quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Such a heavenly way to die (19/29)

Mesmo com a visão embaçada, olhei pela janela e vi. Uma mulher. Eu já a havia visto antes, mas não conseguia me lembrar direito. Ela sorria de um jeito maníaco e parecia completamente satisfeita com alguma coisa. Entretanto, antes de tudo ficar escuro e antes de eu desmaiar nos braços de Alex, um nome veio à minha mente e quis morrer por não conseguir proferí-lo para o meu amor antes de perder os sentidos: 
“Camila”.

E foi assim que cheguei aqui. Quando abri os olhos os braços de Alex não me seguravam mais e fazia um frio danado. Não sei quanto tempo se passou desde que eu perdera a consciência, mas sei que não havia gostado do que esse lapso havia feito comigo. Antes de desmaiar eu estava deitada com ele, ouvindo-o falar sobre algo que poderia fazer com que eu amasse ainda mais, mantendo-o vivo, e agora eu estava nessa sala toda branca, digna de cenário de filme de terror dos anos 80 - de um jeito não bacana - ouvindo uma voz robótica dizer que vai me picar.

Obviamente aquilo que Alex injetou em mim não tinha nada de droga-do-amor-maior. Ele foi sabotado e eu sabia por quem. A solicitude de Camila me pareceu forçada desde o início, mas eu não conseguia culpá-la. Ela queria me usar porque seu irmão querido estava morrendo e eu era a algoz - francamente, eu entendo perfeitamente seus motivos. Sabe Deus que por Alex eu também mataria, ainda que algo me diga - em alto, bom e terrivelmente robótico som - que o que querem fazer comigo é bem pior que isso. De repente, a morte me pareceu um bálsamo benigno o qual eu nunca antes desejara com tanta força.

Eu ouvia sua voz me chamando mas não o via em lugar algum. Sentia seu cheiro mas não encontrava seus olhos. Esses robôs eram bons demais em tortura. Me lembrava de toda a nossa história linda enquanto a agulha se aproximava de mim. Não havia muito o que fazer. Se bem que...

Eu poderia morrer. É claro! Morte, o bálsamo benigno. Será que alguém já disse isso antes? Percebi agora que é poético demais pra eu ter conseguido pensar em meio a tanto desespero. Se eu morrer Alex morre também, mas se eu não morrer e ficar igual ele, não serei mais capaz e amá-lo, o que automaticamente converterá nós dois em escravos de alta tecnologia prontos para servir às ideias da mente maluca de Dr. Oliver. De repente, senti raiva do futuro. Antigamente era difícil pra caramba levar a vida sem todas as benesses que a tecnologia nos oferece, mas eu duvido que minha avó se preocupava em perder o amor da vida dela para uns cientistas malucos patéticos que querem viver pra sempre. Aliás, que ideia idiota essa de viver pra sempre. Eu ia morrer agora provando a esses doutores pretenciosos que eles passaram a vida se dedicando a uma bobagem das grandes.

Eu ainda tinha alguns segundos para pensar em tudo que perderia. Eu nunca mais veria Alex, nem meus pais, nem a Liloca. Quando Helena, Alice e Clarice se casassem eu não estaria lá, e certamente haveria um momento no meio de toda a felicidade que elas trocariam olhares e de repente sentiriam uma tristeza enorme as consumir, e naquela encarada cúmplice as lágrimas subiriam aos olhos e elas pensariam em mim. Eu realmente espero que esse momento ocorra. E eu também nunca iria me casar, o que é gravíssimo, já que eu nasci pra me vestir de noiva e observar Alex de olho em mim do altar, me achando a garota mais bonita do mundo. Aos seus olhos, eu era. Será que morrer dói? Será que vai dar certo? Não sei como eles conseguiram me dar uma brecha dessas, que muito bem poderia ser uma armadilha, mas fico pensando o que pode ser mais errado quando minha primeira opção é ficar aqui e virar uma zumbot.

