A idéia pra esse conto me surgiu ao ouvir a música "Daniel e Cecília" da Mallu Magalhães. Sempre me inspiro com música. Tinha (espero ter ainda) toda uma história bolada na cabeça, mas não consigo passá-la pro papel. Esse miolo eu escrevi já faz tempo, ia postá-lo quando ele tivesse um começo e um final, mas cansei de encará-lo na última folha do meu caderno de História. O diário de viagem continua no próximo post, mas é que há muito tempo estou com vontade de "promover" esse texto da minha coleção de rascunhos aleatórios.
Foi logo na terceira semana de curso que ele, depois de muito me encarar nas aulas de inglês, tomou meu rosto em suas mãos e, por demais maravilhado, disse que não acreditava em como eu era parecida com uma garota que ele conhecia. Disse que ela tinha um nariz assustadoramente igual ao meu. Arrebitado. Chegou a me intrigar a reverência com que ele segurava meu rosto: seus olhos - infinitamente negros - fitavam os meus e mediam cada centímetro do meu rosto, tudo isso com uma fascinação que poderia me deixar lisonjeada se não fosse a certeza de que não era meu rosto nem meus traços que ele fitava fixamente, mas sim os de Cecília.
A convivência de anos fez com que aos meus olhos e aos de quem convivíamos, a nossa semelhança deixasse de ser tão gritante. Contudo, quem quer que nos visse juntas e não fosse familiar, poderia jurar que éramos irmãs e não só diria gêmeas por causa de minha baixa estatura contrastando com o belo porte dela.
Assim que cheguei em casa naquele dia, me pus a olhar-me no espelho do quarto, examinado meus traços. Me demorei na análise de meu nariz, era igual ao dela, sim, mas eu o enxergava de maneira diferente. Inconformada, me pus a procurar pela casa por fotos dela, havia aquela que tiramos em Oxford, uma das poucas que temos juntas.
Estávamos sentadas o jardim do campus, seu braço estava sobre meus ombros, ela trazia meu corpo pra perto do seu. Tinha um sorriso enorme nos lábios, como eu raramente havia flagrado. Eu sorria também, surpresa diante daquela espontânea demonstração de afeto vinda da prima Cí. Assim sentadas e tão juntas, parecíamos siamesas. Impossível haver na natureza narizes tão iguais.
Tirei os olhos da foto e voltei a olhar-me no espelho. Com as mãos, segurei meu próprio rosto como Daniel fizera e não era a mim que eu via do outro lado do vidro, Cecília estava lá com seus cabelos longos e escorridos, os olhos cor de chocolate amargo e o sorriso sem vontade de ser no canto dos lábios. Aquele nariz, tão igual ao meu. Fechei os olhos e, quando os abri, meu reflexo já voltara ao seu devido lugar. Cobri o rosto com as mãos, as lágrimas eu nem tentei conter. Eu não queria ser igual a ela, por mais que ele me enxergasse assim.
Que ingenuidade a minha pensar que era a destinatária da fascinação que saía dos olhos dele ao fitarem os meus.
Foi logo na terceira semana de curso que ele, depois de muito me encarar nas aulas de inglês, tomou meu rosto em suas mãos e, por demais maravilhado, disse que não acreditava em como eu era parecida com uma garota que ele conhecia. Disse que ela tinha um nariz assustadoramente igual ao meu. Arrebitado. Chegou a me intrigar a reverência com que ele segurava meu rosto: seus olhos - infinitamente negros - fitavam os meus e mediam cada centímetro do meu rosto, tudo isso com uma fascinação que poderia me deixar lisonjeada se não fosse a certeza de que não era meu rosto nem meus traços que ele fitava fixamente, mas sim os de Cecília.
A convivência de anos fez com que aos meus olhos e aos de quem convivíamos, a nossa semelhança deixasse de ser tão gritante. Contudo, quem quer que nos visse juntas e não fosse familiar, poderia jurar que éramos irmãs e não só diria gêmeas por causa de minha baixa estatura contrastando com o belo porte dela.
Assim que cheguei em casa naquele dia, me pus a olhar-me no espelho do quarto, examinado meus traços. Me demorei na análise de meu nariz, era igual ao dela, sim, mas eu o enxergava de maneira diferente. Inconformada, me pus a procurar pela casa por fotos dela, havia aquela que tiramos em Oxford, uma das poucas que temos juntas.
Estávamos sentadas o jardim do campus, seu braço estava sobre meus ombros, ela trazia meu corpo pra perto do seu. Tinha um sorriso enorme nos lábios, como eu raramente havia flagrado. Eu sorria também, surpresa diante daquela espontânea demonstração de afeto vinda da prima Cí. Assim sentadas e tão juntas, parecíamos siamesas. Impossível haver na natureza narizes tão iguais.
Tirei os olhos da foto e voltei a olhar-me no espelho. Com as mãos, segurei meu próprio rosto como Daniel fizera e não era a mim que eu via do outro lado do vidro, Cecília estava lá com seus cabelos longos e escorridos, os olhos cor de chocolate amargo e o sorriso sem vontade de ser no canto dos lábios. Aquele nariz, tão igual ao meu. Fechei os olhos e, quando os abri, meu reflexo já voltara ao seu devido lugar. Cobri o rosto com as mãos, as lágrimas eu nem tentei conter. Eu não queria ser igual a ela, por mais que ele me enxergasse assim.
Que ingenuidade a minha pensar que era a destinatária da fascinação que saía dos olhos dele ao fitarem os meus.
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