quinta-feira, 5 de julho de 2012

Me fiz em mil pedaços

(Conhecem esse título de algum lugar? Pois é! É mais um troca-troca na Máfia, só que dessa vez cada uma sorteou um blog mafioso para escolher um título e reciclá-lo no seu. Já mataram a charada?)

Meu nome é Anna Vitória e eu sou uma pessoa estranha que adora chorar. Quer dizer, não que eu goste de ter motivos para chorar, mas, não podendo evitá-los, a melhor coisa que faço para lidar com eles é cair no choro. Quando eu era pequena meus pais brigavam muito comigo por causa disso, diziam que eu usava o choro para fugir dos meus problemas e deixar os outros com pena de mim, e às vezes era assim mesmo, mas mais como consequência do que plano principal. Eu chorava porque até hoje essa é a forma mais fácil que eu encontrei de descarregar tudo que guardo dentro de mim; então, ao invés de fazer birra e responder meus pais, eu ia pro quarto chorar e depois de um tempo estava tudo bem. Ou quase. Eu tinha uns onze anos mais ou menos quando decidi que nunca mais ia chorar e, de fato, devo ter passado uns seis meses sem derramar uma lágrima - acreditem, para uma pessoa chorona isso é uma eternidade - e foi horrível. Passei a me sentir dura e sufocada e imaginem a quantidade de lágrimas derramadas para poder me redimir depois de todo aquele tempo me contendo.

Problemas e traumas de infância à parte, tirando o choro em lugares públicos e aqueles que fazem as pessoas virem te perguntar por que você está chorando, eu adoro chorar. Faz bem, relaxa, é um conta gotas de água salgada muito eficiente em cima da ansiedade e o melhor de tudo é quando as lágrimas são consequência de uma estrondosa gargalhada, dessas de deixar a barriga mais dolorida do que ao fim de uma sequência de exercícios abdominais. Mais redentor ainda é chorar a dor (ou a felicidade) alheia, principalmente diante da TV ou do livro aberto, e é por isso que amo filmes e livros que me fazem chorar.

Há muito tempo eu postei a respeito do motivo principal do meu amor por filmes de suspense e terror: eles me envolvem a ponto de me fazer a acreditar tanto numa história que chego a perder o sono. Eu amo ser envolvida e, paradoxalmente, raramente me deixo levar. No caso de dramas, no entanto, eu choro por qualquer bobagem. Nem precisa ser drama, aliás. Qualquer coisa com apelo minimamente emocional me coloca com os olhos marejados, de pedidos de casamento em novela das seis a filmes da Hilary Duff.

Existe uma diferença, porém, entre chorar e deixar alguma coisa rasgar seu coração. Como já disse, o choro puro e simples abrange hino nacional em dia de jogo do Brasil e programas de maternidade no GNT, assistiu, chorou, acabou. A alma em pedaços envolve coragem. Você chora e você sofre, como se aquele drama fosse seu. Vale à pena? Sempre vale, porque, ao menos pra mim, ser envolvido ao ponto do sofrimento físico por algum fator externo, é uma delícia, mas exige coragem. Eu nunca vi Bambi inteiro, por exemplo. Eu sei que sou incapaz de lidar com a morte da mãe dele, porque ainda criança, quando fiquei sabendo desse detalhe da história, devo ter ficado sem dormir umas três noites. E.T. também nunca vi, não agora que sei que ele vai embora no fim do filme. Tudo que envolve cachorros e cavalos eu também costumo evitar. Marley e Eu vi uma vez só, depois de muito tempo de filme lançado, e meu coração foi rasgado de tantas formas diferentes que, apesar de no fundo ser um filme fofo e divertido, nunca mais. Não aguento aquilo de novo. Assim como Up! Provavelmente é meu filme favorito da Pixar, mas, depois de assistir duas vezes seguidas no cinema e de quase ter que sair carregada em ambas, olho aqueles velhinhos lindos, escuto a música tema e quero morrer. A lembrança é suficiente para eu amar pra sempre.