Antes de fechar os olhos eu pensei em duas coisas: nos dedos dos pés gelados de Alex que me faziam despertar no meio da noite quando se encostavam nos meus e na sua obsessão pelo meu tornozelo. Ele costumava dizer que nunca vira um ser humano com tornozelos tão sensuais e charmosos como os meus - e eu pensava que a palavra ser humano estava ali pra fazer graça! Minha coragem voltou, porque o mínimo que que você pode fazer por um cara que te ama tanto a ponto de gostar dos seus tornozelos é morrer por ele.

Fechei os olhos e antes de agir, só por precaução - vai que, né? -, disse: Alex, te vejo do outro lado. 


Se acalme, querido leitor, você não entrou no blog errado. Se estou escrevendo ficção científica com direito a zumbots, espectros e reviravoltas bombásticas é porque no dia 15 a Máfia comemorou seu primeiro aniversário e para comemorá-lo em grande estilo resolvemos escrever uma história a 29 mãos. Desde o primeiro dia do mês um capítulo tem sido postado e se você quer saber como chegamos aqui, quem é Alex e, pelo amor de Deus, o que é um zumbot, basta seguir os links e ler a história desde o início. Para saber o que acontece depois disso, fique de olho no blog da Larissa, já que a bomba, dessa vez, estourará no colo dela.
(01/29)(02/29)(03/29)(04/29)(05/29)(06/29)(07/29)(08/29)(09/29)(10/29)(11/29)(12/29)(13/29)(14/29)(15/29)(16/29)(17/29)(18/29)

10 comentários:

  1. Meu tu me deu um susto!! Achei que tu tinha matado um dos dois já agora e tinha deixado o funeral p/ Lari kkkkkkkkkkkkkkkkk Cara, amei muito o fato do Alex amar os tornozelos da Diana. Muito mesmo. <3
    Beijão, Annoca!

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  2. Também amei essa história de tornozelos! Sempre acho que cada um tem uma parte do corpo inusitada pela qual se encanta, hahaha. E eu também achei que você ia matar os 2 e deixar a pobre da Lari pra organizar um funeral! HAHAHA
    Sabia que você ia arrasar! Beijo!! Te amo!

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  3. Perfeito! Não tinha dúvidas que vc daria um show na palavras. Esse conto á deixando muita gente ansiosa.

    Beijos, Anoca!

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  4. Tornozelos! Tornozelos! Que lugar mais inusitado pra alguém gostar hahaha Arrasooou, como sempre, Annoca! O que será que vai acontecer agora? :O
    Beijos, linda!

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  5. Gente, foi lindo isso. Senti a tristeza e a raiva acumulando na pobre Diana! Alguém tem que dar um jeito nessa Camila, por favor!!!

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  6. Anninha, que perfeito caramba! Tá cada dia melhor o nosso conto! *-*

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  7. Amei isso porque você voltou ao início e explicou, o que deixou a história com mais sentido. Mas devo dizer que nem sempre dá pra morrer por um cara que acha teus tornozelos bonitos, tendo em vista que em países como a Índia os tornozelos são a bunda do Brasil, pra eles é passível de morte um cara que ache bonito até seus seios, afinal, nada mais nojento que duas tetas com bicos marrons espetados sabe-se lá pra onde. Desculpa o comentário esquisito, as aulas voltaram e a minha mente antropológica voltou junto!
    Te amo MUITO e achei linda e digna tua continuação! Esse conto tá 10000! Devíamos ser profissas <3

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  8. O comentário da Mayra, HAHAHAHAHAHHAHAHA

    Mas tá muito bom, muito bom, e ai, como tu escreve bem, e ai, como é que a Lari vai sair dessa?

    Beijo!

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  9. KKKKKKKKKKKKK, juro que quase caí da cadeira de tanto rir do comentário da Mayra. Coitada da Diana, só sofre nesse conto!
    Anna, amei esses pensamentos recheados de devaneio, será que se pensa em coisas como essas antes de morrer? hahaha. Arrasou, lindona.
    Beeejos <3

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  10. Anna, você voltou pra cena inicial: <3<3
    Eu quero tanto que ela vire zumbot! Se não, não saberei o que escrever hahahah

    beijos

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