Meu único semestre normal na faculdade foi o primeiro. Começou em fevereiro e terminou em julho, ainda que no meio do caminho tenhamos parado de ter aula às segundas por conta da greve. Mas ainda era normal, com a diferença de que podíamos ir ao cinema depois da primeira aula de segunda. Por conta da greve, dos quase três meses sem aula, e das burocracias loucas e nada práticas da minha amada Universidade Federal de Uberlândia, a coisa saiu dos trilhos para nunca mais voltar.
Começou minha vida de aulas em dezembro, janeiro e julho, férias de três semanas e dos três períodos por ano. Uma rotina louca que mesmo três anos depois minha família não consegue assimilar, e sempre que eu entro de férias em setembro preciso explicar as circunstâncias, e sempre que um ano novo começa e eu continuo no mesmo período tenho que desenhar tudo de novo.
Esses arremedos desleixados para recuperar o tempo perdido acabaram acelerando demais o processo da minha graduação - talvez aqueles três meses de férias que todas as pessoas normais têm sejam necessários para se assimilar direito o ritmo de uma faculdade - e aqui estou eu, a um mês de começar meu último ano de faculdade. Último ano de faculdade. Como isso aconteceu? Quem autorizou essa merda? Eu lembro nitidamente do primeiro período como se fosse ontem, às vezes eu ainda me perco pelo campus, e foi só há alguns meses que eu finalmente tive coragem de enfrentar o atendimento ao aluno para solicitar uma carteirinha (!). Eu não estou nem remotamente pronta, tenho menos ideia do que vou fazer com a minha vida agora do que quando entrei, e aí me dizem que é hora de sair.
Claro que existe uma monografia e um livro para serem escritos antes de eu sair, mas ainda assim.
O negócio é que depois de um quinto período das trevas, nesse sexto eu voltei a me apaixonar pela faculdade. Depois de quatro meses evitando ao máximo a universidade, voltei a me sentir em casa estando lá. Voltei a sonhar e fazer planos, a criar projetos e a inventar coisas malucas sem saber direito se conseguiria fazê-las de fato. Nesse semestre, eu e meus amigos decidimos trabalhar com um funkeiro. O que era um projeto de assessoria de imprensa virou um midia-kit ambicioso que me tirou o sono, e de repente estávamos em pleno domingo numa boate vazia gravando um clipe de funk ostentação sem dinheiro nenhum, taças de plástico e energético fazendo às vezes de uísque cenográfico. Eu olhava pr'aquele lugar cheio de gente, amigos que saíram de casa pra ajudar, câmeras, caixas de som e trocas de figurino e pensava nas decisões que tomei na vida que me levaram àquele momento.
Meio que sem querer, desde 2012, escolhi fazer coisas que me levassem para fora da minha zona de conforto e que me permitissem conhecer pessoas que não conheceria não fosse pelo meu trabalho. Caminhei com moradores de rua, fui passear no cemitério, em cozinhas de boteco, brinquei de ser rainha do funk e estou prestes a escrever um livro que tem tudo pra dar errado, mas eu acredito que vai dar certo.
A Revista Nós surgiu assim também, numa única tarde, num projeto editorial que foi impresso cinco minutos depois da hora limite de entrega, apresentado com a cara e com a coragem, e de repente aprovado e escolhido. Sem saber o que sugerir na aula de Jornalismo de Revista, eu e meus amigos, as pessoas loucas no mundo que eu encontrei para acreditarem nas mesmas loucuras que eu, reunimos tudo que amamos no jornalismo, tudo que sempre quisemos fazer, tudo como a gente sempre achou que tinha-que-ser. E aí nasceu.
Foi lindo ver todo mundo comprando a ideia e ralando junto para que ela acontecesse, e depois de um fechamento que me deu de presente uma inflamação no braço e um carnaval sem poder usar o computador, sem conseguir segurar o celular com a mão direita, e sobrevivendo à base de compressas de gelo e remédios, a Nós foi ao ar. Está lá, é nossa, e é de todo mundo que ler também - tive a chance de fazer uma matéria bem legal sobre mulheres cientistas, vem cá ver. Não podia passar por isso sem dividir com vocês também tudo que foi esse sexto período, o ante-penúltimo, o que me deu o gás que eu precisava para conseguir ir embora e sentir saudades.
Eu sei que cabem três vidas inteiras (e um livro) (e uma monografia) (e minha primeira e provavelmente única grande festa universitária) nesse ano que falta para minha faculdade acabar, mas se eu pudesse pedir qualquer coisa, pediria que novamente não fosse um ano normal, pra não perder o costume.
2015, dessa vez, por favor, pra variar, vá devagar.
* As fotos que ilustram o post são parte da nossa tradição de todo fim de semestre. O tema desse ano, como não podia deixar de ser, foi SWAG, e elas só ficaram tão boas assim porque o Felipe Flores manda muito bem;
* Nesse clima de fim de festa, fim de curso, etc, inspirada por esse post da Isa, pensei que fazer um post (ou um vídeo) com #diquinhas e algumas coisas sobre o curso de Jornalismo, como eu fiz na época que passei no vestibular, porque direto me mandam e-mails ou me fazem perguntas nos comentários. Então... o que vocês querem saber sobre isso?
