sexta-feira, 22 de julho de 2011

Prata em Perdizes

Em várias de suas crônicas, Antonio Prata discorre sobre o bairro que morava, Perdizes. Morava, pois, recentemente, escreveu em sua coluna na Folha que estava de mudança e isso o estava deixando melancólico como o diabo (Holden Caufield detected). Não só a ele, mas a mim também. Como assim o Antonio Prata vai se mudar?

Explico: quando vou para São Paulo, fico na casa dos meus tios, no (surpresa, surpresa) bairro de Perdizes. O Antonio Prata morava em Perdizes. Sendo eu fã dele, groupie literária e irremediavelmente stalker, esta coincidência era do tipo que fazia minha vida ter mais sentido. Não, nunca o encontrei por lá, mas só de saber que essa possibilidade era real eu já ficava em êxtase. 

Andava por aquelas ruas na esperança de flagrá-lo em alguma esquina, cantarolando na rua, indo devolver um dvd; pensava em como serial legal caso o encontrasse na vendinha da Dona Beatriz comprando umas cervejas enquanto eu e meu primo comprávamos chocolate ou então se tivesse a felicidade de topar com ele no sebo Papagali, em meio a livros muito velhos e vinis empoeirados. Naqueles fins de tarde em que eu e meu primo subíamos a Apinajés de volta pra casa, eu quase de quatro por não estar acostumada com ladeiras daquele naipe, ficava pensando se ele já havia escutado o papagaio do Zé Ladrão cantar Fígaro de madrugada e se ele e sua esposa já tinham jantando no tailandês simpático e pequeno que eu tanto gostei de ter conhecido. Já procurei bastante por seu antigo prédio, que ele já deixou escapar em uma crônica que se chamava Maria Alice, mas nunca avistei sua janela no térreo e nem a senhora do andar de cima jogando bitucas de cigarro em sua varanda. Tão perto, tão longe! E por falar em paixão, em razão de viver (talvez não tanto), você bem que podia ter me aparecido, Antonio Prata. Eu provavelmente congelaria de vergonha e ficaria te observando atrás de uma coluna, feito boba, mas teria valido à pena. 

No fundo, desejo que ele e sua digníssima sejam felizes na casa com gramado, e que tenham filhos bonitos e talentosos e não escutem mais impropérios vindos de janelas alheias. Vou passar o fim de semana em São Paulo e irei acompanhada de uma expectativa bem mais morna, tendo as mesmas chances de encontrá-lo por lá, agora considerando a cidade enorme, do que tenho de encontrar, sei lá, o Hélio Flanders. Caso vá na Mercearia São Pedro e me lembre daquela foto dele impressa em uma das mesas, talvez olhe para os lados para ver se o encontro se aborrecendo no balcão das saladas ou comprando papel higiênico naquele lugar lindo e maluco, mas, como já disse, a expectativa agora é pouca; resigno-me, pois, ao nosso eterno desencontro.

(No entanto, caso alguém saiba a localização de sua nova morada, por favor, compartilhe!)

16 comentários:

  1. Pôxa Anninha, eu morava em Perdizes! Já passei tantas vezes na frente do Sebo Papagali, minha dentista é nessa rua, e a amiga da minha mãe mora aí também, Afonso Bovero, certo?
    Talvez a gente já tenha se cruzado hein?
    Dessa vez, certamente marcaríamos de nos encontrar..
    Agora tem que vir a Curitiba! Vai que o Prata vem dar um passeio na mesma época?? hahaha
    Beijos e boa sorte!

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  2. 'Groupie Literária' é ótimo!
    Infelizmente não faço idéia de onde mora o Antônio Prata, mas se por algum motivo vier a saber, juro que lhe digo...

    Adorei sua descrição da rua, São Paulo pareceu bem menos cinzenta do que costumo ter impressão.

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  3. Acabo de escrever sobre ir para Sampa e ter a oportunidade de conhecer o Pratinha Filho ou, sei lá, odilon Wagner (né?) A gente que é fã, tiete mesmo, sempre tem esse sonho, essa possibilidade. Eu me lembro dessa crônica em que o Antonio reclama da vizinha que joga bituca de cigarro e o prédio, Maria Alice. E eu prometendo: hei de visitar São Paulo novamente só pra ver o Antonio.
    Quem dera.
    Beijo, Anna.

