segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Antes que o mundo acabe

Uma imagem que sintetiza bem o meu ano é de um show que fui com meus amigos em meados de agosto. Não era nada grande ou conhecido, só uma banda local, de covers indies, que gostamos bastante. O show estava no fim, e tocava All These Things That I've Done, do Killers. Matheus, que vivia um estado de euforia estilo "me abraça porque você é minha melhor amiga e estamos aqui nesse momento lindo", estava segurando minha mão no alto e a gente cantava com o pouco de voz que nos restava "I've got a soul but I'm not a soldier...", como se quem estivesse em cima daquele palco fosse mesmo o Brandon Flowers. Foi lindo mesmo.

2011 foi um ano de renúncias. Renunciei a festas, shows de verdade (Strokes, Britney Spears e o provável último show do Sonic Youth. Ever.), saídas, sono, tranquilidade, fins de semana, cinema, cultos, dignidade. Tudo em nome de um bem maior que estou esperando vir até agora. Privada da maioria das coisas que me fazem bem, tive que aprender a tirar leite de pedra e ser feliz com pouco. O açaí na esquina da escola, as fugidas pro centro da cidade, longos passeios de ônibus, covers, momentos sozinha com Deus, música 24 horas por dia e maratonas de séries. Passei o ano todo me sentindo flutuar numa bolha, numa espécie de universo paralelo: todas as pessoas pareciam estar vivendo e fazendo alguma coisa de útil e interessante das suas vidas e eu olhava de uma janelinha embaçada, na parede da midiateca. Foi um ano meia boca, meio pela metade e que ficou me devendo muita coisa.

No início de 2011 a única coisa que eu havia pedido era leveza. Ha. A morte de uma tia-avó logo no fim de janeiro fez levantar uma poeira mórbida na minha vida e eu me meti em longos pensamentos sobre a morte da bezerra e de todas as pessoas do mundo, fazendo com que eu me sentisse mais dentro da cabeça do Alvy Singer do que já me sinto normalmente. Foi um ano denso e meio melancólico, cheio de crises exitenciais. Oscilava entre me sentir dentro de um drama do Woody Allen e uma música da Adriana Calcanhoto. À noite, sonhava com o planeta Melancholia colidindo com a Terra e não achava essa ideia tão ruim - sério, várias vezes. Aprendi nesse ano que é melhor ser infeliz sendo gente do que ser feliz sendo uma pedra burra. Eclesiastes foi meu mantra.

Não vou pedir que 2012 seja doce, porque isso é brega e eu gosto muito mais de frutas cítricas. Quero que seja diferente e interessante. Quero ter umas histórias divertidas pra contar e mudar de ares e de pessoas. Quero começar a ver Seinfield e cortar o cabelo, comprar um livro de feng-shui e tirar as tralhas do meu quarto - sério. Quero ir mais a igreja, viajar com meus amigos e ir ao show do Los Hermanos. E chegar aqui ao fim dos próximos 12 meses contando que eu fui surpreendida e fui mais feliz do que triste. 

Se serve de bom agouro ou não, vale dizer que comecei meu ano me entupindo de comida enquanto segurava a vontade louca de chorar, porque sempre fico deprimida na meia-noite. Mas depois enxuguei os olhos, engoli as lágrimas e fui dançar loucamente ao som da pior banda do mundo, que foi de New York New York a uma versão sofrível de Anna Júlia num intervalo de poucas horas. Deixei a pista quando eles resolveram tocar Another Brick In The Wall (mais sobre isso depois), morta de feliz, a batata da perna ardida de tanto twistear e sentindo que se pá as coisas darão certo. 

Resoluções? Essas daqui pra colar no espelho do banheiro e tatuar na testa.

12 comentários:

  1. Ah, pois meu título de post de ano novo foi exatamente 'que seja doce', haha. Brega ou não, esse é sempre meu desejo...

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  2. Já tive anos assim... 2011 foi um pouco assim, mas foi assim principalmente o do meu vestibular. Ah, e All These Things That I've Done é pra mim a melhor música do The Killers! :)

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  3. Pois eu comecei o ano chorando pra valer. Uma mistura de emoção e tristeza mesmo, mas acho que vai melhorar. É a tendência, né? Espero!
    Seu post até me deu uma animaçãozinha, um conforto pra esse ano que está por vir. Mensagem pra mim mesma depois desse post: dar valor às pequenas coisas, pra não pirar.
    Que 2012 seja melhor pra você, Anninha!

    P.S.
    "À noite, sonhava com o planeta Melancholia colidindo com a Terra e não achava essa ideia tão ruim - sério, várias vezes." Concordo HAHAHAHA. E adorei <3

    Beijos!

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  4. Você tem uma ótima vida!

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  5. Difícil dedicar-se verdadeiramente a algo e não ter que renunciar muito. Meu ano do vestibular também foi bem assim. Trancada dentro de casa, dia e noite, estudando completamente sozinha. Nada poderia ser mais melancólico, mas valeu muito a pena. Você definiu uma prioridade, querida. Isso é importante. No final das contas, toda renúncia é recompensada. Pode ter certeza que 2012 vai ser diferente, não tem como não ser. Você vai entrar em uma fase maravilhosa da sua vida em que tudo é novo. Surpresas não vão faltar. (:

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  6. ah, pra 2012 eu só espero ter mais dedicação disponível para fazer direito aquilo que tenho para fazer. sei lá, acho que a gente corre atrás da felicidade, do ano bom, de realizações e essas coisas. eu tenho uma lista mental de coisas a fazer e mudar e pôr em prática em 2012, mas eu preciso da dedicação e da perseverança que quase nunca tenho.

    anna, seu link do opposite way está quebrado, tive que pesquisar no google pra conseguir chegar lá.
    :*

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  7. Ah Anna pra conseguir algo maior a gente tem sempre que renunciar a outras coisas. Quando a gente consegue o que queria, a gente vê que valeu a pena. Que 2012 traga o que 2011 ficou te devendo.
    Beijão!

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  8. Ah Anna, sempre pode ser melhor e é oq ue todos esperamos. Por mais coisas que você tenha deixado um pouco de lado, algum resultado smepre traz. que seu ano seja cítrico então, mas com um gosto que você sinta na boca por muito tmepo, porque ele terá valido a pena. Feliz 2012 :)

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  9. Anna, tu só disse tudo que eu ando sentindo! Esse ano que passou eu tive a impressão de que todos estavam em melhor situação do que eu. 2012 eu quero diversão.
    Beijão.

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  10. Esse ano promete, Anninha. Pelo menos eu escolho começar 2012 com esse pensamento. E eu tenho fé que você não vai precisar repetir essa maratona esse ano e vai poder aproveitar a sua juventude, que afinal de contas é bem curta!

    Te desejo tudo de melhor esse ano. E que o mundo não acabe, porque eu queria viver pelo menos até os 27!
    Bjos

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  11. Meu 2012 começou horrível and going. Tenho feelings que esse será um ano de aprendizagem para mim - e anos de aprendizagem só são bons quando terminam. Mas né? Deus que sabe o que ele reserva. Vamos apenas torcer para que tudo, no fim, valha a pena.
    Um beijo, minha linda!

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