Numa guerra não se matam milhares de pessoas. Mata-se alguém que adora espaguete.
Nós que aqui estamos por vós esperamos (Marcelo Masagão)
Eu estava feliz ontem à noite. Era sexta-feira e eu estava sozinha em casa dando uma festa pra mim mesma, ouvindo o disco novo do One Direction enquanto pintava meu cabelo de cor-de-rosa. Pois é. É um cenário ridículo diante dos fatos, mas era exatamente isso que eu estava fazendo quando o mundo começou a acabar.
Sei que ninguém se importa com o que eu estava fazendo, muito menos com o que tudo isso me fez sentir, porque nada disso é sobre mim. Certo? Uma parte de mim diz que sim, mas outra, que nas últimas semanas tem atendido pelo nome de Amanda Palmer, me alerta para o outro lado. Tragédias humanas, sejam elas do lado de casa ou do outro lado do mundo, mexem com a gente porque graças a Deus a empatia ainda existe. Ela escreve: anular a possibilidade de empatia é a anular a possibilidade de compreensão.
Nunca pensei que fosse chorar a morte de um rio, mas isso aconteceu. Fui surpreendida ao engasgar contando para minha mãe sobre os atentados de Paris. Poderia dizer que crescer tem me transformado numa pessoa emocionalmente incapaz de lidar com o mundo, mas acho que prefiro essa fragilidade assustadora a estar sempre a uma distância segura das pessoas e dos fatos, aquele lugar sedutor em que muitos de nós vivemos, nos escondemos e para o qual corremos em busca do que pensamos ser segurança emocional. Quem escreveu isso foi a Brené Brown, no prefácio dessa joia de livro que é A Arte de Pedir. Essa distância só torna mais difícil a missão de descobrir quem somos e de entendermos uns aos outros, e o resultado é esse aí que estamos vendo.
Não sou ingênua ao ponto de acreditar que o amor, sozinho, é a solução para todos os problemas do mundo. Mentira, isso é tudo que eu acredito na minha vida, mas sei que não é tão simples assim. No entanto, isso é tudo que eu tenho a oferecer. Em momentos como esse é muito fácil acreditar que as pessoas são horríveis e a humanidade não deu certo, então vamos lembrar dos taxistas que levaram as pessoas pra casa de graça durante os atentados, de quem abriu as portas para acolher aqueles que estavam na rua, da mobilização para levar água e mantimentos para o pessoal em Mariana (mesmo que isso não seja nossa responsabilidade, não é Vale?), dos biólogos empenhados em salvar as espécies de peixes, dos bombeiros resgatando cães e cavalos, vamos olhar para quem ajuda.
Às vezes as pessoas se mostram inconfiáveis.
Quando isso acontece, a reação correta não é:
- Porra! Eu sabia que não podia confiar em ninguém!
A reação correta é:
- Tem uns que são uns bostas.
E segue-se em frente.
A arte de pedir (Amanda Palmer)
Escrevi esse post porque não conseguiria escrever sobre mais nada, e fiquei lutando comigo mesma pensando se eu poderia falar sobre algo assim se não estou envolvida e não entendo nada sobre nenhum assunto para contribuir efetivamente. Peguei alguns livros em busca de respostas (porque essa sou eu) e decidi que tudo bem falar a respeito. Esse é um espaço dedicado a sentir muito: se você também sente e não sabe o que fazer com isso, puxe uma cadeira e sente comigo e com o Hank Green.
Estou triste e assustada e acho que estamos perdidos, mas não quero desistir de seguir em frente. Sigamos, então.
Estou triste e assustada e acho que estamos perdidos, mas não quero desistir de seguir em frente. Sigamos, então.
Esse post (e tudo o que aconteceu essa semana) me fez chorar. É foda ver tudo isso acontecendo, mas, de certa forma, é maravilhoso que ainda existam pessoas incríveis fazendo coisas igualmente incríveis pra ajudar. Sigamos. <3
ResponderExcluirassumo que a tragedia em paris só bateu na minha cara hoje a tarde, quando vi o video do hank. o john falou uma vez num podcast que o hank é a bussula moral dele, e pra mim ele é isso tambem. ve-lo desabar me desabou tambem. sentir é só o que da pra fazer. permanecer analitico, cinico, cientifico, exato, robotico perante as coisas que aconteceram essa semana é negar nossa humanidade. e se a gente sobrevive ao mundo, é pra ser humano, com tudo de bom e de ruim que isso traz. a coisa ta feia, mana, mas prefiro acreditar que "the world may be broken but hope is not crazy". sigamos.
ResponderExcluirEu chorei essa semana, estou chorando agora e choro com cada imagem que vejo da tragédia. Não consegui entrar em contato ainda com os pontos de coleta de doações aqui em Salvador e cada ligação sem resposta só contribui com essa sensação de impotência terrível que to sentindo. Que mundão errado, né? É muito bom encontrar um pontinho de esperança como esse seu post, vida que segue <3
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
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ResponderExcluirTão foda, tão triste.
ResponderExcluirQuando parece que a gente tá beirando o abismo,o único caminho pra seguir (sem enlouquecer) é esse . Por mais que seja dificil :(
Que texto maravilhoso, amiga. Tô muito sem palavras. Ajuda se eu fizer um mimo de merda mas te compensar com mural? Ajudando ou não é pra cara dos meus facersmigos que esse post está indo. Que bom que a empatia existe, por mais que doa. Que bom que as pessoas boas existem E SÃO A MAIORIA.
ResponderExcluirTe amo!
só uma coisa: TIVE que comprar o livro da Amanda Palmer, culpa sua e do Felipe haha.
ResponderExcluirsabe que me peguei pensando nisso na sexta-feira (ates mesmo de saber dos atentados em Paris) spo não consegui deixar claro na minha mente cansada, é por isso que eu amo <3 esse mundo blogueiro (videntes♥).
Beijo ;)
Faz muito tempo que eu não leio o seu blog, mas toda vez que eu volto aqui aprendo alguma coisa nova, me emociono e penso que - Graças a Deus - o mundo não está perdido. Obrigada pelo seu texto! - Nicole
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