Três paredes lilases e uma amarela, com corujas estampadas. Corujas! Já vira gatos e cachorros, até conheço quem já tenha topado com uma maluca dos pôneis, mas é a primeira vez que vejo corujas de uma forma tão... pegaria muito mal se eu dissesse fofinha? Ela entrou em um outro cômodo e pediu que eu esperasse ali. Sentei-me na cama macia e me perguntei àquele deus que eu até então não acreditava onde eu havia amarrado meu jegue. Depois de dois segundos, pedi a Ele que não me deixasse sair dali com bicadas de coruja na cabeça. Elas pareciam me olhar desconfiadas, assim como todos aqueles livros ao redor, ao mesmo tempo opressivos e reconfortantes. Ela me contou que seu nome saíra de um deles.
Quis beijá-la por causa de seu nome. Todo mundo tem uma Camila, uma Ana e uma dezena de Marianas no currículo, mas eu queria ser o único a beijar uma Taryne. Pensei nisso desde o momento em que ouvi alguém gritar seu nome no meio da festa. Criei coragem para falar com ela quando a vi dançando sozinha. Costumava funcionar dizer a uma garota solitária na pista que era um disparate uma moça assim tão bonita estar sozinha, mas ela apenas gargalhou e disse que em seus autos constava que não havia nada demais em rodopiar consigo mesma.
Resolvi entrar em sua onda. Tomei um gole daquela caipirinha de saquê de morango que ela segurava - DOCE! - e sem me importar se aquilo era ridículo, comecei a girar ao seu lado. Foi o suficiente para chamar sua atenção, e Taryne logo deixou o copo na mesa para tomar minhas mãos e, por minutos que pareceram suspensos no tempo e no espaço - de que ano mesmo é aquela música da garota que rola na areia e fica louca? - rodopiamos. Seus cabelos voavam e pude sentir o cheiro bom de seu perfume. Ela até disse o nome dele depois, mas agora não consigo me lembrar qual era. Tinha algo a ver com um buquê lilás. Será que ela era uma daquelas loucas para casar?
Ela era bem mais alta que a maioria das garotas e a saia rendada que usava lhe dava ares de elegantíssima e moderna princesa europeia. Pensei em lhe dizer isso, mas antes que eu pudesse fazer qualquer coisa ela chegou mais perto e disse que eu tinha exatamente três mil horas pra parar de lhe beijar e assim eu ganhei a noite: em poucos segundos eu não estaria somente beijando uma Taryne, mas a Taryne que usou um dos versos mais sensacionais do Cazuza para mostrar a que veio. Prático assim E eu tinha guardado essa carta na manga há tanto tempo...!
Ela finalmente apareceu no quarto, com um livro em mãos. Morangos Mofados. "Depois das bebidas doces, é um contraste interessante.". Sentou-se ao meu lado e logo recostou o corpo na cama, as pernas balançando pra fora, os pés quase tocando o chão. Conversamos. Estava abismado com a facilidade com que ela tagarelava, falando sobre seus livros favoritos e apontando para o lugar onde todos eles estavam nas prateleiras do quarto, e logo pulava para algo que eu não entendi lhufas sobre comunicação na era pós-moderna - como era mesmo o nome do cara? Lipovetsky? Dostoiévski? - e de repente perguntou para si mesma em voz alta o que teria acontecido na novela aquela noite. Rimos. Estava embasbacado com o fato de uma garota com corujas no quarto e unhas dos pés pintadas de lilás conseguir fazer piadas tão infames. Há quanto tempo estávamos de mão dadas?
Então Taryne me olhou séria, a mesma gravidade no olhar que flagrei quando ela apertou meu braço na escada-rolante do metrô. "Tô com sono, e o sono é meu soro da verdade, então eu vou dizer: tô morrendo de sono e acho que é hora de você ir.".
