estava na mala de Natal e precisaria entrar na mala de Belo Horizonte, porque quando eu voltasse só teria tempo de tirar as Havaianas e os biquínis da mala e substituir pelos meus coturnos e capa de chuva. 

O negócio é que sou acometida por certo desespero nas vésperas de viagem, e isso justifica o ritmo frenético que girava minha cabeça naquela terça-feira corrida. Foi por causa dele que quando minha mãe pediu o jeans que eu estava usando pra colocar na máquina, eu tirei ele ali na lavanderia mesmo e joguei na água. Lá pelas duas da manhã, quando terminei de organizar tudo fui ajustar o despertador para o glorioso horário das cinco e meia da manhã, e cadê o bendito? Não estava na cama, do lado da cama, do lado do computador, no fosso do sofá, nem no banheiro ou dentro da mala. Estou bem acostumada a perder meu celular pela casa, então demoro para me abalar quando não consigo encontrá-lo. Se até dentro da geladeira já consegui esquecê-lo, não tê-lo achado nos lugares óbvios não era um problema. Olhei pra máquina de lavar e pensei que era a minha cara ter esquecido ele no bolso da calça. Não, minha mãe não me deixaria fazer algo assim. Ha. 

Depois de escarafunchar toda a casa, fiquei meio tensa. Resolvi ligar para ele, pra ver se ouvia tocar de algum lugar. Caixa postal. E ele estava ligado e a bateria carregada. Gelei. Corri para a máquina, enfiei a mão na água e adivinhem só o que encontrei flutuando por ali? Pois é. Juro que comecei a rir comigo mesma, porque aquilo tudo é muito a minha cara. Se não fosse comigo, com o meu celular, teria acontecido por culpa minha. Sequei tudo, tirei o chip e rezei para que ao menos minha agenda não fosse perdida.

Passar o Ano Novo sem celular foi meio ruim porque, como já expliquei antes, um pouco antes da meia-noite sou acometida por uma florzice melancólica que me leva a mandar mensagens pra todo mundo, igual bêbado que resolve fazer declaração de amor pra todos os amigos no meio da madrugada. Não vou mentir que não gosto de recebê-las também. Nem daria para falar com ninguém além da minha mãe, o único número que sei de cor. Fora isso foi sensacional passar quatro dias totalmente incomunicável, offline e fora de área. Tipo um sonho tornado realidade.

Chegando em casa, consegui recuperar meu chip e peguei o celular da minha avó emprestado. O problema foi que o celular da minha avó é tão pequeno que parece de brinquedo. Descobri que ela não consegue usá-lo não porque é uns 48 anos mais velha que eu e tem fobia de tecnologia, mas porque não dá mesmo pra enxergar nada naquele display minúsculo e clicar em coisas certas com teclas tão minúsculas e pouco funcionais. Fiz uma confusão tão enorme com o teclado que era mais prático ligar o notebook e entrar no Facebook pra falar com alguém do que mandar SMS.

Minha passagem de volta de Belo Horizonte tinha São Paulo como destino, já que fora comprada antes da Fuvest, quando ainda existia esperança de eu ir fazer a segunda fase, dia 8. Como não rolou, estava combinado que eu iria pra Sampa City de todo jeito, e depois voltaria pra casa. No entanto, meus pais tiveram um surto de superproteção e resolveram me mandar pra Uberlândia antes da hora. Eu, que pensava que sairia de BH like a boss, de avião, rumo a Congonhas, acabei num ônibus das 23h pra Uberlândia.

Acordei um pouco antes das 7h quando estávamos perto de casa. Peguei o celular para olhar as horas e mandar uma mensagem para a tia fofa que havia me hospedado avisando que a viagem tinha sido tranquila e que estava quase em casa. Acabei me distraindo com a música e cochilei, tendo acordado já na entrada da Uberlândia. Percebi que o celular não estava comigo quando desci, encontrei meu pai e ia ligar para minha mãe, avisando que tinha chegado bem. Cadê o bendito?

