segunda-feira, 16 de março de 2015

Filminhos da vez #9: férias e ressaca do Oscar

Agora que o Oscar passou e minhas férias estão quase no fim, é chegada a hora de dividir aqui o que andei assistindo nesse meio período, quando entrava naquela eterna angústia existencial de nunca saber se deveria terminar a quinta temporada de Downton Abbey, assistir um filme que negligenciei na temporada de premiações, ou ver mais um episódio de The Office. Como sempre, vocês podem ver que não foi nem um, nem outro, e nem aquele lá, mas a mistura de sempre. 

The Babadook (Jennifer Kent, 2014): Eu nunca tinha visto um filme de terror australiano, e como a origem do filme costuma fazer uma boa diferença principalmente em terror - o medo e a forma de expressá-lo é uma coisa bem cultural - estava bem curiosa pro resultado dessa. Mas sei lá? Achei o filme meio preguiçoso em diversos pontos: a gente já viu a história antes - criança que vê fantasmas, morte na família, loucura vs. realidade, etc - e ele é cheio de lugares comuns, tipo a fotografia, sempre em tons de cinza e destaque em vermelho. Ele não tem muitos sustos, o terror está mesmo no climão e no desconforto da história. Até aí seria um filme como vários por aí, mas no final a coisa descontrola e até agora não formei opinião. Achei estranho, mas não sei se de um jeito bom. 

Into The Woods (Rob Marshall, 2014): Amigos, que bomba. Vamos fingir que o problema não é só ninguém aguentar mais releituras de contos de fada com live action e nos concentrar no simples fato de que esse filme é muito chato e não faz o menor sentido. A proposta aqui é fazer uma historinha X cruzar com vários contos de fada, e até um determinado ponto isso funciona, mas o filme sofre uma virada quando tem a deixa PERFEITA pra acabar, e você jura que ele vai acabar e vai ser só um filme ok pra ser esquecido nas próximas duas horas, mas não. Ele continua. E quando ele resolve continuar, num plot que já não tem nada a ver com o do começo, o único efeito possível é ele ser tão chato, irritante e ALEATÓRIO que você vai se lembrar pelos próximos dois anos dessas duas horas mais longas da sua vida. 

Tabu (Miguel Gomes, 2012): Gente, esse filme. Meu Deus do céu esse filme. Tabu é tão lindo e incrível que eu assisti duas vezes em menos de uma semana. O filme é português e conta uma história de amor a partir da lembrança de um de seus protagonistas, agora velho. Metade do filme é um flashback, e nessa hora os diálogos somem e é tudo guiado por uma narração em off, os sons ambientes e uma trilha sonora maravilhosa. Gian Luca Ventura conta sua história de amor com Aurora como se estivesse falando de um sonho, ou como se ele mesmo fizesse um filme do grande amor da sua vida. É muito metalinguístico, cinema puro, daquele tipo de coisa que faz a gente lembrar por que assiste filmes e o que existe de tão mágico em histórias de amor. É tudo ardido de lindo, ASSISTÃO!!11

Two Night Stand (Max Nichols, 2014): Sabe aquele filme que é besta até a medula, que nunca quis te convencer que é mais do que isso, e mesmo assim você assiste e sorri feito besta? Pois é, Two Night Stand é assim. Olha a história: esses dois mocinhos se encontram num site de relacionamento, rola uma booty call desesperada, e no dia seguinte, quando ela está prestes a ir embora, eles descobrem que está caindo uma nevasca lá fora e não tem a menor condição de sair de casa. Então os dois tem que passar o dia seguinte juntos e é assim que a mágica acontece. É muito besta. Mas é muito divertido. Queria ressuscitar a Nora Ephron pra reescrever os diálogos e usar esse plot pra nova melhor comédia romântica de todos os tempos, com o Tom Hanks e a Meg Ryan. Mas esse é com o Miles Teller, então bão também.

Chef (Jon Fraveau, 2014): Outro filmes simples, previsível até os ossos, mas que funciona por ser muito simpático e por não querer ser mais que um filme simpático pra gente ver domingo a tarde. Aqui o Jon Fraveau é um chef de cozinha que sai do restaurante chique pra apostar na comida que ele acredita, e assim ele parte numa road trip a bordo de um foodtruck, vendendo sanduíches cubanos de encher os olhos e ao mesmo tempo tendo bonding moments com o filho. O que mais gostei, além das comidas, foi a forma como ela aborda as redes sociais (muito preciso e nada forçado) e a trilha sonora, que acompanha as cidades onde o El Jefe passa: salsa em Miami, jazz em Nova Orleans, blues em Austin e o resto é a história. Sério, as músicas são quase tão incríveis quanto os pratos. Assistam e ouçam, por favor.

