terça-feira, 24 de agosto de 2010

Devem ser os nargulés

Existem dias em que chego a acreditar que em algum quarto escuro de um submundo habita uma legião de pessoas e objetos cuja existência se justifica puramente no propósito de me enlouquecer. Lá vivem as ruas que mudam de lugar para fazer com que eu me perca, crianças falando aos berros, me derrubando suco e estourando bombinhas nas minhas pernas, atendentes de locadora que bradam que não existem filmes do Woody Allen lançados em DVD e um exército de seres pequenos, travessos e cleptomaníacos que passam para o mundo de cá, vez ou outra, para pegar tudo que é importante para mim e deixar para sempre numa sala gigantesca cheia de guarda-chuvas, chaves de várias casas, papéis importantes e lapiseiras, como na Sala Precisa de Hogwarts onde os alunos escondem seus objetos.

Semana passada, depois de ter minha lapiseira favorita roubada no ano passado, comprei uma igual. Era uma daquelas Pental, de metal, cara, que pode te acompanhar por anos, uma vez que ela não quebra nunca. A não ser, claro, que tirem ela de você.

Por conta do trauma do último roubo, andava com a lapiseira nova para todos os cantos, e verificar se ela estava ali comigo tinha tornado-se quase um tique nervoso. Hoje na escola, durante o intervalo, coloquei ela presa na espiral do meu caderno e fui até o fundo da sala conversar com umas amigas. Me sentei de costas para minha cadeira porque, claro, que pessoa é obcecada o suficiente para ficar de olho numa lapiseira à distância? É demais até pra mim. Voltando para a mesa, vi que a lapiseira não estava lá. Respirei fundo, (nada de pânico, Anna Vitória, vai ver ela só caiu no chão), olhei em todo chão ao meu redor, entre as folhas dos livros e cadernos, na bolsa, nos bolsos (respire, 1, 2, 3), perguntei se as pessoas que se sentam perto de mim por acaso não a haviam guardado por engano, (calma, Anna Vitória, uma lapiseira não some do nada), perguntei para a sala inteira se alguém tinha visto ela caída no chão (já pode surtar?), revistei tudo ao meu redor de novo. Nada. Surtei.

Só não sapateei e chorei ali na hora porque não pegaria bem aprontar um escândalo na frente de todos, mas que minha vontade era de fazer bico e birra era enorme, não vou negar. Se tem uma coisa que eu sou neurótica é com meu material escolar. Quer dizer, não estou nem aí se perco canetas vermelhas todos os dias, se a tampa da cor-de-rosa sumiu, se o fundo da roxa quebrou, mas nada pode acontecer com minha lapiseira de estimação, minha caneta Bic de fazer prova, minha borracha, meu marca-texto, meus cadernos e minhas apostilas de Exatas. Eu não penso direito sem eles.

Ano passado desapareceu misteriosamente meu caderno de Exatas e minha apostila de Química. A principal apostila de Química. O caderno em que eu anotava absolutamente TUDO que valia a pena ser lembrado e muito bem aprendido. Nunca encontrei. Fui em Achados e Perdidos, revirei minha casa, a casa dos outros, enlouqueci meus pais e amigos, os funcionários da escola, nada do caderno. Tirei 3 numa prova de Química por causa disso, já que perdi o caderno na semana de provas e não consegui recuperar todas as anotações e exercícios a tempo da dolorosa. Já fui mal em uma prova de Matemática porque esqueci minha borracha e na época tinha vergonha de pedir material pros fiscais de prova. Eu errava tudo e ia apagando com a borracha da lapiseira até que a bendita acabou. Desespero, sofrimento, lágrimas e notas ruins, só isso acontece quando perco minhas coisas.

Ah é, estou praticamente sem voz desde segunda, não consigo engolir nada mais consistente do que mingau - tenho me nutrido de açaí escondida dos meus pais, já que é gelado -, estou com a coluna estropiada, minhas provas começam amanhã e eu não sei nada de Geometria. Posso ter uma licença poética para surtar por conta da minha lapiseira? Se não,vou ali morrer um pouquinho, me acordem por favor quando já existir um CTRL + F na vida real.