Revirei toda minha bolsa na maior classe do mundo, ali no meio da rodoviária. Nada. Voltei no ônibus, olhei tudo, ajoelhei no chão (phyna) pra ver se não tinha caído. Nada. Meu pai e o motorista subiram no ônibus e fizeram uma revista. Nada. A única explicação plausível é que durante meu cochilo um dos outros quatro passageiros do ônibus se deu ao trabalho de se levantar (não tinha ninguém do meu lado, atrás, ou na minha frente) do lugar e delicadamente tirar o celular do meu colo. Um celular que não tinha nem câmera, um display minúsculo e que mais parecia brinde que vem dentro de salgadinho vagabundo. Duvido que, novo, valesse mais que 30 reais. No entanto, não devemos subestimar o espírito de porco humano, e para todos os efeitos, meu celular foi roubado. O chip sobrevivente foi pro beleléu, assim como minha agenda. Com sorte, conseguirei recuperar meu número.

Meu pai está achando essa história tão improvável que chegou a verbalizar que acredita que eu sonhei - sim, ele disse isso - que havia visto o celular pela manhã e o havia perdido ainda na rodoviária. Eu prefiro acreditar que ele simplesmente desapareceu, porque minhas coisas simplesmente desaparecem e essa não seria a primeira vez. Se o culpado foi um duende ou poltergeist, fica a cargo do freguês.

** Costumo ter muitas ideias aleatórias para posts que acabam se perdendo na minha cabeça, sendo deixadas para trás. Como os posts nos últimos meses foram poucos e pouco inspirados, e eu estou estranhando não ter nada pra fazer depois de um ano de labuta, pensei em fazer um projeto estilo 15 dias 15 posts. O que acham? Leriam tudo? Me fariam companhia?

19 comentários:

  1. Se eu te acompanharia no projeto de 15 dias? Tá brincando, né?! LÓGICO! Já tô aqui, de barraca armada (deixe a ambiguidade de lado), com lanterninha e garrafa térmica, só esperando pelos textos.

    Mas olha, faltou uma foto do seu celular boiando dentro da máquina de lavar-roupa hahaha ai, desculpa dar risada, mas o que fazer? Veja pelo lado bom: celular novo! Chip novo! Ano novo! Tenha fé, Anna! :D

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  2. eu acompanharia com certeeeeeeza ! HAHAHA e ah fica tranquila, não é só contigo que acontece isso [mas será que é só com nós duas no mundo ? :x] nem queira saber o drama que se desenrolou com meu chip ! haha pq o celular não da nem historia...

    ficarei esperando os novos posts anciosamente !

    beijinhoooos (:

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  3. EU LERIA TUDO E COMENTARIA TUDO ANIMADAMENTE, VOCÊ ME CONHECE NÉ?
    Já fiquei ansiosa só de pensar em 15 dias de posts seus, entro aqui 120831083 vezes por dia pra ver post novo. HAHAHA.
    E eu, ao contrário do que meu pai tinha certeza que eu faria, nunca perdi um celular, nem estraguei nenhum!
    Nem deixei cair nenhum na privada!

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. E eu achando que era a miss perdedora de objetos in-úteis. Já tá mais que na hora de alguém inventar um Ctrl+F na vida real. Boa sorte com agenda, eu pelo menos nunca salvo os contatos então vai tudo pras cucuias. :p
    *_* Acho digno os 15 posts, leio com certeza.

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  6. desculpa o sadismo, mas eu ri muito dessa história do celular e não culpo o seu pai, porque parece mentira mesmo. sou super a favor dos 15!

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  7. EU LERIA TUDO NUM DIA SÓ E COMENTARIA TUDO ANIMADAMENTE NUM DIA SÓ LOTANDO TODA A SUA CAIXA DE COMENTÁRIOS DE UM DIA SÓ. Você me conhece, né? hahahah

    Eu também nunca perdi um celular. Nunca estraguei nenhum. Na verdade eu acho que tudo o que eu tinha que perder, perdi quando estava lá pela primeira/segunda série. Eu lembro que todo dia chegava em casa levando bronca da minha mãe pq tinha perdido alguma coisa.

    E HOJE EU NÃO PERCO MAIS NADA. NEM GUARDA-CHUVA.

    e fim.