O Abutre (Dan Gilroy, 2014): Desaplaudido pelo Oscar, O Abutre acabou ficando naquela interminável lista de "pra ver depois" e isso só aconteceu tão rápido porque ele apareceu no catálogo da Netflix. Benzadeus! Porque olha, que filme incrível. É um thriller muito do bom sobre esse cara que vive de filmar acidentes, prisões e outros desastres para vender pra televisão, e é muito bacana a forma como o filme discute ética e sensacionalismo no meio jornalístico sem ser didático ou moralistão, e mais incrível ainda é como o personagem cresce e se revela cada vez mais psicopata. O Jake Gyllenhaal está MUITO bom no papel, performance de Oscar, e talvez por isso esteja horroroso também, fiquei atordoada - será que foi praga de Taylor? Sdds. Apesar da história não tem nada a ver, lembrei de Drive o tempo todo.

Pitch Perfect (Jason Moore, 2012): Eu provavelmente era a única pessoa no mundo que não tinha visto esse filme ainda, talvez porque as pessoas sempre falassem que ele era uma espécie de Glee e eu tenho pavor de Glee (DSCLP). Mas aí domingo de madrugada ele me pareceu uma boa ideia, e foi tão boa que me segurou acordada - tarefa árdua, viu? Achei deliciosamente cafona e é impossível não curtir Anna Kendrick emo e gótica junto com Rebel Wilson sendo Rebel Wilson, mas só acho que o filme poderia ser ainda mais legal se se passasse no colégio e se escolhessem músicas melhores pras apresentações. Detesto trilha top TVZ, porque depois de uns meses ela perde a relevância e fica meio ridículo um diálogo como "Ain então você conhece David Guetta?". Tipo, o sonho da menina é ser DJ e o exemplo dela é o David Guetta. Não dá.

Romy and Michele's High School Reunion (David Mirkin, 1997): MEU DEUS ESSE FILME É TUDO NA MINHA VIDA. Não sei como pude passar 21 anos sem essa pérola que define perfeitamente tudo que eu penso sobre vida no ensino médio e expectativas da vida adulta. Quando Romy e Michele resolvem inventar uma trajetória de sucesso pra impressionar os colegas de escola a gente descobre que todo mundo, de um jeito ou de outro, foi meio infeliz no colegial, mas que todo mundo, de um jeito ou de outro, viveu momentos maravilhosos no colegial. E que sua vida não precisa estar perfeita dez anos depois pra ser maravilhosa. E que mais importante que dinheiro e sucesso em qualquer fase da vida é ter melhores amigas maravilhosas, que estejam com você. O filme é uma overdose de estética errada dos anos 90, e ainda tem no elenco a Phoebe e a Jeanine Garofalo, minha rainha. 

Heather Mooney, my spirit animal

8 comentários:

  1. Eu estava pronta pra parar de procrastinar e ir fazer as coisas que eu tenho que fazer quando esse link apareceu na minha timeline e como eu estou passando por uma fase maravilhosa de trocar série por filme ultimamente (tão triste porque não tem mais Downton até setembro, não quero ver mais nada), vim aqui pegar as dicas.

    Mas é o seguinte. Terror: passo. Não dá, não consigo. Into the Woods: você é a terceira pessoa que eu vejo falando não só mal mas muito mal. Fiquei até com preguiça depois disso. Tabu: que bonita a sua reação, mas metade do filme é sem diálogos e com narração em off? Anna, mas que receita boa pra dormir? Não? Desculpa, rs. Two Night Stand tem uma ideia bem boa, estou curiosa pra ver faz tempo (obrigada tumblr), mas preguiça de procurar também.

    Agora sobre o que eu vi: assisti Chef e O Abutre esse final de semana (acho que os dois acabaram de chegar no netflix, né?) e gostei muito dos dois também. Chef pode ser simples e previsível, mas tão bem feitinho, com uma vibe tão boa! Sou eu, então adorei muito a história com o filho. E a trilha sonora é ótima mesmo! E, sim, a integração com redes sociais!!! Adorei <3 E a comida, né. Ah, que coisa triste ver toda aquela comida e depois comer um sanduíche só de queijo.

