segunda-feira, 5 de abril de 2010

Mistérios de Pelicana III: a triste história de uma borracha.

Parte 3 - Final
Parte 2 aqui
Parte 1 aqui

Diariamente alguém questionava Lucas por Pelicana. Ele, inconsolado, respondia que não estava em casa, nem nos bolsos, nem nos estojos, nem nos materiais alheios. Era difícil a vida sem Pelicana. Ele e Naná compartilhavam o pesar porque, apesar de que todos da turma já terem usufruido da mágica borracha vez ou outra, só os Guardiões de Pelicana sabem definir o que é ter a posse dela, poder contar com ela na alegria e na tristeza, nos riscos inocentes aos rabiscos mais atrozes.

Até que um dia, enquanto procurava desesperadamente por sua carteirinha escolar, perdida dentro da bolsa, Anna Vitória sente um objeto estranho em meio aos seus pertences. Ainda que a bolsa da garota fosse uma Babilônia, uma terra de ninguém, ela bem sabia de tudo que estava ali dentro, desde os cadernos, até os papéis amassados no fundo - provavelmente informativos da escola e panfletos que ela ganhava na rua e ia deixando ali, até que achasse um lixo. Era definitivamente um objeto estranho. Como não dispunha de tempo naquele momento, afinal o objetivo mais importante era encontrar sua carteirinha antes que fosse pega pelos fiscais de pátio malvados, que provavelmente a impediriam de entrar no primeiro horário (de novo! sempre atrasada!), Anna Vitória deixou de lado o objeto estranho.

Se soubesse que de uma maneira ou de outra ficaria para fora da sala, a mercê de esperar pelo segundo horário, Anna Vitória teria de cara retirado os javalis e pôneys que carrega na bolsa e investigaria de pronto o objeto estranho. Mas só o fez quando se viu sozinha no pátio das árvores, com aquela brisa fria da manhã, e a perspectiva de 50 minutos vagos pela frente, e ela sem livro pra ler. Enfiou a mão na bolsa. "Não, isso é meu iPod, não, isso é um batom, não, isso é uma caixa vazia de anti-alérgico, opa, o carregador do meu celular que estava perdido, pera, pera, o que é isso?!!"

Quase caiu para trás a garota Anna Vitória, quase que perde os sentidos e fica caída ali na terra molhada pelo chuvisco da manhã. Não podia ser. Mas era. Pelicana. Linda, exuberante, inteira. Era a Pelicana de Lucas que retornara do Mundo Pelikan para entregar-se ao seu tão devoto dono, que de imediato entendera sua importância e significado. Ela mal podia esperar para ir para a sala de aula e mostrar as boas novas a todo o pessoal.

Não tivera muito tempo, porém, de fazê-lo antes do recreio. "Lucas, tenho uma surpresa para você", foi o que disse somente. Já no final do intervalo, enquanto Anna Vitória e suas amigas estavam imersas num interessante debate sobre a garota que passava todos os recreios sentada no meio do corredor segurando um dvd portátil (sério), Lucas aparece na sala. "E a surpresa?" Anna Vitória o conduz para sua mesa e retira da bolsa a Pelicana! Só os descobridores de uma arca perdida saberão partilhar fielmente do sentimento que acometeu Lucas naquele momento. Ele sorriu, pulou, abraçou Pelicana, saiu saltitando pela sala mostrando a todos quem voltara a seus braços. Apertou muito as bochechas daquela que lhe restituíra peça tão importante de sua vida escolar e foi feliz.

Atualmente, Pelicana II serve bem a quem precisa dela, e todos se enchem de orgulho ao vê-la trabalhando, ou somente ali, acolhida no estojo de seu guardião, junto de seus companheiros lápis, caneta e corretivo. A bem da verdade, ela não se dá tão bem assim com o corretivo, pois teme que este venha substituí-la qualquer dia desses. Apesar disso, a paz reina entre o Mundo Pelikan e o mundo real da galera divertida. Até quando, bem, isso deixo a serviço da Central de Inteligência Pelikan.

Fim.

