domingo, 28 de fevereiro de 2016

OSCAR 2016: Survivor edition #2

Dando sequência ao nosso rito de preparação para o Oscar, na segunda parte do nosso especial (veja a primeira aqui!) estarei falando a respeito de mais três filmes e meio: A Grande Aposta, Brooklyn, Spotlight e Ponte dos Espiões. No final, como de costume, elenco os vencedores do meu coração para a estatueta da noite. E logo mais tem agito no Twitter, comentando o tapete vermelho, falando groselha na hora dos prêmios chatos, e assistindo a história ser feita, com Leonardo DiCaprio e Lady Gaga se tornando artistas premiados com um Oscar, que é o Oscar do Oscar. 

"Filha, vem ver que vai começar um filme bom agora na HBO"
Ponte dos Espiões (2015, Steven Spielberg)

Sobre o que é? Um filme que nossos pais gostariam de assistir numa tarde de domingo.

Sobrevivi? Preferi não. Todo ano me dou ao direito de me sentir desobrigada de assistir um filme da lista de indicados e esse ano o escolhido foi esse. Ter os Coen por trás do roteiro me fez olhar pra ele com um pouco mais de boa vontade, mas no fim das contas acabei não assistindo. A gente realmente precisa de mais um filme quadrado e americano sobre Guerra Fria?

Unpopular opinion: Ter preguiça do Spielberg já é quase um consenso, né?

E o Oscar? Esse ano tem mais o que fazer, graças a Deus.

#jornalismo #sério
Spotlight (2015, Thomas McCarthy)

Sobre o que é? História real da equipe de jornalismo investigativo do Boston Globe que conseguiu desvendar um esquema da Igreja Católica que protegia padres acusados de pedofilia. 

Sobrevivi? Sim, e muito bem. É uma história realmente muito legal e impressionante, um filme tradicional, mas um tradicional muito bem feito. Sabe aquela história que é melhor saber fazer um arroz com feijão gostoso do que um ossobuco (?) marromeno? Então, Spotlight é aquele arroz com feijão e bacon, gostoso e sem erros, o tipo de filme que você pode sugerir pra qualquer pessoa, da sua colega de trabalho ao seu pai que nem gosta tanto assim de filmes, que eles vão achar bacana. O Mark Ruffalo está incrível e achei toda a construção da atmosfera jornalística bem realista: pessoas pálidas, com cabelo sem corte, roupas beges de caimento estranho, muita planilha no Excel e seus planos fodidos porque surgiu um assunto mais importante.

Unpopular opinion: É aquela coisa: a gente gosta de um arroz com feijão, mas dificilmente vai citar ele como prato favorito. Essa é minha opinião séria sobre Spotlight, é um filme bom, mas que não me impressionou e dificilmente vai ficar na memória. E pra citar meu amigo Victor, Rachel McAdams foi indicada por sua incrível capacidade de demonstrar verdade ao anotar num bloquinho. 


It's funny — one of the other fellows I worked with on "The West Wing," Lawrence O’Donnell, who's a fantastic MSNBC talking head these days, said to me, "How are you going to make that exciting? Good journalism is not what you see in the movies. It’s just people sitting around, having patience and waiting for people to tell them the right stuff at the right time. I don’t know how that’s a movie." I literally turned to him and said, "Yeah, exactly. That’s exactly what the movie is, and we’re going to make it exciting."

E o Oscar? É a pergunta que todo mundo está se fazendo. Acho que se O Regresso não estivesse na disputa, ele poderia muito bem ser o grande vencedor da noite. É um filme sério, bem tradicional, sobre uma questão importante - basicamente tudo aquilo que os tios da Academia adoram premiar. Mas repito o que disse no último post, ainda acho que vai dar O Regresso, e aí Spotlight sai pela tangente com um prêmio de roteiro. Absolutamente amei o Mark Ruffalo nesse papel e seria merecido demais se ele ganhasse, mas também não vai rolar. 

queria todas essas roupíneas
Brooklyn (2015, John Crowley)

Sobre o que é? Uma garota irlandesa vai ganhar a vida na América e precisa descobrir onde é o seu lar.

Sobrevivi? Quase me afoguei nas minhas lágrimas e nos meus sentimentos. Eu AMEI esse filme, de todo o meu coração. Senti horrores e me identifiquei muito com tudo, ainda que nunca tenha vivido uma situação parecida com a protagonista. Sabe aquele filme que você ama cada pedacinho? O elenco, os olhares, os diálogos, as voltas do roteiro, as roupas, o final? Então. Também é um filme tradicional, até clichê em alguns momentos, mas é lindo, lindo, lindo e tem o coração no lugar certo, batendo com força.

suahuahdajfhkjhkjhjjkjajhrkhr
Unpopular opinion: Gostei muito do final, que foi diferente do que eu esperava que fosse acontecer logo no início. Me apaixonei instantaneamente pelo sorriso e pelos olhos daquele italianinho maravilhoso, deu até vontade de arrumar um namorado um pouquinho menor que eu pra passear de braços dados com a cabeça encaixada no pescocinho dele daquele jeito fofo. O problema é que a competição do outro lado é o Domhnall Gleeson e isso é muito desleal. Domhnall Gleeson, gente. Na praia com você, existindo e sendo maravilhoso. Que difícil ser Eillis. 

oh boy
02 leituras interessantes: uma crítica relevante sobre o desenvolvimento da história e onde ela deu errado (embora tenha gostado do filme como um todo, concordo bastante com esse ponto) e um texto pessoal da Anne T. Donahue sobre escolher e reconhecer o próprio lar.

