quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

OSCAR 2015: sinceridades edition #1

Imagem que representa os indicados ao Oscar quando se exclui todos os homens (via Buzzfeed)

Eis que chegamos na melhor semana do ano, pelo menos na perspectiva de uma pessoa que adora a temporada de premiações: a semana do Oscar. O Oscar é meu filho problemático, uma criança marrenta que só me dá desgosto, sempre frustra as minhas expectativas, mas que eu não consigo deixar pra lá. No fundo, sempre fico esperando por momentos como aquele em que a Kathryn Bigelow ganhou o Oscar de melhor direção desbancando o James Cameron com Avatar, ou quando a Penelope Cruz ganhou o Oscar de melhor atriz por Vicky Cristina Barcelona vestida de princesa (eu amo demais a Penelope Cruz), ou quando a Meryl Streep comeu pizza na mão no meio da cerimônia. São #momentos assim que fazem toda essa palhaçada valer a pena e eu vivo pra isso. 

Só que essa temporada está especialmente puxada. Estamos carecas de saber que uma indicação ao Oscar não legitima merda nenhuma (Bradley Cooper, estou olhando pra você), mas ano passado, por exemplo, dos nove indicados dois entraram para minha lista de favoritos e outros três me agradaram de um jeito bem acima da média. 2015, no entanto, mandou às favas a representatividade, esnobou diretora mulher e negra, veio cheio de filmes de homens, sobre homens, feito por homens e sabe PREGUIÇA? Pois é, eu tive preguiça do Oscar em 2015. 

Mas filho a gente não rejeita e não deixa pra trás, por pior que ele seja. Por isso, resolvi aproveitar a feliz ocasião de que pela primeira vez em muito, muito tempo, estou completamente de férias na época do Oscar, com um carnaval inteiro para me dedicar a essas maratonas. Compartilho com vocês minhas opiniões sinceras com relação aos indicados desse ano, começando com: Whiplash, O Jogo da Imitação, Boyhood, O Grande Hotel Budapeste e American Sniper. 


Whiplash (2014, Damien Chazelle)

Sobre o que é? sobre um garoto idiota que quer ser o melhor baterista de jazz do mundo, e pra isso precisa impressionar um professor idiota e escroto que se acha bom o bastante para desmoralizar seus alunos dos jeitos mais cruéis possíveis. Whiplash retrata a busca de Andrew Neiman pela perfeição: ele treina, sangra, e vai se tornando cada vez mais idiota e escroto, na esperança de entregar um solo que entre na história do jazz.

Prestou? Não dá pra dizer que é ruim. O filme tem ótimas atuações, uma trilha sonora incrível, mas falha quando glorifica um modelo de ensino baseado em assédio moral e babaquice e transforma música em masturbação sem sentido. 

¯\_(ツ)_/¯
Sinceramente? Odiei com força. A gente vive num mundo cruel e violento demais pra ficar batendo palma pra esse tipo de maluco dançar. O que tem de gente achando o Fletcher fodão não tá escrito. 

E o Oscar? J. K. Simmons é o grande favorito pro prêmio de Melhor Ator Coadjuvante e se ganhar vai ser merecido. Injustiça foi terem esnobado o menino Miles Teller (já repararam que ele é tipo um Ezra Miller mal diagramado? que coisa bem triste), que honrou uma indicação ao prêmio de Melhor Ator que acabou indo pro Bradley Cooper. Pela terceira vez.

olar
O Jogo da Imitação (2014, Morten Tyldum)

Sobre o que é? Biografia do Alan Turing, um matemático que na Segunda Guerra Mundial trabalhou secretamente pro governo inglês pra solucionar o enigma das mensagens criptografadas dos alemães. Turing era excêntrico, meio Sheldon Cooper, gay, foi quimicamente castrado pelo governo e morreu sem ser reconhecido. É uma história de vida bem louca e triste pra burro. 

Prestou? A história é interessante o suficiente pra ter me deixado com vontade de ler o livro que o inspirou. Mr. Cumbers tá moendo no papel principal e o elenco ainda tem Keira Knightley e o Branson, de Downton Abbey. No entanto, é um filme quadradão e corretinho, meio O Discurso do Rei meets qualquer melodrama do Spielberg. 

Sinceramente? Assisti morrendo de preguiça, muito mais pelo Benedict Cumberbatch do que por qualquer outra coisa. Pensei que seria o filme mais chato do mundo, então fui surpreendida positivamente. Mas é um filme bem morno e previsível MESMO.

E o Oscar? Não vai ganhar, mas eu queria MUITO ver mozão Benedito levando esse Oscar pra casa. Se a concorrência não fosse tão expressiva era dele fácil, mas não vai ser dessa vez. Aposto mesmo é no prêmio de Melhor Roteiro Adaptado.


