terça-feira, 17 de setembro de 2013

Talvez eu goste de fotografia

Há mais de um ano, no início da minha vida universitária, postei um desabafo aqui falando sobre não gostar de fotografia, ou pelo menos não gostar tanto quanto a galera da minha sala afirmou gostar na primeira semana de aula. Há quase seis meses, postei um resumão da vida e disse que havia chegado a hora de encarar o fotojornalismo e provavelmente levar o primeiro pau da minha vida em alguma matéria. Hoje, escrevo aqui que terminei ontem meu semestre de fotografia e não estaria mentindo se dissesse que ando pesquisando aqui e acolá, como quem não quer nada, preços de câmeras fotográficas.

Quem diria que eu teria uma foto assim?

Minhas aulas eram assim: na primeira parte, o professor explicava alguma parte técnica sobre a câmera, algum recurso e esse tipo de coisa. Havia também uma parte mais teórica sobre as diferentes vertentes do fotojornalismo e no final a gente saía pra um exercício pela universidade, com um tema pré-definido a ser fotografado que muito provavelmente envolvia as técnicas aprendidas naquele dia. A parte teórica era de longe minha preferida (que novidade), principalmente porque tive que apresentar um trabalho sobre fotojornalismo social, que é uma coisa linda com a qual eu trabalhei durante todo o semestre em outras disciplinas. Odiava e morria de sono na parte da técnica (que novidade) e sempre pedia pra minha dupla me explicar depois porque não tinha paciência alguma pra ouvir o professor falando sobre distâncias focais e velocidade do obturador. No entanto, minha maior surpresa foi mesmo me divertir muito fotografando. Saindo por aí pra fotografar. Acordar cedo e ir pro parque tirar foto das pessoas. Coisa que já escrevi aqui que nunca faria. Que vida engraçada essa nossa.

Verdade verdadeira sobre o caso: acho que só comecei a gostar de foto porque o professor gostou de uma fotografia que fiz no primeiro dia de aula. Eu tinha tanta certeza que me daria mal e que não nasci pr'aquilo que estava esperando um desastre de trem. Porém, bem por acaso, no primeiro exercício do primeiro dia de aula eu consegui uma foto muito legal de um cara andando de bicicleta. Era fim de tarde e o sol se pondo fez sombra no moço, criando um desenho bacana no chão e um efeito de movimento muito legal. Foi bem aleatório, mas deixou meu professor entusiasmado e me deu confiança de que talvez, bem talvez, aquela disciplina não fosse ser uma mancha sangrenta e vergonhosa no meu currículo.

Desse primeiro dia até aqui, fiz muita coisa legal. Nem sei se os resultados foram extraordinários pra quem manja das coisas, mas eu consegui o que achava ser impossível: me diverti horrores. Ajudou muito eu ter uma dupla de trabalho que entrava nas minhas pilhas malucas (beijo Marina) de se enfiar embaixo das estantes da biblioteca, sair pelo campus correndo atrás de cachorros e mover mundos e fundos para fotografar a pista do aeroporto, porque toda semana a gente tinha uma ideia diferente que fazia com que tudo fosse bem mais divertido. De todos os trabalhos que fiz, adorei passar uma tarde fotografando e biblioteca, outra com uma pauta sobre acessibilidade no campus (longos minutos ao sol no ponto de ônibus torcendo para um cadeirante aparecer) e o tema da minha última prova, que foi meios de transporte e não-lugares.

As fotos desse post foram tiradas por mim com uma Nikon D3100 (via 9Gag)
Sou apaixonada por esse conceito e tudo que o envolve e estava super animada para fotografar no aeroporto - até porque deu o maior trabalho conseguir autorização - mas no fim das contas foram as fotos menos bacanas. Uma moça nos acompanhou o tempo todo e não nos deixava fazer nada. Eu queria me enfiar embaixo da aeronave e conseguir ângulos inusitados e o máximo que consegui foram aquelas fotos clichês que tem aos montes no Google. Em compensação, fotografar dentro do ônibus e nos terminais foi fantástico. Rolou todo uma receio das pessoas envolta não gostarem da ideia, muita gente fez gracinhas sem graça e sonhei a noite toda que alguém passava e roubava a câmera, mas no fim foi uma trabalheira gratificante. Outro trabalho totalmente demais que tive a chance de fazer foi a minha fotorreportagem, da qual já falei aqui antes, que além de tudo me deu a oportunidade de conhecer pessoas fantásticas e ouvir histórias extraordinárias. Descobri que não gosto muito de fotografar pessoas, vai ver que é porque eu odeio ser fotografada e sempre imagino que estou incomodando tanto quanto me sinto incomodada sempre que alguém enfia uma câmera na minha frente - e aqui tem um texto bem legal no Blog da Companhia sobre esse tema.

