sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Era uma vez o hidrogênio.

Meu professor de Química sempre fala que quando a gente pensa no hidrogênio, devemos sentir dó, muita dó. Veja bem, o coitado não tem família! Além disso, ele é obrigado a carregar a cruz de ser o elemento da tabela periódica mais incompreensível, e a ele ser dedicado em todos os livros e apostilas apenas um asterisco no rodapé da página avisando que o hidrogênio é um elemento com características peculiares que ainda não são bem compreendidas e portanto você, querido estudante, deve só engolir que ele não é 1A apesar de ter só um elétron de valência, estabiliza com dois e não é um gás nobre apesar de estar mais ou menos no mesmo período que o hélio. Sem família e com problemas de auto-conhecimento.

E vocês já repararam em como o hidrogênio é dependente? Um belo dia o oxigênio resolveu que seria simpático com ele, coitado, lá em cima da tabela todo sozinho, o que custa? Aí o hidrogênio não largou mais e quando pode, está sempre lá, grudado no oxigênio em tudo quanto é lugar. Quando os dois vão passear com o fósforo, de vez em quando, muito de vez em quando, ele dá uma folguinha e dá os braços pro P, mas isso é raro e ainda assim, o bando todo nunca deixa um oxigênio andar sozinho. É dependente, amigo encosto. Pobre hidrogênio.

Agora vem a parte crítica, quando a água entra na história e inunda a vida do pobre hidrogênio de problemas. Vem a água, malvada e rancorosa, arranca quem quer que esteja do lado do hidrogênio e ainda leva consigo seu único elétron e lá fica o próprio hidrogênio vagando solitário pelos sistemas, um próton sem rumo procurando um lugar para se abrigar. O oxigênio é legal, ele sempre é, tem dó do hidrogênio, cede um espacinho mesmo que não vá ganhar mais estabilidade por isso. Mas antes que o oxigênio se compadece, o hidrogênio se revolta e usa seus métodos, nenhum oxigênio é tão legal assim por livre e espontânea vontade. O hidrogênio arranca com força, pega lá os elétrons. "Me dá, e eu não te dou os meus!" e está feita a ligação dativa, como muito didaticamente foi explicado nas minhas anotações durante a aula de química sobre ionização: "e o hidrogênio, desesperado por estabilidade, se liga rapidamente ao oxigênio da água, e tal desespero caracteriza a propriedade corrosiva tão famosa entre os ácidos" (não estou mentindo, eu anotei assim no caderno)

Portanto, se algum dia você se queimar com algum ácido, sinta que sua pele tá machucada por causa da raiva e rebeldia do pobre hidrogênio sem elétrons que, cansado de tamanha repressão, falta de identidade, de ser o dálit da tabela periódica, finalmente se rebelou. Não fiquem bravos com ele, você só foi vítima do sistema.

(isso que acontece quando você passa a semana e a sexta feira inteira estudando loucamente e fazendo todos os exercícios de química que aparecem na sua frente e no tempo livre, assiste the big bang theory)

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