Boyhood (2014, Richard Linklater)

Sobre o que é? Sobre a vida. Esse é aquele filme que o Linklater passou DOZE ANOS gravando a história de um garoto, da infância até o início da vida adulta. Não tem muito mais o que dizer.

Prestou? Demais. Ainda tenho dois filmes para assistir, mas até agora Boyhood foi o único filme que mexeu realmente comigo. São duas horas e meia mais ou menos da vida de um garoto normal, filho de pais divorciados normais, com uma irmã meio gótica normal e, sério, não tem nada demais. Mas é sensacional? Sei lá, mexeu comigo e me fez pensar não na vida do moleque, mas na minha vida, na passagem do tempo e em mil coisas loucas e profundamente emocionais. É a história da minha geração, não tem como não achar isso incrível.

Sinceramente? Já estou de saco cheio das pessoas falando que Boyhood é favorito ~só~ porque levou doze anos pra ser filmado, como se uma coisa assim fosse feita todos os dias, e como se esse não fosse o principal argumento do filme. Realmente, ele jamais teria esse reconhecimento se usasse atores diferentes pra representar a passagem do tempo, mas aí seria uma proposta totalmente diferente. É muito simples, amores. Eu acho que o que Boyhood faz é lembrar por que a gente gosta do cinema e por que se importa com a ficção. 

E o Oscar? 2015 vai ser o ano em que, pela primeira vez, o meu filme favorito vai ganhar o prêmio de melhor filme. Sai pra lá, Birdman, que esse é nosso. Aposto também em prêmios de roteiro original, direção e edição, e queria muito ver a Patricia Arquette levando Melhor Atriz Coadjuvante porque a) é mesmo a performance mais forte e b) o discurso dela no Globo de Ouro, melhor discurso.

chorei largado




O Grande Hotel Budapeste (2014, Wes Anderson)

Sobre o que é? Pensei que o filme contaria a história de um hotel numa república fictícia da Europa oriental, mas na verdade a trama gira em torno do conciérge e do garoto de recados do hotel que precisam recuperar um quadro muito valioso e provar que não mataram uma velhinha. É um ponto de vista interessante sobre as diferenças do mundo antes e depois da Segunda Guerra Mundial.

Prestou? O filme é divertido e ao mesmo tempo melancólico, uma combinação que sempre funciona muito bem pra mim. O elenco está ótimo, é cheio de atores incríveis que fazem pontas pequenas mas memoráveis, e esteticamente tudo é muito agradável. O roteiro pra mim é a melhor parte, o texto é impagável.


Sinceramente? Dormi nos primeiros quinze minutos e acordei duas horas depois. A verdade é que o estilo do Wes Anderson me cansa um pouco. Sempre aquela paleta de cores forte, sempre tudo muito simétrico, sempre os personagens cheios de tiques e um senso de humor peculiar. Sei lá, vamos mudar um pouco? Mas O Grande Hotel Budapeste foi um dos filmes dele que mais gostei - depois do cochilo, dei uma segunda chance e a coisa fluiu bem, dei gostosas risadas e me apeguei aos personagens. A trilha sonora é brilhante.

E o Oscar? Eu ia gostar muito se o filme levasse pra casa o Oscar de Melhor Roteiro Original, pois achei o texto realmente especial. Acho que vai rolar uns prêmios mais voltados pra produção, tipo figurino, cenário e, espero, trilha sonora original. Alexander Desplat melts my heart.


American Sniper (2014, Clint Eastwood)

Sobre o que é? Sobre um soldado americano na guerra do Iraque, o cara que mais matou gente na maravilhosa história militar dos Estados Unidos.

Prestou? Nem vi e nem verei. Te amo, Clint, mas não.

Sinceramente? Prefiro ver o filme do Pelé.

E o Oscar? O fato do Bradley Cooper ser indicado pela terceira vez como melhor ator (não tô interessada se ele entregou ou não dessa vez) mostra o tanto que a gente deve levar a Academia a sério.

E aí, como estão as previsões de vocês? E o coração? O mundo está pronto pra um Oscar apresentado pelo Neil Patrick Harris? Alguém gastou o precioso tempo vendo American Sniper? Me contem o que acharam e pra quem vão torcer, e se você estiver fazendo maratona também, deixa o link pra eu comentar!

Amigos que estão nessa e vale a pena acompanhar: Paloma, Kamilla, André e Ana.  