    Depois avisa se vc vai conseguir manter o número, senão avisa do número novo!

    Beijo

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  8. isso é pior do que lavar as notas de dinheiro no bolso da calça! ahahaha. pelo menos nesse caso, ainda temos a opção de pendura-las no varal e esperar secar!
    Realmente celular faz falta na virada, mas não tanta falta quanto faz quando você esta bebado e quer se declarar para os amigos! (quando é pros amigos ainda ta bom, pior quando é pra aquele cara que vc esta ficando e ele nem esta ai para você! rs)

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  9. ah, o nome daquele esmalte, é LOVER da impala!

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  10. Com essa proposta dos 15 posts, tive que sair da moita e comentar! shuahsuahsas
    Todo santo dia venho aqui conferir se tem post novo, sem exagero. Quando estou longe do pc, vai pelo celular mesmo.
    POR FAVOR! Publique essa ideia, estarei aqui para ler e comentar até. *-*

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  11. Não costumo comentar,mas sempre leio os seus posts e adoro =D Achei muito legal a ideia dos 15 posts em 15 dias e com certeza leria tudo e até perderia a vergonha de comentar.
    Boa sorte com a recuperação do seu número :)

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  12. Desculpa Anna, mais acrescente mais um na sua lista de "isso-parece-mentira". Menina, quanto rolo com um celular! HAHAHA
    Boa sorte! Também sou ótima em perder coisa, esqueço tudo: guarda-chuva, celular, cadernos, enfim... Acredito que não somos as únicas!
    Sou nova pelo seu cantinho, e adoraria os 15 posts!
    Beijo.

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  13. Menina que coisa hein? Realmente não dá pra culpar seu pai de achar que você sonhou, porque toda essa história é digna de sonho, ou de filme! Rs!
    Beijinhos

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  14. Espera, roubam seu celular justamente quando vc tá com um aparelho velho e ruim? Meu Deus, mas isso foi muita sorte! Imagina se tivessem roubado o que vc perdeu pra lavadora! (ta bom que ele tb não teve um destino muito feliz, mas a sensação de perda acho que ia ser ainda pior...) Isso é que é certo por linhas tortas!
    Estranho tambem a materia que eu ACABEI de ler, logo antes de vir aqui: "como salvar um celular molhado" haha sério! ( super.abril.com.br/cotidiano/como-salvar-objetos-molhados-632145.shtml )
    E quanto a isso de perder objetos, tenho orgulho de dizer que nunca acabei com uma borracha, sempre perco elas antes do fim hauahausa :p
    Por fim, sobre os 15 posts, não acho uma boa ideia.
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    Nhaaa JK! É uma idéia fantástica, claro que eu acompanharia também! Somos uma legião fiel. ;)

    Bj

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  15. Olha, Annina, até a parte da máquina de lavar eu achei que éramos parecidas, mas depois você conseguiu ter mais azar que eu. E isso é bem difícil!
    Em 2010, depois do primeiro dia de aula dos meus calouros, passei no mercadinho e estava caminhando para minha casa da época quando começa a chover. No meio de um dia ensolarado, no meio do verão. (This is Floripa). Cheguei em casa como um pato molhado e joguei a roupa direto na máquina de lavar. O celular foi no bolso da jardineira e também só fui me lembrar muito depois. Acho que perdi o celular, mas o chip funcionou. Ufa! hahahaha
    Cuidado aí com o próximo chip, ok?
    beijos!

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  16. Você tem o dom de transformar qualquer assunto em uma história fascinante! Por que eu não leria? =)

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  17. Meu, parece eu com meu celular, Anninha. Mas nunca coloquei ele na máquina de lavar, já o pen drive... Duas vezes, hahaha. E eu super apoio os 15 posts :D Beeijo.

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  18. Anna, você é a rainha da maldição da lei de Murphy. Haja sorte. Dá certinho com o Antonio Prata, vai por mim. Eu também piro legal quando acontece alguma coisa com o meu celular - e olha que estou com um xing-ling que descarrega o tempo todo. Reparei que você está lendo Lolita, do Nabokov. Quero resenha, viu? Beijão!

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