Meio que sem querer, desde 2012, escolhi fazer coisas que me levassem para fora da minha zona de conforto e que me permitissem conhecer pessoas que não conheceria não fosse pelo meu trabalho. Caminhei com moradores de rua, fui passear no cemitério, em cozinhas de boteco, brinquei de ser rainha do funk e estou prestes a escrever um livro que tem tudo pra dar errado, mas eu acredito que vai dar certo.
A Revista Nós surgiu assim também, numa única tarde, num projeto editorial que foi impresso cinco minutos depois da hora limite de entrega, apresentado com a cara e com a coragem, e de repente aprovado e escolhido. Sem saber o que sugerir na aula de Jornalismo de Revista, eu e meus amigos, as pessoas loucas no mundo que eu encontrei para acreditarem nas mesmas loucuras que eu, reunimos tudo que amamos no jornalismo, tudo que sempre quisemos fazer, tudo como a gente sempre achou que tinha-que-ser. E aí nasceu.
Foi lindo ver todo mundo comprando a ideia e ralando junto para que ela acontecesse, e depois de um fechamento que me deu de presente uma inflamação no braço e um carnaval sem poder usar o computador, sem conseguir segurar o celular com a mão direita, e sobrevivendo à base de compressas de gelo e remédios, a Nós foi ao ar. Está lá, é nossa, e é de todo mundo que ler também - tive a chance de fazer uma matéria bem legal sobre mulheres cientistas, vem cá ver. Não podia passar por isso sem dividir com vocês também tudo que foi esse sexto período, o ante-penúltimo, o que me deu o gás que eu precisava para conseguir ir embora e sentir saudades.
Eu sei que cabem três vidas inteiras (e um livro) (e uma monografia) (e minha primeira e provavelmente única grande festa universitária) nesse ano que falta para minha faculdade acabar, mas se eu pudesse pedir qualquer coisa, pediria que novamente não fosse um ano normal, pra não perder o costume.
2015, dessa vez, por favor, pra variar, vá devagar.
* As fotos que ilustram o post são parte da nossa tradição de todo fim de semestre. O tema desse ano, como não podia deixar de ser, foi SWAG, e elas só ficaram tão boas assim porque o Felipe Flores manda muito bem;
* Nesse clima de fim de festa, fim de curso, etc, inspirada por esse post da Isa, pensei que fazer um post (ou um vídeo) com #diquinhas e algumas coisas sobre o curso de Jornalismo, como eu fiz na época que passei no vestibular, porque direto me mandam e-mails ou me fazem perguntas nos comentários. Então... o que vocês querem saber sobre isso?
Amei as fotografias desse post! Você tem toda razão, 2015, vá devagaaaar, devagarinho, tudo tá passando muito rápido como se o mundo fosse acabar amanhã. Calma, Deus! rs
ResponderExcluirFaculdade de Jornalismo é isso aí mesmo, Anna. Esforço triplicado e voilá. Nunca estudei Jornalismo e estou longe de saber, mas meus amigos que fazem falam que é mesmo corrido. Eu fazia Arquitetura e tranquei no quarto semestre, agora estou indo para Publicidade (ou não) rs!
Um beijo, Luuh ❤
21 Invernos
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Quem.foi que autorizou essa merda? Exatamente. Hahahhahahahahha estou indo pro último ano de direito e eu penso nisso todos os dias. Não to pronta. N acredito. Q Porra eh essa.
ResponderExcluirUm beijo
www.eunomadiando.blogspot.com.br
Fotos legais.
ResponderExcluirBoa noite, bjos.
Oi Anna, faz tempo que não comento por aqui (coisas que o feedly faz com a gente), mas quando li você falando que era seu último ano da faculdade não pude deixar de vir surtar. Quê isso??
ResponderExcluirLembro bem de quando você contava sobre juntar moedinhas no intervalo da escola e sobre dor nas costas por passar a tarde estudando na biblioteca da escola, sobre genética e eu pensava "puxa, logo eu vou estar no terceiro colegial". E, olha só, já faz mais de um ano que eu saí do terceiro colegial.
Mas assim como esses posts antigos me inspiravam (juro que eu pensava "eu não tô com dor nas costas, poderia estar me dedicando mais), esse de agora me inspirou e os outros que você escreve sobre ficar louca com projetos da faculdade me inspiram.
Você tá terminando e eu tô começando, mas boa sorte pra gente!