E o Oscar? Acho que o filme não corre o risco de ser premiado, mas gostaria de verdade de ver a Saoirse Ronan ganhar o Oscar dela - se não agora, em algum momento. Sou muito fã desde que ela fez a Briony, em Atonement, e nesse filme ela está perfeita.

#ai #homens (mas ei! é o Ryan Gosling)
A Grande Aposta (2015, Adam McKay)

Sobre o que é? Um grupo de pessoas que conseguiu enxergar a bolha imobiliária de 2008 antes que ela estourasse.

Sobrevivi? Sim! E ainda achei divertido! Poucos sabem, mas em 2010, quando eu estava no 2º ano do ensino médio, tive um professor que realmente gastou um tempo dando aulas sobre mercado financeiro pra minha turma, de um jeito que não só me fez entender o funcionamento das coisas, como me fez achar aquilo legal. Um legal tipo wow isso parecia muito complicado mas acho que peguei a lógica das coisas sou foda, que serviu para me deixar interessada sobre a crise de 2008. Eu assisti Inside Job duas vezes e achei o movimento Occupy Wall Street a coisa mais legal do mundo. Ainda é um tema espinhoso e eu já esqueci a maioria das coisas que aprendi na escola, de modo que fiz cara de paisagem e fingi entender várias coisas do filme, mas gostei bem e adorei o senso de humor e aquele tom de pastiche.

Unpopular opinion: É um filme tão masculino, mas tão masculino, que em vários momentos me senti dando risadas num vestiário enquanto coçava meu saco imaginário. Also: de péssimo gosto o uso de Margot Robbie e Selena Gomez para explicar conceitos econômicos. 

E o Oscar? Bom, esse é o filme que deixa aquela expectativa gostosa de zebra. Na mesma onda de Spotlight, é um filme que teria chances de ser o campeão da noite não fosse pela concorrência forte de O Regresso.  Mas acho o fator zebra aqui mais forte porque é um filme mais ousado, que se leva menos a sério e ri na cara de muita gente. 

AND THE OSCAR GOES TO


Melhor Filme: Mad Max
Melhor Diretor: George Miller (Mad Max)
Melhor Ator: Leonardo DiCaprio
Melhor Atriz: Saoirse Ronan
Melhor Ator Coadjuvante: Tom Hardy
Melhor Atriz Coadjuvante: Rooney Mara
Melhor Roteiro Original: Ex-Machina (não vi mas já amo ¯\_(ツ)_/¯)
Melhor Roteiro Adaptado: Emma Donoghue (Room)

2 comentários:

  1. Depois da nossa folia de ontem (porém ainda superando o Iñarritu levando diretor de novo), cheguei pra dar meus pitacos não requisitados (que cê já sabe de todos, mas né ¯\_(ツ)_/¯)
    Eu assisti "Ponte dos Espiões" logo que estreou no cinema e juro que quando vi que ele tinha sido indicado fiquei tipo ???????? porque ele realmente não é tudo isso. Adorei o Mark Rylance ter levado, ótimo, mas ele é realmente a única coisa que presta no filme. De resto, como disse Bird, um filme americano sobre Guerra Fria, é um filme americano sobre Guerra Fria.
    Spotlight eu gostei muito, de verdade, achei bacana focarem no trabalho dos jornalistas e não necessariamente no que acontece depois da publicação - que foi o que eu estava esperando e aí acabei meio frustrada depois. Mas sei lá, o final mexeu muito comigo (aquela lista, meu deus, aquela lista) e acho que o Oscar foi bem merecido.
    Já Brooklyn eu amei mesmo, não tem nem pra onde correr. Odeio o fato das pessoas ~sérias~ terem tratado ele como o filme bobinho do Oscar, que tava ali só pra cumprir a cota. É tão mais que isso, sabe? É tão bonito. Tão sensível. Tão delicado. Queria que as pessoas valorizassem mais filmes que fazem a gente sentir muitas coisas ao invés de só técnica, técnica, técnica, técnica.
    A Grande Aposta me surpreendeu levando roteiro adaptado, achei que ninguém tirava essa de Room. Mas né, acontecem coisas (ACONTECE A BOSTA DO IÑARRITU GANHANDO DOIS ANOS CONSECUTIVOS, MEU DEUS NÃO VOU SUPERAR). No geral achei ele super divertido, dei algumas risadas e tive a sensação de que estava conseguindo entender (quer dizer, agora eu não sei mais nada, mas na hora estava bem, acompanhando direitinho), mas é um filme bem masculino mesmo e apesar de não ter me incomodado tanto na hora, usar a Margot e a Selena foi bem problemático mesmo. De resto, adorei a edição, mas tenho certeza que daqui dois meses já nem vou lembrar que assisti, risos.

    te amo <3

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  2. Super amei Spotlight!!!
    Blog super atualizado com as novidades da cerimônia do casamento e da viagem da lua de mel! Passa lá quando puder.
    Bj e fk c Deus.
    Nana
    http://procurandoamigosvirtuais.blogspot.com.br

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