14 comentários:

  1. Bom, primeiramente a historia ficou otima, ainda mais por ser real!
    E tipo, vc tem que ser escritora! A maneira que vc escreveu algo tao simples, de um jeito tao legal.. rs
    Da vontade de rir, passa um drama basico, da saudade da epoca de escola... :~
    Adorei como sempre! E espero que a Pelicana II dure bastante! E ainda sugiro que vcs façam um templo para a anciã, ja que logo a Pelicana II virará anciã tb e dps virao mais.... ;D
    Boa semana Anna!

    Beijos companheira mineira _o/ yay!

    ResponderExcluir
  2. Err...como é que a Pelicaninha (ela é uma...filhotinha uahaha)foi parar na sua bolsa? Oo
    hein,hein?

    E tipo, vc tem que ser escritora!+1
    Eu já disse isso um milhão de vezes!

    Adorei ^^

    Beijo,Anna Vitória ;D

    ResponderExcluir
  3. hahaha! Da serie Encontros e Desencontros, uhu!
    Adorei a historia. Beijos.

    ResponderExcluir
  4. É muito talento!
    Li agora a parte I, II e III. ;)
    adorei :)

    ;**

    ResponderExcluir
  5. aeeeeeee!!!!!!!
    finalmente ela apareceu!! eu fiquei aqui que nem se fosse novela, esperando cada capítulo pra saber o que aconteceu!!!
    mt bom!!
    por favor, não percam de vista a Pelicana II!

    beijooos!

    ResponderExcluir
  6. Agora que eu li a saga. Confesso que li o fim primeiro, mas mesmo assim sofri com a morte da pelicana-mãe (Acho que ela me fez lembrar a Rosinha, borracha que me acompanhou durante um ano todo, até que seus restos mortais fossem usados na apostila de matemática. E pra ajudar, minha Rosona, substituta da falecida Rosinha, sumiu).
    Adoro o jeito com que faz assuntos tão banais como banheiros e uma borracha virarem uma história divertida e interessate que prende a atenção.
    Beijos.

    ResponderExcluir
  7. HAHAHAHAHAHAHA
    Adorei a saga da Pelicana!
    Se vir vendendo numa papelaria compro com certeza, vou rir só de olhar pra ela ali na caixinha de pelicanas xD
    Gostei mesmo da saga, uma das melhores do blog :)
    Beijo!

    ResponderExcluir
  8. NANÁ (a dona da pelicana)7 de abril de 2010 às 18:12

    agora achei a pelicana irmã da pelicana-mãe. Sim Anna, levarei ele na escola amanhã. Era a pelicana da Cris que ela não usou!!!
    HAHHA.

    ResponderExcluir
  9. Aii Anna, me diverti com os 3 posts, mesmo. Imagino isso acontecendo, e dou risada.
    A gente tem umas coisas com uns objetos que é impressionante
    =]
    Bjoss

    ResponderExcluir
  10. hi, eu gosto das suas sagas, e bem, Pelicana?... De onde você tirou essa ideia de chamar uma borracha assim? hahaha

    ResponderExcluir
  11. Noossa, muito boa a história da Pelicana, só espero que não acontece o mesmo com essa o que aconteceu a outra :)
    beeijos!

    ResponderExcluir
  12. Tão entretida fiquei nessa história que já tava até acreditando na Central de Inteligência Pelikan rsrs
    Beijos

    ResponderExcluir
  13. Ahhh que demais essa novelinha!!
    Gostei, até pq teve final feliz, coisa que nunca se apagará mais da memória né?
    E naquelas de sempre te ler fazendo filmes com suas palavras, já fiquei assistindo a imagem da velha Pelicana sentada num cadeirão, tipo espreguiçadeira, cobertor nas pernas, óculos, aparelho para surdez, cabelos de borracha grisalhos, cachecol e o cair da tarde quase cinzento... uma picape Chevrolet 56 abandonada ao fundo, e uma guitarra tranquila na trilha sonora enquanto a camera se afasta e mostra a pequena fazenda onde foi morar a aposentada borrachinha! =)
    Adooooro aqui!!!
    Bjos

    ResponderExcluir
  14. Ficou o enigma: como ela foi parar lá?
    Bjitos!

    ResponderExcluir