Tirando casos extremos, deixar o coração rasgar um pouquinho é legal. Proporciona o mesmo alívio que aquela crise de choro diante de um problema impossível traz. Você chora a dor dos outros e se sente mais leve depois, feliz por não ser com você, aliviada por ela ter começo, meio e fim. Sou assim com os dramas, vivo em busca daqueles que me despedacem enquanto assisto mas que, depois do rolar dos créditos, simplesmente passam. Ontem eu e uma amiga da faculdade conversávamos sobre Grey's Anatomy e um colega perguntou o que a gente via nessa série. Nem hesitei em responder: Grey's Anatomy é uma série pra chorar. Basta dar play num episódio que os dramas mais terríveis são postos diante de você, que vai chorar, chorar, choraaaaaaaaar até pensar que secou por dentro e ao fim dele, ouvindo alguma música bonita que certamente tocará, você irá se recompor e seguir com a vida. Não é maravilhoso? Tem dias que estou meio deprimida sem motivos e meu truque infalível para essas ocasiões é colocar algum episódio bem triste de The OC no DVD. Meu favorito é A Garota do Adeus, da 1ª temporada, aquele com a Anna indo embora. 20 minutos chorando e ouvindo If You Leave depois, estou como nova.

Ano passado, com o estresse do vestibular, a melhor terapia que poderia encontrar foi a novela das seis, A Vida da Gente, também conhecida como a novela mais dramática de todos os tempos. Eu chorava em todos os capítulos, algumas vezes durante todo o capítulo, e isso servia como uma válvula de escape incrível para que eu descarregasse minhas preocupações e ansiedades com a história das duas irmãs apaixonadas por um mesmo cara, dividindo uma mesma filha. Desopilava que era uma beleza.

Valer-se da dor alheia (fictícia, por favor, porque aqui ninguém é sádico) é a melhor forma de redenção emocional terapêutica que alguém poderia inventar. E o melhor de tudo é que a gente se faz em mil pedaços e consegue juntá-los novamente sem a ajuda de ninguém. Algum dia faço uma lista dos meus filmes de coração sangrando pra vocês experimentarem.

Sou completa e irrevogavelmente dessas
Atualização - 07/07 00h52: Perceberam algo diferente? Sim, dei uma mudada na aparência do blog. Bege e cor-de-rosa são duas cores que me cansam muito facilmente, por isso resolvi fazer leves alterações na paleta de cores do blog. A imagem de topo não estava me deixando feliz há muito tempo e por isso foi substituída por uma que ficasse mais bonita com a escala de cinza do background - e também é um frame lindo de Breakfast At Tiffany's <3 A estrutura continua a mesma, só trouxe de volta para o sidebar a tão adorada tirinha dos pôneis. Que bobeira a minha pensar que sobreviveria sem ela. Espero que tenham curtido as mudanças. :)

14 comentários:

  1. Anna.... do céu! Clap clap clap! Que post delicioso! Você sempre me surpreende e já disse um monte de vezes, vivo babando ovo pras reflexões que você faz. Essa do choro foi incrível porque sou muita conhecida pela minha capacidade de me envolver com a história alheia. Houve fase que evitei até noticiário, pq não conseguia deixar de me compadecer com a dor das familias dos mais diversos sofrimentos.
    Sei exatamente como é e sei também dos prazeres que chorar proporciona. O post foi incrível pq me fez pensar em mim mesma... numa outra dimensão rs.

    Ps: e eu NUNCA assisti Marley e Eu. Sou capaz de ver um humano morrer num filme e ficar despedaçada, mas cachorro pra mim é demais! Quase morro! rs

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  2. HAHAHAHA, Adorei, Anna. Fantástico o post.
    Eu sempre fui de chorar muito. Amo e odeio. Amo porque me tranco no quarto ou no chuveiro e ponho toda a dor pra fora. Odeio porque simplesmente não consigo me controlar, e acabo chorando quando menos deveria, tipo numa discussão com meus pais. Eu começo simplesmente a soluçar de chorar, perder o ar, e com isso eles acham que estou fazendo birra e aí eu perco meus argumentos. Sim. No auge dos 20 anos.
    Agora, eu choro tanto com a minha realidade, mas tanto, que nunca fui de chorar por ficção. ADORO quando isso acontece, porque amo sofrer a dor fictícia dos outros. Mas dificilmente choro. Gente, não chorei em "A Espera de um milagre", nem em "Um amor pra recordar", e muito menos em "Diário de uma paixão". Ah, não chorei nem em "Olga", quando roubaram a Anita dela. Mas chorei em "Ponte para Terabítia", "Uma prova de amor", "Marley e eu", "Up", "Bambi" e "rei leão".
    Ah, claro, chorei também em Harry Potter e as relíquias da morte parte II, mas essa dor transcende a do fictício. Era total minha também pelo fim da série e a saudade antecipada, o fim decretado da minha infância e coisa e tal..