19 comentários:

  1. Realmente, um Ctrl+F na vida real seria a melhor coisa do mundo!

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  2. Boa sorte na procura da sua porta-minas de estimação (porta-minas é como chamam lapiseira em alguns lugares do Brasil, não sei se aí em Minas é assim tbm rsrs... ok, desconsidere)
    Quando eu era criança costumava idealizar um detector de coisas perdidas, tipo aqueles que apitam perto de metais, só que ele apitaria perto da coisa que vc estivesse procurando. Acho que viria a calhar agora, não?
    Bjo

    P.S.: Boa sorte com a prova de geometria. Infelizmente temos q aprender isso, pq, acredite, arestas e hexaedros não serão úteis nunca na sua vida e acho q vc já percebeu isso. :X

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  3. Ahhh =/
    espero q vc ache logo.. e se não achar que consiga fazer suas outras provas...!
    beijos!

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  4. Tadinhaaa.. rs :X
    Eu dava trela qdo sumia lapis que eu colecionava; nao sei pq os levava pra escola, parece q eram pra ser roubados msm.
    E poxa, reclama ae na sua escola; como q uma lapiseira some do nada!? *estranho*
    E melhoras na voz e nas provas! se sua lapiseira nao voltar, conte pro seu pai q ele entende e te da outra! ;) bjo!

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  5. eu tô esperando pelo ctrl + f da vida há uns cento e trinta anos, mas ele realmente parece não existir.

    ah, e eu realmente diria pra você ignorar a geometria. ela não vai fazer diferença nenhuma na sua vida e você nunca mais vai saber que ela existe depois do vestibular. e se o problema é vestibular... deixei essa parte inteira da prova em branco e passei.

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  6. ôh!! bixinha se acalme...
    procure no escoderijo do salgueiro lutador (H.P),na camara secreta, ou até em arkaban derrepente alguém esqueceu que tinha dona. Mas se com todo esse esforço magico não achar, vá até o beco diagonal, e compre outra igual. Num esquenta não se concentra pra provas menina.

    beijo grande !!

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  7. Ah, quer saber? Entendo seu drama por causa da lapiseira. Sou bem assim com algumas coisas minhas também!

    Saudades de ter tempo de passar por aqui! Ultimamente, não tô tendo tempo nem pra ficar doente! ><

    Beeeijos

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  8. Menina, acredita que eu n sabia o que era CTRL F? Tive que procurar no google, ahahahhaa.
    Eu sempre digo que na vida deveria existir CTRL+Z, mas na capinha do meu notebook ta escrito, pra me lembrar sempre: Na vida não existe Ctrl Z. Agora vou pedir tbm pra que inventem um Ctrl F, pq eu tbm fico desesperada qdo perco as coisas. E perder o material me irrita MUITO. Quando minha borracha cai na sala, eu fico PUTA enquanto não encontro, e pergunto pra todo mundo mesmo!
    Hahaha
    Beijoss

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  9. É por essas e outras que eu ando sempre com duas lapiseiras, borrachas e canetas. Mas não acho que a perca de uma lapiseira seja para tanto. Quer dizer, não sei. Minha professora de quimica tem uma lapiseira dessas que ela usa tem 7 anos e meio. rs
    Beeijos!

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  10. eu te entendo. acredite!
    se um dia eu perder minha lapiseira de desenho branca, eu surto. meu limpa-tipo também. e meu esfuminho... hahaha

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  11. Pensei que só eu fazia dessas, haha. E na sua saga em busca da lapiseira perdida eu lembrei da minha saga em busca do esquadro perdido. Estudo Arquitetura, então meus esquadros tem que estar sempre comigo, todos eles. E quando um deles desapareceu foi o caos na Terra. XD
    E Ctrl+F seria muito útil, nossa! Me pouparia tempo, sem dúvidas.
    Até mais, beijo!