Olha, queria começar esse comentário reivindicando que eu passo eras sem vir aqui e, no dia que eu venho, meu comentário é comido. Tantos anos de blog e eu ainda não aprendi a dar crtl+c antes de publicar alguma coisa aqui, tsctsc. MAS SIM, que saudade do seu blog, Annoca <3 amo quando você fala da sua vida acadêmica, seus ~~dramas~~ são tão parecidos aos que os meus eram (no passado mesmo, dá pra acreditar?). O susto começa mesmo um ano antes de se formar e, quando você abre os olhos novamente, já está formada há quase um ano. Que fase, viu, amiga? E, olha, eu não julgo sua família por não compreender o seu calendário acadêmico, porque ele só faz um pouco de sentido pra mim porque eu passei por isso na Estadual daqui. É meio um saco ter aulas quando ninguém mais tem, mas eu adorava gritar aos quatro ventos que estava de férias quando ninguém mais estava hahaha. E que história é essa de livro???1?!! Aff, to tão desatuliazada, quero saber mais sobre! E, vem cá, eu quero demais uma montagem de todas as fotos de finais de período quando você for escrever, sei lá, sobre seu último dia de aula, porque ia ser massa demais ver as oito juntas!
ResponderExcluirBeijos <3
(dando crtl+c antes de enviar esse comentário)
No meu tempo de faculdade era uma loucura também, principalmente nos últimos semestres. Mas consegui superar tudo. Acredite, quando tudo isso acabar você sentirá falta.
ResponderExcluirSobre as dicas, gostaria de ver algo relacionado a jornalistas-blogueiros e assessoria de imprensa.
http://www.jj-jovemjornalista.com/
Você está fazendo o curso dos meus sonhos, quero Jornalismo desde que me conheço por gente, mas, infelizmente larguei esse sonho por motivos pessoais, e estou embarcando agora na faculdade, mas, pra cursar História, outra paixão minha, mas que não faço ideia do que vai ser de mim depois que acabar. Minhas aulas só vão iniciar na metade do ano, o que creio eu, vá dificultar em alguma coisa pra frente, mas tudo bem. Passei na UFSC em TI e Comunicação, outro curso que gostaria, e Psicologia na UNOESC, mas larguei tudo, pra cursar História na UFFFS, se eu não tivesse sido tão idiota, teria estudado mais pro vestibular da UFSC, que nem dei bola porque jamais pensei que poderia passar, e deveria ter tentado a UFPR, que só depois de todos esses vestibulares, que eu percebi que eu tinha sim capacidade de passar, por isso, queria muito voltar no tempo. Apesar dos pesares, estou feliz com a minha escolha, e se tiver alguma oportunidade na área de Comunicação, vou embarcar sem dúvidas, e entrar na faculdade com 16/17 anos, me dá uma baita vantagem de fazer outro curso depois.
ResponderExcluirAproveite esse último ano que te resta, pois com certeza você vai sentir falta, eu nem entrei ainda, e já estou pensando de como vai sr simplesmente encarar um emprego depois da faculdade, e largar aquela fase de vestibulando e estudante. Boa sorte no teu último ano letivo. Beijos!
Desfocando Ideias
Amiga, esse post fez um filminho passar na minha cabeça. Porque eu lembro nitidamente do dia em que você estava esperando o resultado do vestibular da UFU e, por consequência, eu e Renata estávamos com você, em uma janela do MSN, atualizando a página sem parar. Antes de você gritar que tinha passado eu ja tinha descoberto. E agora, veja bem, antes do seu livro dar certo eu já sei que ele vai ser um sucesso absoluto e já o quero em minhas mãos.
ResponderExcluirSabe que seu post foi sobre sua faculdade e eu só consigo pensar que, caraca, já é o segundo momento importantíssimo que vivenciamos juntas. A segunda troca de fases.
Quando você passou no vestibular ainda tínhamos algo tortinho e superficial, que nesses 4 anos engrenou muito melhor do que eu jamais poderia imaginar.
Amiga, dá aflição sair da faculdade mesmo, mas vai na fé. Nunca vi uma jornalista tão boa quanto você. Te amo! <3
Ler teu texto me fez viajar no tempo, 15, 18 anos atrás, quando eu estava na faculdade de jornalismo, também federal. Sei bem o perrengue dos períodos caóticos, das greves fora de hora, e encarar aula em plenas "férias". Como vocês, a minha turma também tinha uma revista, mas na época, cof, cof, era em papel mesmo, cof, cof, que a internet estava apenas começando. ;) Tenho lembranças incríveis daquele tempo e você sabe que esses anos serão especiais pra sempre na sua vida, por mais conturbado e complicado que seja hoje. Mas deixa eu parar de bancar a tiazona, vai. Tudo de bom nesse teu último ano de faculdade! :) Esquenta de não saber o que fazer depois que sair daí não, que os caminhos vão se abrir naturalmente, mesmo que seja pra algo que você nem imagina ou espera.
ResponderExcluirAh! Eu terminei Americanah, da Chimamanda, tem duas semanas. Meu livro preferido de janeiro, até escrevi no blog sobre ele - sem spoilers. :)
ResponderExcluirÉ bizarro esse momento em que a gente se dá conta que está no último ano de faculdade, né? Com certeza MUITA coisa cabe nesse ano e em alguns momentos ele vai parecer durar um século, mas quando chegar no fim você vai achar de passou em um piscar de olhos. Eu tenho muito orgulho de você, sempre, e eu tenho certeza que seu livro, seu tcc e a sua revista vão dar muito certo nessa vida.
ResponderExcluirBeijos, amo você <3
meeeee, quero logo a faculdade pfvrrrrrrr
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