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  4. Eu também choro muito, muito fácil. Agora tem um detalhe: ODEIO mais que tudo chorar na frente de alguém. Só se a coisa for muito forte mesmo e eu não conseguir me aguentar. Mas, enquanto consigo, prendo o choro como ninguém. Não sei por quê. Acho que talvez seja por vergonha, já que eu choro por tantas besteiras. Choro em fim de novela; choro vendo desenho animado, filme, peça; ouvindo música; choro principalmente escrevendo e lendo. Mas sempre que eu posso evitar estar na frente de alguém para chorar, eu o faço. Finjo até estar dormindo e, já que meu choro é baixinho, ninguém nunca desconfia.
    Prefiro chorar no meu canto, quietinha, a ter que me abrir com alguém. Dizem que se abrir funciona... não comigo. A não ser, claro, quando o confidente é o meu diário. Só e somente ele.
    É sempre ótimo ler o que você escreve.
    Abraços!

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  5. Só vejo filmes e séries sozinha.
    Deve ser muito chato ficar me vendo
    chorar a cada pequena cena sentimental.
    O tempo é que me deixou assim...

    Mas eu choro quase todos os dias. Inacreditável, mas sozinha, "no silencio da noite" eu choro por todos os motivos recentes ou antigos, eu choro e alivio um pouco a cada dia. Não sou de falar sobre mim com alguém nunca, nem com melhor amigo. Uma pena, talvez seria mais aliviador...

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  6. HAHAHAHAHAH, Anna, amei o post! Eu super sou dessas. Acho que deveríamos criar um meme assim. Me envolvo demais, choro demais não só com filmes, mas com seriados também. Marley e Eu me deixou em depressão, e eu agarrei o Kikinho como se ele fosse sumir dali a cinco minutos. Domingo, True Blood teve uma cena que me deixou chorando por três horas (sem brincadeira!) e eu sabia que ficaria a semana toda meio melancólica por causa dela. Mimimi. :( Só de lembrar, dá vontade de chorar mais, hahahah.

    P.S. Claro que eu matei a charada! Óbvio! É de um dos meus posts preferidos de um dos meus blogs preferidos <3

    Beijos, Annoca!

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  7. Exatamente isso! Recentemente passei por uma fase meio chato, indecisa e triste da minha vida e após ler "As vantagens de ser invisível" e chorar pelo que o personagem nos canta, senti-me irrevogavelmente melhor. E aconteceu o mesmo depois de assistir Um amor pra recordar e Marley e eu, dentre tantos outros exemplos. Esse envolvimento sentimental com o fictício deixa a realidade ~bem~ mais leve mesmo.

    Adorei o texto.

    Beijo :)

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  8. Cara, sério que você também é assim? Skins cara. Skins. Eu amo de paixão a série, mas não consigo me imaginar revendo a última temporada. Eu vivo revendo os eps de Gossip Girl que me fazem debulhar em lágrimas, vivo revendo Harry Potter e tantas outras coisas, mas a sexta temporada de Skins acho que não consigo. Eu assisti tudo na mesma noite porque o fato de pensar em prolongar aquilo já me fazia mal. Porque eu adoro chorar, mas eu podia jurar aos céus que não tinha mais lágrima pra cair. Nem sei como foi que caíram tantas lágrimas, devia ser humanamente impossível. Eu ganharia como a mais choradeira do mundo fácil fácil. Raríssimo me ver saindo de um filme sem ter derramado uma lágrima e na maioria das vezes a lágrima pode não ter saído por puro orgulho, mas os sentimentos estão todos guardados e quanod eu chegar em casa colocarei-os pra fora. Tenho um rolo de papel higiênico no quarto só pra enxugar as lágrimas de antes de dormir, porque é óbvio que nos dias mais estressantes da vida nada como um chorinho pra aliviar tudo. Sou apaixonada por choro. Apaixonada. Deu vontade e lá estou eu, digo até que se nada der certo na vida posos ser contratada pra chorar em velórios, eu certamente faria um papel invejável. Quando minha vó morreu eu tinha nove anos e chorei por uma semana sem parar, e no velório dela eu era a que mais chorava, a família até ficou preocupada e cogitou me levar pro posto de saúde porque estava tensa demais a situação. Poois é. Eu choro. Essa é minha sina. E quer saber? Adoro! <3 E ah... eu amei quando a *nome dela aqui* (eu sei quem é, mas nao vou falar pra nao estragar a brincadeira) escreveu um texto com esse título porque adoro essa música e esse trecho em especial e cá entre nós, você fez muito jus ao título!