No fim das contas, nunca foi tão sem graça segurar uma máquina compacta sem ter mil botões pra apertar e coisas para ajustar e agora eu vejo o mundo com planos e enquadramentos corretos. Poderia passar todos os meus dias tirando fotos do pôr-do-sol e no fundo no fundo queria uma câmera bacanuda pra eu poder brincar um pouquinho, mesmo tendo certeza absoluta que sem a obrigação de ter que entregar o material pro professor eu jamais deixaria minha caminha num sábado às 8h da manhã para ir ao parque fotografar patos. No entanto, foi bom ter esse compromisso e o saldo final foi positivo.

Mas ainda não entendo quem escolhe um curso porque gosta de fotografia se o curso em si não for fotografia.























A cadela de saia, minha personagem favorita de todos os tempos




Sempre quis uma foto com luzinhas


12 comentários:

  1. Muitos dizem que uma imagem vale mais do que mil palavras. Eu não acredito nisso, pois são conceitos diferentes, mas acredito no poder comunicacional de uma foto.
    Uma boa foto é tão bela quanto poesia. Cada detalhe, a intensidade do brilho, o contraste em fotos feitas em preto e branco. É pura poesia imagética.
    É a beleza de poder comunicar e talvez até mudar algo, bem ali, na ponta do seu dedo.(ainda não entendo o seu 'talvez' - fotografia é amor e ponto)
    Bom texto (e boas fotos, principalmente a do cachorro de saia).

    ResponderExcluir
  2. Ameeeeeeeeei! Especialmente a do cachorrinho de saia!!!!! Impagável! E é só o começo...

    ResponderExcluir
  3. Que delícia ler isso! Eu também apagava nas aulas técnicas, gente. Ninguém merece aquilo. E não me divertia muito fotografando pelo campus não. Mas amo minha câmera e tenho super vontade de sair por aí fotografando com amigos, com pauta, pra desenvolver a fotografia mesmo! Ah, podemos brincar disso quando eu for pra Uber? Mas, patos às 8h da manhã não, tá? <3
    Te amo!

    ResponderExcluir
  4. TOOOOOOOOOOOOOOOOOODO MUNDO TEM FOTO COM BOKEH hahahahaahah bokeh é amor, manjado bagarai, mas é amor ♥ e que bom que você perdeu essa birra(?) com foto Anna! Também não curto muito fazer retrato pelos mesmos motivos, mas eu me jogo quando to com a Gert na bolsa e me aparece uma paisagem bonita no meio do caminho. hahahaha

    beijos ♥

    ResponderExcluir
  5. Ai que legal Anna!
    Sempre bom a gente superar alguma coisa nessa vida acadêmica, que nem sempre é um mar de rosas!
    Eu vivo tentando superar disciplinas que me dão sono. :p
    Enfim, foram fotos legais demais!

    Beijoca :*

    ResponderExcluir
  6. Eu poderia ter escrito esse texto! hahaha Amei, beijos.

    ResponderExcluir
  7. Eu comecei a ter fotografia esse semestre e confesso que já gostava de fotografia antes, mas também sempre fui meio alheia a parte técnica (sou dessas pessoas que ta no gráfico que você postou haha). Com as poucas aulas de fotografia que já tive, meu olhar já mudou bastante. Já consigo ver que apertar só o botão é uma limitação, existe mil maneiras de melhorar uma foto e deixá-la mais bonita. Ainda sou uma total poser, mas espero um dia chegar perto de tirar fotos de arrancar suspiros. Adorei muito suas fotos e queria ter coragem de sair por São Paulo tirando foto de tudo (mas o medinho de ser roubado é maior que minha vontade).

    ResponderExcluir
  8. Acho fotografia algo supra sumo, mas não tenho habilidades fotográficas. :( Nasci sem o dom, apesar do meu pai, meu primo e meu tio serem ótimos fotógrafos.
    Amei a foto da cadela. ♥ GENIAL. HAHAHAH
    Você devia continuar com isso! :)

    Beijo :]

    ResponderExcluir
  9. Daqui a pouco você pega a mania (ou paixão?) de fotografar com analógica, e eu vou amar muito todas as fotos! (já estou adorando essas)

    <3

    ResponderExcluir
  10. Não consigo engolir a ideia de anna-vitória-agora-tira-fotos, porque, bem, era legal sua birra com elas. MAS confesso que estou orgulhosa por você ter vencido esse desafio tão bem como todos os outros que apareceram na sua vida e ter tirado saldos positivos e vontade de ter uma câmera! A vida realmente é uma palhacita e é muito bom que a gente esteja aberto para usufruir o melhor possível dela!

    ResponderExcluir
  11. Fotografia é uma daquelas coisas que eu quero muito, mas tenho preguicinha. Tipo quando estou com sede, mas uma força preguiçosa enorme me prende à minha cama e nada me faz levantar, mesmo com a boca seca. Só de pensar em procurar técnicas, ler sobre, baixar mil aplicativos no iPhone, comprar câmera, aprender a manuseá-la etc, me dá sono. Mas quando começo a fotografar...Ah, não tem quem me faça parar! É tudo bonito demais, estimula todas as vertentes da minha criatividade. Me sinto uma fotógrafa profissional!

    ResponderExcluir