    Sobre o Jake Gyllenhaal, ele tá bizarríssimo (e sensacional) nesse filme, com aquele jeito psycho e olhos meio arregalados, mas acho que já voltou ao normal, cê não acha?

    E esse último filme que você comentou, que é de 1997 e eu nunca vi e claramente preciso ver? Verei.

    Beijo!

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  2. Cara, Romy e Michelle é muito bom. Uma coisa meio Thelma e Louise mas anos 90, bem mais toscona e engraçada. O look das duas na festa é um muscthi! E vi que o Netflix colocou Chef no catálogo, aí fiquei até interessada mas acho que vou achar a mesma coisa que tu achou: levinho, simpático, beirando o picolé de chuchu. Beeeeijo!

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  3. Suas palavras sobre Into The Woods e Two Nigth Stand é tudo que eu vivo falando sobre eles a todos que me perguntam. Quando lembro que paguei oito libras (vamos nem converter que é pra não chorar mais) pra perder duas horas do meu dia em Londres pra ver Into The Woods eu tenho vontade de me castigar, mas castigo isso já foi e eu aprendi a lição, grazadeus.
    Ouvi maravilhas sobre O Abutre e agora que ele chegou no Netflix não vou mais perder tempo.
    Beijo

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  4. Oi, miga!

    Into the Woods eu ia ver por motivos de Chris Pine (Tina Fey me entende), mas você já me desanimou horrores e desisti. Two Night Stand eu tô pra ver faz anos e mais ainda depois da sua recomendação. Analeigh e Miles Teller, pfvr. Minha cara esse filme.

    Chef eu tarra com preguiça, mas fui convencida. E O Abutre é outro que eu deveria ter visto (até comecei, mas dormi porque ele é muito escuro?). Como eu te disse no Twitter, o Jake sempre foi um cara gato meio esquisito, mas a barba e os músculos impediam a gente de ver. Magreza e cabelim bizarro evidenciaram. Sempre achei ele muito bom ator. Desde Donnie Darko (aliás, cê já viu esse, né?)

    Pitch Perfect nós concordamos bastante. Só que sei lá, Annoca, quantos DJs são conhecidos do grande público? É isso que eles queriam, que o povo soubesse quem é. Verossimilhança foi a menor das preocupações e nem dá pra cobrar isso de um pipocão descompromissado desse hahaha Acho que a trilha ajudou na cafonice, só não consigo aturar piada de vômito na minha TV D:

    Fiquei transtornada de vontade de assistir Tabu O.O Tem no Netflix? (já reparou que essa pergunta é o novo 'fulano tem msn?', o que só prova como estamos individualistas #teorias).

    Beijos, amo você <3

    P.S: Você é uma creiça que tá lendo Raven Boys e nem veio comentar comigo. Francamente, Anna Vitória, se emende nessa vida.

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    1. Esqueci de dizer que vi o final desse filme da Phoebe na Sessão da Tarde há mil anos (esses looks maravilhosos do pôster são elas indo pra um baile, certo?), mas não lembro nada e preciso disso na minha vida de novo.

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  5. Amiga, cê sabe que post com lista de filme me deixa desconsertada né? Bem, "Out of the woods" eu vi e não achei insuportável não, mas também DETESTO quando o filme tem a deixa perfeita pra acabar e resolve continuar. Ou, no caso, continuar por MAIS UM MILÊNIO.
    E: Óbvio que cê não era a única pessoa do mundo sem assistir o da Anna Kendrick porque, adivinha, eu nunca assisti, hehe (mas AMO a música).
    Te amo! <3

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  6. Oi, só vi Pitch Perfect e acho que ainda não vi um filme no mês de março todo. Sou uma vergonha pra classe e não sei quem tá roubando meu tempo, mas DEVOLVAM QUE EU TO PRECISANDO.
    Tabu, quero tanto, peloamor. Já sindo amor sem nem ter visto. E também to morrendo de vontade de O Abutre. Mas, não vamos nos enganar, eu sei que o que eu vou assistir antes de tudo vai ser Two Night Stand e Romy e Michele porque minha vida tá precisando de diversão pura e simples com batata frita e refrigerante pfvr obg.
    Beijos, amo você <3

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  7. Que MEDO do personagem do Jake Gyllenhaal!!!!!
    Não dava nem dou muito por Into the Woods. Pitch Perfect é legalzin e já tinha visto você falando do último da lista no twitter, até marquei pra ver qualquer dia desses.

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