11 comentários:

  1. Amiga, também to nessa! Falta Whiplash, Birdman e American Sniper. Compartilho das mesmas opiniões que as tuas em relação a O Grande Hotel - achei fofinho e só. Boyhood: queria tanto ter tido as mesmas emoções que tu, mas não consegui?? Achei chato??
    A teoria de tudo é meu preferido!! Amei tanto que já vi 3 vezes. Sei que não vai ganhar, mas acho que Eddie pelo menos ganha pfvr. Veja e depois comente comigo.
    Beijos! <3

    ResponderExcluir
  2. Então Anna.... você é uma pessoa super inteligente, descolada, fala de uns trem que eu nem entendo e fico boquiaberta e por isso sou sua fã! Eu juro que queria ser assim, juro mesmo! Mas...sou exatametne o oposto! Ahahaha!
    De todos os filmes que você citou o único que pretendo (e vou) ver no cinema é o American Sniper por motivo de: Bradley Cooper! Eu amo o cara, acho um dos mais gostosos e bonitões do cinema! E sou dessas, vejo o filme pelos atores!

    Eu amo assistir o Oscar para: a) ver as roupas b) torcer pelos atores que eu gosto, mesmo que o filme deles seja uma bosta! Tipo se J. Roberts, Sandy Bullock, Reese W, Bradley C., Leo di Caprio, B. Affleck estiverem concorrendo, eu torço! Não tem jeito, sou assim!

    Eu amo ir ao cinema, amo filmes, mas sou total Blockbuster sabe? Meus filmes preferidos são comédias românticas, ou coisas do tipo Titanic! Esses filmes super inteligentes pra mim são muito chatos!!!

    Mas enfim....já que você curte o prêmio na sua complexidade (e não como eu que só curto ver os vestidos belos e os micos) então vou trocer para que seus preferidos ganhem, em solidariedade tá! :-)

    Love!
    Beijos

    ResponderExcluir
  3. Post do Oscar: <3 Amei que você chamou o Oscar de filho problemático, porque é assim mesmo. Como me dá desgosto, ano após anos. Mas eu também vivo por esses #momentos. (E odeio ter que ficar justificando pra quem não entende. Eu gosto de assistir e comentar a award season, can I live? hahaha)

    Não vou conseguir assistir aos oito indicados, provavelmente (aliás, por que só oito? Por que não aproveitar os outros pra indicar filmes pelo menos protagonizados por mulheres, se não tem mesmo como indicar a Ava DuVernay ou a Gillian Flynn ou, sei lá, alguma mulher). Estou com uma preguiça enorme de Birdman, e Sniper Americano (gostei da sua opinião sincera sobre esse). Veremos.

    Posso falar bastante? Posso, né? Desculpa qualquer coisa. Ok. Whiplash: gostei do filme, tem atuações fantásticas e eu meio que quero ouvir jazz pra sempre agora, mas tudo errado. Tudo errado com esse menino metido a besta (aquela cena do término com a namorada. Deus), tudo errado com o método desse """professor""", tudo errado com humilhação e violência física (!!!) como caminho pra achar um ~grande artista de verdade~. Sobre O Jogo da Imitação: é bem quadradão mesmo, mas eu não me importo muito com isso (o problema do Spielberg é que é épico-demais-cinco-horas-de-duração). Gostei menos do que esperava, mas gostei. Elenco amor demais. Boyhood eu não vi ainda e quero muito ver. Preguiça de quem começa com "se não tivesse sido filmado em 12 anos não ia ganhar nada". Miga, acontece que *foi* filmado em 12 anos, né? Sobre Grande Hotel Budapeste já conversamos e o seu "sinceramente" poderia ser o meu.

    Também vou acabar postando sobre o Oscar antes de ele acontecer porque não tem escapatória.
    Beijo!

    ResponderExcluir
  4. well, o bradley cooper ser indicado em um papel de filme "olha nós americanos contra esses muçulmanos" e a falta de representatividade negra nos indicados é um ótimo barômetro pra gente usar ao pensar em como a academia avalia as cosias, né

    ResponderExcluir
  5. Ainda estou em débito com os oscarizados do ano passado.
    Por enquanto, só vi A TEORIA DO TUDO e confesso que UMA MENTE BRILHANTE é bem superior no quesito história-de-um-gênio-real.
    Bj e fk c Deus.
    Nana
    http://procurandoamigosvirtuais.blogspot.com.br

    ResponderExcluir
  6. Eu consegui ver todos, yaayyy! Mas eu percebi isso mesmo, de todos os filmes se tratarem de homens, e outra coisa que percebi é que eles tratam de superação e afins.
    O único que não assisti e nem assistirei foi o do Clint também, por motivos óbvios e porque não sou obrigada, ainda mais tratando-se de um super patriotismo louco.
    Dos que eu vi, os que eu mais gostei: Whiplash e Boyhood. Também gostei muito de Grande Hotel Budapeste porque achei a fotografia lindíssima, a simetria por motivos de toc e o roteiro.
    Torcendo para o Bradley não levar essa estatueta porque ninguém merece haha.
    Beijo
    http://www.deborabp.wordpress.com