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  4. Ah, não faço ideia da nova moradia dele, sinto muito :(

    Deve ser uma expectativa bem gostosa, com aquele frio na barriga e tudo. Cá entre nós, por mínimas que sejam as chances disso acontecer, a gente continua com aquela crença de fada madrinha. Infelizmente meus ídolos e inspirações estão do outro lado do oceano ou mortos. Trágico.

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  5. acho que eu sei como é esse sentimento.
    por muitos anos eu fui super fã da sandy, e como eu sempre morei em campinas, eu achava o máximo ter a sensação de que eu podia ver ela passeando no shopping, ou fazendo compras no supermercado, ou em qualquer outro lugar que eu costumava ir. campinas, no entanto, é uma cidade grande e nossos padrões de vida são bem distantes, o que limitaria a probabilidade da gente se encontrar. mas eu sempre adorei pensar que isso fosse possível ^^

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  6. Ah Anninha, se ele gosta tanto assim de Perdizes, mesmo morando em outro lugar, com certeza vai continuar frequentando os lugares de lá! Não perca as esperanças! Beijos

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  7. Eu não sei onde ele mora agora. :(
    Mas quem sabe ele não escreve sobre, tu descobre, vai lá, encontra ele, conversam e viram amigos? Uau, seria muito diver, né?
    Sério mesmo. Seria muuito legal!

    Bom, se um dia quiser conhecer outras cidades onde moram e moravam grandes escritores como Mario Quintana, David Coimbra, etc. venha para Porto Alegre. Eu te recebo. (:
    Um beijo!

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  8. Aninha, tá bom de você deixar sua alma de jornalista aflorar e tratar de stalkiar o Prata até encontrá-lo pessoalmente, até pq não é como se ele fosse se mudar amanhã né? hauahuha
    Beijão!

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  9. esse é um dos seus melhores textos!

    eu sei bem como se sente. esse sentimento só piora quando vc está em outro PAÍS e o bendito do Keith Richards insiste em não aparecer no boteco.

    um absurdo.

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  10. Ai, Antonio Prata, nosso muso! Gostei do texto muito bom. Eu vivo me perguntando se ele tem consciência de que ele é amado por tantos moças... Sério!

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  11. Ahhhh, eu adoraria experimentar esta sensação de estar "tão perto, tão longe" de alguém tão especial quanto Antônio Prata. Que sua nova morada o inspire ainda mais.

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  12. Meu deus, ele sabe disso? Você devia mandar a postagem pra ele ou sei lá. Vai ver você consegue um encontro bem no último minuto da mudança (é, eu sou o mais sonhador).

    Infelizmente meu ídolo literário está a quilômetros e mais quilômetros de distância, numa cidade linda e chuvosa: o Philip Pullman. E os meus outros ídolos são do cinema, então...

    Beijos, Anna (:

    P.S.: você não vem pra BH? Aqui é tão legal também. Quem sabe um dia nos topamos por aí, hein? Hahaha.
    P.P.S.: você também queria fazer cinema! Sabe, eu faço jornalismo e vou começar minha ênfase em cinema nesse próximo semestre. Na nossa Federal, a área de audiovisual está no auge. Espero que você também consiga conciliar os dois. Força!

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  13. E eu que nem sei onde fica Perdizes? É um nome tão legal pra bairro e volta e meia vejo endereços desse lugar, só lembro do Antonio.
    Eu só espero que ele escreva nas próximas crônicas onde está morando. Porque se sabendo mais ou menos onde ele mora, nós, as maiores stalkers dele da vida (hahaha), não fizemos nada, ele não tem o que temer!
    Agora eu só vou continuar torcendo pra ele vir à Floripa visitar o pai dele e dar uma passadinha no gabinete do reitor da UFSC pra dar um oi pro tio Álvaro Prata. Vai que nessa hora estou na praça da reitoria indo pro RU? hahahaha. Meu centro é de frente pra essa praça, então estarei sempre de olho!

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  14. Seus textos sempre com o humor certo que eu adoro!

    Concordo com o Luíz, acho que ele merece ver essa publicação, pode ser que algo o faço querer te conhecer.
    E só fui descobrir onde fica Perdizes depois de perguntar para dois amigos. Trabalho próximo... Prometo que caso saiba o novo endereço, te mando um e-mail.

    Beijo!

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  15. Eu não me surpreenderia se você nos contasse que o encontrou por aí, nos canaviais dispersos paulistanos... esta cidade é maluca assim!
    beijo!

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