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  9. Olha, agora vou ter que me declarar sua fã. Porque eu caí aqui sem querer querendo através do post do ex-casal superlegal Chan Marshall e Giovanni Ribisi. Daí li a frase no sub-título (do mestre W. Allen) e já falei opa, essa é das minhas! Li a do Antônio Prata e pensei caraca, amei! Daí li esse seu último post e as considerações sobre Grey's Anatomy e pronto, matou!
    Não dá pra acreditar que você é tão boa escritora e tão jovem... Me inspirei em você a voltar a blogar. Te contarei o sonho que tive hj - a propósito, vc não acha muito bizarro uma estranha vir te contar o que sonhou via comentários num blog né? Aham, tá. Sonhei que eu e dona Cat Power conversávamos feito melhores amigas desde sempre. Ela ainda usava franjinha com cabelão. Eu trocando figurinhas com a Chan, no meu inglês fluentesésimo porque era sonho, óbvio, e eis que surge Dr. Sloan no enredo. Sim!!! Ele. Eu não sei o que este homem fazia lá, mas sei que foi Deus que mandou Dr. Sloan pra nós, e eu e Chan, que não somos bestas, trocamos ideia com ele - sobre as plásticas do momento, talvez - enquanto curtíamos a vista ao som de Lived in Bars, rs.
    Enfim, viagens à parte, quero saudá-la pelo bom gosto e o bom texto.
    Beijo, Camila.

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  10. Esse texto ficou genial! É assim mesmo, tem horas que sinto uma necessidade de chorar hahaha tenho até as minhas cenas/músicas separadas quando bate essa vontade.
    Só detesto chorar em alguma discussão, perco totais os argumentos. :/
    Ah, quando fico com muita raiva também hahah acabo não conseguindo disfarçar, porque a babaca aqui já começa a chorar.

    Por isso amo essa música da Pitty <3 http://www.youtube.com/watch?v=ITU0uSaPrm8

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  11. Anna, sou muito ruim por ter dado risada do gif da Zooey e do final? Diz que não, vai?

    Mas risadas a parte, eu sou dessas pessoas que não consegue chorar. Por nada nesse mundo. E só choro quando a coisa for realmente hardcore. De resto, eu extravaso meu nervoso rindo. E rio muito. Muito MESMO. Mas ainda quero ver a sua lista de filmes de rasgar o coração. Vai que eu me apaixono perdidamente por algum deles, né?

    E você faz bem em chorar. Dizem que é um tratamento melhor do que o do riso. ;)

    Beijos gata!

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  12. Acho que sou dessas. Bom,nem tanto no caso de me despedaçar.Mas,sei lá, o choro foi durante muito tempo o modo de expressar o que eu estava sentindo.E,não,eu nunca choro na frente dos outros (sou orgulhosa demais pra isso).

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  13. AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH <3 Finalmente apareci pra gritar o quanto fiquei contente por você ter me tirado! Aí você vai lá e escreve um texto excelente desses - pra variar, né? - e faz com que eu me identifique pra caramba.

    Porque pode apostar que eu também sou dessas. Acho que nosso tipo de ponto fraco é bem parecido: cachorros e velhinhos. Além disso, eu tenho o sério problema de querer morrer de chorar quando vejo pessoas chorando.

    Isso vale tanto pra Taís Araújo na novela, quanto pra Rachel McAdams em qualquer filme que ela faça. Mas cara, acho que eu sou mais mané ainda porque não suporto homem chorandinho. Tipo o Jude Law em "The Holiday", sabe? Morro demais com aquilo.

    Annokita, acho que vou parar de falar aqui (: Já joguei bastante confete em ti e comentei minhas fraquezas, né? Chega de ser cafona.
    Amo você! (é, acho que não consigo ^^)

    Beijo!

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  14. Preciso confessar que o bege e rosa também haviam me cansado, rs. E que sentia falta dos pôneis.

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