domingo, 7 de julho de 2013

Dias numerados


Se eu fosse resumir o primeiro Encontrão mafioso, usaria a palavra euforia. Era tudo inacreditável demais, surreal demais, intenso, absurdo e muito improvável. Cada segundo foi vivido como se a gente tivesse ganhado aquele fim de semana depois de esfregar uma lâmpada mágica e precisasse usufruir de cada minutinho porque, se parássemos para respirar, o milagre se desmancharia no ar. Por isso a gente gritava. Gritamos no shopping, no ônibus, no metrô, na Bienal, no meio da rua, na escada rolante, na loja de maquiagem, no karaokê, no aeroporto. Era tudo na base do grito, das dancinhas, dos abraços com pulinhos que vinham quando a gente se dava conta de que estávamos ali. Porque era um milagre e nem mesmo um trajeto a pé de uma loja até a outra poderia ser passado sem que fizéssemos dele uma história

Já o segundo Encontrão pode ser definido pela palavra sintonia. Teve bagunça, euforia, perda de controle e muita gritaria, afinal somos nós, mas eu senti uma vibe diferente. Não tinha mais aquele pasmo essencial de antes e não parecia surreal estarmos ali juntas. Pelo contrário, parecia tudo muito lógico. Não eram mais as amigas do blog que eu finalmente estava conhecendo, eram minhas amigas. É natural, portanto, que eu tenha passado a sexta-feira à noite zapeando pelos canais da TV e conversando besteira com minhas amigas, é normal sair para comprar livros com elas, trocar figurinhas sobre maquiagem, pedir o lápis de olho emprestado e perguntar se minha roupa tá boa. É normal dormir no ombro da amiga depois de ferver o dia inteiro tendo acordado cedo, normal cantar no carro, reclamar das nossas mães, ajudar a lavar a louça, Milena me passa a pizza, Analu tem maionese na sua cara, olha a Couth enfiando queijo no café e a Deyse misturando bisnaguinha na canjica!

O problema é que isso deixa de ser normal quando cada uma de nós mora num canto do país. E por mais legal, incrível e extraordinário que nosso encontro nesse mundão de meu Deus tenha sido, não deixa de doer   pensar que a gente tem chance de viver coisas normais de amiga uma vez por ano - se tivermos sorte! A internet ajuda, é verdade, e se não fosse por ela nós literalmente não teríamos o que temos hoje, mas ela definitivamente não substitui nem os momentos épicos, como cantar Legião Urbana na Paulista, e nem aqueles singelos, porém necessários. Não dá pra ver a Mayra babar queijo ralado pela internet, não tem graça ver as notícias com a Irala por whatsapp, ou então pegar referências de Friends no ar com a Rafinha via chat do Facebook. 

Eu pensei em tudo isso no domingo de manhã quando, depois de fechar minha mala, fui acordar a Analu. Deitei no sofá com ela e logo a Tary, que dormia no chão, acordou também e colocou a cabeça na almofada. Então a Couth chegou e se deitou meio em cima da gente e ficamos ali, meio dormindo meio não querendo acordar, e eu deixei umas lágrimas caírem, porque a saudade já estava doendo antes mesmo de nos separarmos. E se tem uma pessoa que sempre se esforça para agradecer pela chance de viver certas coisas ao invés de se lamentar pelo fim delas, essa pessoa sou eu, mas naquela manhã gelada de domingo eu dei uma choradinha porque me senti injustiçada de verdade.

A marra com o universo passou quando cheguei em casa e vi o vídeo que a Rafinha postou, e a frase no final dele não poderia fazer mais sentido: Hazel Grace, personagem do livro que une visceralmente tantas de nós, escrito pelo autor que amamos em uníssono, diz que alguns infinitos são maiores que outros e tem dias que tudo que eu quero são pedaços maiores do aqueles que me são dados. 

Mas, assim como a Hazel, dou graças a Deus pela chance de viver o infinito em nossos dias numerados (paradoxo tão lindo e genial que virou nome de blog) e, como ela, eu não trocaria o nosso por nada. 

9 comentários:

  1. Nem sei o que comentar.
    Apenas que eu estou morrendo de saudade daquele final de semana maravilhoso, aquele que eu conheci as gurias mais incríveis do mundo para mim, aquele que eu nunca vou esquecer. Mesmo.
    Não tem mais graça ver notícias e me informar sozinha em casa, sem vocês. :(
    Te amo!
    <3

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  2. Ai, Anna, eu tô chorando. Por que cê fez isso?! :(
    Que injustiça maior do mundo essa história de não poder estar com vocês todos os dias do ano. Que dorzinha no peito que dá pensar que não sabemos nem quando iremos nos reencontrar. Mas, sim, meu coração fica um pouco mais calmo quando penso que nossos dias numerados valeram por vidas e vidas, e que existem pessoas que jamais irão experimentar o que nós experimentamos em 3 dias. Sabe, essa sintonia, essa coisa mágica que é amar tanto que mal sentimos que temos coração suficiente pra isso...
    Amo vocês, amigas.
    Amo sempre, amo todos os dias, todas as horas, e sei que estamos sempre juntas, no matter what.

