Querido Jean-Paul Sartre, se estivesse em Paris agora, juro que tiraria algumas flores do enorme vaso de margaridas que ganhei de aniversário e iria colocá-las em seu túmulo, por definir tão bem, com essa frase em tantos contextos utilizada, a agonia que tenho vivido nas últimas semanas.
A midiateca virou um circo. Já falei que nem no meu trono sagrado tenho conseguido sentar, mas quem dera se esse fosse o único problema. Sei lá o que deu no pessoal esse ano que aquele lugar tem estado impraticavelmente lotado todos os dias, coisa que até então havia acontecido umas duas ou três vezes desde que estudo na minha escola, e ainda assim em véspera de prova. Mas, novamente, quem dera se a lotação fosse o problema maior.
Tem gente que sai da aula e deixa a mochila reservando a cabine. Daí vai em casa, almoça, dorme, volta pra escola, passa lá, vê se as coisas estão no lugar e saipra bater papo nas mesinhas do restaurante. Eu tenho tanto ódio dessas pessoas que queria sair rasgando todos os cadernos. As tias responsáveis, belas pamonhas que são, fazem vista grossa, já que a regra é que a cabine não pode ficar vazia por mais de 15 minutos. Ontem mesmo fiquei sem lugar e fui pedir pra uma delas fazer alguma coisa e a resposta foi: espere. Esperei. Ainda bem que encontrei lugar, caso contrário era bem capaz de eu sofrer um derrame cerebral de tanta raiva.
Midiateca lotada implica em midiateca movimentada, o que significa que meu antes antro de paz, silêncio e concentração total se transformou numa feira livre. Antigamente, se você arrastava uma cadeira com um pouquinho mais de força ou tinha um acesso de tosse, o barulho contrastava de tal maneira com a quietude do lugar que as pessoas levantavam os olhos para achar a fonte da perturbação e não era raro que logo alguns "ssshhh" de repreensão fossem ouvidos. Agora todo mundo perdeu o respeito, as pessoas conversam em rodinha como se estivessem na sala de casa, amontoam-se em cabines e não tem vergonha alguma de parar ao lado de alguém que tenta estudar - e, acreditem, eu tenho um poder bizarro de atrair inconvenientes - para papear sobre o final de semana.
Na catraca de entrada tem gente que finge que não tem 473 pessoas na fila querendo entrar e resolvem bater papo com quem está na parte de dentro, só pela graça. Nos corredores há gritaria e conversa onde deveria haver cochichos silenciosos. A área próxima do bebedouro virou point para conversar no celular, e as pessoas, tão despreocupadas, param no meio do caminho, impedindo a passagem de quem só quer encher a garrafa d'água.
Agora a pior parte são os alunos do primeiro colegial, eita pessoalzinho odiável! Não faço a mínima ideia do que eles inventam de fazer lá todos os dias, estamos no início de março, pelo amor de Deus! Nem eu, que nessa época era doente, frequentava a midiateca no primeiro ano. Não teria problema se eles estudassem, mas não. Aquelas menininhas insuportáveis marcam o lugar com suas mochilas frufrus e vão fazer soca nas salas de plantão, guinchando de rir, se exibindo pros garotos mais velhos, dando em cima dos monitores e se achando muito o máximo por estarem ali. Andam em bandos de braços dados, conversando nas salas de estudo, falando ao celular quando sozinhas, sucitando o ódio no coração de pessoas de bem, como eu. Minha vontade sincera é de socar o nariz de cada uma delas. E não, não adianta dizer que é coisa da idade porque não faz muito tempo eu era da idade delas e não era estúpida desse jeito.
Perdoem toda a mágoa de cabocla derramada, estou precisando colocar isso pra fora. Vou passar alguns dias sem colocar os pés lá pra ver se me acalmo, porque se continuar desse jeito não demora e eu vou sair no tapa com alguém ou então dar uma de Tony Montana e matar todo mundo.
A midiateca virou um circo. Já falei que nem no meu trono sagrado tenho conseguido sentar, mas quem dera se esse fosse o único problema. Sei lá o que deu no pessoal esse ano que aquele lugar tem estado impraticavelmente lotado todos os dias, coisa que até então havia acontecido umas duas ou três vezes desde que estudo na minha escola, e ainda assim em véspera de prova. Mas, novamente, quem dera se a lotação fosse o problema maior.
Tem gente que sai da aula e deixa a mochila reservando a cabine. Daí vai em casa, almoça, dorme, volta pra escola, passa lá, vê se as coisas estão no lugar e saipra bater papo nas mesinhas do restaurante. Eu tenho tanto ódio dessas pessoas que queria sair rasgando todos os cadernos. As tias responsáveis, belas pamonhas que são, fazem vista grossa, já que a regra é que a cabine não pode ficar vazia por mais de 15 minutos. Ontem mesmo fiquei sem lugar e fui pedir pra uma delas fazer alguma coisa e a resposta foi: espere. Esperei. Ainda bem que encontrei lugar, caso contrário era bem capaz de eu sofrer um derrame cerebral de tanta raiva.
Midiateca lotada implica em midiateca movimentada, o que significa que meu antes antro de paz, silêncio e concentração total se transformou numa feira livre. Antigamente, se você arrastava uma cadeira com um pouquinho mais de força ou tinha um acesso de tosse, o barulho contrastava de tal maneira com a quietude do lugar que as pessoas levantavam os olhos para achar a fonte da perturbação e não era raro que logo alguns "ssshhh" de repreensão fossem ouvidos. Agora todo mundo perdeu o respeito, as pessoas conversam em rodinha como se estivessem na sala de casa, amontoam-se em cabines e não tem vergonha alguma de parar ao lado de alguém que tenta estudar - e, acreditem, eu tenho um poder bizarro de atrair inconvenientes - para papear sobre o final de semana.
Na catraca de entrada tem gente que finge que não tem 473 pessoas na fila querendo entrar e resolvem bater papo com quem está na parte de dentro, só pela graça. Nos corredores há gritaria e conversa onde deveria haver cochichos silenciosos. A área próxima do bebedouro virou point para conversar no celular, e as pessoas, tão despreocupadas, param no meio do caminho, impedindo a passagem de quem só quer encher a garrafa d'água.
Agora a pior parte são os alunos do primeiro colegial, eita pessoalzinho odiável! Não faço a mínima ideia do que eles inventam de fazer lá todos os dias, estamos no início de março, pelo amor de Deus! Nem eu, que nessa época era doente, frequentava a midiateca no primeiro ano. Não teria problema se eles estudassem, mas não. Aquelas menininhas insuportáveis marcam o lugar com suas mochilas frufrus e vão fazer soca nas salas de plantão, guinchando de rir, se exibindo pros garotos mais velhos, dando em cima dos monitores e se achando muito o máximo por estarem ali. Andam em bandos de braços dados, conversando nas salas de estudo, falando ao celular quando sozinhas, sucitando o ódio no coração de pessoas de bem, como eu. Minha vontade sincera é de socar o nariz de cada uma delas. E não, não adianta dizer que é coisa da idade porque não faz muito tempo eu era da idade delas e não era estúpida desse jeito.
Perdoem toda a mágoa de cabocla derramada, estou precisando colocar isso pra fora. Vou passar alguns dias sem colocar os pés lá pra ver se me acalmo, porque se continuar desse jeito não demora e eu vou sair no tapa com alguém ou então dar uma de Tony Montana e matar todo mundo.