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  12. ahahaha, adoro o jeito que você escreve!

    já perdi uma lapiseira que eu adorava, porque era gordinha! era da faber-castell, e a borracha saia, quando rodava. ela tava velhinha, mas eu adorava! perdi na classe de inglês e nunca mais a vi :(
    agora uso uma fininha e demorei muito pra me acostumar com ela!
    beijos

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  13. Minha mãe sempre fala que existem duendes que roubam as coisas quando você mais precisa, e só devolvem quando você menos espera. Acho que foi isso que aconteceu quando meu RG sumiu, e uns 6 meses depois (mesmo eu tendo feito umas 10 faxinas no quarto inteiro) ele apareceu entre a cama e a parede. E eu já tinha feito a 2ª via x.x
    Então, calma. É tudo culpa dos duendes rs.
    Beeijo

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  14. Engraçado como você parece comigo: a gente faz drama com coisas que todo mundo ao nosso redor acha insignificante. Agora deixem falar isso pra gente e irão encontrar com a raiva em pessoa, hahaha.
    Já roubaram uma Pentel minha, também. Era meu bichinho de estimação, mas me raptaram sem dó nem piedade. Fazêr o quê? Não comprei outra, fiquei com trauma. Essa minha neurose toda eu tenho mesmo com meus livros. Ciúmes de coisas, nós temos :)
    Beijos e boa sorte com a fase tensa ;)

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  15. Perdi minha borracha a dois dias, eu acho. Detesto perder borrachas porque meu sonho é conseguir acabar com uma, mas sempre as perco antes --'.

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  16. Mini-Flor.
    E eu que acabei de apertar o CTRL F pra descobrir o que significava ele... hahaha... que pessoa mais retrô.
    Anna, tenho problemas com canetas no meu trabalho. Lá só levo Bic, preparada para que ela saia das minhas mãos em qualquer momento. E tenh problemas com brincos pequenos. Sempre sempre sempre perco um deles. É revoltante, porque daí não posso mais usá-los, né.
    Agora nada some, nada anda, nada caminha. Só seres humanos. A galera rouba mesmo. ROUBAAAAAA. Pronto, falei. E roubaram as tuas apostilas e cadernos porque você é uma aluna exemplar e queriam as suas anotações. Coloque cadeado na mochila, tem uns lindos.
    beijos.

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  17. Primeiro melhoras pra sua voz,se bem que vc já deve ter melhorado rsrs!
    Por isso que sempre tive o sonho patético de ter armário na escola como nos filmes americanos rsrs cansei de ser roubada
    Beijos

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  18. Ah Anna, mas que droga!
    Eu ficaria p da vida se isso acontecesse comigo tambem. Mas compraria outra so de raiva e andaria com ela no bolso... hihihi
    Bjitos!

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  19. No meu caso, o que me deixa pê da vida é perder a borracha. Todo começo de ano eu tento buscar a borracha perfeita, aquela que apaga tudo sem deixar fantasmas e não solta muitos pedaços dela (porque eu desenho muito e erro muito também). Então, a minha preferida é aquela com a capinha vermelha só que em versão jambo (já que dá para usar o ano inteiro). Você acredita que depois de uns dois meses de aula ela simplesmente sumiu? Não pude acreditar no tamanho da minha sorte e quase tive um treco. E essa não foi a pior parte, foi quando eu achei um pedaço da borracha (sim, ela foi esquartejada) na mesa de um colega meu e só reconheci ela porque eu tinha mania de desenhar o símbolo da minha banda favorita nela. Claro que a roubei de volta com a maior tristeza do mundo, afinal uma borracha que era para durar o ano inteiro nem chegou perto disso. Mas sempre que eu perco algo eu faço todo mundo me ajudar a procurar. Também sou neurótica com essas coisas desde o sequestro e assassinato da minha borracha.

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