    I'll see you soon, then. <3

    Beijo!

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  3. Eu chorei. E olha que fui mencionada em uma situação pejorativa em que eu era zoada por derramar queijo. Aproveitarei o bonde para contar um segredo: aquela foi a primeira vez NA VIDA que eu comi cachorro quente. Não fazia ideia de como se fazia isso. Era inevitável que eu me sujasse. ENFIM.
    Chorei porque estou com saudades e acho absurdo que a gente não possa se aconchegar no sofá da Analu sempre que der vontade. Chorei porque teu abraço é tão bom que eu juro pra você que depois do dia em que eu dei tchau pra Mimi e pra Dedê eu fui dormir sentindo um vazio enorme ao redor de mim, sabendo que demoraria cerca de UM ANO pra conseguir os melhores abraços do mundo de novo.
    Essa vida pode ser tudo, menos justa.
    E esses infinitos podem ser tudo, menos eternos. E eu, que sou exigente e chata, não consigo passar um dia em que eu não deseje que nós possamos ser eternas, infinitas, sintonizadas, eufóricas e, acima de tudo, unidas.
    E fico chateada pq a Couth roubou meu caderninho e eu ainda não ganhei e quero ver.
    E é isso.
    Te amo <3
    (o doce acabou hoje. sofri.)

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  4. Ai Anna, acho que vou ter 95 anos, vou estar velha e meio surda e meio gaga na minha cadeira de balanço e vou lembrar das gurias incríveis que conheci graças a máfia, mesmo não sendo mais parte dela, sou imensamente grata por ter vocês na minha vida e queria muito ter revisto você, Tarantino, Nalu e conhecer as outras meninas que são tão incríveis também. Coisa linda, estou com saudade do seu sotaque de fala mansa ♥

    beijos

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  5. que lindo isso! E que bom vc ter amizades tão queridas que te proporcionem tanta coisa boa, apesar da distancia no cotidiano!!

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  6. Ufa, deu tempo de vir sem levar tamancada na cabeça! Amiga, obviamente li na hora que você postou, pelo telefone, e li outras vezes mais. Mas esse post merecia um mimo com amor e entrega, coisa que eu não tinha condições morais de fazer ontem. E ontem só me faz ter mais vontade de comentar isso tudo agradecendo. O universo tira onda pra caramba com a minha cara, mas olha esse presente! Não dá exatamente pra reclamar, né? Força na peruca e é isso aí. Obrigada por existirem e, por fazermos todas juntas, um grande show.
    Te amo muito.

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  7. Poderia fazer um comentário gigantesco, mas nada do que eu escreva terá mais significado do que simplesmente isto: VOCÊS.SÃO.LINDAS. Fim.

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  8. Ai que intrusa!

    Eu li os 3 post da viagem, eu acompanhei a viagem pelo insta da Couth e sempre me perguntei o que era aquele selinho alí >>> e juro, sempre quis participar!

    Porque na verdade eu sou uma carente e uma adolescente para sempre - outro dia no banho me peguei pensando se com 40 anos ainda farei meus sons estranhos, pularei de alegria ao ver a bunda de um bulldog francês, se amarei de paixão um livro - acá Culpinha - a ponto de não ter o que falar, se ainda lembrarei das amizades que fiz na internet e que a vida adulta levou, a fama levou.

    Bem, eu não conheço todas - e sempre achei que a Analu havia estudado contigo no 2º grau, ou na vida toda. Mas eu gosto muito de ti Anna e também sou dessas de rasgação de seda e "puxasaquices brancas" - aquelas sem interesse, é que a admiração é tanta que não cabe esconder!

    E como alguns quilômetros me separam de ti e da Couth e da Tary talvez eu não tenha a oportunidade de um dia gritar com vocês, cantar Taylor (sim, eu também adoro), pedir para que parem um momento e vejam a minha tentativa de imitar a voz da Sandy, ou então de vê-las perplexas sem entender o por que da minha risada de cachorro velho (sim, eu solto umas risadas do nada por que a minha cabeça cisma em lembrar de fatos aleatórios em momentos aleatórios).

    Tudo isso é para dizer que hoje eu entendo o que é a "Máfia" e do quanto de carinho e do "bom da vida" - que é ter amigas fouuuufas - faz toodo o sentido!

    Ai, eu to quase chorando sem nem fazer parte, imagina o rio de águas vivas se nos encontrássemos!

    :)

    Beijos beijos!

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