    ResponderExcluir
  7. Dessa sua lista eu vi só boyhood, a teoria de tudo e o grande hotel budapeste, e gostei dos três! Mas o que eu mais quero ver é o Neil apresentando! Amo esse cara <3

    http://www.prefirobsides.com.br/

    ResponderExcluir
  8. Estava com esperança a respeito desse "O jogo da imitação". Daí você falou disso, e acabou me desanimando.

    http://www.jj-jovemjornalista.com/

    ResponderExcluir
  9. Oi, amiga!
    Conversamos bastante sobre Whiplash e você já sabe que tive uma visão diferente. Pra mim, esse ódio tão profundo que os personagens causam nas pessoas é um dos motivos pro filme ser tão foda. A gente tende mesmo a romantizar o mundo da música, mas arrogância corre solta por ali. Além disso, não acho que o filme glorifique os atos de seus personagens. Eles são mostrados como o que são: pessoas obsessivas, egocêntricas e tristes. Não acho que o diretor (mais um injustiçado do Oscar, tadinho) os tenha endeusado. E eu super pegaria o Miles, acho ele tão Elvis mais novo =x Mas enfim, opiniões!

    Dos outros que você citou, só assisti O Grande Hotel Budapeste. Cê acredita que andei dizendo por aí que seria meu primeiro filme do Wes Anderson, sendo que assisti Tenembaums há séculos e não lembrava? Deve ser porque odeio esse filme, mas enfim. Achei o filme bem divertido e adorei a coisa de histórias dentro de histórias. Mas assim, nada que tenha me arrebatado de amor, entende? Ralph Fiennes está MARAVILHOSO e eu adorei os diálogos pomposos dele, enquanto o menino que faz o Zero é engraçado justamente por ser meio monossilábico.

    Hoje eu vi Birdman, Selma, Garota Exemplar e estou assistindo A Teoria de Tudo neste momento. Talvez eu faça um post com as impressões também :)

    Apesar de não ter visto Sniper Americano, já estou revoltada por Bradley Cooper ter tomado o lugar do David Oyelow, de Selma D: Dizem que o Jake Gyllenhaal também está incrível em O Abutre. Lobby = todo ano tem e todo ano terá, só nos restam as reclamações. E fora tudo isso, estou cansada desses filmes patrióticos ao extremo. Dizem que Argo era e eu discordo, mas mesmo se fosse, pelo menos é um grande filme.

    Amo você, amo seus posts sobre cinema <3

    ResponderExcluir
  10. O Oscar é meu filho problemático, uma criança marrenta que só me dá desgosto, sempre frustra as minhas expectativas, mas que eu não consigo deixar pra lá.

    Tamo junto, guria. Não consigo largar ele não. Todo ano tô aqui, firme e forte passando perrengue com o bonito.

    MEU DEUS. Penso a mesma coisa sobre Whiplash. Esse filme me deixou mal. Eu detestei. Fiquei numa agonia e querendo chamar a diretora o tempo todo. Porque sou dessas. HAHAHAH

    Curti bastante Imitation Game, e achei o filme previsível. Óbvio. Mas foi uma surpresa boa, so there's that.

    BOYHOOD. NÃO SEI O QUE FALAR. SÓ SENTIR. Espero que leve o melhor filme mesmo. Mesmo. MESMO.


    Eu curto o Wes. Curto as cores, a simetria, os sonzinhos, os tiques. Tudo. Achei super original o roteiro e espero que leve esse.

    American Sniper: *vomit sounds*.

    E só vi agora que você me ~marcou~ nesse post. 'Brigada. <333

    Adoro seus posts. Adoro o jeito que tu escreve. Já disse isso, né? Beijos!

    ResponderExcluir
  11. Pra começo de conversa: ai que coisa amada meu link no final <3 <3

    Acredita que eu parei minha maratona porque a preguiça me dominou? Pois é. Vou ver se de repente vejo mais um hoje e um amanhã, se tiver saco. Talvez O Jogo da Imitação e Selma, veremos. Ou Birdman.

    Whiplash, por tudo que já li, me deixou com bastante preguiça e por isso acabou descendo muito na lista de prioridades.

    Grande Hotel Budapeste eu gostei bastante mesmo, dei altas risadas. Agora Boyhood ganhou meu coração e fico muito feliz que ele tenha ganho o seu também, porque muitas pessoas que têm argumento de autoridade no meu coração não curtiram #soul #mate <3

    Sobre Sniper Americano: my sentiments exactaly. Alguém vai ter que me dar muito dinheiro se eu algum dia for ver esse filme porque -- apenas -- não. Não mesmo.

    Beijos <3

    ResponderExcluir