E agora estou a caminho de casa, segurando o livro que ela me emprestou e pensando no último beijo que não demos e em quantas horas eu ainda tinha, já que três mil é mais do que consigo imaginar. Se eu fechar os olhos, consigo me sentir rodopiando, como se o trem corresse em círculos embaixo da terra, no ritmo em que flutuavam os longos cabelos castanhos dela. Eu queria me casar com Taryne e seria capaz até de ter filhos com ela. Taryne seria a mãe dos meus três filhos, Luiz Carlos, Clarissa e Alice. Nunca havia pensado nisso e me assustei com a clareza dos meus sonhos, que me remeteram a um futuro domingo em que pintaríamos corujas num quarto de bebê.
Sei que é cedo para dizer isso e tenho amigos que acham que um homem jamais deveria dizê-lo, mas é quase de manhã, estou com sono e, como se sabe, o sono é o soro da verdade.
{Porque hoje é aniversário da Taryne de carne, osso, corujas e lilases, e eu escrevi a história de amor que ela merece viver. Parabéns, amiga. Espero que goste.
Love, always, Bavis ♥}
Meu Deus, agora que vi que nem mimei ainda! Tô parada porque não sei o que comentar depois disso! Se eu quase chorei, Taryne vai alagar a casa! Incrível, incrível, e eu VI o quarto do Luiz cheio de corujinhas! <3 <3
ResponderExcluirAMO vocês!
FELIZ TARYDAY!
''mas eu queria ser o único a beijar uma Taryne'' me peguei suspirando alto depois disso. Sério, pare de ser tão fantástica, Anninha - ou não pare não, que a Tary merece ser contada por uma história linda dessas. Vocês são demais <3
ResponderExcluirCara, não sei se choro pelo texto lindo em si ou porque tõ sentindo todo nosso amor pela Tary de uma vez só. E todas as nossas lembranças também.
ResponderExcluirEla merece isso, ela merece um amor pra vida inteira de parque, ela merece todo amor que houver nessa vida.
Amo você. Amo a Tary. x2
<3
PELO AMOR DE DEUS, QUE COISA MAIS LINDAAAAAAAAAAAAAA!!!!! Não tenho palavras. Happy #TaryDay, gente.
ResponderExcluirVou imprimir isso e guardar pra mim. Decidido.
Analu acertou, alaguei o quarto. E ela, sádica, me fez ler essa joia em voz alta. Chorei em cada linha. Você pegou umas referências que eu nem sei direito como conseguiu lembrar já que compartilhamos a falta de memória. Annoca, minha flor, eu te amo tanto que nem sei dizer. Me sinto feliz demais por você ter aparecido na minha vida. Muito obrigada, muito obrigada, muito obrigada! Eu sei que vou viver um amor assim. Eu tenho certeza. As melhores amigas do mundo eu já tenho e o melhor amor está guardado esperando o momento certo.
ResponderExcluir(Você entende que eu não sei o que dizer, né? É que eu estou tão emocionada e te amo TANTO que as palavras não saem)
<3
AI QUE TEXTO LINDO!!!! Chorei demais lendo. Sem brincadeira. Será que vai pro seu hall de previsões de futuro? Se for, Tary anda mais que sortuda hein! HAHAHA Maravilhoso Annoca!
ResponderExcluirAbraços! <3
Que lindo, que lindo!
ResponderExcluirAposto que a Taryne adorou, mas quem não queria viver uma história de amor dessas, heim?
=*
Conheço da Taryne o que eu posso ler no blog dela, ou seja: bem menos do que vocês. Mas tenho certeza de que o texto ficou a cara dela...!!!!
ResponderExcluirAh, Clarissa é o nome da minha (futura) filha.
beijos!
oie anna!
ResponderExcluirnossa, adorei o texto... gosto das sutilezas da história e das partes que me arrancaram sorrisos! gostaria de viver uma história assim algum dia, instantânea, bonita e sincera. aposto que a taryne também! parabéns pelo texto, ficou ótimo! ;)
beijo, beijo!
nunca deixe de escrever seus contos, eles são lindos.
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